Este trabalho é baseado em imagens e em vídeos (animações). Há nele muito pouco texto para ler; e na maioria das animações, há um áudio com o texto falado – que sempre você pode desligar se preferir ler diretamente. Nele, sigo o conselho/orientação de Vilém Flusser de reconstituir as imagens a que correspondem os conceitos dos textos que usamos; e em seguida, relacionar tais imagens reconstituídas a partir dos textos, àquilo que deu origem a elas, na maioria dos casos as particulares visões de ocorrências no espaço-tempo x, y, z e t – obtendo com Conceituação e com Imaginação, relações reversíveis entre textos e imagens, e entre imagens (figuras) e as ocorrências espacio-temporais.
Veja o tópico 1. O conhecimento necessário para reconhecer as visões que povoaram a mente de pioneiros filósofos ao longo dos últimos dois séculos – que serviram de estímulo para conquistas humanas no pensamento, e por outro lado o posicionamento, na história da filosofia em nossa cultura ocidental, dos conceitos embutidos em textos que usamos frequentemente, hoje, em áreas mais prosaicas como a produção, vem de Michel Foucault, este autor, a maior influência neste trabalho, e aqui, engenheiro de produção honorário, pelo que nos transmite em seu ‘As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas’.
Utilizando diretamente a sugestão de Foucault quanto ao espectro de visões, (modelos e a possibilidade de fundar as sínteses do pensamento no espaço da representação) tomo então alguns poucos modelos antológicos existentes – e de muita utilização, e aplico a esses modelos os critérios de distinções obtidos neste estudo, formando esse espectro de modelos composto por três segmentos – , e para do objeto – agrupados em duas famílias e três segmentos.
Isso dará elementos para identificarmos os elementos que utilizaremos em nossas modelagens, as paletas de ideias ou elementos de imagem em cada uma dessas regiões e famílias, incluindo as relações necessárias entre essas ideias ou elementos de imagem, para que a relação texto – imagem – visão se estabeleça, nos dois sentidos; e com isso melhores condições de possibilidade de identificar e entender como são os modelos que usamos aqui e agora. E de descobrir um pouco mais de perto o modo como efetivamente pensamos.
Ainda no tópico 1. O traçado da rota a percorrer, veio de Humberto Maturana. Tomei a pedra fundamental de seu pensamento, as objeções e propostas que ele fez sobre como eram e como deveriam ser, os modelos para fenômenos, inspirados na biologia; está em De máquinas e de seres vivos: autopoiese, a organização do vivo; Vinte anos depois; História. De Maturana tomo também a Figura 2 – Diagrama ontológico; Reflexões epistemológicas, do livro Cognição, Ciência e Vida cotidiana; servem de inicio e de suporte para as animações.
Funcionamento das operações, as de produção e outras, em função do entendimento (episteme) adotado em cada segmento do espectro de modelos identificados pela posição do par sujeito-objeto nos modelos em cada segmento. Cada segmento é então uma coleção de modelos com as seguintes características principais:
Vamos aqui aplicar a recomendação de Vilém Flusser quanto ao uso de nossas funções humanas, reversíveis, Imaginação e Conceituação (veja detalhes em Imagens tradicionais) implementando a relação
[Ocorrências no espaço-tempo] ⇔ [Imagens] ⇔ [Textos]
onde Ocorrências no espaço-tempo são as operações de produção e outras, Imagens são os modelos que fazemos para elas, e Textos carregam os conceitos com as ideias que temos durante a modelagem, e vamos então queremos mostrar esse funcionamento das operações utilizando imagens que permitam reconstituir o sentido e a intenção dos conceitos usados na modelagem da maneira como vemos as operações em cada caso.
Veja as duas tabelas ao lado: o modo de ver o que sejam as operações, de produção, – as de produção, de ensino, ou de pensamento, entre outras, difere substancialmente dependendo do entendimento (episteme) adotado o que faz muita diferença, como poderemos ver.
Veja no item 1.1 Posicionamento as figuras
construídas sobre dois capítulos do livro Filosofia da caixa preta, de Vilém Flusser, que servem de base para essa explicação do funcionamento de operações usando Imaginação e Conceitualização.
Dez (10) pontos selecionados no texto do livro para contextualização entre o Prefácio e o restante do texto do “As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas”.
Vamos aplicar a esses pontos selecionados a recomendação de Vilém Flusser e estabelecer a relação
Ocorrências no espaço-tempo ⇔ Imagens ⇔ Textos
identificando as imagens que relacionam os conceitos com nossos modelos e com isso, pelo uso da nossa Imaginação e da nossa Conceituação, a dificuldade de melhor compreensão desses conceitos diminui.
Continuamos a usar aqui o pensamento de Vilém Flusser em Imagens tradicionais, um capítulo do livro Filosofia da caixa preta.
Veja a animação a que a figura ao lado dá acesso. É feita sobre um capitulo do livro de Flusser. Veja se ela faz sentido para você.
Em todos os 10 (dez) pontos escolhidos para contextualizar o Prefácio com o texto do livro ‘As palavras e as coisas’, usamos essa percepção de Flusser para como que erguer os conceitos do grau de abstração em que estão, e construí-los usando uma figura com as ideias, ou elementos de imagem que estão neles.
Para entender como e por que essa percepção de flusser ajuda na compreensão, veja ‘Classes de abstrações usadas pelo Pensamento‘
Uma história do nascimento do livro “As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas”, tal como contada pelo próprio Michel Foucault no Prefácio do livro; procuramos relacionar essa história do Prefácio – o mais que nos foi possível – com o próprio escopo do livro, seu objeto, e a razão de ser dessa obra: com a explicitação do caminho percorrido e dos achados do autor sobre os modos como configuramos nosso pensamento em nossa cultura, ao efetuar sua arqueologia das ciências humanas.
Partindo de modelos que expressam o funcionamento de operações:
associamos ideias expressas por Foucault nessa história do nascimento do ‘As palavras e as coisas’ a elementos de imagem que fazem parte desses modelos de operações em distintos entendimentos (epistemes), tendo como suporte os dez pontos selecionados no texto do livro para os quais fechamos o circuito
usando nossas funções reversíveis Imaginação e Conceituação. Isso torna mais possível entender por exemplo o que sejam:
entre outras coisas.
Entre os modelos que apresentamos para operações, que podem ser as do próprio pensamento, da produção, de ensino, entre muitas outras, muito possivelmente estará aquela configuração de pensamento com a qual você pensa.
Usualmente pensamos com a configuração de pensamento que adquirimos meio que sem perceber o que está acontecendo, a partir do ambiente em que surgimos e iniciamos a viver.
Mas configurações do pensamento não são coisas que aparecem realmente novas, distintas, todos os anos. Michel Foucault, no ‘As palavras e as coisas’ nos dá conta de apenas duas de raiz, e mais uma que aparece a partir de uma delas. E isso no espaço de séculos.
O que se segue pode ser entendido como
Descubra do que se trata e a força que essas distinções têm.
O mago Merlin, aquele que na lenda satisfazia a todos os desejos de Arthur em um átimo, sem consumir absolutamente nada, – nenhum recurso, nem mesmo energia – e de maneira reversível, possuía o instrumento dos instrumentos: a varinha de condão.
Esse instrumento dos instrumentos – pena que mágico – quebra várias leis da física e isso justifica a impossibilidade de utilizá-lo em operações reais. A varinha mágica sugere uma organização do mundo – e um rebaixamento de entropia – sem qualquer custo e dispêndio de energia, por exemplo.
A visão SSS das organizações modela o objeto esperado (produto) que interessa ao grupo Clientes, e o instrumento (fábrica) capaz de obtê-lo no ambiente de realidade.
Fica destacado nesse arranjo de como ver uma organização, o Nexo da produção de onde surgirá o objeto que interessa aos acionistas: o lucro, ou benefícios de qualquer outra natureza.
Essa estrutura SSS – Simétrica, Simbiótica e Sinérgica nada mais é do que a aplicação com critério da modelagem organizada pelo par sujeito-objeto. Como não é muito comum a organização de modelos de operações organizados pelo objeto, essa estrutura pode parecer algo estranha.
Mas veja no livro Reengenharia o que Hammer diz sobre esse retângulo:
“O processo de ‘Desenvolvimento da capacidade de fabricação’ toma uma estratégia como entrada e produz uma Fábrica como saída.”
Reengenharia: revolucionando a empresa em função dos clientes, da concorrência e das grandes mudanças da gerência; cap. 7 – A caça às oportunidades de reengenharia, pg. 98.
Ora como o retante do mapa todo, a partir do título refere-se a produção de semicondutores, e esse último retângulo produz uma fábrica a partir de certas estratégias, então temos dois objetos nesse mesmo mapa. E muito diferentes. Podemos ter mais de um objeto em um mesmo mapa de operações, mas cada qual terá o seu modelo de operações, organizado pelos respectivos pares sujeito-objeto.
Como Hammer ainda fala em processos, e pensa em entradas que produzem saídas, ele não deve ter achado conveniente simetrizar esse mapa. A estrutura SSS é exatamente essa simetrização.
Esse instrumento mágico era indiferente quanto ao objeto de desejo do rei. Concretizava instantaneamente qualquer coisa. Pena que era um instrumento mágico.
Para a varinha mágica o objeto de desejo de Arthur era indiferente.
Ninguém hoje imagina que um objeto esperado como resultado de uma operação de produção, por exemplo, possa concretizar-se no sentido de tornar-se disponível em ambiente de realidade, sem um instrumento capaz de fazer isso. E esse instrumento é específico com relação ao objeto esperado das operações, e pode receber o nome de Unidade de produção, Fábrica, e quando ainda em desenvolvimento, Laboratório ou Área de projeto piloto.
Visão SSS – Simétrica, Simbiótica e Sinérgica: a organização na realidade do ambiente em que suas operações ocorrem, composta simultaneamente por:
Por detrás dessa visão SSS da organização está:
evitando o pensamento mágico – sem instrumento -, das operações, de produção e outras, e também a confusão de objetos diferentes, rebaixando a qualidade da informação no modelo de operações.
Se modelamos operações sem especificar explicitamente o instrumento, e esse objeto, o instrumento, é imprescindível, acaba acontecendo que o modelo de operações para o objeto esperado fica contaminado pela realidade de que o instrumento precisa ser providenciado.
Vilém Flusser e Michel Foucault apontam formas de reflexão que se instauram (em adição, ou em substituição a outras existentes anteriormente.
e observe quais são as ideias, ou elementos de imagem requeridos para formular modelos sob essa forma de reflexão.
Literalmente há uma unanimidade, atualmente, quanto ao uso (e abuso) do conceito de ‘Processo’; igualmente, o mesmo ocorre com o modo de ver operações: estas são vistas praticamente sempre, como uma transformação de Entradas em Saídas, ou como um processamento de informações.
Mostramos aqui que adotando as formas de reflexão apontadas por Flusser e Foucault, operações adquirem uma aparência totalmente diferente dessa. Veja e compare:
Nota: as animações a que os links acima dão acesso foram feitas sem áudio de narração.
No Prefácio do livro ‘As palavras e as coisas’, Michel Foucault refere-se a dois tipos de sintaxe envolvidos no funcionamento de operações. Podem ser operações de produção, de pensamento, de ensino, do que quer que seja. Veja quais são esses tipos de sintaxe:
A figura que serve de fundo para essas animações que os links acima acessam é a Figura 2 – Diagrama ontológico que está no capítulo ‘Reflexões epistemológicas’ do livro ‘Cognição e Vida cotidiana’; ou ainda é também a Figura 2 agora com o título ‘O explicar e a experiência’, no capítulo ‘Linguagem emoções e ética nos afazeres políticos’ do livro ‘Emoções e linguagem na educação e na politica’, ambos os livros de Humberto Maturana.
Menciono essa figura e sua origem neste ponto, porque a visão comparativa entre os lados esquerdo e direito, respectivamente o pensamento clássico e o moderno, permitem identificar o que o LD tem a mais em relação ao LE, para a instauração da linguagem via a formulação das operações.
Há dois conceitos, ou pode ser que um conceito e dois tratamentos para o que seja um verbo.
“A única coisa que o verbo afirma é a coexistência de duas representações; por exemplo, a do verde e da árvore, a do homem e da existência ou da morte; é por isso que o tempo dos verbos não indica aquele em que as coisas existiram no absoluto, mas um sistema relativo de anterioridade ou de simultaneidade das coisas entre si.”
“É preciso, portanto, tratar esse verbo como um ser misto, ao mesmo tempo palavra entre as palavras, preso às mesmas regras, obedecendo como elas às leis de regência e de concordância; e depois, em recuo em relação a elas todas, numa região que não é aquela do falado mas aquela donde se fala. Ele está na orla do discurso, na juntura entre aquilo que é dito e aquilo que se diz, exatamente lá onde os signos estão em via de se tomar linguagem.”
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Cap. IV – Falar; tópico III – A teoria do verbo
Podemos ver claramente, com a ajuda de imagens, figuras, que tornem possível entender conceitos geométricos como esse ‘em recuo em relação a elas todas’ especificando regiões espaciais que podem e devem ser identificadas, o que sugere um desnivelamento de algumas coisas em relação a outras, como e por que um conceito está para o pensamento clássico e seu sistema input-output e o outro para o pensamento moderno, com operações formuladas em coerência com o Princípio dual de trabalho de David Ricardo.
Conceito chave para entender o tempo em função do lugar onde a operação ocorre é o que Foucault chama de ‘modo de ser fundamental das empiricidades’.
Quanto ao lugar onde ocorrem, uma operação pode ocorrer no ‘Lugar de nascimento do que é empírico‘ e no ‘Circuito das trocas‘.
Dentro do acima, é necessário estudar o tempo nas seguintes situações:
um tempo relativo, tempo calendário, dado por uma operação reversível durante sua formulação, e irreversível na etapa de instanciamento que ocorre no interior do Circuito das trocas. Propriedade emergente Fluxo.
um tempo absoluto, e portanto não-calendário, dado por uma operação irreversível já na sua formulação em virtude da alteração (irreversível) do ‘modo de ser fundamental’ da empiricidade objeto da operação. Ocorre no ‘Lugar de nascimento do que é empírico’, lugar onde, com o sucesso das operações, o ‘modo de ser fundamental’ da empiricidade objeto da operação é alterado nesse domínio e nesse ambiente em que a operação ocorre. Propriedade emergente Permanência.
o tempo volta a ser relativo, tempo novamente calendário, dado por uma operação reversível durante sua formulação, e irreversível na etapa de instanciamento propriamente dita que ocorre no interior do Circuito das trocas. Propriedade emergente volta a ser Fluxo.
Bem, no que se refere ao que seja ‘Classificar’ Foucault é muito claro.
E pensando em modelar operações, construir modelos para elas seguindo o modo como as vemos, ‘Classificar’ é um conceito muito importante.
Veja o que diz Michel Foucault:
“Classificar, portanto,
não será mais referir o visível a si mesmo, encarregando um de seus elementos de representar os outros;
será, num movimento que faz revolver a análise, reportar o visível ao invisível, como à sua razão profunda, depois alçar de novo dessa secreta arquitetura em direção aos seus sinais manifestos, que são dados à superfície dos corpos.”
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Cap. VII – Os limites da representação; tópico III. A organização dos seres
Comentários abaixo fazem referência:
estabelecidas por Michel Foucault:
“O modo de ser do homem, tal como se constituiu no pensamento moderno, permite-lhe desempenhar dois papéis:
comentário: esse papel do homem corresponde ao seu engajamento em uma atividade de produção e ‘trabalho como atividade de produção é a fonte de todo valor ‘;
nessa posição o trabalho que o homem oferece e o empresário compra é representável em unidades de trabalho por ser do tipo analisável em jornadas de subsistência, e que por isso pode ser expresso em unidades comuns de valor entre todas as mercadorias.
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Cap. X – As ciências humanas; tópico I. O triedro dos saberes
Esta animação mostra as ideias, ou elementos de imagem, necessários para a formulação de operações em modelos que levem em conta essa duplicidade de papéis. Sem essa paleta de elementos de imagem, a formulação de modelos de operações em que o homem está presente é pouco mais que retórica.
Modelos de operações – em cada caso concreto de cada dado modelo – ocupam um segmento de um espectro de modelos organizado pela posição do par sujeito-objeto no projeto do dado modelo:
A análise/projeto de modelos em qualquer um desses segmentos exige do analista/projetista que consiga descobrir em que segmento está trabalhando. E para isso, é necessário ter em mente os entendimentos possíveis, ou as características das epistemes.
Modelos em economia política, em sociologia, em psicologia, em política, de maneira geral, modelos no domínio das ciências humanas, têm modelo constituinte bastante complexo porque é uma combinação, ponderada, dos pares de modelos constituintes das ciências que compõem a região epistemológica fundamental.
Então, claramente, modelos no domínio das ciências humanas são função dos modelos das ciências da Vida, do Trabalho e da Linguagem, cada um destes com modelo constituinte formado por um par constituinte apenas, diferente para cada uma dessas ciências.
Parece sensato, em vista disso, compreender a fundo como funcionam os pares constituintes das ciências da Vida (Biologia), do Trabalho (Economia) e da Linguagem (Filologia) levando esse conhecimento prévio para a análise de ciências com modelos muito mais exigentes do pensamento.
A Previdência social trata da subsistência após período útil para o trabalho, daquelas pessoas, daqueles homens quem se envolveram em operações de produção oferecendo sua força, seu esforço, seu tempo, que venderam a quem se dispôs a comprar.
E quem comprou essa força, o esforço, o tempo de quem tinha para vender foram os controladores das operações de produção.
Os empresários, os controladores das operações de produção, estão fora da reforma da Previdência.
Referências sobre fundamentos filosóficos do Liberalismo
Acompanhando a análise feita por Foucault do que ele chama de ‘vento fundador da nossa modernidade no pensamento’, a descontinuidade epistemológica de 1775-1825, vê-se sem dificuldade que ‘o pensamento que nos é contemporâneo, e com o qual queiramos ou não, pensamos’ tem, sim a capacidade de fundar as sínteses [da representação] no domínio da Representação.
Assim sendo (e entendido) há algo de errado na fundamentação filosófica do Liberalismo tal como é apresentado na maioria das vezes.
Causa um certo desconforto a indicação de referências que listam conjuntamente Adam Smith e David Ricardo. Tal aproximação não convém, já que os entendimentos de um e de outro são substancialmente distintos.
Os modelos de operações e de organizações comumente usados em demonstrativos econômico-financeiros são:
Esses modelos são consistentes com a maneira de entendimento do pensamento filosófico de antes da descontinuidade epistemológica de 1775-1825, o pensamento clássico, portanto.
Não há sinal neles do homem em sua duplicidade de papéis, e do objeto especialmente durante a operação de construção de representação nova.
Análises econômico-financeiras tratam de trocas. Não descrevem alterações no modo de ser fundamental do objeto das operações e escopo das organizações, especificamente no modo como esses objetos podem ser afirmados, postos, dispostos e repartidos no espaço do saber para eventuais conhecimentos e para ciências possíveis.
Não há sinal nessa configuração de pensamento para o Lugar de nascimento do que é empírico.
Seu lugar de transcorrência é o Circuito das trocas.
Estes são os pensadores inspiradores deste trabalho e estes são dois dos seus textos maravilhosos:
As três figuras abaixo servem para demonstrar que o Filosofia da caixa preta de Flusser tem muitíssimo a ver com as caixas pretas distribuídas generosamente em meio às abstrações que usamos atualmente no dia a dia, nossos modelos de operações, nossos modelos de sistemas, o modo como interpretamos tais modelos, e os decodificamos para compreender as imagens que geram, se é que chegamos a isso.
E o ‘As palavras e as coisas’ de Foucault descreve em riqueza de detalhes os entendimentos a partir da filosofia, para esses mesmos modelos referidos a pontos de mudança no nosso entendimento (episteme) na história recente do pensamento em nossa cultura.
Se você quiser testar se o que virá vale ou não a pena de ser visto, veja a seguir uma História do nascimento do livro ‘As palavras e as coisas’, com imagens essencialmente, aplicando a sugestão de Vilém Flusser que está expressa no esquema à direita, e nas três figuras abaixo.
Este trabalho encontra razão de ser na percepção de que esses ciclos entre abstrações de diferentes dimensões e graus de abstração, criados por funções humanas – que todos temos ou deveríamos ter – são (devem ser) reversíveis tais como descritos por Flusser nas animações abaixo, muito mais frequentemente do que supomos, não se fecham, quando examinamos mais de perto modelos largamente utilizados em nosso ambiente.
Imagens que não mais nos servem de orientação para o mundo, e mesmo assim continuarem em uso configuram idolatria. E Textos que decodificados não mais nos levam a imagens que nos servem de orientaçção para o mundo, se ainda assim continuarem em uso, configuram textolatria.
Especificamente no caso das imagens tradicionais, nossas funções como humanos Imaginação e Conceituação muito frequentemente não funcionam do modo reversível como seria de se esperar.
No caso das imagens técnicas a questão é mais exigente do pensamento analítico. Veja a animação na figura da direita acima.
Um dos tópicos em nossa página de entrada tem o título
do livro “As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas”, de Michel Foucault.
Passando seu mouse sobre as figuras você vera a capa de cada uma das animações que compõem esse tópico, com o respectivo assunto.
Dá para ver imediatamente conceitos geométricos porque fortemente dependentes de uma visão da disposição espacial das ideias, ou dos elementos de imagem requeridos. A bem dizer, isso acontece em todos os 10 pontos, mas alguns exemplos:
Vamos explorar o que Foucault está pensando em operações do pensamento sob diferentes configurações nesse seu Prefácio; tendo em mente todo o conteúdo do livro. No tópico:
contamos essa história com a intenção de recompor onde necessário, e mostrar a falta onde está ausente, dessas estruturas que reúnem as paletas de ideias ou elementos de imagem.
Veja primeiro, nesse tópico da história do nascimento do livro,
Essa linha de tempo mostra alguns descompassos, intervalos de tempo às vezes muito grandes, entre conquistas do campo pensamento e aplicações desse conhecimento no domínio das técnicas.
Mostra também trabalhos apresentados como inovadores, mudanças radicais no entendimento, quando em vez, a partir de um alinhamento filosófico prévio, seriam considerados aplicações de entendimentos obtidos em conquistas anteriores. Temos dois exemplos que poderiam demonstrar isso, a nosso ver:
que podem ser comparadas com a visão de operações consistentes com o Princípio Dual de Trabalho de David Ricardo mostrando maneiras idênticas de entender o mundo e as coisas.
No início do século XX entre outras conquistas surgiu o management. Há quem diga que o management foi uma das maiores invenções do século passado. E surgiu apresentando como fundamentação filosófica Adam Smith, e adotando modelos de operações e de organizações consistentes com Adam Smith. Mas desde 1817 com a publicação do Principles of political economy and taxation de David Ricardo já havia na filosofia como visualizar operações e organizações de um modo muito mais conectado com o fenômeno operações em organizações. A defasagem nesse ponto é de aproximadamente um século.
Mas foi necessário um intervalo de mais 25 a 30 anos para que surgisse um sistema de produção cujo entendimento de operações e organizações osse consistente com o Princípio Dual de Trabalho de David Ricardo.
No final do século XX o mundo do management foi abalado por uma revolução denominada ‘Reengenharia’.
Isso ocorreu na década de 90 e não durou muito, reduzindo-se a um modismo hoje esquecido, a julgar pelos modelos hooje em dia recomendados.
Pois visto de perto, o modelo da reengenharia é consistente com o modelo de operações do Kanban, e os dois são consistentes com o entendimento filosófico da configuração de pensamento de depois da descontinuidade epistemológica de 1775-1825.
Se assim for, a Reengenharia não deveria ter sido esquecida. Veja por você mesmo, no que se segue, se as coisas são assim mesmo ou são de outro modo.
Veja o exemplo ao lado encontrado no livro The Unified Software Development Process, de Ivar Jacobson e outros, na Fig. 1.1 – o processo de construção de um software em poucas palavras.
A intenção do autor parece ser a de representar de um e de outro lado das operações de construção do software o próprio Sistema de software em dois estados sucessivos. Essa intenção exige um sistema absoluto no qual haja mudança no modo de ser fundamental especificamente da empiricidade objeto ‘Sistema de Software’.
Mas a figura escolhida para representar essa ideia é a de
construída sobre um sistema Input-Output, um sistema relativo de anterioridade ou simultaneidade das coisas entre si.
O exemplo é ilustrativo da falta que faz um alinhamento filosófico para o projeto de modelos em qualquer área. Esse modo de ver operações acaba condicionando a forma como os usuários usam todo o conhecimento contido no livro.
Para compreender a verdade existente na afirmação que acabo de fazer é necessário ter um critério de comparação de modelos para poder descobrir com que entendimento foram feitos.
Logo na página de entrada você encontra as paletas de ideias, ou elementos de imagem para a configuração do pensamento clássico, o de antes de 1775, e o moderno, segundo Foucault, a configuração de pensamento que se consolidou depois da descontinuidade epistemológica de 1775-1825.
Verá que os modelos de operações como a proposta no The Unified Software Development Process tratam com propriedades sim-originais e sim-constitutivas do sistema de software, e que para que esse tratamento possa ter lugar é necessária a noção de objeto.
Veja a Fig. 7.1 – Mapa da atividade semicondutores da Texas Instruments, original do livro Reengenharia de Michael Hammer (a figura abaixo).
É visível que todo o mapa, desde o título, é organizado em torno do objeto. A modelagem organizada pelo objeto (e pelo sujeito, em realidade pelo par sujeito-objeto) é bastante distinta da modelagem até então utilizada, na qual o objeto no sentido no qual ele é usado nesse mapa de Hammer, era simplesmente inexistente.
Examinando mais de perto esse mapa vê-se que todos os módulos referem-se ao objeto que é esperado das operações modeladas – refiro-me ao objeto semicondutores – exceto um.
Esse bloco relacionado a objeto distinto de semicondutores é o ‘Desenvolvimento de capacidade de fabricação.
Sobre esse bloco,Hammer diz que nele um conjunto de estratégias são transformado em uma Fábrica.
Do mesmo modo como as operações das quais resulta o objeto semicondutores exige o conjunto de blocos mostrado no mapa, o objeto Fábrica igualmente exige um conjunto semelhante.
E esse conjunto de blocos que modelam operações que resultam em objetos esperados tem muito pouco de específicos em relação a semicondutores, mas ante, é apropriado para objetos esperados, quaisquer que sejam.
o detalhamento do bloco ‘Desenvolvimento de capacidade de fabricação simetriza o mapa da reengenharia e evidencia o Nexo da produção.
Além disso, acrescentamos nesse mapa todas as ideias ou elementos de imagem que tornam possível a formulação das proposições implícitas em cada um dos blocos.
Clique na figura ao lado e verá a organização SSS – Simétrica, Simbiótica e Sinérgica na qual:
abrindo espaço e lugar para o objeto de interesse do grupo Acionistas, Lucro ou benefícios de qualquer natureza.
Para tratar esse tipo de questões é necessário que baixemos os nossos pressupostos.
Este é um alerta e um convite para que nos coloquemos em uma posição receptiva a possíveis ideias novas que poderão se apresentar a seguir neste trabalho
Essa figura ao lado dá acesso a uma versão nossa da história de nascimento do ‘As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas’ tal como contada por Foucault no Prefácio do livro.
Nessa animação propomos uma relação entre um excerto do texto do Prefácio, com as visões aplicáveis em cada ponto da narrativa, e assim destacamos as estruturas que reúnem as ideias (ou os elementos de imagem) necessários em cada composição da imagem respectiva.
No texto destacado do Prefácio, Foucault discorre sobre Utopias e Heterotopias, entendendo estas últimas, as heterotopias, do modo mais próximo de sua etimologia como o lugar onde
Neste trabalho associamos o conceito de heterotopia – especialmente levando em conta esse significado acima transcrito, dessa palavra, ao Sistema de categorias ou o Quadro, do pensamento clássico e ao uso simultâneo de diferentes ordens desse tipo, que ocorre em modelos de operações e de organizações que usamos atualmente.
O modo como contamos aqui a história do nascimento do ‘As palavras e as coisas’, cujo texto está no Prefácio do livro, depende da contextualização entre o Prefácio e o restante do livro, usando para essa contextualização fragmentos de textos do próprio livro.
Por favor veja antes o tópico 10 pontos de contextualização, o primeiro no slider maior na nossa página de entrada.
Nossa intenção é mostrar que essa conceituação de heterotopia coincide bastante bem com o sistema de categorias, ou o Quadro no pensamento clássico e com o conjunto desses sistemas usados simultaneamente em modelos que usamos hoje. Enfatizamos os problemas criados por esse entendimento do pensamento, como a possibilidade de uso simultâneo de múltiplas ordens com as consequências referidas pelo pequeno trecho Prefácio que destacamos.
E procuramos esclarecer o papel das Utopias na articulação do pensamento com o impensado em um modelo de operações para o pensamento moderno, no caminho da Construção de representações.
E mostramos como abrigar as entidades mencionadas por Foucault no Prefácio como as Utopias, os dois tipos de sintaxe envolvidos, os dois conceitos para ‘Classificar’ e para o que seja um ‘Verbo’, etc. sempre em uma estrutura consistente com o princípio dual de trabalho de David Ricardo, e também, olhando para o lado da prática, com o modelo descritivo de operações do Kanban e da Reengenharia.
Temos a clara impressão de que ao escrever o Prefácio do “As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas” Michel Foucault tinha em mente todo o estudo em estilo de arqueologiadas ciências humanas que desenvolveu. Por isso provavelmente o texto do Prefácio foi escrito depois de o livro estar pronto.
Esse texto permite uma imagem composta com as ideias, ou elementos de imagem que o compõem.
Esta animação faz a proposta dessa imagem, ou de uma imagem que seja ema recodificação desse texto.
A figura abaixo dá acesso a uma paleta de ideias ou elementos de imagem para o modelo de operação no caminho da Construção da representação sob o pensamento filosófico moderno, o de depois da descontinuidade epistemológica de 1775-1825.
Na nossa página de entrada encontram-se também as paletas do pensamento clássico, e para o moderno, no caminho do Instanciamento da representação.
Clicando na figura abre-se um popup.
Passando o mouse por sobre os elementos de imagem são apresentados os significados de cada um, o papel de cada um na imagem de conjunto.
Uma lista de 10 pontos, de autoria de Michel Foucault, encontrados no livro
para ajudar na contextualização do que ele diz no Prefácio com o restante do livro, e entender melhor o próprio escopo do trabalho do autor, nesse livro.
Para cada um desses pontos incluímos uma animação que estabelece a ligação do conceito embutido no texto com a imagem respectiva em função do entendimento utilizado, apresentando a paleta de ideias – ou elementos de imagem, e seus relacionamentos.
Exemplos antológicos, muito usados atualmente, construídos com modos de entendimento de operações diferentes:
⇒ Modelo descritivo de operações de produção devido a Elwood S. Buffa, organizado por uma (ou mais de uma como alerta Foucault) ordem arbitráriamente escolhida(s)
⇒ Modelo de operações no sistema contábil-financeiro. (Débito/Crédito)
ambos organizados a partir de ordem(ns) arbitrariamente selecionadas tendo portanto como referencial a ordem pela ordem, princípios organizadores Caráter e Similitude
⇒ Modelo para uma organização típica, adaptado de Mário Zilbovicius conforme referência,
⇒ Modelo para uma organização no sistema contábil Financeiro: (Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido ou Resultado)
nos quais podemos ver claramente múltiplas ordens “ligeiramente diferentes” como sobre isso diz Foucault.
⇒ Modelo descritivo de operações de produção do Kanban (formulação das operações neste modelo como uma proposição com sujeito das operações e predicado do sujeito, este composto por uma Forma de produção claramente indicada na figura, e com o atributo do sujeito, a empiricidade objeto da operação.
⇒ Modelo de operações da Reengenharia, com o Mapa da atividade semicondutores da Texas Instruments, encontrado no livro Reengenharia.
⇒ Modelo descritivo de operações de produção do Kanban: também organizado no formato de uma proposição, coisa que não é tão evidente à primeira vista, mas que pode ser vista em animação específica neste trabalho.
⇒ Modelo de operações da Reengenharia, com o Mapa da atividade semicondutores da Texas Instruments, encontrado no livro Reengenharia.
Nesse fragmento de texto do início do Cap. VII – Os limites da representação; tópico I – As novas empiricidades, Foucault descreve quais tinham sido as duas maiores dificuldades em seu trabalho nesse livro. Diz ele que acaba de identificar, já entrando no final do seu trabalho, dois óbices:
uma dominação do pensamento com o qual queiramos ou não pensamos, do nosso pensamento portanto, pela incapacidade de fundar as sínteses no espaço da representação, esta uma característica do pensamento que nos é contemporâneo em nossa cultura, por uma característica típica do pensamento clássico;
a obrigação correlata de abrir o campo transcendental da subjetividade e de construir, para além do objeto, os quase-transcendentais da Vida, do Trabalho e da Linguagem.
Quanto à dificuldade apontada, fundar as sínteses (entenda-se as sínteses da empiricidade objeto obtida pelo princípio organizador Análise) coloca o objeto em posição central; e se atentarmos para a forma de reflexão que se instaura em nossa cultura, junto com o objeto vem o sujeito,
Durante todo o trabalho até aqui Foucault já havia lidado com modelos situados quanto a sua estrutura, AQUÉM do objeto, – incapazes de lidar com esse conceito a partir de propriedades sim-originais e sim-constitutivas; e também com modelos situados quanto a sua estrutura DIANTE do objeto, porque capazes de lidar com o objeto pelas suas propriedades sim-originais e sim-constitutivas.
E está agora indo adiante e percebendo um novo segmento nesse espectro de modelos: o dos modelos para ALÉM do objeto, cujo modelo constituinte é uma composição ponderada dos três modelos constituintes das ciências que habitam o eixo epistemológico fundamental mostrado no Triedro dos saberes, a saber, as ciências
Note que os modelos nessas três áreas pertencem ao segmento de modelos DIANTE do objeto; como o modelo constituinte das ciências humanas é uma combinação ponderada desses pares constituintes, vê-se que é necessário compreender como são as operações organizadas pelos pares sujeito-objeto.
Veja isso nas animações neste trabalho
Funcionamento da operação sob o entendimento do pensamento clássico, o de antes da descontinuidade epistemológica de 1775-1825.
Este tipo de operações consegue tratar somente propriedades não-originais e não-constitutivas das coisas, e isso é o mesmo que dizer que as coisas são tratadas por “aparências”, qualidades, adjetivos, ou por propriedades não-originais e não-constitutivas, ou por .
O homem – como único ser capaz de desempenhar dois papéis:
não havia surgido ainda no pensamento.
A forma de reflexão em que está em questão o ser do homem nessa dimensão o pensamento segundo a qual o pensamento se dirige ao impensado e com ele se articula ainda não havia surgido. Veja o ponto 11 deste tópico ‘Funcionamento’.
A animação que mostra a Forma de reflexão que se instaura, segundo Michel Foucault depois da descontinuidade epistemológica de 1775-1825, com as seguintes palavras:
“Instaura-se uma forma de reflexão, bastante afastada do cartesianismo e da análise kantiana, em que está em questão, pela primeira vez, o ser do homem, nessa dimensão segundo a qual o pensamento se dirige ao impensado, e com ele se articula.”
refletida em um modelo de operação de Construção de representação para empiricidade objeto (uma coisa); veja As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Cap IX – o homem e seus duplos; tópico V – O “cogito” e o impensado, de Michel Foucault
Aplicando a ideia da Forma de reflexão que se instaura em nosso pensamento a essa figura, vê-se que o circuito reversível ensinado por Vilém Flusser
se fecha. O que, diga-se de passagem, não acontece quando a imagem corresponde à maioria dos modelos de operações que utilizamos.
A paleta de ideias ou elementos de imagem que compõem essa figura:
Nesta operação o modo de ser fundamental da empiricidade objeto muda – propriedades sim-originais e sim-constitutivas inexistentes antes da operação tornam-se disponíveis depois dela. Com isso o modo com essa empiricidade objeto pode ser afirmada, posta, disposta e repartida no espaço do saber para eventuais conhecimentos e ciências possíveis é alterado.
Tomando esse conceito ‘modo de ser fundamental das empiricidades’ como elemento ordenador da história, ao final com sucesso dessa operação, – no interior do Lugar de nascimento do que é empírico e percorrendo o Caminho da Construção da representação – faz-se história.
No LD da figura, pensamento moderno de depois de 1825, caminho do Instanciamento da representação.
Esse caminho só é percorrido quando para o operar atribuído à empiricidade objeto de uma operação, já exista, no Repositório de proposições explicativas formuladas de acordo com as regras da língua, uma representação que ‘sirva’ a esse operar, ou em outras palavras uma representação cuja Forma de produção seja capaz de obter quando desencadeada no ambiente, operar semelhante a esse atribuído a essa empiricidade objeto.
Ao contrário do caminho da Construção da representação, no qual o modo de ser fundamental da empiricidade objeto da operação muda, no caminho do Instanciamento da representação não há mudança no modo de ser fundamental da empiricidade objeto em instanciamento, que termina a operação no mesmo modo de ser fundamental no qual foi recuperada do repositório de proposições explicativas formuladas de acordo com as regras da língua.
Entenda como modo de ser fundamental da empiricidade com as palavras que Foucault usa para isso:
O elemento central das operações no LE da figura, sob o pensamento clássico, é Processo.
Processo, como conjunto de ações, atividades, tasks, é da categoria dos verbos.
“A única coisa que o verbo afirma é a coexistência entre duas representações: por exemplo, a do verde e da árvore, a do homem e da existência ou a morte. É por isso que o tempo dos verbos não indica aquele em que as coisas existiram no absoluto, mas um sistema relativo de anterioridade ou simultaneidade das coisas entre si.”
(…) “Assim é que o verbo ser teria essencialmente por função reportar toda linguagem à representação que ele designa. O ser em direção ao qual ele transborda os signos não é nem mais nem menos que o ser do pensamento. Comparando a linguagem a um quadro, um gramático do fim do século XVIII define os nomes como formas, os adjetivos como cores e o verbo como a própria tela onde elas aparecem.“
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas.
Cap. IV – Falar; tópico III. A teoria do verbo. de Michel Foucault.
A operação no LE da figura funciona sobre um sistema relativo de anterioridade ou simultaneidade das coisas entre si – o sistema Input-Output, ou Entradas-Saídas.
Toda a operação funciona com propriedades não-originais e não-constitutivas (esse sistema não indica ‘aquele em que as coisas existiram no absoluto’ por absoluta falta de possibilidade de tratar as condições para que as coisas existam no absoluto.
Com propriedades não-originais e não-constitutivas, e deixando fora do escopo da operação a consideração dessas ‘coisas’ que passam a existir no absoluto, tudo é pre-existente, todas as representações são pré-existentes à operação.
Como pré-existentes, suas propriedades não originais e não-constitutivas estão disponíveis antes da operação, tanto para o início desta, quanto para o seu final.
Logo, ao tempo da deflagração do evento de processo (i), com a disponibilidade das propriedades antes e depois da operação, é possível calcular a inserção no calendário do outro evento, o (f).
E inversamente, para uma inserção calendário arbitrária do evento (f), com a disponibilidade de todas as propriedades não-originais e não-constitutivas, é possível calcular a inserção calendário do evento (i).
Então, existe um fator K que permite calcular a correspondente inserção calendário de um evento (i), ou (f), a partir da inserção calendário arbitrária do outro evento.
A figura ao lado dá acesso a uma animação cuja principal característica, em termos de tempo na operação representada, é que ao contrário da operação no LE da figura sob o pensamento clássico, aqui não existe um fator K que permita, a partir de propriedades da representação objeto da operação, e com a inserção calendário de um dos eventos (i) ou (f), calcular a inserção do outro evento.
Isso acontece porque a operação de construção da representação transcorre em um tempo em que a representação objeto passa a existir no absoluto, já que seu modo de ser fundamental nesse ambiente e com o repositório de proposições explicativas formuladas de acordo com as regras da língua, muda. Em outras palavras, e usando o modo como Foucault se refere a isso, modo de ser fundamental é o que permite que a representação possa ser afirmada, posta, disposta e repartida no espaço do saber para eventuais conhecimentos e para ciências possíveis.
“O limiar da linguagem está onde surge o verbo.
É preciso, portanto, tratar esse verbo como um ser misto, ao mesmo tempo palavra entre as palavras, preso às mesmas regras, obedecendo como elas às leis de regência e de concordância;
e depois, em recuo em relação a elas todas, numa região que não é aquela do falado mas aquela donde se fala. Ele está na orla do discurso, na juntura entre aquilo que é dito e aquilo que se diz, exatamente lá onde os signos estão em via de se tomar linguagem.
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas.
Cap. IV – Falar; tópico III. A teoria do verbo. de Michel Foucault.
Em termos dos tempos na operação de construção da representação:
A figura dá acesso a uma animação para a operação de Instanciamento de uma representação já existente no Repositório de proposições explicativas formuladas de acordo com as regras da língua.
Esse fato de que a operação de instanciamento instancia uma representação pré-existente no repositório é essencial porque durante o instanciamento não ocorre mudança no modo de ser fundamental da empiricidade objeto da operação. Ocorre uma mudança de estado, e não mudança no modo de ser fundamental dessa empiricidade objeto, isto é, ela continua a poder ser afirmada, posta, disposta e repartida no espaço do saber para eventuais conhecimentos e para ciências possíveis exatamente do mesmo modo que estava no repositório.
Desse modo, tanto em (i) quanto em (f) pontos iniciais e finais da operação de instanciamento do objeto, existem todas as propriedades originais e constitutivas e também as não-originais e não-constitutivas, o que leva à possibilidade de que dada a inserção arbitrária de um evento, (i) ou (f), a inserção calendário do outro evento pode ser calculada por um fator K.
No caminho do Instanciamento da representação da empiricidade objeto não há alteração no modo de ser fundamental nesse ambiente e com esse Repositório.
Entenda modo de ser fundamental como aquilo a partir do que ela pode ser afirmada, posta, disposta e repartida no espaço do saber para eventuais conhecimentos e para ciências possíveis.
Como diz Foucault abaixo, Processo é a própria janela onde as palavras aparecem. Diz ele:
“A única coisa que o verbo afirma é a coexistência de duas representações: por exemplo, a do verde e da árvore, a do homem e da existência ou da morte; é por isso que o tempo dos verbos não indica aquele em que as coisas existiram no absoluto, mas um sistema relativo de anterioridade ou de simultaneidade das coisas entre si. A coexistência, com efeito, não é um atributo da própria coisa, mas também não é nada mais que uma forma de representação: dizer que o verde e a árvore coexistem é dizer que estão ligados em todas ou na maioria das impressões que recebo.”
(…) “Assim é que o verbo ser teria essencialmente por função reportar toda linguagem à representação que ele designa. O ser em direção ao qual ele transborda os signos não é nem mais nem menos que o ser do pensamento. Comparando a linguagem a um quadro, um gramático do fim do século XVIII define os nomes como formas, os adjetivos como cores e o verbo como a própria tela onde elas aparecem. Tela invisível, inteiramente recoberta pelo brilho e o desenho das palavras, mas que fornece à linguagem o lugar onde fazer valer sua pintura; o que o verbo designa é finalmente o caráter representativo da linguagem, o fato de que ela tem seu lugar no pensamento e de que a única palavra capaz de transpor o limite dos signos e fundá-Ios na verdade não atinge jamais senão a própria representação.
De sorte que a função do verbo se acha identificada com o modo de existência da linguagem, que ela percorre em toda a sua extensão: falar é, ao mesmo tempo, representar por signos e conferir a signos uma forma sintética comandada pelo verbo”
Nos modelos de operações sob o entendimento do pensamento de depois da descontinuidade epistemológica de 1775-1825 as frases, segundo os tipos de proposição possíveis, são:
Nesses tipos de proposições as ideias ou elementos de imagem envolvidos são:
Vale a pena notar que essa formulação estabelece uma sorte de ordem única, que atravessa todo o modelo de operações.
O resultado de uma operação no caminho da Construção da representação é invariavelmente um objeto análogo composto por elementos componentes, outros objetos análogos. Praticamente não existe operação de construção de representação para empiricidade objeto ainda sem suporte na experiência em determinado ambiente e com um repositório existente, que se resolva com um único objeto análogo, e como é sabido, o impensado, o não articulado, a visão nunca é representada ela própria.
A sintaxe que segundo Foucault autoriza a manter juntas ao lado e em frente umas das outras palavras e coisas é aquela que toma os resultados do princípio organizador Analogia, (os objetos análogos tomados como componentes da representação em construção) e estabelece entre eles, usando o princípio organizador Sucessão, um sequenciamento estrutural lógico.
O resultado da ação desses dois princípios organizadores Analogia e Sucessão, com os métodos Análise e Síntese, resultam sempre em uma estrutura hierárquica.
O modo de ser do homem, tal como se constituiu no pensamento moderno, permite-lhe desempenhar dois papéis:
está, ao mesmo tempo,
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas Cap. X – As ciências humanas; tópico I. O triedro dos saberes
Dada a extrema diferença existente entre esses dois papéis, necessariamente ocupam lugares distintos na estrutura do modelo de operações, e a consideração desses dois papéis para o homem implica nessa mudança de estrutura na configuração do pensamento das operações.
Como dito, estamos utilizando como base a Figura 2 – Diagrama ontológico ou ainda Figura 2 – O Explicar e a Experiência, de autoria de Maturana em dois de seus livros (vide animações no Ponto 1 adicional neste trabalho.
O pressuposto no LE da figura, (a existência precede a distinção). Todas as representações são pré-existentes, portanto todas as propriedades não-originais e não-constitutivas estão disponíveis e não está no escopo desse tipo de operações o tratamento de coisas ainda não existentes e portanto a preocupação com propriedades sim-originais e sim-constitutivas.
A operação ocorre em uma região do espaço orientada, chamada Volume de controle.
Operações formuladas no LE da figura ocorrem totalmente no interior do Circuito das trocas como sendo esse o lugar onde não ocorrem mudanças no modo de ser fundamental da coisas. A bem dizer, não há mesmo a possibilidade de tratar ‘empiricidades objeto’ por não caber isso no escopo desse tipo de operações.
São vistas como um processamento de informação, em uma única transformação.
A propriedade emergente é Fluxo
Uma visão global das operações, inicialmente no caminho da Construção da representação, no interior do Lugar de nascimento do que é empírico é a seguinte:
Há duas transformações de mesmo sinal:
Vendo de um ponto de vista mais alto, essas duas transformações podem ser reduzidas a uma Conversão, de pensamento não articulado em representação, estabelecendo uma relação entre os domínios do Pensamento e da Língua e o do discurso e da Representação.
A propriedade emergente da operação no caminho da Construção da representação é Permanência,
É permanência da representação construída no Repositório de proposições explicativas formuladas de acordo com as regras da língua. Trata-se de uma permanência provisória, temporária, até que novas razões determinem a reforma ou reformulação dessa representação.
Como vimos, Permanência como propriedade emergente estabelece o contrário da propriedade emergente no LE da figura, que encontramos ser Fluxo.
Uma visão global das operações, desta feita no caminho do Instanciamento da representação, no interior do Circuito das trocas é a seguinte:
Há também aqui, duas transformações, mas desta feita, de sinais contrários:
Vendo de um ponto de vista mais alto, essas duas transformações podem ser reduzidas a uma Conversão, de Disponibilidade de recursos em Disponibilidade de objeto, estabelecendo tudo transcorrendo no interior do domínio do Discurso e da Representação.
A propriedade emergente da operação no caminho do Instanciamento da representação é novamente Fluxo.
Há dois fluxos:
Como vimos, Fluxo como propriedade emergente na operação de instanciamento no LD da figura é a mesma propriedade emergente no LE da figura, que encontramos ser Fluxo.
Há no ‘As palavras e as coisas’ dois conceitos para o que seja ‘Classificar’ que se ajustam perfeitamente bem um deles para o pensamento clássico, e o outro para o pensamento moderno, a um tempo para o caminho da Construção da representação, e a segunda parte, para o caminho do Instanciamento da representação.
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas, Cap. VII – Os limites da representação; tópico III. A organização dos seres, de Michel Foucault
Características do entendimento de operações no pensamento clássico, o de antes da descontinuidade epistemológica de 1775 a 1825:
Características do entendimento de operações no pensamento moderno, o de depois da descontinuidade epistemológica de 1775 a 1825:
“De sorte que se vêem surgir, como princípios organizadores desse espaço de empiricidades, a Analogia e a Sucessão: de uma organização a outra, o liame, com efeito, não pode mais ser a identidade de um ou vários elementos, mas a identidade da relação entre os elementos (onde a visibilidade não tem mais papel) e da função que asseguram; ademais, se porventura essas organizações se avizinham por efeito de uma densidade singularmente grande de analogias, não é porque ocupem localizações próximas num espaço de classificação, mas sim porque foram formadas uma ao mesmo tempo que a outra e uma logo após a outra no devir das sucessões.”
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Cap. VII – Os limites da representação; tópico: I – A idade da história
Segmento do espectro de modelos situados AQUÉM do objeto pela colocação fora do escopo dessa formulação clássica a ideia de objeto descrito por suas propriedades originais e constitutivas.
Restam propriedades que estão à superfície dos corpos, as não-originais e não-constitutivas somente, as “aparências” nome que a elas dá Maturana.
As duas figuras abaixo mostram objeções e propostas que Maturana fazia para melhorar corrigindo, o que considerava um erro na modelagem de fenômenos biológicos.
A animação que descreve as operações no LD da figura, no caminho da Construção da representação, destaca a intenção dessa formulação: a construção da nova representação para a empiricidade objeto.
Esse tipo de modelos que abrange a etapa da construção de representações são construídos, por óbvio, diante do objeto.
Modelos nesse segmento do espectro têm modelos constituintes conforme a área da região epistemológica fundamental:
Modelos nesse segmento para além do objeto habitam o interior do Triedro do saber delineado por Miche Foucault, onde estão as ciências humanas.
Modelos nesse segmento do espectro têm modelos constituintes que são uma combinação ponderada dos modelos das ciências da região epistemológica fundamental:
Note que no interior do Triedro dos saberes o modelo constituinte é uma composição dos três pares constituintes; a predominância de um deles sobre os outros acompanha o projetista de modelos em cada caso.
A percepção feita por Michel Foucault de uma forma de reflexão que se instaura em nossa cultura depois da descontinuidade epistemológica por ele situada entre 1775 e 1825.
Trata-se de uma forma de reflexão ‘bastante afastada do cartesianismo e da análise kantiana’ e que exatamente por isso configura uma descontinuidade epistemológica, ou seja, uma alteração profunda no entendimento neste caso, das operações, mas muito mais amplo que isso.
É uma forma de reflexão organizada pelo par sujeito-objeto.
Veja a animação para certificar-se disso
Proposição, é o bloco padrão fundamental genérico oferecido pela linguagem, para a construção de representações.
Diz Foucault sobre a proposição:
‘As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas’;
Cap. IV – Falar; tópico III. A teoria do verbo
Michel Foucault
Referencial, princípios organizadores e métodos no entendimento vigente no pelsamento de antes da descontinuidade epistemológica de 1775-1825:
Referencial, princípios organizadores e métodos no entendimento vigente no pensamento de depois da descontinuidade epistemológica de 1775-1825:
Veja esta conceituação de verbo feita por Foucault, indicando suas limitações, e apontando claramente para um sistema relativo de anterioridade ou simultaneidade das coisas entre si, quer dizer, apontando para o sistema Input-Output.
Esse trecho indica com muita clareza que esse tipo de verbo funciona no sistema Entradas ⇒ Saídas.
E indica que o tempo assinalado por esse tipo de verbo é um tempo calendário, um tempo relativo no qual dado um evento (i) ou (f), é possível calcular correspondentemente o evento (f) ou (i) fazendo isso com propriedades existentes da representação.
E além disso, aponta para um outro tipo de tempo, um tempo absoluto, um tempo que assinala coisas que passaram a existir. Veja sobre isso o próximo tópico.
As operações que tenham esse tipo de verbo como elemento central são sempre reversíveis na etapa de formulação; todas as irreversibilidades aparecem durante o instanciamento que transcorre no interior do Circuito das trocas.
O tempo com esse tipo de verbo é relativo, um tempo calendário. Existe um fator K tal que para uma dada inserção do evento (i), é possível calcular com propriedades da representação a inserção do evento (f) e vice-versa.
A propriedade emergente na operação que em esse tipo de verbo como elemento central é Fluxo; e toda a operação transcorre no interior do Circuito das trocas.
Veja nesta citação de Foucault o conceito de verbo completamente distinto do anterior, agora não mais concebido em um sistema relativo com tempo relativo (calendário) como no anterior, mas com um tempo absoluto ligado à mudanças no modo de ser fundamental das empiricidades, isto é, aquilo que permite que elas sejam afirmadas, postas, dispostas e repartidas no espaço do saber para conhecimentos, e eventuais ciências possíveis.
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. IV – Falar; tópico III. A teoria do verbo
Michel Foucault
Veja a animação a que a figura ao lado dá acesso.
Ela propõe um sentido para várias coisas nesse trecho de Foucault:
A sintaxe que autoriza a construção das frases no formato de proposições formuladas de acordo com as regras da linguagem em uso.
Na modelagem das operações temos três tipos de proposições
é aquela proposição que inicia a operação de busca pela possibilidade de representar um certo operar atribuído à empiricidade objeto da operação. É formulada quanto após uma consulta ao Repositório de proposições explicativas da experiência formuladas de acordo com as regras da língua, a resposta a essa consulta é negativa – o Repositório não tem condições de dar sustentação na experiência a esse operar.
é toda proposição cuja Forma de produção já tem elementos de suporte na experiência ao operar atribuído à empiricidade objeto. Neste caso, a representação a esse nível, se nova for, é acrescentada ao Repositório.
é toda proposição que já existe no Repositório de proposições explicativas formuladas de acordo com as regras da língua. Se o operar característico da Forma de produção dessa proposição for exigido em uma operação de obtenção de uma empiricidade objeto, será parte da etapa de Instanciamento da empiricidade objeto. Durante essa etapa, o modo de ser fundamental da empiricidade objeto não muda.
Esta é a sintaxe que orienta a organização do objeto análogo composto, uma composição organizada e logicamente ordenada de objetos análogos que funcionam como elementos componentes na representação em construção.
A decisão de desencadear operação como essa implica em enfrentar as impossibilidades de representação de um ‘operar’ qualquer dentre os atribuídos à empiricidade objeto. Essas impossibilidades são encaradas de frente.
A impossibilidade de representação de um qualquer desses atributos é submetida à análise e com auxílio das operações de busca por origem, condições de possibilidade e de generalidade dentro de limites para cada um dos objetos análogos criados pela análise, são procurados e identificados,ou desenvolvidos os elementos de suporte na experiência respectivos.
O método Síntese relaciona logicamente os objetos análogos compondo com eles a Sucessão de analogias que constituio objeto análogo composto que resulta, via de regra, de toda operação de construção de representação.
O Princípio (monolítico) de trabalho de Adam Smith foi cunhado em 1776 sob a preocupação de medir a equivalência das mercadorias que passam pelo Circuito das trocas.
Toda a operação no pensamento clássico transcorre no interior do que Foucault chama de Circuito das trocas uma vez que a construção de representações novas para empiricidades objeto, ainda não representadas ou objeto de reformulação, está fora do escopo do pensamento clássico.
Para Adam Smith o trabalho é analisável em jornadas de subsistência e pode servir de unidade comum a todas as outras mercadorias necessárias à subsistência.
Mas Adam Smith deixa de considerar aquela atividade que está na origem do valor das coisas, a construção de novas empiricidades objeto com específicos ‘operar’. Isso só acontece em 1817, com David Ricardo e seu princípio dual de trabalho. (veja o ponto seguinte)
Usando Foucault para entender melhor isso, ele atribui ao homem a possibilidade de desempenhar dois papéis:
o princípio monolítico de Adam Smith, ainda que não considere o homem nessa noção com que dele fala Foucault, que a seu tempo não havia sido inventado, mas cobre apenas o primeiro desses dois papéis.
O Princípio dual de trabalho de David Ricardo, de 1817, cunhado sob a dupla preocupação de:
As operações no pensamento moderno transcorrem:
Para Adam Smith o trabalho é analisável em jornadas de subsistência e pode servir de unidade comum a todas as outras mercadorias necessárias à subsistência.
Mas Adam Smith deixa de considerar aquela atividade que está na origem do valor das coisas, a construção de novas empiricidades objeto com específicos ‘operar’.
Isso só acontece com David Ricardo. Veja a figura ao lado.
Usando Foucault para entender melhor isso, ele atribui ao homem a possibilidade de desempenhar dois papéis:
o princípio monolítico de Adam Smith, ainda que não considere o homem nessa noção com que dele fala Foucault, mas cobre apenas aspecto associável ao primeiro desses dois papéis.
Considere os dois papéis atribuídos ao homem:
e agora as duas acepções para trabalho:
O princípio de trabalho de David Ricardo permite construir um modelo de operações de todos os tipos que dá conta:
Estas são as duas acepções para trabalho:
A diferença entre o Princípio Dual de trabalho de David Ricardo e o de Adam Smith é que
Tratando-se de modelagem de operações, nada mais fundamental e decisivo no resultado, o modelo, do que a função classificar utilizada.
Veja as diferenças:
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas
Cap. VII – Os limites da representação; tópico III. A organização dos seres; ponto 3
Segmento do espectro de modelos construídos AQUÉM do objeto.
São modelos de operações que funcionam com propriedades não-originais e não-constitutivas do que se aproxima, atravessa uma região orientada do espaço onde ocorrem as operações ou permanece fora dessa região, mas sem a noção de objeto definido por propriedades originais constitutivas; ou ainda permanece dentro dessa região orientada, e finalmente sai dela voltando novamente para seu entorno
Na falta da noção de objeto, falta também a da empiricidade objeto de uma possível operação.
Operações monitoram o fluxo de pacotes de coisas caracterizados por ‘aparências’ ou uma propriedade não-original e não-constitutiva que regula a formação do pacote.
Nesse segmento a propriedade emergente das operações é Fluxo.
Nesse segmento modelos são construídos de modo a dar tratamento a propriedades sim-originais e sim-constitutivas, o que implica na organização do modelo pela noção de objeto e empiricidade objeto das operações, e do sujeito da operação.
A propriedade emergente é permanência (da representação nova construída) no Repositório de proposições explicativas formuladas de acordo com as regras da língua.
Toda a operação transcorre:
É o segmento de modelos que têm como modelo constituinte uma combinação dos modelos constituintes da região epistemológica fundamental:
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciêncis humanas; Cap. VIII – Trabalho, Vida e Linguagem; tópico I. As novas empiricidades,
de Michel Foucault
Estes modelos habitam o interior do Triedro dos saberes, onde estão as ciências humanas – vide animação a respeito; e exigem a constituição, para ALÉM do objeto, dos quase-transcendentais Vida, Trabalho e Linguagem habitantes da região epistemológica fundamental.
Há vários aspectos relacionados à modelagem de operações em organizações:
Aqui a modelagem é orientada pelo par sujeito-objeto.
Para esse par corresponde um modelo de operação, especialmente com alteração do objeto. Podemos ter um grande modelo com modelos de operações para objetos diferentes, mas um mesmo modelo tem apenas um objeto.
A construção da estrutura SSS – Simétrica, Simbiótica e Sinérgica envolvendo objeto esperado das operações, o instrumento capaz de obtê-lo na realidade do ambiente em que as operações acontecem, e o Nexo da produção, que permite avaliar o resultado da simbiose e da sinergia delineando o Nexo da produção, com o objeto esperado pelo grupo de Acionistas.
Mapa geral das operações que consideram simultaneamente o objeto esperado pelo grupo Clientes e o objeto esperado pelo grupo Acionistas.
Essa estrutura abre espaços específicos e bem determinados para Clientes e Acionistas.
Toda essa estrutura é organizada sob uma única ordem, a da Proposição, considerada por Michel Foucault como o elemento padrão elementar básico e geral para a construção de representações.
Pensar na obtenção de qualquer coisa como resultado de operações incluindo o instrumento necessário para a concretização no ambiente desse resultado corresponde a retirar um viés mágico de operações de obtenção do que quer que seja, sem pensar o instrumento.
No pensamento de Flusser, Ciência e Tecnologia são funções do estado da arte na Reflexão, ou na Filosofia. Havendo mudança no entendimento com relação a algo devida à reflexão (alteração filosófica) que altere a episteme, ou as características de características do modo como o pensamento é configurado, alterando portanto a paleta de ideias ou de elementos de imagem necessárias para a configuração, muda a ciência e mudam as tecnologias relacionadas às ciências.
Sendo a Tecnologia texto científico aplicado, e a Ciência, texto filosófico aplicado, em face de uma descontinuidade epistemológica, uma alteração profunda no modo como nos dispomos a entender e tratar as coisas do mundo, ciência e tecnologia precisam acompanhar essas mudanças.
Vilém Flusser descreve no cartesianismo sujeito e objeto em situação de oposição um em relação ao outro.
Veja na animação seguinte, no que Vilém Flusser descreve como um ‘Salto para fora do cartesianismo’, a composição do par sujeito-objeto não mais em situação de oposição mas em concurso.
A animação ao lado apresenta o que Vilém Flusser chama de ‘um salto para fora do cartesianismo’.
Colocando as ideias ou elementos de imagem na figura construída com os conceitos de Flusser, vê-se que o que ele chama de ‘salto para fora do cartesianismo combina perfeitamente bem com a forma de reflexão cujo surgimento Michel Foucault anuncia no ‘As palavras e as coisas’, dizendo:
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. IX – O homem e seus duplos; tópico V – O “cogito” e o impensado, de Michel Foucault
Fazendo a correspondência entre o ‘impensado’ de Foucault e o ‘duvidoso’ de Flusser vê-se que a correspondência das ideias nas duas paletas é completa, e destas, com o Princípio Dual de trabalho de David Ricardo, de 1817.
Veja em nossa página inicial a paleta de ideias ou elementos de imagem para o pensamento moderno para conferir cada uma dessas ideias postadas na figura e participando da estrutura de operações.
Visão global de operações sob o pensamento clássico, o de antes da descontinuidade epistemológica de 1775-1825
Visão global de operações sob o pensamento moderno nos dois caminhos: o da Construção da representação, LD da figura, e o do Instanciamento da representação; e diferenças entre essas operações
a que autoriza a construção das frases;
Essa sintaxe funciona com as ideias ou elementos de imagem envolvidos na formulação da proposição ao longo das operações, sempre sob o pensamento moderno, LD da figura.
No pensamento de Foucault a proposição é o elemento fundamental genérico padrão fundamental para a construção de representações.
Diz Foucault:
“A proposição é para a linguagem o que a representação é para o pensamento: sua forma, ao mesmo tempo mais geral e mais elementar, porquanto, desde que a decomponhamos, não reencontraremos mais o discurso, mas seus elementos como tantos materiais dispersos”
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. IV – Falar; tópico III. A teoria do verbo
Há três momentos diferentes para as proposições:
(acesse a animação com a figura da esquerda, para ver as ideias e respectivos elementos de imagem controlados por essa sintaxe, todas no domínio do Pensamento e da Língua.)
a que autoriza a “manter juntos”, ao lado e em frente umas das outras, as palavras e as coisas.
(acesse a animação com a figura da direita para ver as ideias e respectivs elementos de imagem controlados por essa sintaxe, todas no domínio do Discurso e da Representação.)
Nota: esta sintaxe tem como resultado a organização em sua estrutura, do objeto análogo composto no qual se constitui uma representação construída para uma empiricidade objeto nova. A estrutura desse objeto análogo composto, formado por objetos análogos componentes logicamente relacionados, é hierárquica.
Se o funcionamento desta segunda sintaxe fizer sentido para você, então, você concluirá necessariamente que estruturas hierárquicas são inerentes ao modo como operações no caminho da Construção de representações para empiricidades objeto novas funcionam.
♦ Os dois conceitos para o que seja um verbo, um para o pensamento de antes de 1775 e outro para o pensamento de depois de 1825
“A única coisa que o verbo afirma
é a coexistência de duas representações: por exemplo,
a do verde
e da árvore,
a do homem
e da existência ou da morte;
é por isso que o tempo dos verbos
não indica aquele em que as coisas existiram no absoluto,
mas um sistema relativo
de anterioridade ou de simultaneidade das coisas entre si.”
As palavras e a coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Cap. IV – Falar; tópico III. A teoria do verbo
Verbo com essa funcionalidade é o elemento central do sistema de anterioridade ou de simultaneidade das coisas entre si, em outras palavras, do Sistema Input-Output, o mais usado atualmente.
“É preciso, portanto, tratar esse verbo como um ser misto,
ao mesmo tempo palavra entre as palavras, preso às mesmas regras, obedecendo como elas às leis
de regência e de concordância;
e depois, em recuo em relação a elas todas,
numa região que não é aquela do falado
mas aquela donde se fala.
Ele está na orla do discurso,
na juntura entre
aquilo que é dito
e aquilo que se diz,
exatamente lá onde os signos
estão em via de se tomar linguagem.”
As palavras e a coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Cap. IV – Falar; tópico III. A teoria do verbo
Veja também o Principio dual de trabalho de David Ricardo, para comparação das estruturas: a sugerida pela citação acima, e a do princípio de trabalho de Ricardo.
É muito claro que o uso de um ou de outro desses dois conceitos para o que seja um verbo durante o projeto e construção de um modelo de operações de qualquer natureza terá como resultado modelos completamente diferentes.
Operação sob o pensamento clássico,o de antes da descontinuidade epistemológica de 1775-1825
Veja a figura no LE (lado esquerdo): a existência precede a distinção.
Pressuposto: todas as coisas existem desde sempre e para sempre compondo o Universo, obra de Deus. A busca por origem, condições de possibilidade e de generalidade dentro de limites está fora do escopo das operações neste segmento que tem o rótulo ‘AQUÉM’ do objeto porque a noção de objeto descrito por esse tipo de propriedades está fora do escopo destas operações.
Restam então propriedades não-originais e não-constitutivas,as “aparências”.
Pelo pressuposto adotado todas as representações existem desde sempre, e assim, existem antes, e depois de toda operação.
Dessa forma, dada a inserção calendário de um dos eventos (i) ou (f), com as propriedades existentes das representações selecionadas para a operação é possível calcular a inserção calendário do outro evento (f) ou (i).
Esse é um tempo calendário, um tempo dado por um sistema relativo de anterioridade ou simultaneidade das coisas entre si, cujo elemento central é Processo.
Operação sob o pensamento moderno, o de depois da descontinuidade epistemológica de 1775-1825
Veja o LD (lado direito) da figura: a existência se constitui com a distinção, ou em outras palavras, a existência sucede a distinção.
A existência das coisas decorre de uma busca, empreendida pelo homem, raiz e fundamento de toda positividade, por origem, condições de possibilidade e de generalidade dentro de limites, para um pensamento não articulado, para o impensado, etc. etc. tomado como empiricidade objeto da operação.
O pensamento somente percorre o caminho da Construção da representação – veja a animação a que a figura dá acesso – quando um certo ‘operar’ é atribuído a essa empiricidade objeto da operação, e uma representação capaz de explicar na experiência esse ‘operar’, esse modo de ser da empiricidade objeto escolhida, ainda não existe em um Repositório de proposições explicativas formuladas de acordo com as regras da linguagem em uso no ambiente e domínio em que a operação ocorre.
Caso a consulta ao Repositório tenha resposta negativa (ainda não existe representação para empiricidade objeto com o ‘operar’ atribuído) então o pensamento desencadeia uma operação de Analogia que procura um objeto análogo à empiricidade objeto com o ‘operar’ atribuído e prepara para a possível representação uma arquitetura padrão e inteiramente vazia. Não existem propriedades originais e constitutivas, ou não originais e não constitutivas além das próprias à arquitetura.
São desencadeadas operações de busca por origem, condições de possibilidade e de generalidade dentro de limites estabelecidos pelo domínio e ambiente.Essas buscas lançam mão de todo o conhecimento disponível em todas as áreas, filosofia, ciências, tecnologias.
Pode acontecer que o objeto análogo construído não seja ainda representável; mas a julgamento do sujeito da operação, esse objeto análogo pode ser considerado um caminho para uma possível representação.
Via de regra isso sempre acontece. Muito raramente uma representação é encontrada logo para o primeiro objeto análogo construído.
Então, o pensamento aplica a esse objeto análogo considerado como ‘caminho’ – resultado da aplicação do princípio organizador Analogia- o método Análise que substitui esse objeto análogo não representável por um conjunto logicamente organizado de outros objetos análogos. Esse conjunto de objetos análogos formam um objeto análogo composto substitutivo ao objeto análogo inicial.
A aplicação do método Síntese garante o mesmo ‘operar’ entre o objeto análogo inicial e o objeto análogo composto.
A construção do objeto análogo composto é orientada pelo princípio organizador Sucessão.
Com o sucesso da operação são encontrados os elementos de suporte na experiência à Forma de produção, o elemento central deste modelo de operações.
Essa determinação (seleção e ou desenvolvimento) de elementos de suporte na experiência da Forma de produção é feita para todos os objetos componentes do objeto análogo composto.
Quando todos os objetos análogos componentes do objeto análogo composto forem identificados e selecionados, a representação para a empiricidade objeto com ‘operar’ aceitável como sendo o ‘operar’ atribuído inicialmente, dentro de um critério de aceitação, está pronta e é incluída no Repositório onde permanece a título precário, até que uma outra representação para a mesma empiricidade objeto seja desenvolvida.
A operação de Instanciamento da representação acontece em duas situações:
Nesses dois casos a consulta ao repositório foi positiva no sentido de que já existe uma representação com ‘operar’ aceitável tendo em vista o operar atribuído à empiricidade objeto e um critério de aceitação.
Então, com essa resposta do repositório, o primeiro passo é recuperar dele a representação nele existente cujo ‘operar’ serve ao ser comparado com o ‘operar’ atribuído.
Dá-se a recuperação desde o repositório, da representação completa que ‘serve’ para a operação de Instanciamento em curso.
Na posição estrutural do ponto (i) depois da recuperação da representação que ‘serve’, tempos todas as propriedades dessa representação. E isso vale também para a posição estrutural do evento (f). A representação já existia no repositório.
A operação se desenvolve desencadeando os elementos de suporte na experiência da(s) Forma(s) de produção necessárias à representação recuperada do repositório.
Toda a operação transcorre no interior do Circuito das trocas, uma vez que durante toda a operação de Instanciamento da representação não acontecem alterações no ‘modo de ser fundamental’ da empiricidade objeto, mas tão somente alterações no estado em que a empiricidade objeto se encontra.
Nessa situação não existe a possibilidade de cálculo, com propriedades da representação, da inserção calendário do evento (f) a partir da inserção calendário do evento (i). Não existe um fator K que permita esse cálculo – com propriedades da representação.
Toda a operação de Construção da representação transcorre no interior do ‘Lugar de nascimento do que é empírico’, o espaço compreendido pelos dois retângulos um vermelho e outro amarelo. É nesse espaço do ‘Lugar de nascimento do que é empírico’ que ocorrem as mudanças no ‘modo de ser fundamental da empiricidade objeto cuja representação está em construção.
Ao final da operação de Construção da representação, na posição estrutural do evento (f), e com o sucesso da operação, passaram a existir, como consequência da operação, as propriedades originais e constitutivas da representação que acaba de ser construída, e também as outras propriedades, as não-originais e não-constitutivas, ou as “aparências”.
Veja que a inserção calendário do evento (f) que assinala o final da operação de Construção da representação não depende dos tempos de desencadeamento dos elementos de suporte na experiência da Forma de produção, porque esses elementos foram identificados, selecionados e quando necessário desenvolvidos, mas somente atribuídos à Forma de produção e não desencadeados.
O intervalo de tempo entre (i) e (f) nessa operação de construção da representação depende das operações de busca por origem, condições de possibilidade e de generalidade dentro de limites; e essas operações não fazem parte da representação em construção, mas da operação de Construção da representação.
Assim, com propriedades da representação em construção, essas que acabam de ser obtidas com o sucesso da operação, não é possível calcular a inserção calendário do evento (i) a partir da inserção calendário do evento (f) (ao contrário do que ocorria sob o pensamento clássico.
Esse tempo dos eventos (i) e (f) é um tempo absoluto, aquele tempo em que as coisas existiram no absoluto como diz Foucault.
Não existe, então, um fator K que permita o cálculo da inserção calendário de um evento a partir da inserção calendário do outro, novamente ao contrário do que acontecia sob o pensamento clássico.
A propriedade emergente para esta operação de Construção da representação é Permanência da representação construída no repositório de proposições explicativas formuladas em conformidade com as regras da língua. Uma permanência precária e temporária, mas permanência.
Na operação de Construção da representação não há Fluxos.
Durante uma operação sob o pensamento moderno, o de depois de 1825, ‘operar'(es) são atribuídos a empiricidades objeto ou objetos análogos componentes de representações em construção para empiricidades objeto.
Uma consulta é feita ao repositório de proposições explicativas formuladas de acordo com as regras da língua em uso.
A operação só deriva para o caminho do Instanciamento da representação caso essa consulta tenha resposta afirmativa: sim, já existe no repositório representação (com suporte na experiência, portanto) para o operar em questão em dado ponto da operação.
A representação com suporte na experiência é então recuperada do repositório já completa, com todas as suas propriedades sejam ou não originais e constitutivas.
Nessa situação, na posição estrutural do evento (i) de inicio da operação de Instanciamento, existem todas as propriedades da representação em instanciamento; essas propriedades quando na posição de (i) também existem na posição de (f).
Então, dada a inserção calendário do evento (i), é possível calcular, com propriedades da representação, a inserção calendário do evento (f).
E com o sucesso da operação de instanciamento, na posição calendário do evento (f), e com propriedades da representação em instanciamento, e possível calcular a posição calendário do evento (i).
Logo, existe um fator K tal que dada a inserção calendário de um evento (i) ou (f), é possível calcular a posição calendário do outro evento (f) ou (i).
Toda a operação de instanciamento transcorre no Circuito das trocas no interior do qual não há alteração no ‘modo de ser fundamental da empiricidade objeto da operação.
Note que o intervalo de tempo entre (I) e (f) no caminho do Instanciamento da representação é função direta dos tempos dos elementos de suporte na experiência da Forma de produção.
♦ Os dois conceitos para o que seja ‘Classificar’, um para o pensamento de antes de 1775 e outro para o pensamento de depois de 1825
“Classificar, portanto,
não será mais referir o visível a si mesmo, encarregando
um de seus elementos de representar os outros;
será, num movimento que faz revolver a análise, reportar o visível ao invisível, como à sua razão profunda, depois alçar de novo dessa secreta arquitetura em direção aos seus sinais manifestos, que são dados à superfície dos corpos.
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Cap. VII – Os limites da representação; tópico III. A organização dos seres
É muito claro que o uso de um ou de outro desses dois conceitos para Classificar durante o projeto e construção de um modelo de operações de qualquer natureza terá como resultado modelos completamente diferentes.
“O modo de ser do homem, tal como se constituiu no pensamento moderno, permite-lhe desempenhar dois papéis: está, ao mesmo tempo,
Esse fato – e não se trata aí da essência em geral do homem, mas pura e simplesmente desse a priori histórico que, desde o século XIX, serve de solo quase evidente ao nosso pensamento – esse fato é, sem dúvida, decisivo para o estatuto a ser dado às “ciências humanas”, a esse corpo de conhecimentos (mas mesmo esta palavra é talvez demasiado forte: digamos, para sermos mais neutros ainda, a esse conjunto de discursos) que toma por objeto o homem no que ele tem de empírico.”
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Cap. X – As ciências humanas; tópico: I. O Triedro dos saberes
A figura ao lado dá acesso a uma animação que mostra a ideia desses dois papéis na estrutura da operação, com os respectivos elementos de imagem.
A relação entre os modelos constituintes das ciências que compõem o eixo epistemológico fundamental e o modelo constituinte composto de qualquer Ciência humana
A referência é “As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Cap. X – As ciências humanas;
tópico I – O Triedro dos saberes.”
Nesse capítulo está uma orientação sobre como pensar as coisas a partir dos pares constituintes das ciências da Vida, do Trabalho e da Linguagem.
É evidente que é muito mais fácil pensar um modelo do segmento DIANTE do objeto em que esteja em questão, por exemplo, o trabalho, no domínio da Economia, pensando a partir do respectivo par constituinte (conflito-regra); ou mesmo um modelo no domínio da Biologia pelo respectivo par constituinte (função-norma).
E a familiaridade do pensamento com tais pares constituintes abre o caminho para pensar modelos em que o modelo constituinte é uma combinação dos três pares constituintes.
Para Michel Foucault os modelos constituintes de modelos que integram esses pares constituintes são como que “categorias” para as ciências humanas
A referência é “As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Cap. X – As ciências humanas; tópico III – os três modelos.”
Nesse capítulo está uma orientação sobre como pensar as coisas a partir dos pares constituintes das ciências da Vida, do Trabalho e da Linguagem.
É evidente que é muito mais fácil pensar um modelo do segmento DIANTE do objeto em que esteja em questão, por exemplo, o trabalho, no domínio da Economia, pensando a partir do respectivo par constituinte (conflito-regra); ou mesmo um modelo no domínio da Biologia pelo respectivo par constituinte (função-norma).
E a familiaridade do pensamento com tais pares constituintes abre o caminho para pensar modelos em que o modelo constituinte é uma combinação dos três pares constituintes.
Para Michel Foucault os modelos constituintes de modelos que integram esses pares constituintes são como que “categorias” para as ciências humanas
O espectro de modelos com os segmentos
AQUÉM, DIANTE e para ALÉM do objeto
em função da relação modelo X objeto
– espectro esse depreendido do pensamento de Michel Foucault,
relação modelos constituintes
das CH X modelos constituinte das ciências da região epistemológica fundamental
modelos sem espaço para o par sujeito-objeto,
modelos com espaço para o par sujeito-objeto
Indo da esquerda para a direita nas quatro figuras acima,
modelos sem espaço para o objeto, e também para o sujeito
modelos com espaço para o objeto, e para o sujeito
operações ocorrem no interior do
lugar onde o modo de ser fundamental do que quer que seja objeto da operação, não muda.
operações ocorrem no interior do
lugar onde o modo de ser fundamental da empiricidade objeto da operação muda.
operações ocorrem no interior do
uma vez que o modo de ser fundamental da empiricidade objeto da operação não se altera.
Note que a organização de todo o espectro de modelos de operações é também função do conceito ‘modo de ser fundamental da empiricidade objeto’, ou história, se entendido com o sentido de elemento organizador da história que Michel Foucault dá a ele.
Isso porque é a possibilidade ou não de mudança no ‘modo de ser fundamental da empiricidade objeto o que define o lugar onde a operação ocorre:
Veja o que Foucault diz sobre esse conceito:
“Mas vê-se bem que a História não deve ser aqui entendida como a coleta das sucessões de fatos, tais como se constituíram; ela é o
modo de ser fundamental das empiricidades, aquilo a partir de que elas são afirmadas, postas, dispostas e repartidas no espaço do saber para eventuais conhecimentos e para ciências possíveis. Assim como a Ordem no pensamento clássico não era a harmonia visível das coisas, seu ajustamento, sua regularidade ou sua simetria constatados, mas o espaço próprio de seu ser e aquilo que, antes de todo conhecimento efetivo, as estabelecia no saber, assim também a História, a partir do século XIX, define o lugar de nascimento do que é empírico, lugar onde, aquém de toda cronologia estabelecida, ele assume o ser que lhe é próprio.”
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. VII – Os limites da representação; tópico I. A idade da história;
Modelos altamente complexos como são os habitantes do espaço interior do Triedro dos saberes como os da Sociologia, da Psicologia, da Política, ou da Análise da produção têm sido analisados sem antes ter a familiaridade com modelos no segmento DIANTE do objeto pertencentes aos domínios das ciências da região epistemológica fundamental, levando em conta os pares de modelos constituintes das ciências:
E podemos mostrar que, em muitos casos, essa análise tem sido feita tendo como paradigma para o que sejam operações o paradigma de modelos do segmento AQUÉM do objeto. É que quando o alinhamento filosófico é deixado de lado, o nosso pensamento funciona com o entendimento com o qual está configurado desde sempre e de modo pouco consciente.
Isso quando acontece, corresponde a um evidente desalinhamento epistemológico e certamente não produz bons resultados.
A forma de reflexão adotada na análise desses modelos das ciências humanas precisa ser:
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Cap. IX – O homem e seus duplos; tópico V – O “cogito” e o impensado, de Michel Foucault
Note que essa forma de reflexão só se sustenta pelo par sujeito-objeto; note ainda que uma grande parte dos modelos de operações atualmente em uso não têm espaço em suas estruturas para essas duas ideias, ou elementos de imagem. Isso tem como resultado que o projetista de modelos usando a forma de reflexão do pensamento clássico, acaba por introduzir outras ordens além da ordem arbitrária selecionada, o que diminui a qualidade de informação que o modelo sendo projetado pode oferecer.
Em resumo, o conceito do que seja ‘trabalho’:
isto é, o conceito somente contempla o primeiro dos componentes incluídos no conceito de Ricardo.
A reforma de previdência trata:
A figura ao lado mostra alguns modelos para operações, e para organizações, inclusive:
mostrando que nos modelos consistentes com o pensamento moderno os dois componentes do Princípio dual de trabalho de David Ricardo estão imbricados.
Referências sobre fundamentos filosóficos do Liberalismo
As obras de Locke como filósofo são da segunda metade do século XVII, e entre elas e o Riqueza das Nações de Adam Smith há algo como um século.
Falando sobre a descontinuidade epistemológica em nossa cultura, situada por ele entre 1775 e 1825, Michel Foucault diz o seguinte:
“Os últimos anos do século XVIII são rompidos por uma descontinuidade simétrica àquela que, no começo do século XVII, cindira o pensamento do Renascimento; então, as grandes figuras circulares em que se encerrava a similitude tinham-se deslocado e aberto para que o quadro das identidades pudesse desdobrar-se; e esse quadro agora vai por sua vez desfazer-se, alojando-se o saber num espaço novo.”
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; cap. VII – Os limites da representação; tópico I. A idade da história
Discorrendo sobre os achados e as dificuldades que enfrentou ao longo do trabalho nesse livro, Foucault diz o seguinte:
“Eis que nos adiantamos bem para além do acontecimento histórico que se impunha situar – bem para além das margens cronológicas dessa ruptura que divide, em sua profundidade, a epistémê do mundo ocidental e isola para nós o começo de certa maneira moderna de conhecer as empiricidades.
É que o pensamento que nos é contemporâneo e com o qual, queiramos ou não, pensamos, se acha ainda muito dominado
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Cap. VII – As novas empiricidades; tópico I – A idade da história
Examinando a cronologia básica da descontinuidade epistemológica de 1775-1825, vê-se que Adam Smith e David Ricardo estão de lados opostos da fase de ruptura dessa descontinuidade no entendimento do mundo e das coisas.
Há, entre esses dois autores, diferenças profundas no entendimento, por exemplo, do que seja trabalho.
Vendo agora o período de vida de Locke, todo ele durante o século XVII com publicações concentradas na segunda metade, vê-se a distância em tempo existente entre o pensamento dele e o de Ricardo.
A principal diferença especificamente entre Adam Smith e David Ricardo – no pensamento de Michel Foucault – é a capacidade de Ricardo em seu princípio dual de trabalho, de dar conta daquela atividade que está na origem do valor das coisas. Você pode ver a importância de David Ricardo e pode ver também as diferenças entre os pensamentos dele e de Adam Smith, nas palavras de Michel Foucault.
Mas no que respeita aos entendimentos de antes e de depois desse evento, Foucault descreve várias outras diferenças entre as quais destaco:
Usando o pensamento de Foucault, e entendendo essas características dos dois pensamentos, quem cita Adam Smith e David Ricardo como referências do Liberalismo certamente não fez um alinhamento filosófico do modo como pensa. E uma doutrina econômica que tome como base um e outro desses autores, com certeza resultará em ‘ismos’ essencialmente diferentes.
Discursos de economistas – análises conjunturais, tendências, têm como objeto operações no campo da economia.
É possível dizer coisa semelhante para o que dizem cientistas políticos.
Mas com que modelo de operações esses discursos são proferidos. E nesses modelos, em que espaço exatamente estão as operações objeto desses discursos.
Esse modelo relacional tem como elemento central Projeto, (atividade, tasks), o mesmo modelo central dos sistemas baseados na estrutura Input-Output.
Processo, nessa posição estrutural, é um verbo do tipo clássico. Veja a funcionalidade desse tipo de verbo aqui.
Usando a função de ler e escrever de e para um banco de dados, criamos em um banco de dados:
O aplicativo permite construir a operação de instanciamento de um objeto anteriormente projetado. O operador seleciona o elemento componente da estrutura analítica, e associa a ele a Forma de produção capaz de executá-lo naquele ambiente, e a autonomia gerencial que terá isso a seu cargo.
A geração do modelo de operações é automático e rigorosamente construído levando em conta as regras gramaticais que têm a Forma de produção como elemento central. Veja a funcionalidade desse tipo de verbo aqui.
Proposição
COMO
Exemplo de Forma de produção presente no repositório de proposições explicativas formuladas de acordo com as regras da língua. Há uma Forma de produção semelhante para cada uma das linhas da EAN – Estrutura Analítica cujo modelo de operação se deseja gerar.

Ambiente de onde são importados
os recursos e insumos de todos os tipos,
consumidos durante o Instanciamento
Representação da empiricidade
objeto da operação de Instanciamento
recuperada do Repositório, antes da operação
Representação da empiricidade
objeto da operação de Instanciamento
recuperada do Repositório, depois da operação
Propriedades da empiricidade
objeto da operação de Instanciamento
idênticas às da representação recuperada do Repositório,
antes da operação
Propriedades da empiricidade
objeto da operação de Instanciamento
idênticas às da representação recuperada do Repositório,
depois da operação
Operação de instanciamento de representação
de empiricidade objeto pré-existente no Repositório
(sem alteração no modo de ser fundamental da empiricidade)

Exemplos de modelos de operações e de organizações sem a possibilidade de fundar as sínteses (do objeto das operações) no espaço da representação e com ponto de inserção da análise de operações no cruzamento entre o dado e o recebido na operação de troca
Exemplos de modelos de operações e de organizações no pensamento moderno, e assim com a possibilidade de fundar as sínteses (do objeto das operações) no espaço da representação e com ponto de inserção da análise de operações antes do cruzamento entre o dado e o recebido na operação de troca
O espaço interior do Triedro dos saberes – habitat das ciências humanas, com modelos situados no espectro de modelos no segmento para além do objeto
Assim, estes três pares,
cobrem, por completo, o domínio inteiro do conhecimento do homem.
Mas, qualquer que seja a natureza da análise e o domínio a que ela se aplica, tem-se um critério formal para saber o que é
é a escolha do modelo fundamental e a posição dos modelos secundários que permitem saber em que momento
Mas essa superposição de modelos não é um defeito de método.
Só há defeito se os modelos não forem ordenados e explicitamente articulados uns com os outros.
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo X – As ciências humanas;
III. Os três modelos
Michel Foucault
Não há modelos constituintes nesta faixa do espectro, já que nada é constituído na existência durante as operações;
Na configuração do pensamento pressupõe-se que todas as coisas
existem desde sempre e para sempre,
e integram o Universo em uma visão única.
Existem múltiplas ordens que podem ser arbitrariamente escolhidas para cada operação; e em uma mesma organização podem conviver ordens – como diz Foucault – ligeiramente diferentes. Tem-se inúmeras categorias para cada ordem escolhida, e muitas ordens possíveis de serem selecionadas.
Nada é constituído na existência como resultado das distinções feitas durante as operações nesta faixa do espectro.
No eixo epistemológico fundamental – ciências da Vida, do Trabalho e da Linguagem, a modelagem em cada área do saber pode ser feita com um modelo constituinte específico e próprio de cada uma delas:
No que Foucault chama de ‘Região epistemológica Fundamental’ os Modelos constituintes são compostos por pares constituintes, próprios a cada região do saber ou área do conhecimento em que o modelo é feito:
função-norma;
conflito-regra;
Ciências da Linguagem (Filologia):
significação-sistema.
No campo das ciências humanas, o modelo constituinte de qualquer uma delas se unifica.
Os Modelos constituintes são compostos por uma combinação dos três pares de modelos constituintes das ciências
O Modelo constituinte de cada uma das Ciências Humanas – é uma combinação – ponderada pelo projetista de modelos.
O modelo composto é uma combinação dos três pares de modelos constituintes:
+
Ciências do trabalho (Economia):
conflito-regra;
+
Ciências da Linguagem (Filologia):
significação-sistema.
Sob ciências humanas como:
estão modelos compostos, que são combinações ponderadas dos três pares de modelos constituintes das ciências integrantes do eixo epistemológico fundamental.
Mercado, ou Circuito das trocas: lugar onde ocorrem operações nas quais o ‘modo de ser fundamental’ das empiricidades não muda.
Encontra-se
Lugar do nascimento do que é empírico: lugar onde ocorrem operações nas quais o ‘modo de ser fundamental das empiricidade sim, muda.
Encontra-se somente sob o pensamento moderno, o de depois de 1825, no caminho da Construção da representação
no pensamento clássico
antes de 1775
no pensamento moderno
depois de 1825
questão/pergunta
2Assim como a Ordem
no pensamento clássico
não era
a harmonia visível
das coisas,
seu ajustamento,
sua regularidade
ou sua simetria constatados,
mas o espaço próprio de seu ser
e aquilo que,
antes de todo
conhecimento efetivo,
as estabelecia no saber,
1″Mas vê-se bem
que a História
não deve ser aqui entendida
como a coleta das sucessões de fatos, tais como se constituíram;
ela é
o modo de ser fundamental
das empiricidades,
aquilo a partir de que elas são
[veja citação 2 à esquerda]
A referência ao ‘Circuito das trocas’ – ou Mercado é uma quase unanimidade na literatura especializada filosófica ou técnica.
Qual será a explicação para isso?
Por que praticamente ninguém fala no ‘Lugar de nascimento do que é empírico’?
Seria o caso de haver um desalinhamento filosófico no trabalho desses autores?
3assim também a História,
a partir do século XIX,
define o
lugar de nascimento
do que é empírico,
lugar onde,
aquém
de toda cronologia estabelecida,
ele assume o ser
que lhe é próprio.
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VII – Os limites da representação;
I. A idade da história
Michel Foucault
Mercado, ou Circuito das trocas: lugar onde ocorrem operações nas quais o ‘modo de ser fundamental’ das empiricidades não muda.
Encontra-se
Lugar do nascimento do que é empírico: lugar onde ocorrem operações nas quais o ‘modo de ser fundamental das empiricidade sim, muda.
Encontra-se somente sob o pensamento moderno, o de depois de 1825, no caminho da Construção da representação
no pensamento clássico
antes de 1775
no pensamento moderno
depois de 1825
questão/pergunta
2Assim como a Ordem
no pensamento clássico
não era
a harmonia visível
das coisas,
seu ajustamento,
sua regularidade
ou sua simetria constatados,
mas o espaço próprio de seu ser
e aquilo que,
antes de todo
conhecimento efetivo,
as estabelecia no saber,
1″Mas vê-se bem
que a História
não deve ser aqui entendida
como a coleta das sucessões de fatos, tais como se constituíram;
ela é
o modo de ser fundamental
das empiricidades,
aquilo a partir de que elas são
[veja citação 2 à esquerda]
assim também a História,
a partir do século XIX,
define o
lugar de nascimento
do que é empírico,
lugar onde,
aquém de toda cronologia estabelecida,
ele assume o ser
que lhe é próprio.
A referência ao ‘Circuito das trocas’ – ou Mercado é uma quase unanimidade na literatura especializada filosófica ou técnica.
Qual será a explicação para isso?
Por que praticamente ninguém fala no ‘Lugar de nascimento do que é empírico’?
Seria o caso de haver um desalinhamento filosófico no trabalho desses autores?
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VII – Os limites da representação;
I. A idade da história
Michel Foucault
A intenção com este estudo é buscar no pensamento de Michel Foucault,
– com foco no livro ‘As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas’ – subsídios para responder ao seguinte tipo de questões:
Mercado, ou Circuito das trocas: lugar onde ocorrem operações nas quais o ‘modo de ser fundamental’ das empiricidades não muda.
Encontra-se
Lugar do nascimento do que é empírico: lugar onde ocorrem operações nas quais o ‘modo de ser fundamental das empiricidade sim, muda.
Encontra-se somente sob o pensamento moderno, o de depois de 1825, no caminho da Construção da representação
no pensamento clássico
antes de 1775
no pensamento moderno
depois de 1825
questão/pergunta
2Assim como a Ordem
no pensamento clássico
não era
a harmonia visível
das coisas,
seu ajustamento,
sua regularidade
ou sua simetria constatados,
mas o espaço próprio de seu ser
e aquilo que,
antes de todo
conhecimento efetivo,
as estabelecia no saber,
1″Mas vê-se bem
que a História
não deve ser aqui entendida
como a coleta das sucessões de fatos, tais como se constituíram;
ela é
o modo de ser fundamental
das empiricidades,
aquilo a partir de que elas são
[veja citação 2 à esquerda]
A referência ao ‘Circuito das trocas’ – ou Mercado é uma quase unanimidade na literatura especializada filosófica ou técnica.
Qual será a explicação para isso?
Por que praticamente ninguém fala no ‘Lugar de nascimento do que é empírico’?
Seria o caso de haver um desalinhamento filosófico no trabalho desses autores?
3assim também a História,
a partir do século XIX,
define o
lugar de nascimento
do que é empírico,
lugar onde,
aquém
de toda cronologia estabelecida,
ele assume o ser
que lhe é próprio.
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VII – Os limites da representação;
I. A idade da história
Michel Foucault
A intenção com este estudo é buscar no pensamento de Michel Foucault, – com foco no livro ‘As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas’ – subsídios para responder ao seguinte tipo de questões:
Os dois obstáculos, as duas pedras de tropeço no caminho,
encontradas por Foucault durante seu trabalho no livro
‘As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas’
exemplos de modelos de operações e de organizações muito usados ainda hoje, mostrando esses dois obstáculos presentes entre nós atualmente.
“Eis que nos adiantamos
bem para além do acontecimento histórico
que se impunha situar
– bem para além das margens cronológicas dessa ruptura
que divide, em sua profundidade,
a epistémê do mundo ocidental
e isola para nós o começo de certa
maneira moderna de conhecer as empiricidades.
É que o pensamento que nos é contemporâneo
e com o qual, queiramos ou não, pensamos,
se acha ainda muito dominado
1 pela impossibilidade,
trazida à luz por volta
do fim do século XVIII,
de fundar as sínteses
no espaço da representação:
2 e pela obrigação
correlativa, simultânea,
mas logo dividida contra si mesma,
de abrir o campo transcendental da subjetividade e de constituir inversamente,
para além do objeto,
esses “quase-transcendentais”
que são para nós
a Vida, o Trabalho, a Linguagem.
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VIII – Trabalho, vida e linguagem;
tópico I – As novas empiricidades
no pensamento clássico
aquém do objeto
antes de 1775
no pensamento moderno
diante do objeto
depois de 1825
espaço interior
Triedro dos saberes
para além do objeto
reservado às
Ciências humanas
Os obstáculos no caminho de Foucault
aquém do objeto
diante do objeto
para além do objeto
0 Foucault havia anteriormente identificado o perfil do pensamento no período clássico, com uma configuração tal que a capacidade (ou a possibilidade – e mesmo a intenção) de fundar as sínteses – dos objetos de operações cujas representações resultassem dessas operações – no espaço da representação não era sequer cogitada:
e principalmente, em razão
1 Michel Foucault relata a seguinte situação:
para conseguir fundar as sínteses no espaço da representação,
e a leitura feita do que seja uma operação e a análise de valor, exigiram:
incorporando à análise, a operação de construção da representação nova.
E ele havia percebido que esse pensamento com o qual queiramos ou não pensamos
2 Ele percebia ainda uma obrigação a cumprir:
Ele descobre que operações nos domínios das ciências da Vida, do Trabalho e da Linguagem podem ser expressos completamente em cada domínio, por pares de modelos constituintes:
e que os modelos constituintes das Ciências humanas são sempre compostos por uma combinação desses três pares de modelos constituintes.
O Modelo constituinte de cada uma das Ciências Humanas – é sempre uma combinação dos modelos constituintes das:
+
Ciências do trabalho (Economia):
[conflito-regra];
+
Ciências da Linguagem (Filologia):
[significação-sistema].
Podemos ver a atualidade dessa percepção de Foucault
com Exemplos de modelos para operações e organizações
construídos sobre estruturas de conceitos
uns que não permitem, e outros que ao contrário sim permitem
a fundação das sínteses (do objeto das operações) no espaço da representação.
Veja isso aqui.
Os tratamentos dados ao homem em nossa cultura, no pensamento clássico e no moderno, segundo Michel Foucault;
e as ideias – ou elementos de imagem – requeridos para compor estruturalmente modelos de operações e modelos de organizações
com os respectivos tratamentos dados ao homem
“Instaura-se
uma forma de reflexão
bastante afastada
do cartesianismo
e da análise kantiana,
em que está em questão,
pela primeira vez,
o ser do homem,
nessa dimensão
segundo a qual
o pensamento
se dirige ao impensado,
e com ele se articula.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo IX – O homem e seus duplos;
V. O cogito e o impensado
Michel Foucault
no pensamento clássico
antes de 1775
no pensamento moderno
depois de 1825
questão/pergunta
“No pensamento clássico,
aquele para quem
a representação existe,
e que nela se representa a si mesmo,
aí se reconhecendo
por imagem ou reflexo,
aquele que trama
todos os fios entrecruzados
da “representação em quadro” -,
esse [o ser do homem]
jamais se encontra lá presente.
Antes do fim do século XVIII,
o homem não existia.
Sem dúvida,
as ciências naturais
trataram do homem como
a discussão
sobre o problema das raças,
no século XVIII, o testemunha.
A gramática e a economia,
por outro lado, utilizavam noções como as de necessidade,
de desejo,
ou de memória
e de imaginação.”
Mas não havia
consciência epistemológica
do homem como tal.
“Antes do fim do século XVIII,
o homem não existia.”
“O modo de ser do homem,
tal como se constituiu
no pensamento moderno,
permite-lhe desempenhar dois papéis:
está, ao mesmo tempo,
Esse fato
– e não se trata aí
da essência em geral do homem,
mas pura e simplesmente
desse a priori histórico que,
desde o século XIX,
serve de solo quase evidente
ao nosso pensamento –
esse fato é, sem dúvida, decisivo
para o estatuto a ser dado
às “ciências humanas”,
a esse corpo de conhecimentos
(mas mesmo esta palavra
é talvez demasiado forte:
digamos,
para sermos mais neutros ainda,
a esse conjunto de discursos)
que toma por objeto o homem
no que ele tem de empírico.”
É possível pensar as condições em que se dá a subjetividade de um ‘homem’ tratado como espécie, ou gênero?
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo IX – O homem e seus duplos;
II. O lugar do rei
Michel Foucault
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo X – As ciências humanas;
I. O triedro dos saberes
Michel Foucault
Veja o ponto “2. as possibilidades de leitura do fenômeno ‘operações de troca’ e respectivas possibilidades de análise de valor que elas nos permitem fazer”
Parece ser a opção de leitura da ‘operação de troca’ deslocada para um ponto antes das existência dos objetos da troca o que arrasta o ser do homem e cada objeto da troca para a Forma de reflexão que se instaura em nossa cultura.
As duas possibilidades de inserção do ponto de início da leitura do fenômeno ‘operações’ – de qualquer tipo – e a análise das diferentes origens do valor carregado pelas proposições para as representações em função da inserção do ponto de início de leitura de ‘operações’;
Note-se que as condições para a ocorrência da troca – a existência simultânea dos dois objetos de troca, o que é dado e o que é recebido – são satisfeitas em duas situações:
Nos pontos marcados por setas amarelas para baixo (1) e (2) as pré-condições para a ocorrência da troca são dadas, qualquer que seja a estrutura de pensamento – clássico ou moderno – segundo o pensamento de Michel Foucault.
A proposição é para a linguagem
o que a representação é
para o pensamento:
sua forma, ao mesmo tempo
mais geral e mais elementar,
porquanto, desde que a decomponhamos, não reencontraremos mais o discurso,
mas seus elementos
como tantos materiais dispersos.
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo IV – Falar;
tópico III – Teoria do verbo
Michel Foucault
(…) Em outras palavras,
para que, numa troca,
uma coisa possa representar outra,
é preciso que elas existam
já carregadas de valor;
e, contudo,
o valor só existe
no interior da representação
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VI – Trocar;
V. A formação do valor
Michel Foucault
A origem do valor carregado pelo veículo de carregamento de valor na representação: a proposição, sempre, porém em linguagens essencialmente diferentes e representações com origens de valor distintas.
“Valer, para o pensamento clássico,
é primeiramente valer alguma coisa,
poder substituir essa coisa num processo de troca.
A moeda só foi inventada,
os preços só foram fixados e só se modificam
na medida em que essa troca existe.
Ora, a troca é um fenômeno simples
apenas na aparência.
Com efeito, só se troca numa permuta,
quando cada um dos dois parceiros
reconhece um valor
para aquilo que o outro possui.
Num sentido, é preciso, pois,
que as coisas permutáveis,
com seu valor próprio,
existam antecipadamente nas mãos de cada um,
para que a dupla cessão e a dupla aquisição
finalmente se produzam.
Mas, por outro lado,
Em outras palavras,
para que, numa troca,
uma coisa possa representar outra,
é preciso que elas existam
já carregadas de valor;
e, contudo,
o valor só existe
no interior da representação
isto é, no interior
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VI – Trocar;
V. A formação do valor
Michel Foucault
O funcionamento da troca em cada uma das duas possibilidades de leitura do fenômeno ‘operação’: no ato mesmo da troca; ou anterior à troca, na criação das condições de troca
“Daí duas possibilidades simultâneas de leitura:
1 uma analisa o valor
no ato mesmo da troca,
no ponto de cruzamento
entre o dado e o recebido;
3 no primeiro caso, com efeito, a linguagem encontra seu lugar de possibilidade numa atribuição assegurada pelo verbo – isto é, por esse elemento da linguagem em recuo relativamente a todas as palavras mas que as reporta umas às outras; o verbo, tornando possíveis todas as palavras da linguagem a partir de seu liame proposicional, corresponde à troca que funda, como um ato mais primitivo que os outros, o valor das coisas trocadas e o preço pelo qual são cedidas;
2 outra analisa-o
como anterior à troca
e como condição primeira
para que esta possa ocorrer.
4 a outra forma de análise, a linguagem está enraizada
fora de si mesma e como que
a raiz, o primeiro grito que dera nascimento às palavras antes mesmo que a linguagem tivesse nascido, corresponde à formação imediata do valor, antes da troca e das medidas recíprocas da necessidade.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VI – Trocar;
V. A formação do valor
Michel Foucault
Esta segunda leitura para ‘operações’
– que orienta a análise de valor
desde antes do momento da troca -,
não é possível sem a presença do homem
na estrutura dos modelos.
Isso fica bastante claro com a descrição da forma de reflexão que se instaura em nossa cultura depois da descontinuidade epistemológica de 1775-1825
Esses dois pontos de inserção da leitura da operação de troca
mostrados nos modelos de operações
As características das duas configurações do pensamento:
características de características, ou características de segunda ordem,
das configurações do pensamento em cada caso.
no pensamento clássico
antes de 1775
no pensamento moderno
depois de 1825
questão/pergunta
“Instaura-se
uma forma de reflexão
bastante afastada
do cartesianismo
e da análise kantiana,
em que está em questão,
pela primeira vez,
o ser do homem,
nessa dimensão
segundo a qual
o pensamento
se dirige ao impensado,
e com ele se articula.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo IX – O homem e seus duplos;
V. O cogito e o impensado
Michel Foucault
“Assim o círculo se fecha.
Vê-se, porém, através de qual sistema de desdobramentos.
As semelhanças exigem uma assinalação, pois nenhuma dentre elas poderia ser notada se não fosse legivelmente marcada.
Mas que são esses sinais?
Como reconhecer, entre todos os aspectos do mundo e tantas figuras que se entrecruzam,
no qual convém se deter, porque ele indica uma secreta e essencial semelhança?
Que forma constitui o signo no seu singular valor de signo?
Ele significa na medida em que tem semelhança com o que indica (isto é, com uma similitude).
Contudo, não é a homologia que ele assinala, pois seu ser distinto de assinalação se desvaneceria no semelhante de que é signo; trata-se de outra semelhança, uma similitude vizinha e de outro tipo que serve para reconhecer a primeira, mas que, por sua vez, é patenteada por uma terceira.
Toda semelhança recebe uma assinalação; essa assinalação, porém, é apenas uma forma intermediária da mesma semelhança. De tal sorte que o conjunto das marcas faz deslizar, sobre o círculo das similitudes, um segundo círculo que duplicaria exatamente e, ponto por ponto, o primeiro, se não fosse esse pequeno desnível que faz com que
que, por sua vez, para ser reconhecida, requer
A assinalação e o que ela designa são exatamente da mesma natureza; apenas a lei da distribuição a que obedecem é diferente; a repartição é a mesma.”
De sorte que se vêem surgir,
como princípios organizadores
desse espaço de empiricidades,
de uma organização a outra,
o liame, com efeito,
não pode mais ser
a identidade de um
ou vários elementos,
mas a identidade
da relação entre os elementos
(onde a visibilidade
não tem mais papel)
e da função que asseguram;
ademais, se porventura essas organizações se avizinham
por efeito de uma densidade singularmente grande de analogias, não é porque ocupem
localizações próximas
num espaço de classificação,
mas sim porque
foram formadas uma ao mesmo tempo que a outra e uma logo após a outra
no devir das sucessões.
Enquanto, no pensamento clássico,
a seqüência das cronologias
não fazia mais que percorrer
o espaço prévio e mais fundamental
de um quadro
que de antemão apresentava
todas as suas possibilidades,
doravante
as semelhanças contemporâneas
e observáveis simultaneamente
no espaço não serão mais que
as formas depositadas e fixadas de uma sucessão que procede
de analogia em analogia.
A ordem clássica
distribuía num espaço permanente
as identidades
e as diferenças não-quantitativas
que separavam e uniam as coisas:
era essa a ordem
que reinava soberanamente,
mas a cada vez
segundo formas e leis
ligeiramente diferentes,
sobre o discurso dos homens,
o quadro dos seres naturais
e a troca das riquezas.
A partir do século XIX,
a História
vai desenrolar
numa série temporal
as analogias
que aproximam umas das outras
as organizações distintas.
É essa História que,
progressivamente,
imporá suas leis
A História dá lugar
às organizações analógicas,
assim como a Ordem
abria o caminho
das identidades
e das diferenças sucessivas.
Essa forma de reflexão surgida será decorrência da segunda leitura do que seja uma operação de troca e portanto não pode prescindir do homem e do objeto?
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo II – A prosa do mundo;
II. As assinalações
Michel Foucault
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VII – Os limites da representação;
I. A idade da história
Michel Foucault
os lugares onde ocorrem as operações:
Mercado, ou Circuito das trocas: lugar onde ocorrem operações nas quais o ‘modo de ser fundamental’ das empiricidades não muda.
Encontra-se
Lugar do nascimento do que é empírico: lugar onde ocorrem operações nas quais o ‘modo de ser fundamental das empiricidade sim, muda.
Encontra-se somente sob o pensamento moderno, o de depois de 1825, e apenas no caminho da Construção da representação
‘modo de ser fundamental das empiricidades’ é o conceito chave aqui.
No pensamento clássico, o de antes de 1775, pelos pressupostos adotados, é impossível definir o que seja ‘modo de ser fundamental’ de empiricidades cuja definição escapa ao escopo destas operações.
Estas operações transcorrem no interior do Circuito das trocas, a chave amarela horizontal, lugar onde não há alteração no modo como as coisas se apresentam à operação.
No pensamento moderno, o de depois de 1825, pelos pressupostos adotados é sim possível definir o que seja ‘modo de ser fundamental’ de empiricidades objeto da operação de Construção da representação que, se nova nesse domínio e ambiente, é o próprio escopo destas operações.
Operações no caminho da Construção da representação transcorrem no interior do ‘Lugar de nascimento do que é empírico’, as chaves coloridas verticais, em um espaço que engloba os lugares desde onde se fala e do falado. O sucesso dessas operações altera ‘o modo de ser fundamental’ da empiricidade objeto, e com isso, faz-se História.
No pensamento moderno, o de depois de 1825, em uma operação de Instanciamento de representação objeto cuja construção da representação foi anteriormente feita e incorporada ao Repositório, a representação objeto de Instanciamento é recuperada do Repositório.
Assim, a operação de Instanciamento não altera o ‘modo de ser fundamental’ da empiricidade objeto de instanciamento.
no pensamento clássico
antes de 1775
no pensamento moderno
depois de 1825
questão/pergunta
2Assim como a Ordem
no pensamento clássico
não era
a harmonia visível
das coisas,
seu ajustamento,
sua regularidade
ou sua simetria constatados,
mas o espaço próprio de seu ser
e aquilo que,
antes de todo
conhecimento efetivo,
as estabelecia no saber,
1″Mas vê-se bem
que a História
não deve ser aqui entendida
como a coleta das sucessões de fatos, tais como se constituíram;
ela é
o modo de ser fundamental
das empiricidades,
aquilo a partir de que elas são
para eventuais conhecimentos
e para ciências possíveis.
3 assim também
a História,
a partir do século XIX,
define o
lugar de nascimento
do que é empírico,
lugar onde,
aquém
de toda cronologia estabelecida,
ele assume o ser
que lhe é próprio.
A referência ao ‘Circuito das trocas’ – ou Mercado é uma quase unanimidade na literatura especializada filosófica ou técnica.
Qual será a explicação para isso?
Por que praticamente ninguém fala no ‘Lugar de nascimento do que é empírico’?
Seria o caso de haver um desalinhamento filosófico no trabalho desses autores?
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VII – Os limites da representação;
I. A idade da história
Michel Foucault
os princípios organizadores dos modelos de operações que fazemos
no pensamento clássico
antes de 1775
no pensamento moderno
depois de 1825
questão/pergunta
“Assim o círculo se fecha.
Vê-se, porém, através de qual sistema de desdobramentos.
As semelhanças exigem uma assinalação, pois nenhuma dentre elas poderia ser notada se não fosse legivelmente marcada.
Mas que são esses sinais?
Como reconhecer, entre todos os aspectos do mundo e tantas figuras que se entrecruzam,
no qual convém se deter, porque ele indica uma secreta e essencial semelhança?
Que forma constitui o signo no seu singular valor de signo?
Ele significa na medida em que tem semelhança com o que indica (isto é, com uma similitude).
Contudo, não é a homologia que ele assinala, pois seu ser distinto de assinalação se desvaneceria no semelhante de que é signo; trata-se de outra semelhança, uma similitude vizinha e de outro tipo que serve para reconhecer a primeira, mas que, por sua vez, é patenteada por uma terceira.
Toda semelhança recebe uma assinalação; essa assinalação, porém, é apenas uma forma intermediária da mesma semelhança. De tal sorte que o conjunto das marcas faz deslizar, sobre o círculo das similitudes, um segundo círculo que duplicaria exatamente e, ponto por ponto, o primeiro, se não fosse esse pequeno desnível que faz com que
que, por sua vez, para ser reconhecida, requer
A assinalação e o que ela designa são exatamente da mesma natureza; apenas a lei da distribuição a que obedecem é diferente; a repartição é a mesma.”
De sorte que se vêem surgir,
como princípios organizadores
desse espaço de empiricidades,
de uma organização a outra,
o liame, com efeito,
não pode mais ser
a identidade de um
ou vários elementos,
mas a identidade
da relação entre os elementos
(onde a visibilidade
não tem mais papel)
e da função que asseguram;
ademais, se porventura essas organizações se avizinham
por efeito de uma densidade singularmente grande de analogias, não é porque ocupem
localizações próximas
num espaço de classificação,
mas sim porque
foram formadas uma ao mesmo tempo que a outra e uma logo após a outra
no devir das sucessões.
Enquanto, no pensamento clássico,
a seqüência das cronologias
não fazia mais que percorrer
o espaço prévio e mais fundamental
de um quadro
que de antemão apresentava
todas as suas possibilidades,
doravante
as semelhanças contemporâneas
e observáveis simultaneamente
no espaço não serão mais que
as formas depositadas e fixadas de uma sucessão que procede
de analogia em analogia.
A ordem clássica
distribuía num espaço permanente
as identidades
e as diferenças não-quantitativas
que separavam e uniam as coisas:
era essa a ordem
que reinava soberanamente,
mas a cada vez
segundo formas e leis
ligeiramente diferentes,
sobre o discurso dos homens,
o quadro dos seres naturais
e a troca das riquezas.
A partir do século XIX,
a História
vai desenrolar
numa série temporal
as analogias
que aproximam umas das outras
as organizações distintas.
É essa História que,
progressivamente,
imporá suas leis
A História dá lugar
às organizações analógicas,
assim como a Ordem
abria o caminho
das identidades
e das diferenças sucessivas.
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo II – A prosa do mundo;
II. As assinalações
Michel Foucault
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VII – Os limites da representação;
I. A idade da história
Michel Foucault
os lugares contidos dentro do ‘Lugar de nascimento do que é empírico’:
consistentes com os blocos do ‘operar‘ e do ‘suporte ao operar‘ de Humberto Maturana
no pensamento clássico
antes de 1775
no pensamento moderno
depois de 1825
questão/pergunta
Lugar desde onde se fala
Lugar do falado
são sub-espaços do Lugar de nascimento do que é empírico o que implica que o pensamento está funcionando com o entendimento do pensamento moderno, o de depois de 1825, a coluna ao lado, portanto.
todo o espaço corresponde, no LE da figura, ao domínio todo em que ocorrem as operações sob o pensamento clássico, a saber, o domínio do Discurso e da Representação.
A leitura do que sejam Operações sob o entendimento no pensamento clássico pressupõe o ponto de inserção para análise no exato cruzamento entre o dado e o recebido na operação de troca, cuja condição de possibilidade está, desse modo, dada.
Lugar do nascimento do que é empírico: espaço ocupado por:
O Lugar de nascimento do que é empírico, como o nome sugere, está situado antes do circuito das trocas, e em seu interior ocorre a construção de representação nova.
Essa visão do que sejam operações corresponde à leitura de operações, ou visão desse fenômeno como desde um ponto de inserção anterior à troca
Lugar desde onde se fala
As ideias ou elementos de imagem que estão envolvidas na formulação da proposição estão contidas no espaço chamado de Lugar desde onde se fala:
Esse espaço coincide com o espaço chamado por Humberto Maturana de ‘operar’, o retângulo vermelho na figura ao lado, parte do Lugar de nascimento do que é empírico, mas no interior do domínio do Pensamento e da Língua.
Lugar do falado
As ideias ou elementos de imagem que estão envolvidos na sustentação da Forma de produção na experiência estão no lugar do falado:
A operação de construção da representação escolhe os elementos de suporte na experiência à Forma de produção, que deve ser capaz de produzir quando implementada, uma instância da representação com o operar vislumbrado – ou o mais próximo disso possível. Humberto Maturana chama esse espaço de ‘suporte ao operar’, o retângulo amarelo na figura ao lado.
O Lugar do falado é parte do Lugar de nascimento do que é empírico, mas suas ideias – ou elementos de imagem – fazem parte do domínio do Discurso e da Representação.
“É preciso, portanto,
tratar esse verbo
como um ser misto,
ao mesmo tempo
palavra entre as palavras,
preso às mesmas regras,
obedecendo como elas
às leis de regência
e de concordância;
e depois,
em recuo em relação a elas todas,
numa região que
não é
aquela do falado
mas aquela
donde se fala.
Ele está na orla do discurso,
na juntura entre
aquilo que é dito
e aquilo que se diz,
exatamente lá onde os signos
estão em via de se tornar linguagem.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo IV – Falar;
tópico III. A teoria do verbo
por Michel Foucault
Há correspondências que precisam ser anotadas, entre elas:
Processo e Mercado são os conceitos largamente utilizados;
e ao mesmo tempo não se ouve falar
como ideias – ou elementos de imagem – em modelos de operações e organizações
no pensamento clássico
aquém do objeto
antes de 1775
no pensamento moderno
diante do objeto
depois de 1825
espaço interior Triedro dos saberes
para além do objeto
reservado às Ciências humanas
entendido sob o primeiro conceito de verbo explicado por Michel Foucault, como elemento gerador de um sistema relativo de anterioridade ou simultaneidade das coisas entre si, que o mais que faz é indicar a coexistência de duas representações.
entendida sob o segundo conceito de verbo explicado por Michel Foucault, tratado como um ser misto, inicialmente palavra entre palavras, preso às mesmas regras às mesmas regras, obedecendo como elas às mesmas leis de regência e concordância, e depois, em recuo em relação a elas todas, numa região que não é aquela do falado, mas aquela donde se fala.
a formulação para além do objeto associa o sistema cujo resultado é o produto, aquilo que se quer obter, com o instrumento imprescindível para obtê-lo.
Em um pensamento mágico sobre a produção – nos moldes ‘varinha mágica de condão’ – é possível desejar algo e, sem mais nada, vê-lo surgir à nossa frente depois do Plin!!!
Num ambiente de produção real, porém, nada é produzido sem um instrumento com o qual instanciar esse objeto na realidade. A estrutura SSS é isso: a modelagem das operações de produção do objeto desejado juntamente com as operações de produção do objeto – distinto deste – laboratório piloto, ou fábrica, subindo um nível estrutural e impondo como elemento central o Nexo da produção
o significado/tratamento atribuído ao que seja um ‘Verbo’;
para o antes e para o depois da descontinuidade epistemológica
no pensamento clássico
antes de 1775
no pensamento moderno
depois de 1825
questão/pergunta
Aquém do objeto
Verbo como
Processo
“A única coisa que o verbo afirma
é a coexistência de duas representações:
por exemplo,
a do verde
e da árvore,
a do homem
e da existência
ou da morte;
é por isso que
o tempo dos verbos
não indica
aquele [tempo]
em que as coisas existiram
no absoluto,
mas um sistema relativo
de anterioridade ou de simultaneidade
das coisas entre si.”
Diante e Além do objeto
Verbo como
Forma de produção
“É preciso, portanto,
tratar esse verbo
como um ser misto,
ao mesmo tempo
palavra entre as palavras,
preso às mesmas regras,
obedecendo como elas
às leis de regência
e de concordância;
e depois,
em recuo em relação a elas todas,
numa região que não é
aquela do falado
mas aquela
donde se fala.
Ele está na orla do discurso,
na juntura entre
aquilo que é dito
e aquilo que se diz,
exatamente lá onde os signos
estão em via de se tornar linguagem.”
Dadas as grandes diferenças entre esses dois conceitos e tratamentos consequentes, para o que seja um ‘Verbo’, e a total consistência entre o segundo conceito/tratamento e ‘Forma de produção’
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo IV – Falar;
tópico III. A teoria do verbo
por Michel Foucault
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo IV – Falar;
tópico III. A teoria do verbo
por Michel Foucault
o significado/tratamento atribuído ao que seja um ‘Classificar’;
para o antes e para o depois da descontinuidade epistemológica
no pensamento clássico
antes de 1775
no pensamento moderno
depois de 1825
questão/pergunta
Aquém
do objeto
‘Classificar’
no pensamento clássico
Aquém do objeto,
isto é,
no pensamento filosófico Classico
o de antes de 1775
nessa faixa do espectro de modelos
que o pensamento de Michel Foucault permite desenhar
“Classificar
é referir
encarregando um dos elementos
de representar os outros.”
Diante e Além
do objeto
‘Classificar’
no pensamento moderno
Diante, e Além do objeto,
isto é,
no pesamento filosófico moderno,
o de depois de 1825
nessa faixa do espectro de modelos
que o pensamento de Michel Foucault permite desenhar
“Em um movimento
que faz revolver a análise –
Classificar
é referir
– como a sua razão profunda -,
e depois,
alçar de novo
dessa secreta arquitetura,
em direção aos seus
sinais manifestos,
que são dados
à superfície dos corpos.”
Dadas as grandes diferenças entre esses dois conceitos e tratamentos consequentes, por que será que ‘Processo’ seja uma unanimidade nos textos sobre o assunto?
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. VII – Os limites da representação; tópico III. A organização dos seres
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. VII – Os limites da representação; tópico III. A organização dos seres
pares de modelos constituintes das ciências do eixo epistemológico fundamental
e o modelo constituinte padrão, comum a todas das ciências humanas; um modelo composto por uma combinação entre esses três pares de modelos constituintes das ciências da Vida, do Trabalho e da Linguagem
no pensamento clássico
antes de 1775
aquém do objeto
no pensamento moderno
depois de 1825
diante do objeto
no pensamento moderno
também depois de 1825
para além do objeto
Não há modelos constituintes nesta faixa do espectro, já que nada é constituído na existência durante as operações;
Na configuração do pensamento pressupõe-se que todas as coisas
existem desde sempre e para sempre,
e integram o Universo em uma visão única.
Existem múltiplas ordens que podem ser arbitrariamente escolhidas para cada operação; e em uma mesma organização podem conviver ordens – como diz Foucault – ligeiramente diferentes. Tem-se inúmeras categorias para cada ordem escolhida, e muitas ordens possíveis de serem selecionadas.
Nada é constituído na existência como resultado das distinções feitas durante as operações nesta faixa do espectro.
A modelagem em cada área do saber é feita com um modelo constituinte específico e próprio de cada uma delas:
No que Foucault chama de ‘Região epistemológica Fundamental’ os Modelos constituintes são compostos por pares constituintes, próprios a cada região do saber ou área do conhecimento em que o modelo é feito:
[função-norma];
[conflito-regra];
Ciências da Linguagem (Filologia):
[significação-sistema].
No campo das ciências humanas, o modelo constituinte de qualquer uma delas se unifica. Os Modelos constituintes são compostos por uma combinação dos três pares de modelos constituintes das ciências
da Vida-(Biologia), do Trabalho-(Economia) e da Linguagem-(Filologia).
O Modelo constituinte de cada uma das Ciências Humanas – é sempre uma combinação dos modelos constituintes das:
+
Ciências do trabalho (Economia):
[conflito-regra];
+
Ciências da Linguagem (Filologia):
[significação-sistema].
Proposição: o bloco construtivo
oferecido pela gramática da língua para construção de representações.
Esse bloco construtivo ‘proposição’ carrega valor para as representações, mas faz isso de ao menos dois modos diferentes e com duas visões distintas para o que sejam ‘operações’.
“Valer, para o pensamento clássico, é primeiramente valer alguma coisa, poder substituir essa coisa num processo de troca. A moeda só foi inventada, os preços só foram fixados e só se modificam na medida em que essa troca existe.
Ora, a troca é um fenômeno simples apenas na aparência.
Com efeito, só se troca numa permuta, quando cada um dos dois parceiros reconhece um valor para aquilo que o outro possui.
Num sentido, é preciso, pois, que as coisas permutáveis, com seu valor próprio, existam antecipadamente nas mãos de cada um, para que
finalmente se produzam.
Mas, por outro lado, o que cada um come e bebe, aquilo de que precisa para viver não tem valor enquanto não o cede; e aquilo de que não tem necessidade é igualmente desprovido de valor enquanto não for usado para adquirir alguma coisa de que necessite.
Em outras palavras, para que, numa troca, uma coisa possa representar outra,
“A proposição é
para a linguagem
o que a representação é
para o pensamento
sua forma,
ao mesmo tempo
mais geral
e mais elementar
porquanto,
desde que a decomponhamos,
não encontremos mais o discurso
mas seus elementos
como tantos materiais dispersos
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VI – Trocar;
V. A formação do valor
Michel Foucault
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. IV – Falar;
tópico: III – A teoria do verbo
Michel Foucault
no pensamento clássico
antes de 1775
no pensamento moderno
depois de 1825
questão/pergunta
a toda a essência da linguagem encerrada – diretamente – na própria proposição;
junto com esse ‘encerramento’ vão as ideias – ou elementos de imagem – necessários para a formulação da proposição, que assim, não participam do modelo de operações.
a descoberta da essência da linguagem fora dela mesma, linguagem; a proposição formulada no modelo por suas ideias ou elementos de imagem presentes; inicialmente vazia, apenas um enunciado, é preenchida de valor a partir de duas fontes:
ambas assinaladas na figura.
“Daí duas possibilidades simultâneas de leitura:
1 uma analisa o valor
no ponto de cruzamento
entre o dado e o recebido;
3 no primeiro caso, com efeito, a linguagem encontra seu lugar de possibilidade numa atribuição assegurada pelo verbo – isto é, por esse elemento da linguagem em recuo relativamente a todas as palavras mas que as reporta umas às outras; o verbo, tornando possíveis todas as palavras da linguagem a partir de seu liame proposicional, corresponde à troca que funda, como um ato mais primitivo que os outros, o valor das coisas trocadas e o preço pelo qual são cedidas;
2 outra analisa-o
e como condição primeira
para que esta possa ocorrer.
4 a outra forma de análise, a linguagem está enraizada
a raiz, o primeiro grito que dera nascimento às palavras antes mesmo que a linguagem tivesse nascido, corresponde à formação imediata do valor,
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VI – Trocar;
V. A formação do valor
Michel Foucault
Ideias – ou elementos de imagem – requeridos para a
Formulação da proposição, e valor carregado
Ideias – ou elementos de imagem requeridos para formulação da proposição ausentes da estrutura do modelo de operação.
Valor carregado diretamente na proposição.
impossibilidade de formulação da proposição com ideias – ou elementos de imagem – requeridos, pela ausência do homem em sua duplicidade de papéis, e pela noção de objeto descrito por suas propriedades originais e constitutivas.
Proposição formulada com ideias ou elementos de imagem pertencentes à estrutura interna do modelo de operações;
Valor carregado pela proposição com origem fora da linguagem
a busca por origem, condições de possibilidade e de generalidade dentro de limites, para a representação da empiricidade objeto no domínio e ambiente em que a operação acontece.
todo o conteúdo do Repositório de proposições explicativas da experiência formuladas de acordo com as regras da língua, à disposição da construção de novas representações.
Os tipos de sistemas que dão suporte a operações,
em função da configuração do pensamento:
no pensamento clássico
antes de 1775
verbo ‘Processo‘
no pensamento moderno
depois de 1825
verbo ‘Forma de produção‘
questão/pergunta
“A única coisa
que o verbo afirma
é a coexistência de duas representações:
por exemplo,
a do verde
e da árvore,
a do homem
e da existência
ou da morte;
é por isso
que o tempo dos verbos
não indica
aquele [tempo]
em que as coisas existiram
no absoluto,
mas um sistema relativo
de anterioridade ou de simultaneidade
das coisas entre si.”
“É preciso, portanto,
tratar esse verbo
como um ser misto,
ao mesmo tempo
palavra entre as palavras,
preso às mesmas regras,
obedecendo como elas
às leis de regência
e de concordância;
e depois,
em recuo em relação a elas todas,
numa região que não é
aquela do falado
mas aquela
donde se fala.
Ele está na orla do discurso,
na juntura entre
aquilo que é dito
e aquilo que se diz,
exatamente lá onde os signos
estão em via de se tornar linguagem.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo IV – Falar;
tópico III. A teoria do verbo
por Michel Foucault
O tipo de sistema
O conceito acima é explícito em fornecer uma descrição do tipo de sistema para operações sob o pensamento clássico.
Trata-se de
uma definição magistral para o que seja o sistema Input-Output.
asdf
Trata-se de um sistema relativo de anterioridade ou de simultaneidade das coisas entre si; uma definição magistral para o que seja o sistema Input-Output.
O tipo de leitura
asdf
Trata-se de um sistema relativo de anterioridade ou de simultaneidade das coisas entre si; uma definição magistral para o que seja o sistema Input-Output.
asdf
Trata-se de um sistema relativo de anterioridade ou de simultaneidade das coisas entre si; uma definição magistral para o que seja o sistema Input-Output.
o tempo nas operações, em função dos sistemas
em cada segmento do espectro de modelos
no pensamento clássico
antes de 1775
aquém do objeto
no pensamento moderno
depois de 1825
diante e para além do objeto
no pensamento moderno
também depois de 1825
diante e para além do objeto
formulação reversível
e somente instanciamento
da representação;
deus Chronos
formulação irreversível
e operação de construção
da representação
deus Kairós
formulação reversível
e operação instanciamento
da representação
deus Chronos
Aquém do objeto
Diante ou para além do objeto
Nota: a existência precede as distinções feitas na operação.
Tempo na formulação e no instanciamento da representação:
Não há nada que possa ser afirmado, posto, disposto e repartido no espaço do saber para eventuais conhecimentos e ciências possíveis e assim não se pode falar em ‘modo de ser fundamental’ do que quer que seja.
Assim, no pensamento clássico, não é possível adotar esse conceito ‘modo de ser fundamental das empiricidades’ como elemento ordenador da história, que é compreendida como sucessão de fatos assim como se sucedem.
Durante essa operação, a empiricidade objeto da operação, sim, muda seu ‘modo de ser fundamental’ nesse domínio e ambiente em decorrência da operação.
Tempo no caminho da Construção da representação, durante a formulação da representação:
A empiricidade objeto da operação tem um novo ‘modo de ser fundamental’, isto é, pode ser ‘afirmada, posta, disposta e repartida no espaço do saber para eventuais conhecimentos e ciências possíveis’.
Tomando o ‘modo de ser fundamental’ das empiricidades como elemento ordenador da história, durante esse tipo de operações, sim, faz-se história.
caminho do
Instanciamento da representação
Durante essa operação a empiricidade objeto não muda seu ‘modo de ser fundamental’ nesse domínio e ambiente em decorrência da operação.
Tempo no caminho do Instanciamento da representação previamente existente no Repositório e dele recuperada para a posição de empiricidade objeto na presente operação de instanciamento:
A empiricidade objeto da operação tem exatamente o mesmo ‘modo de ser fundamental’ com que foi recuperada do repositório, isto é, pode ser ‘afirmada, posta, disposta e repartida no espaço do saber para eventuais conhecimentos e ciências possíveis’ exatamente da mesma forma como havia sido acrescentada ao repositório.
Tomando o ‘modo de ser fundamental’ das empiricidades como elemento ordenador da História, durante esse tipo de operações não se faz história.
Modelagem de operações e organizações organizadas pelo par sujeito-objeto, com operações específicas e separadas para cada um desses pares, porém relacionadas:
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Cronologia básica da descontinuidade epistemológica ocorrida em nossa cultura ocidental entre os anos 1775-1825 segundo Michel Foucault.
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VII – Os limites da representação;
tópico I. A idade da história
“É somente na segunda fase que as palavras, as classes e as riquezas adquirirão um modo de ser que não é mais compatível com o da representação.
Em contra partida, o que se modifica muito cedo, desde as análises de Adam Smith, de A.-L. de Jussieu ou de Viq d’Azyr, na época de Jones ou de Anquetil-Duperron,
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas
Cap.VII – Os limites da representação
tópico I. A idade da história
Michel Foucault ao delinear sua arqueologia das ciências humanas, propósito do ‘As palavras e as coisas’, com certeza tomou conhecimento do trabalho desses autores.
Michel Foucault menciona ainda em destaque, como artífices do pensamento moderno e fontes para o seu próprio pensamento:
Exemplos de modelos de operações e de organizações sem a possibilidade de fundar as sínteses (do objeto das operações) no espaço da representação e com ponto de inserção da análise de operações no cruzamento entre o dado e o recebido na operação de troca
Exemplos de modelos de operações e de organizações no pensamento moderno, e assim com a possibilidade de fundar as sínteses (do objeto das operações) no espaço da representação e com ponto de inserção da análise de operações antes do cruzamento entre o dado e o recebido na operação de troca
O espaço interior do Triedro dos saberes – habitat das ciências humanas, com modelos situados no espectro de modelos no segmento para além do objeto
Assim, estes três pares,
cobrem, por completo, o domínio inteiro do conhecimento do homem.
Mas, qualquer que seja a natureza da análise e o domínio a que ela se aplica, tem-se um critério formal para saber o que é
é a escolha do modelo fundamental e a posição dos modelos secundários que permitem saber em que momento
Mas essa superposição de modelos não é um defeito de método.
Só há defeito se os modelos não forem ordenados e explicitamente articulados uns com os outros.
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo X – As ciências humanas;
III. Os três modelos
Michel Foucault
Não há modelos constituintes nesta faixa do espectro, já que nada é constituído na existência durante as operações;
Na configuração do pensamento pressupõe-se que todas as coisas
existem desde sempre e para sempre,
e integram o Universo em uma visão única.
Existem múltiplas ordens que podem ser arbitrariamente escolhidas para cada operação; e em uma mesma organização podem conviver ordens – como diz Foucault – ligeiramente diferentes. Tem-se inúmeras categorias para cada ordem escolhida, e muitas ordens possíveis de serem selecionadas.
Nada é constituído na existência como resultado das distinções feitas durante as operações nesta faixa do espectro.
No eixo epistemológico fundamental – ciências da Vida, do Trabalho e da Linguagem, a modelagem em cada área do saber pode ser feita com um modelo constituinte específico e próprio de cada uma delas:
No que Foucault chama de ‘Região epistemológica Fundamental’ os Modelos constituintes são compostos por pares constituintes, próprios a cada região do saber ou área do conhecimento em que o modelo é feito:
função-norma;
conflito-regra;
Ciências da Linguagem (Filologia):
significação-sistema.
No campo das ciências humanas, o modelo constituinte de qualquer uma delas se unifica.
Os Modelos constituintes são compostos por uma combinação dos três pares de modelos constituintes das ciências
O Modelo constituinte de cada uma das Ciências Humanas – é uma combinação – ponderada pelo projetista de modelos.
O modelo composto é uma combinação dos três pares de modelos constituintes:
+
Ciências do trabalho (Economia):
conflito-regra;
+
Ciências da Linguagem (Filologia):
significação-sistema.
Sob ciências humanas como:
estão modelos compostos, que são combinações ponderadas dos três pares de modelos constituintes das ciências integrantes do eixo epistemológico fundamental.
“Valor, para o pensamento clássico, é primeiramente valer alguma coisa, poder substituir essa coisa num processo de troca. A moeda só foi inventada, os preços só foram fixados e só se modificam na medida em que essa troca existe.
Ora, a troca é um fenômeno simples apenas na aparência.
Com efeito, só se troca numa permuta, quando cada um dos dois parceiros reconhece um valor para aquilo que o outro possui.
Num sentido, é preciso, pois, que as coisas permutáveis, com seu valor próprio, existam antecipadamente nas mãos de cada um, para que a dupla cessão e a dupla aquisição finalmente se produzam.
Mas, por outro lado, o que cada um come e bebe, aquilo de que precisa para viver não tem valor enquanto não o cede; e aquilo de que não tem necessidade é igualmente desprovido de valor enquanto não for usado para adquirir alguma coisa de que necessite.
Em outras palavras, para que, numa troca, uma coisa possa representar outra, é preciso que elas existam já carregadas de valor; e, contudo, o valor só existe no interior da representação (atual ou possível), isto é, no interior da troca ou da permutabilidade.
Daí duas possibilidades simultâneas de leitura:
A primeira dessas duas leituras corresponde a uma análise que coloca e encerra toda a essência da linguagem no interior da proposição;
a outra, [corresponde] a uma análise que descobre essa mesma essência da linguagem do lado das designações primitivas – linguagem de ação ou raiz(*);
Em nenhum momento Foucault solicita ao seu leitor que faça um ato de fé no que ele diz. Foucault argumenta sempre, a partir de dados levantados quanto ao modo de ser do pensamento em uma vasta plêiade de autores contemporâneos às mudanças.
Foucault via no conjunto de teorias, modelos e sistemas em nossa cultura, um espectro de modelos com três segmentos, que decorre dessa visão, e que aponta para o futuro; e que lhe sugeria a necessidade de distinções entre esses diferentes modos de ser do pensamento, e todo o trabalho com a arqueologia feita no ‘As palavras e as coisas’:
“Eis que nos adiantamos bem para além do acontecimento histórico que se impunha situar – bem para além das margens cronológicas dessa ruptura que divide, em sua profundidade, a epistémê do mundo ocidental e isola para nós o começo de certa maneira moderna de conhecer as empiricidades.
É que o pensamento que nos é contemporâneo
e com o qual, queiramos ou não, pensamos,
se acha ainda muito dominado
- pela impossibilidade, trazida à luz por volta do fim do século XVIII,
de fundar as sínteses no espaço da representação.- e pela obrigação correlativa, simultânea, mas logo dividida contra si mesma,
de abrir o campo transcendental da subjetividade
e de constituir, inversamente, para além do objeto,
esses quase-transcendentais que são para nós a Vida, o Trabalho, a Linguagem.
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas (a Cartilha)
Capítulo 7 – Trabalho, Vida e Linguagem; tópico I. As novas empiricidades
Veja isso em Os dois obstáculos, as duas pedras de tropeço, encontrados por Michel Foucault em seu caminho, com especial destaque para o segundo obstáculo, o cumprimento da obrigação de abertura do campo transcendental da subjetividade constituindo modelos das ciências humanas.
Como se vê pelo ponto em que se insere na ‘Cartilha’ essa citação, o capítulo 7 de um trabalho em dez capítulos, quando escreveu esse trecho Foucault já tinha bem adiantado seu trabalho no ‘As palavras e as coisas’; nesse momento ele aponta dois obstáculos, duas pedras de tropeço que precisou enfrentar e que tiveram o poder de dilatar em muito o tempo necessário para fazer esse livro; ele via:
O espectro de modelos com três segmentos, que abriga teorias, modelos e sistemas desde o século XVII até o século XXI, usando essa análise de Michel Foucault decorre desse momento intenso de Foucault.
Veja essa história em uma animação que está em
Uma história do nascimento do livro ‘As palavras e as coisas,
contada pelo próprio autor no Prefácio
A ideia aqui é sobrepor o texto dessa historinha a uma imagem em que estão representadas as estruturas exigidas pelos modelos de operações em dois perfís
Veja isto em Cronologia da descontinuidade epistemológica ocorrida em nossa cultura entre 1775 e 1825, segundo Michel Foucault
“Instaura-se uma forma de reflexão,
bastante afastada do cartesianismo e da análise kantiana,
em que está em questão, pela primeira vez,
o ser do homem, nessa dimensão segundo a qual
o pensamento se dirige ao impensado
e com ele se articula.”
Cartilha; Cap. 9. O homem e seus duplos; V – O “cogito” e o impensado
Foucault, nesse excerto da Cartilha, coloca o ser do homem (o sujeito) dirigindo-se ao objeto, o impensado, na posição de atributo do predicado do sujeito.
Nota: Essa forma de reflexão que se instaura não se dirige ao intangível!
Mas dirige-se ao impensado, objeto em relação ao qual o Pensamento pode muito.
(Ref. Entrevista de Jorge Forbes)
Veja as bases de sustentação e essa forma de reflexão em
Essa alusão a uma revolução nos laços sociais dos últimos 2800 anos é desconsideração histórica do modo como se alterou ao longo do tempo o modo de ser fundamental do pensamento e suas condições de possibilidade.
Sugiro a Jorge Forbes que leia a Cartilha.
Nesse meio tempo, podemos ver uma
Cronologia da descontinuidade epistemológica ocorrida em nossa cultura entre 1775 e 1825,
segundo Michel Foucault, na qual movimentos do pensamento muito mais recentes e importantes surgiram em tempo muito mais recente.
Esse título do vídeo da entrevista de Jorge Forbes imediatamente me lembra do movimento Reengenharia, e da capa do livro de mesmo nome de Michael Hammer “– Esqueça o que você sabe sobre como as empresas devem funcionar: quase tudo está errado” trombeteava ele. Seja em Hammer, ou em Forbes, nos dois casos havia e há, a denúncia, como se atual fosse, de uma revolução ocorrida em passado remoto. A Cartilha mostra como e por que isso é verdade.
Se estou entendendo o que ele chama de ‘época anterior’ isso já tem um nome: pensamento filosófico clássico, o de antes de 1775 segundo a Cartilha. E chamado por esse nome, suficiente, podemos prescindir do nome fantasia terra1. Usando ‘pensamento filosófico clássico’ podemos fazer o relacionamento com o modo de ser do pensamento de autores importantes desse período, como Adam Smith, John Locke, Jeremy Bentham, etc. E usando a contraparte ‘pensamento moderno’ – que possivelmente Forbes chamará de terra2 sem necessidade e com desvantagens – podemos estabelecer relações com pensadores como David Ricardo, Franz Bopp, Georges Cuvier, Sigmund Freud, John Maynard Keynes, entre muitos outros.
“Me incomoda a noção de norma no sentido de que você sai de um laço social estandardizado, padronizado, rígido, hierárquico, linear, focado, que são algumas das características que eu entendo da época anterior que eu chamo de terra1.” Ref. Jorge Forbes, em Estamos vivendo a maior revolução dos laços sociais dos últimos 2800 anos do canal Inconsciente coletivo.
Quanto ao incômodo de Forbes com a noção de ‘norma’, isso me remete imediatamente de novo à Cartilha, que me permite uma visão de conjunto muito mais completa e útil para quem pensa em formular e configurar, e depois operar com sucesso, modelos no domínio das ciências humanas: a ‘norma’ que incomoda Forbes, é a expressão das condições requeridas por uma ‘função’ que visa a estabilidade temporal, em mais de um aspecto, compartilhada, da solução conseguida para a obtenção prática dessa função.
Vale a pena examinar o que se configura quase como
Um ‘manual’ para projeto e construção de modelos no domínio das ciências humanas
em três tempos:
examinando o modelo constituinte padrão das ciências humanas composto de uma combinação ponderada dos pares constituintes das ciências do eixo epistemológico fundamental, as ciências da Vida, do Trabalho e da Linguagem:
“Assim, estes três pares, função e norma, conflito e regra, significação e sistema, cobrem, por completo, o domínio inteiro do conhecimento do homem.” Cartilha; Cap. 10 – As ciências humanas; tópico I – O triedro dos saberes
Esse excerto da Cartilha dá-nos conta de que esses três pares de modelos constituintes, das ciências
estão na base de toda e qualquer ciência humana, incluindo a economia política, e a biopolítica, e também a análise da produção.
Forbes supostamente está analisando o que acontece nas, e com as organizações empresariais e, portanto, está elaborando bem no campo de uma ciência humana capaz disso. Essa ciência humana que segundo Foucault, tem esse modelo constituinte padrão no qual
Isso evidencia que esse incômodo de Forbes com a ‘norma’ precisa ser bastante ampliado quando se fala de laços sociais porque estes estão afetos,
mas também estão regidos pelos pares constituintes dos outros dois quase-transcendentais:
É claro que podemos desconsiderar esse mapeamento admirável do espaço dos saberes moderno feito por Foucault e pensar de modo compartimentado e muito mais incompleto.
Mas por que exatamente faríamos isso?
Por favor acompanhe a operação que ocorre no caminho da Construção da representação, que acontece no interior do Lugar do nascimento do que é empírico, sob o pensamento moderno, o de depois de 1825, da qual resulta uma nova representação para a empiricidade objeto dessa operação, um modelo pertencente ao segmento DIANTE do objeto. Isso pode ser visto
Agora, quanto às condições de possibilidade do pensamento para o depois da descontinuidade epistemológica de 1775-1825, especificamente os princípios organizadores do pensamento nesse período, veja o que diz Foucault:
“De sorte que se vêem surgir,
como princípios organizadores desse espaço de empiricidades,
a Analogia e a Sucessão:
de uma organização a outra,
o liame, com efeito, não pode ser mais a identidade de um ou vários elementos,
mas a identidade da relação entre os elementos
(onde a visibilidade não tem mais papel) e da função que asseguram; (…)
Cartilha; Cap. 7. Os limites da representação; tópico I. A idade da história
Se acompanhamos a mecânica de funcionamento de uma operação de construção de representação (projeto) para alguma coisa – Foucault chama essa coisa de empiricidade objeto) sabemos que é impossível concluir essa construção de uma representação sem construir uma hierarquia.
Toda e qualquer representação construída tendo Analogia e Sucessão como princípios organizadores do pensamento terá como resultado um objeto análogo composto de uma coleção de objetos análogos relacionados entre si em uma hierarquia.
Para focalizar esta argumentação, deixo de comentar os outros atributos de terra1.
Essa frase (de efeito) depende da visão de operações adotada, que o vídeo de Forbes não permite perceber claramente qual seja. Dito do modo como foi dito:
Acabamos de ver o funcionamento da operação de construção de uma representação (projeto) para uma empiricidade objeto. Fica claro – entendida essa sistemática de funcionamento – que a operação tem início sem conhecimento sobre o que é objeto de explicação, e termina com esse conhecimento.
“Antes do fim do século XVIII, o homem não existia.
Não mais que a potência da vida, a fecundidade do trabalho
ou a espessura histórica da linguagem. (…)
Certamente poder-se-ia dizer que
a gramática geral, a história natural, a análise das riquezas
eram, num certo sentido, maneiras de reconhecer o homem,
mas é preciso discernir.
Sem dúvida, as ciências naturais –
trataram do homem
como de uma espécie ou de um gênero:
a discussão sobre o problema das raças, no século XVIII, a testemunha.
A gramática e a economia, por outro lado, utilizavam noções como as de necessidade, de desejo, ou de memória e de imaginação.
Mas não havia consciência epistemológica do homem como tal.
A episteme clássica se articula segundo linhas que de modo algum
isolam o domínio próprio e específico do homem.” Cartilha; Cap. 9 – O homem e seus duplos; II. O lugar do rei“Nem vida, nem ciência da vida na época clássica; tampouco filologia.
Mas sim uma história natural, uma gramática geral.
Do mesmo modo,
não há economia política porque,
na ordem do saber, a produção não existe. “ Cartilha; Cap. 6 – Trocar; tópico I – A análise das riquezas
Isso é o que nos ensina a Cartilha. Mesmo assim, há quem fale de uma certa matriz de autores, na análise de Foucault, todos clássicos, – e que, portanto trataram do homem como de uma espécie ou de um gênero – mas que mesmo assim, formam a base para a noção de sujeito na modernidade. Como seria um sujeito na modernidade, visto como uma espécie ou um gênero? (Ref. Canal Falando nisso, 254 – Liberalismo e sofrimento, de Christian Dunker
“A diferença, porém, entre Smith e Ricardo está no seguinte:
- para o primeiro, o trabalho, porque analisável em jornadas de subsistência, pode servir de unidade comum a todas as outras mercadorias (de que fazem parte os próprios bens necessários à subsistência);
- para o segundo, a quantidade de trabalho permite fixar o valor de uma coisa, não apenas porque este seja representável em unidades de trabalho, mas primeiro e fundamentalmente
- porque o trabalho como atividade de produção
é “a fonte de todo valor”.“Enquanto no pensamento clássico o comércio e a troca servem de base insuperável para a análise das riquezas (e isso mesmo ainda em Adam Smith, para quem a divisão do trabalho é comandada pelos critérios da permuta), desde Ricardo, a possibilidade da troca está assentada no trabalho;
e a teoria da produção, doravante, deverá sempre preceder a da circulação.” Cartilha, Cap. 8. Trabalho, vida e linguagem; tópico II – Ricardo
Vê-se que a amplitude da visão do que sejam operações, em David Ricardo, é muito maior se comparada à amplitude da visão de Adam Smith. Para Ricardo toda ‘aquela atividade que está na raiz do valor das coisas’, a produção, está incluída, juntamente e ao lado de trabalho como mercadoria, o que não acontece em Adam Smith.
Mesmo assim, no vídeo Falando nisso 254, e no contexto da análise da incidência do trabalho na formação da subjetividade, Adam Smith e Ricardo são tomados juntos e indiferenciados, como pertencentes ao mesmo bloco ‘matriz’ que permitiria a construção da noção de sujeito na modernidade!
Na Cartilha, Foucault não hesita em classificar Freud como um autor moderno, e o pensamento clássico como ‘aquele para o qual a representação existe’. Mesmo assim, há quem diga que a base da economia psíquica de Freud, em sua psicanálise, era na representação (como base, a representação é uma característica de modelos clássicos), e a inovação de Lacan teria sido a de formular a sua psicanálise desde fora da representação (uma característica de modelos modernos, mas que a psicanálise de Freud, segundo Foucault, já apresentava. Então, afinal, o que foi que fez Lacan? (Ref. Canal Falando nisso, 150 – Signo, significação e significado.
Não adianta atentarmos para “aparências” (propriedades não originais e não-constitutivas) do que vemos ou ouvimos; e ao falar de mudanças, vamos precisar de propriedades sim-originais e sim-constitutivas, que não são evidentes em teorias, modelos e sistemas prontos, já configurados e em utilização. Raramente temos consciência sobre quais sejam as condições de possibilidade no pensamento para o modelo de absorção do mundo que queiramos ou não, usamos. Pode haver uma contaminação em modelos simultaneamente utilizados em nosso ambiente.
Quem passou pela operação de alfabetização para leitura dos modelos à disposição para absorver o mundo e sabe diferenciá-los, colocado diante de uma história nova, ou de uma música nunca ouvida, antes de mais nada procura identificar quais são suas condições de possibilidade no pensamento para depois avaliar as especificidades da obra formulada e configurada que tem diante de si.
A grande maioria das pessoas, porém, aborda imediatamente a formidável produção do pensamento – a história ou a música nunca lidas e nunca ouvidas, já pronta, e difundida. E muito provavelmente faz isso – embora sem perceber – mas usando exatamente o mesmo modelo não questionado com o qual absorveu o mundo desde sempre.
Sim, precisamos estar atentos àquilo que dá condições de possibilidade no pensamento ao nosso próprio modelo padrão e que nos permite ver o que vemos e ouvir o que ouvimos. E precisamos nos dispor a ajustar as condições de possibilidade do nosso pensamento, as do modelo padrão que usamos, alterando-o para atender às exigências específicas da mudança. Isso pode dar origem a um novo modelo, com o qual nos seja possível absorver novos textos e novas partituras, eventualmente os trazidos pela mudança anunciada; sem essa disposição de questionamento, continuaremos a absorver o mundo do mesmo modo de sempre e a inovação ficará reduzida a mero modismo de pouca duração. Há muitos exemplos de revoluções que acabaram esquecidas.
A despeito disso, o movimento ocorreu. E foi determinante já no pensamento de David Ricardo, em 1817.
Veja agora os dois princípios para o que seja trabalho, o de Adam Smith e o de David Ricardo, e note que entre os dois há como distinção exatamente essas duas configurações da linguagem com as duas diferentes origens do valor atribuído às proposições e por elas carregado para as representações.
Os dois princípios para o que seja trabalho utilizados simultaneamente em nossa cultura
Vejo ainda nos discursos atuais, explicativos dessas construções do pensamento, por exemplo os do liberalismo, ou teorias socioeconômicas, ou ainda os da produção, algumas unanimidades quanto ao uso, e percebo também unanimidades quanto ao não-uso ou desuso de determinados conceitos, provavelmente indicadores da extrema generalidade do desalinhamento filosófico existente:
ü Mercado, Processo, Riquezas, são conceitos que formam uma unanimidade
pelo seu uso;
ü Lugar de nascimento do que é empírico, Forma de produção e Análise da produção, são conceitos que formam unanimidade também,
mas pelo seu desuso, ou pelo seu não uso.
Michel Foucault no ‘As palavras e as coisas’ é específico em relação a esses conceitos.
Veja a seguinte relação de proporcionalidade envolvendo os conceitos de Mercado e de Lugar de nascimento do que é empírico:
assim como
Veja esta outra relação envolvendo os conceitos de Processo, Forma de produção, e os princípios de trabalho de Adam Smith e de David Ricardo:
assim como
“A psicanálise, com efeito,
mantém-se o mais próximo possível
desta função crítica acerca da qual se viu
que era interior a todas as ciências humanas.Dando-se por tarefa
fazer falar através da consciência o discurso do inconsciente,
a psicanálise avança na direção desta região fundamental
onde se travam as relações entre a representação e a finitude.
Enquanto todas as ciências humanas
só se dirigem ao inconsciente virando-lhe as costas,
esperando que ele se desvele à medida que se faz,
como que por recuos, a análise da consciência,
já a psicanálise aponta diretamente para ele, de propósito deliberado
– não em direção ao que deve explicitar-se pouco a pouco
na iluminação progressiva do implícito,
mas em direção ao que está aí e se furta,
que existe com a solidez muda de uma coisa, de um texto fechado sobre si mesmo,
ou de uma lacuna branca num texto visível e que assim se defende.Não há que supor que o empenho freudiano
seja o componente de uma interpretação do sentido
e de uma dinâmica da resistência ou da barreira;
seguindo o mesmo caminho que as ciências humanas,
mas com o olhar voltado em sentido contrário,
a psicanálise se encaminha em direção ao momento
– inacessível, por definição, a todo conhecimento teórico do homem,
a toda apreensão contínua em termos de significação, de conflito ou de função –
em que os conteúdos da consciência se articulam com,
ou antes, ficam abertos para a finitude do homem.
Isto quer dizer que, ao contrário das ciências humanas que,
retrocedendo embora em direção ao inconsciente,
permanecem sempre no espaço do representável,
a psicanálise avança para transpor a representação,
extravasá-la do lado da finitude e fazer assim surgir,
lá onde se esperavam
- as funções portadoras de suas normas,
- os conflitos carregados de regras
- e as significações formando sistema,
o fato nu de que pode haver
- sistema (portanto, significação),
- regra (portanto, oposição),
- norma (portanto, função).
E, nessa região onde a representação fica em suspenso,
à margem dela mesma, aberta, de certo modo ao fechamento da finitude,
desenham-se as três figuras pelas quais
- a vida, com suas funções e suas normas, vem fundar-se na repetição muda da Morte,
- os conflitos e as regras, na abertura desnudada do Desejo,
- as significações e os sistemas, numa linguagem que é ao mesmo tempo Lei.
Sabe-se como psicólogos e filósofos denominaram tudo isso:
mitologia freudiana.Era realmente necessário que este empenho de Freud assim lhes parecesse;
para um saber que se aloja no representável,
aquilo que margeia e define, em direção ao exterior,
a possibilidade mesma da representação não pode ser senão mitologia.Mas, quando se segue, no seu curso, o movimento da psicanálise,
ou quando se percorre o espaço epistemológico em seu conjunto,
vê-se bem que estas figuras – imaginárias, sem dúvida, para um olhar míope –
são as próprias formas da finitude, tal como é analisada no pensamento moderno:
- não é a morte aquilo a partir de que o saber em geral é possível de sorte tal que ela seria, do lado da psicanálise, a figura desta reduplicação empírico-transcendental que caracteriza na finitude o modo de ser do homem?
- Não é o desejo o que permanece sempre impensado no coração do pensamento?
- E esta Lei-Linguagem (ao mesmo tempo fala e sistema da fala) que a psicanálise se esforça por fazer falar, não é aquilo em que toda significação assume uma origem mais longínqua que ela mesma, mas também aquilo cujo retorno
é prometido no ato mesmo da análise?É bem verdade que nem esta Morte, nem este Desejo, nem esta Lei
podem jamais encontrar-se no interior do saber que percorre em sua positividade
o domínio empírico do homem; mas a razão disto é que designam
as condições de possibilidade de todo saber sobre o homem”
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. 10. As ciências humanas; tópico V – Psicanálise e etnologia
Escrevo-lhes tendo em mente
O que se segue consiste em uma relação entre:
Entre a) o meu entendimento pessoal do pensamento de Foucault; e b) a coleção de modelos, isto é, o pensamento de projetistas de teorias, modelos e sistemas tal como posto em prática nos chamados domínios ‘técnicos’; a relação é feita por meio de um critério composto de elementos – características de características, ou características de segunda ordem -, dos modelos dessa coleção; são os seguintes os elementos integrantes desse critério: referencial, princípios organizadores do pensamento e métodos, para cada modelo; e estes elementos estão discriminados por Foucault para o pensamento em cada período histórico nos últimos dois séculos em nossa cultura. Funcionam como denominadores comuns entre modelos ‘da mesma idade e mesma geografia’, e o melhor, entre diferentes áreas do conhecimento, daí seu potencial integrador.
Esse critério, com esses elementos componentes, não é único, mas permite discernir, como diz Foucault ‘o modo de ser fundamental das empiricidades’ em cada período histórico; e lembremos que esse conceito, ‘modo de ser fundamental das empiricidades’, isto é, ‘aquilo que permite que elas sejam afirmadas, postas, dispostas, e repartidas no espaço do saber para eventuais conhecimentos e para ciências possíveis’ As palavras e as coisas; Cap 7. Os limites da representação; tópico I – A idade da história; é o elemento ordenador da História a partir de um certo evento– uma descontinuidade epistemológica em nossa cultura, escolhido em substituição a outro conceito de história antes entendida como a sucessão de fatos tais como se constituíram.
Considero então que diante da necessidade de conseguir um alinhamento do ponto de vista do pensamento filosófico entre, de um lado, desenvolvimentos feitos em áreas como a economia, a análise e gestão da produção, a sociologia e a psicanálise, entre outras; e de outro lado, o pensamento de filósofos em cada período histórico ao longo do tempo nos últimos dois séculos, esse critério de identificação e distinção pode ajudar bastante.
Veja, como evidência dessa necessidade de alinhamento, uma Cronologia da descontinuidade epistemológica situada por Michel Foucault entre 1775 e 1825, evento que ele chama de ‘evento fundador da nossa modernidade no pensamento’, e que tem os conceitos de história diferentes antes e depois dele. A cronologia desse evento mostra períodos em que as configurações do pensamento em nossa cultura mudaram fortemente.
Antes de mais argumentos acho que é interessante descobrir, mais sinteticamente, o que é que Foucault via de diferente entre as teorias, modelos e sistemas ao longo do tempo, e que o levava a considerar alguns tão diferentes dos outros. Uma boa pista para entender isso é Os dois obstáculos ou as duas pedras de tropeço encontrados por Michel Foucault em seu trabalho no ‘As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas’, nas palavras dele mesmo.
Em suma ele via só duas coisas: uma impossibilidade; e uma obrigação a ser cumprida.
Assim, formando um trio: Vida, Trabalho e Linguagem – compondo uma região epistemológica fundamental. Diferente de Vida = [Desejo, Trabalho e Linguagem].
Essa impossibilidade e o cumprimento dessa obrigação já lançam alguma luz sobre teorias, modelos e sistemas porque permitem agrupá-los em três segmentos:
E especificamente sobre a noção de Riqueza
“Em contrapartida, existe, nos séculos XVII e XVIII,
uma noção que nos permaneceu familiar,
embora tenha perdido para nós sua precisão essencial.
Nem é de “noção” que se deveria falar a seu respeito,
pois não tem lugar no interior de um jogo de conceitos econômicos
que ela deslocaria levemente, confiscando um pouco de seu sentido ou corroendo sua extensão. Trata-se antes de um domínio geral:
de uma camada bastante coerente e muito bem estratificada,
que compreende e aloja, como tantos objetos parciais, as noções
de valor, de preço, de comércio, de circulação, de renda, de interesse.
Esse domínio, solo e objeto da “economia” na idade clássica, é o da riqueza. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. 6 – Trocar; tópico I – A análise das riquezas
O anacronismo muito comum em economistas, filósofos, historiadores das ciências, sintonizados com o liberalismo clássico e em suas variantes (Paulo Guedes) (Eduardo Moreira, Mônica De Bolle etc.) tão difundidos atualmente.
“Inútil colocar-lhe questões vindas de uma economia de tipo diferente,
organizada, por exemplo, em torno da produção ou do trabalho;
inútil igualmente analisar seus diversos conceitos
(mesmo e sobretudo se seus nomes em seguida se perpetuaram,
com alguma analogia de sentido),
sem levar em conta o sistema em que assumem sua positividade.”
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. 6 – Trocar; tópico I – A análise das riquezas
Sobre esses espaços do saber em que as mudanças no ‘modo de ser fundamental das empiricidades’ se disseminaram, segundo o pensamento de Michel Foucault, o ‘As palavras e as coisas’ o livro descreve dois espaços gerais do saber, entendendo o espaço do saber aberto em nossa cultura depois da descontinuidade epistemológica com uma lógica: o bicho homem para que se constitua em humano precisa haver-se com a vida, o trabalho e a linguagem; assim, as ciências da Vida (Biologia) do Trabalho (Economia) e da Linguagem (Filologia) compõem a região epistemológica fundamental. E nesse percurso em direção à humanização, ele pode lançar mão dos conhecimentos em todas as outras áreas, formando o que Foucault chama de Triedro dos saberes. Veja As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Cap. X – As ciências humanas; tópico I
Veja Os dois espaços gerais do saber em cada segmento do espectro de modelos
Voltando ao vídeo 254, a façanha de Lacan na reformulação da psicanálise é ambientada ‘na linguagem’ e com entidades afeitas à fala.
Michel Foucault mostra como isso funciona mostrando As duas possibilidades de inserção do ponto de início da leitura do fenômeno ‘operações’ na análise do que sejam ‘operações de troca’ e valor; com exemplos em imagens, figuras feitas para modelos muito usados.
Eu acredito que essas coisas ditas por Michel Foucault podem e precisam ser cotejadas com teorias, modelos e sistemas existentes em nosso meio e em várias áreas, muito práticos e alguns largamente utilizados, (basta ter critério, – ou olhos devidamente armados -, para ver claramente) principalmente nos domínios da produção, da economia e também no campo dos levantamentos contábeis do setor econômico-financeiro.
Essa possibilidade de relacionamento com modelos muito usados é o que torna tais afirmativas feitas por Foucault independentes do que ele próprio tenha ou não dito.
O Projeto Formulador é um estudo que pretende justamente esse cotejamento, para identificar essas relações entre o que pensam os muitos filósofos que povoam o ‘As palavras e as coisas’ e os modelos descritivos da produção, ou os sistemas de gestão de operações ou projeto de organizações empresariais, como exemplos.
Por essas razões o que se segue pode valer a pena de ser considerado.
Esse paralelo entre o pensamento de filósofos e o de projetistas de modelos descritivos da produção ou de modelos de gestão, toma características gerais como referencial, princípios organizadores e métodos de configurações diferentes de pensamento e encontra esses mesmos elementos nos modelos de operações e de organizações antológicos existentes e muito usados atualmente.
e com isso a possibilidade do uso dessa galeria de modelos reais relacionados com o pensamento de filósofos para promover um alinhamento filosófico que ajude a deslindar coisas complicadas como são teorias, modelos e sistemas sócio-político-econômicos como são os associados ao liberalismo e suas variantes.
Eu vejo o ‘As palavras e as coisas’ como que uma cartilha que alfabetiza quem pretende ler e entender teorias, modelos e sistemas principalmente no campo das ciências humanas. Assim, considero que em uma exposição sobre teorias, modelos e sistemas relacionados ao liberalismo e neoliberalismo, como essa que é feita no vídeo Falando nisso 254, a referência bibliográfica do ‘As palavras e as coisas’ se impõe, mormente quando o ‘Nascimento da biopolítica’, do mesmo autor é citado.
Biopolítica pertence à classe especial de saberes denominados ‘ciências humanas’ e podemos adotar duas estratégias para desvendá-las:
Pois a meu julgamento no vídeo 254 adota-se a segunda estratégia.
E o que se segue tem o objetivo de mostrar aquilo que podemos ganhar, nós todos, se aquiescermos em aprender um pouco com Michel Foucault nesse grande livro tão mal compreendido.
1 Primeira possibilidade simultânea de leitura de operações e análise de valor
No lado esquerdo o valor que chega à representação através da proposição é carregado nela diretamente, até porque não há intenção de formular operações levando em conta como elemento organizador o objeto tomado como descrito por suas propriedades originais e constitutivas, isto é, de modo relacionado com o objeto.
Na visão de ‘operações’ no pensamento clássico não há a ideia de objeto como constituído por suas propriedades sim-originais e sim-constitutivas, pelos pressupostos considerados.
Refiro-me ao Princípio Monolítico de trabalho de Adam Smith. Na avaliação de Foucault, nesta alternativa de leitura do que seja trabalho a partir da linguagem toda a essência da linguagem está na proposição.
Toda a essência da linguagem está no interior da proposição.
A proposição já nasce emprenhada do valor que carrega.
2 Segunda possibilidade simultânea de leitura de operações e análise de valor
No princípio de trabalho de David Ricardo é visível a modelagem de uma proposição, usando ideias – ou elementos de imagem – todos eles em posições operacionais na estrutura do modelo.
Essa mesma essência da linguagem encontra raízes fora dela mesma, do lado das
No lado direito, sim, existem, ideias – ou elementos de imagem, que modelam padronizada e genericamente o elemento construtivo padrão fundamental para construção de representações – a proposição – e o escopo da operação é justamente articular o impensado, pelo pensamento, no espaço da representação. Refiro-me agora ao Princípio Dual de trabalho de David Ricardo.
A proposição assim que formulada está vazia, inclusive do valor que pode carregar; consiste tão somente em uma arquitetura que é comum a toda e qualquer proposição no curso desse tipo de operação.
Essa modelagem padronizada, genérica, organizadora de uma ordem única ao longo de toda a operação, descobre a essência da linguagem fora dela, nas operações de busca por origem, condições de possibilidade e de generalidade dentro de limites, às quais Foucault denomina “designações primitivas – linguagem de ação ou raiz”.
Relacionamento entre
Desde o Prefácio do ‘As palavras e as coisas’ Foucault nos oferece dois momentos muito ricos:
Essa animação pretende associar as ideias encontradas nesse texto, e respectivos elementos de imagem, plotados em figuras, a modelos de operações e de organizações existentes, que permitem reduzir seu alto grau de abstração e com isso facilitam o entendimento daquilo que Foucault coloca diante de nós com esse livro e ressalta a força da sua arqueologia.
A animação à qual o link acima dá acesso tem 7 min:27 seg de duração procurando relacionar o texto com modelos de operações e suas estruturas. E fala de coisas como:
é a desordem em que consistem os fragmentos de um grande número de ordens possíveis todas presentes na dimensão sem lei nem geometria do heteróclito,
(a animação mostra um par de modelos, um para a operações de produção e outro para uma organização empresarial típica, na qual esse grande número de ordens fica evidenciado)
· o papel fundamental das Utopias no pensamento
· a inquietação causada pelas heterotopias (modelos clássicos em geral) que:
Esse movimento feito por Lacan na psicanálise não é restrito a esse domínio, mas antes caracteriza a configuração do pensamento no pós descontinuidade epistemológica situada entre os anos de 1775 e 1825, e todas as áreas do saber em nossa cultura ocidental.
Tomo esses dois vídeos, o 150 e o 254, do canal Falando nisso, de Christian Dunker, como elementos de explanação dessa questão: a necessidade de alinhamento filosófico das discussões, levando em conta as mudanças como diz Foucault ‘do modo de ser fundamental das positividades’ antes e depois desse evento ao qual esse autor atribui a força de evento fundador da nossa modernidade no pensamento.
Sobre essas discussões:
está em destaque um movimento no pensamento feito por Lacan:
I.1 manifestado pelo incômodo dele, Lacan, com a base fundamental da psicanálise de Freud, que ele via como sediada na representação;
I.2 e consumado pela decisão dele de criar uma outra psicanálise, no campo da linguagem, usando conceitos atinentes à fala, e agora sediada fora da representação.
teorias, modelos e sistemas ligados ao liberalismo não são questionados quanto às respectivas bases fundamentais – se fundados na representação ou se fora dela, e portanto sem uma verificação se mudança do mesmo teor e fundamentalidade que o desse movimento de pensamento feito por Lacan na psicanálise teria ou não ocorrido com essas produções do pensamento ligadas ao liberalismo. Note-se que o vídeo 150 é anterior ao 254.
À primeira vista podem parecer duas coisas:
Esta ideia, a representação, está em ambas as duas psicanálises, como não poderia deixar de ser dada a nossa condição humana. E a linguagem também está presente em ambas, obviamente, e o que muda é a configuração da linguagem usada em cada caso; melhor dizendo, muda a origem do valor carregado pela proposição às representações, em cada caso. E valor é o parâmetro que é considerado na decisão sobre se a troca pode ou não ser efetuada.
Dado que a alteração feita por Lacan em sua psicanálise está em que as proposições na linguagem por ele escolhida, carregam às representações valor cuja origem é externa à linguagem. Essa origem externa à linguagem do valor carregado na representação permite uma operação – de qualquer tipo inclusive de troca – muito mais ampla, porque pode se iniciar em um ponto em que a representação não existe.
E aí está o interesse dessa linguagem, porque ela permite vislumbrar uma operação de troca que no lugar de analisar assim, diretamente, a troca de um objeto por outro, permite prospectar a permutabilidade de um objeto cuja representação ainda não existe, e dependendo dessa prospecção, levar o objeto ao Circuito das trocas, ou ao Mercado.
Ou seja, a operação clássica do pensamento, que tinha como pressuposto a existência de todas as representações no início da operação, agora foi muito ampliada – exatamente pela alteração feita na linguagem, para considerar a operação de construção de representações para objetos ainda não representados.
Michel Foucault discorre sobre o significado e o funcionamento, com as razões e porquês, de um movimento de pensamento como o feito por Lacan e descreve
as duas possibilidades de leitura do fenômeno ‘operações’ e as correspondentes origens de valor das proposições e da representação tanto na linguagem da psicanálise de Freud como na outra linguagem sobre a qual estaria a psicanálise de Lacan. Esse texto está em ‘As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas, no Capítulo 6 – Trocar; tópico V. A formação do valor.
Por atingir a linguagem em seu âmago – nas origens do valor atribuído à proposição e carregado por ela para a representação, esse movimento é absolutamente geral e atinge todas as regiões do saber. Em resumo, o pensamento de Foucault nesse texto diz o seguinte:
Uma operação de troca envolve dois objetos, um deles dado pelo outro em operação de troca. Essa operação de troca, como fenômeno, guarda, portanto, relação próxima com as operações de obtenção de cada um desses dois objetos.
Podemos ver o que sejam operações, – sejam elas as de troca ou aquelas outras de obtenção de objetos eventualmente destinados a operações de trocas, segundo duas possibilidades de inserção do ponto de início de leitura dos fenômenos ‘operações’ e ‘operações de troca’. A escolha do posicionamento desses pontos de início de leitura do fenômeno operações, as de obtenção ou as de troca, é feita (se nos posicionamos do ponto de vista da troca) em função da disponibilidade ou não dos dois objetos requeridos para que essa operação de troca possa ocorrer,
o ponto de leitura da operação pode ser posicionado no exato momento do cruzamento (do andamento das respectivas operações de obtenção) entre o que é dado e o que é recebido na operação de troca; ou então
o ponto de leitura da operação precisa ser posicionado antes desse momento do cruzamento quando o objeto ainda não existe; e nesse momento inicia-se a prospecção da permutabilidade desse objeto ainda inexistente quando sua representação for construída, instanciada, e então for levado ao Circuito das trocas (ou Mercado). Faz-se, então, uma aposta de que esse objeto poderá, no futuro, fazer par com um outro em uma operação de troca em que um é dado e outro é recebido.
Obviamente que na segunda possibilidade – objeto ainda não disponível – o valor não pode ser proveniente da representação dele, que também não existe. O pensamento precisa, então, descobrir outra origem de valor para a representação que terá de construir, e isso se dá pela incorporação daquele tipo de atividade ‘que está na origem do valor das coisas’ e que só aparece com David Ricardo. E a operação de obtenção do objeto faltante é acionada e a representação para esse objeto é construída.
A cada uma dessas possibilidades de inserção do ponto de início de leitura do fenômeno ‘operações’ corresponde uma diferente origem do valor carregado pela proposição para a representação – existente ou em construção. E valor é o parâmetro que deve ser considerado para a decisão sobre se a troca será efetivada ou não.
As duas origens de valor atribuído à proposição e por ela carregado para a representação são os seguintes:
o valor é atribuído diretamente à proposição que o carrega para a representação;
o valor é carregado para a proposição a partir de sua origem obtida em:
Há uma série de unanimidades quando se fala de teorias, modelos e sistemas ligados ao liberalismo e variantes; e ao mesmo tempo falta uma cartografia que mapeie o espaço em que ocorrem operações, seja aquelas de obtenção de coisas, sejam as operações de troca de objetos uns pelos outros:
Entendendo Mercado como diz Foucault, como o ‘Circuito das trocas’, essa segunda possibilidade com o posicionamento do ponto de início de leitura da operação antes de o objeto estar disponível – a usada por Lacan, arrasta para o centro do cenário de operações o ‘Lugar de nascimento do que é empírico’, anterior ao ‘Circuito das trocas’ ou Mercado.
O elemento central de operações que ocorrem no ‘Circuito das trocas’, ou Mercado é Processo.
“Assim como a Ordem no pensamento clássico não era a harmonia visível das coisas, seu ajustamento, sua regularidade ou sua simetria constatados, mas o espaço próprio de seu ser e aquilo que, antes de todo conhecimento efetivo, as estabelecia no saber, assim também a História, a partir do século XIX, define o lugar de nascimento do que é empírico, lugar onde, aquém de toda cronologia estabelecida, ele assume o ser que lhe é próprio.” As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Cap. 7 – Os limites da representação; tópico I – A idade da história
Michel Foucault fala de um certo ‘Lugar de nascimento do que é empírico’, lugar onde exatamente aquele objeto que ainda não está disponível para uma operação de troca, como na segunda possibilidade acima, ‘assume o ser que lhe é próprio’, isto é, tem a respectiva representação construída. Veja a citação acima.
Mas entendendo o que ocorre no ‘Lugar de nascimento do que é empírico’, com seus subespaços ‘Lugar desde onde se fala’ e ‘Lugar do falado’, vemos que o elemento central desta operação de obtenção do objeto faltante para troca, que pode ser entendida como uma prospecção da permutabilidade desse objeto, esse elemento central agora é ‘Forma de produção’ em vez de ‘Processo’. E logo será possível associar ‘Lugar de nascimento do que é empírico’ e ‘Forma de produção’; e estas duas ideias, ao Princípio Dual de Trabalho de David Ricardo.
E praticamente ninguém fala do que seja ‘Lugar de nascimento do que é empírico’, e pouco se fala de ‘Forma de produção‘ porque não cabem no pensamento monolítico de Adam Smith.
Com a intenção de diminuir possíveis dúvidas entre os conceitos de ‘Processo’ e o de ‘Forma de produção’, essas duas ideias, elementos centrais em configurações de pensamento diferentes, têm a natureza de verbos. Pois veja abaixo dois tratamentos dados por Foucault a verbos.
“A única coisa que o verbo afirma é a coexistência de duas representações: por exemplo, a do verde e da árvore, a do homem e da existência ou da morte; é por isso que o tempo dos verbos não indica aquele em que as coisas existiram no absoluto, mas um sistema relativo de anterioridade ou de simultaneidade das coisas entre si.” As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Cap. IV – Falar; tópico III. A teoria do verbo
Não por acaso, a estrutura Input-Output e seu sistema combinam à perfeição com um sistema relativo de anterioridade ou de simultaneidade das coisas entre si, e a visão de operações como uma transformação de Entradas em Saídas.
“É preciso, portanto, tratar esse verbo como um ser misto, ao mesmo tempo palavra entre as palavras, preso às mesmas regras, obedecendo como elas às leis de regência e de concordância; e depois, em recuo em relação a elas todas, numa região que não é aquela do falado mas aquela donde se fala.” As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Cap. IV – Falar; tópico III. A teoria do verbo
Estamos diante da Forma de produção, um ser misto que habita o interior do ‘Lugar de nascimento do que é empírico’, e neste, o interior do ‘Lugar desde onde se fala’, pertencente ao domínio do Pensamento e da Língua.
“Nem vida, nem ciência da vida na época clássica;
tampouco filologia.
Mas sim uma história natural, uma gramática geral.Do mesmo modo, não há economia política
porque, na ordem do saber, a produção não existe.Em contrapartida, existe, nos séculos XVII e XVIII,
uma noção que nos permaneceu familiar,
embora tenha perdido para nós sua precisão essencial.Nem é de “noção” que se deveria falar a seu respeito,
pois não tem lugar no interior de um jogo de conceitos econômicos
que ela deslocaria levemente, confiscando um pouco de seu sentido
ou corroendo sua extensão.Trata-se antes de um domínio geral:
de uma camada bastante coerente e muito bem estratificada,
que compreende e aloja, como tantos objetos parciais,
as noções de valor, de preço, de comércio, de circulação, de renda, de interesse.Esse domínio, solo e objeto da “economia” na idade clássica, é o da riqueza.
Inútil colocar-lhe questões vindas de uma economia de tipo diferente, organizada, por exemplo, em torno da produção ou do trabalho; inútil igualmente analisar seus diversos conceitos (mesmo e sobretudo se seus nomes em seguida se perpetuaram, com alguma analogia de sentido), sem levar em conta o sistema em que assumem sua positividade.” As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Cap. 6 – Trocar; tópico I – A análise das riquezas
Essas duas possibilidades de leitura da operação de troca correspondem a visões do fenômeno da troca e das operações de obtenção e de instanciamento dos dois objetos envolvidos e portanto são refletidas nos modelos das operações que ocorrem em cada caso. O fenômeno da troca sobrepõe-se ao fenômeno da obtenção e instanciamento respectivamente dos dois objetos.
Podemos considerar o fenômeno operações como operação de obtenção de objeto, simplesmente, e também como operação de troca, com o par de objetos que também precisam ser obtidos. O posicionamento do ponto inicial de leitura do fenômeno operações, – nos dois casos -, pode ser feito no ponto em que um dos objetos envolvidos na troca ainda não está disponível, antes da possibilidade da troca. Isso implica em uma formidável ampliação da visão que temos do fenômeno ‘operação’ e ‘operação de troca’.
A visão desse fenômeno se expande e passa a incluir todo o caminho da Construção da representação (projeto) do objeto ainda não disponível.
Esse ponto de início está posicionado antes do momento em que uma troca é possível.
Pois foi exatamente essa formidável expansão de horizontes tanto na ‘operação de obtenção’ de um dos objetos, como também na ‘operação de troca’ de um par de objetos um pelo outro, em que esse objeto esteja envolvido, que foi feita por David Ricardo, em 1817, ampliando o conceito de trabalho se tivermos como referência o pensamento de Adam Smith, de 1776.
E exatamente por isso Ricardo e Smith não podem ser tratados em um mesmo bloco.
Se a cartilha do liberalismo for a de Adam Smith e Locke, como comumente se propala, Ricardo está fora.
Não pertencem ao mesmo bloco se considerarmos como critério o modo como cada um deles ‘conhece’ o que seja trabalho, epistemologicamente distinto. Não dá para entender uma teoria, modelo ou sistema que tenha como fundadores simultaneamente Smith e Ricardo sem perceber que, a despeito de muitas semelhanças e congruências, toma-los no mesmo bloco é desconhecer o movimento feito por Lacan na psicanálise.
Veja nesta página os dois princípios de trabalho, o de Adam Smith, de 1776, e o de David Ricardo, de 1817, posicionados por Michel Foucault de lados opostos da Descontinuidade epistemológica por ele situada entre os anos de 1775 e 1825.
Michel Foucault é direto, claro e taxativo sem deixar margem a dúvidas. Veja as seguintes citações dele no ‘As palavras e as coisas”:
“Antes do fim do século XVIII, o homem não existia. Não mais que a potência da vida, a fecundidade do trabalho ou a espessura histórica da linguagem. É uma criatura muito recente que a demiurgia do saber fabricou com suas mãos há menos de 200 anos: mas ele envelheceu tão depressa que facilmente se imaginou que ele esperara na sombra, durante milênios, o momento de iluminação em que seria enfim conhecido. Certamente poder-se-ia dizer que a gramática geral, a história natural, a análise das riquezas eram, num certo sentido, maneiras de reconhecer o homem, mas é preciso discernir. Sem dúvida, as ciências naturais trataram do homem como de uma espécie ou de um gênero: a discussão sobre o problema das raças, no século XVIII, o testemunha. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Cap. IX – O homem e seus duplos; tópico II – O lugar do rei
“É por isso, sem dúvida, que a história natural, na época clássica, não se pode constituir como biologia. Com efeito, até o fim do século XVIII, a vida não existe. Apenas existem seres vivos. Estes formam uma, ou antes, várias classes na série de todas as coisas do mundo: e se se pode falar da vida, é somente como de um caráter – no sentido taxinômico da palavra – na universal distribuição dos seres.” Cap. V – Classificar; VII – O discurso da natureza
“Instaura-se uma forma de reflexão, bastante afastada do cartesianismo e da análise kantiana, em que está em questão, pela primeira vez, o ser do homem, nessa dimensão segundo a qual o pensamento, se dirige ao impensado, e com ele se articula.” Cap. 9. O homem e seus duplos; tópico V – O “cogito” e o impensado
“A partir de Ricardo, o trabalho, desnivelado em relação à representação, e instalando-se em uma região onde ela não tem mais domínio, organiza-se segundo uma causalidade que lhe é própria.” Cap. 8. Trabalho, Vida e Linguagem; tópico II. Ricardo
Todos os autores considerados como fundamentos do liberalismo estão posicionados por Foucault no período clássico do pensamento filosófico em nossa cultura.
Esses são os dois obstáculos ou pedras de tropeço que Foucault teve de enfrentar em seu trabalho no ‘As palavras e as coisas’. Veja aqui o que ele diz:
“Eis que nos adiantamos bem para além do acontecimento histórico que se impunha situar – bem para além das margens cronológicas dessa ruptura que divide, em sua profundidade, a epistémê do mundo ocidental e isola para nós o começo de certa maneira moderna de conhecer as empiricidades. É que o pensamento que nos é contemporâneo e com o qual, queiramos ou não, pensamos, se acha ainda muito dominado pela impossibilidade, trazida à luz por volta do fim do século XVIII, de fundar as sínteses no espaço da representação e pela obrigação correlativa, simultânea, mas logo dividida contra si mesma, de abrir o campo transcendental da subjetividade e de constituir inversamente, para além do objeto, esses “quase-transcendentais” que são para nós a Vida, o Trabalho, a Linguagem.” Cap. 8 – Trabalho, Vida e Linguagem; tópico I – As novas empiricidades
Segmentos de um espectro de modelos:
Um primeiro critério ‘macro’ para separar teorias, modelos e sistemas quanto a suas propriedades originais e constitutivas.
“Na análise de Adam Smith, o trabalho devia seu privilégio ao poder que se lhe reconhecia de estabelecer entre os valores das coisas uma medida constante: permitia fazer equivaler na troca objetos de necessidade cujo aferimento de outro modo teria sido exposto à mudança ou submetido a uma essencial relatividade. No entanto, só podia assumir tal papel à custa de uma condição: era preciso supor que a quantidade de trabalho indispensável para produzir uma coisa fosse igual à quantidade de trabalho que essa coisa, em retorno, pudesse comprar no processo da troca. Ora, como justificar essa identidade, em que fundá-la a não ser sobre uma certa assimilação, admitida na sombra mais que esclarecida, entre o trabalho como atividade de produção e o trabalho como mercadoria que se pode comprar e vender? Nesse segundo sentido, ele não pode ser utilizado como medida constante, pois “experimenta tantas variações quanto as mercadorias ou bens com os quais pode ser comparado”1. Essa confusão, em Adam Smith, tinha sua origem no primado concedido à representação: toda mercadoria representava certo trabalho, e todo trabalho podia representar certa quantidade de mercadoria. A atividade dos homens e o valor das coisas comunicavam-se no elemento transparente da representação. É aí que a análise de Ricardo encontra seu lugar e a razão de sua importância decisiva. Ela não é a primeira a organizar um lugar importante para o trabalho no jogo da economia; mas faz explodir a unidade da noção, e distingue, pela primeira vez, de uma forma radical, essa força, esse esforço, esse tempo do operário que se compram e se vendem, e essa atividade que está na origem do valor das coisas. Ter-se-á pois, por um lado, o trabalho que os operários oferecem, que os empresários aceitam ou demandam e que é retribuído pelos salários; por outro, ter-se-á o trabalho que extrai os metais, produz os bens, fabrica os objetos, transporta as mercadorias e forma assim valores permutáveis que antes dele não existiam e sem ele não teriam aparecido. Certamente, para Ricardo como para Smith, o trabalho pode realmente medir a equivalência das mercadorias que passam pelo circuito das trocas: “Na infância das sociedades, o valor permutável das coisas ou a regra que fixa a quantidade que se deve dar de um objeto por outro só depende da quantidade comparativa de trabalho que foi empregada na produção de cada um deles.” A diferença, porém, entre Smith e Ricardo está no seguinte: para o primeiro, o trabalho, porque analisável em jornadas de subsistência, pode servir de unidade comum a todas as outras mercadorias (de que fazem parte os próprios bens necessários à subsistência); para o segundo, a quantidade de trabalho permite fixar o valor de uma coisa, não apenas porque este seja representável em unidades de trabalho, mas primeiro e fundamentalmente porque o trabalho como atividade de produção é “a fonte de todo valor”. Já não pode este ser definido, como na idade clássica, a partir do sistema total de equivalências e da capacidade que podem ter as mercadorias de se representarem umas às outras. O valor deixou de ser signo, tomou-se um produto.” Cap. 8 – Trabalho, Vida e Linguagem; tópico II. Ricardo
Insisto em que leia o comentário que fiz sobre os objetos dos temas abordados nos vídeos Falando nisso 150 e 254, buscando estabelecer entre eles um paralelo. Faço isso antes de tudo pelo seu trabalho, pela sua capacidade de comunicação com as pessoas, pela seriedade que todo esse seu comportamento me transmite.
Eu vejo o ‘As palavras e as coisas’ um livro seminal. Quem lê esse livro e entende o que nele é dito, não volta mais a ser o mesmo depois disso.
Isso significa entre outras coisas o seguinte:
Há uma unanimidade na utilização frequente de certas ideias quando se trata de modelos sócio-econômico-políticos: Mercado, Processo, Riquezas são largamente usados.
Mas ‘em Foucault’ como dizem os acadêmicos,
E há uma outra unanimidade, agora da não utilização de outros conceitos: Lugar de nascimento do que é empírico, Forma de produção, a estrutura de conceitos do pensamento moderno, o de depois de 1825 que integram a Análise da produção.
Lugar de nascimento do que é empírico; Forma de produção; Análise da produção
Dou a palavra a Michel Foucault em quatro passagens desse grande livro e depois comento rapidamente:
Sobre as citações (A), (B) e (C)
Não consigo vislumbrar como é possível falar de subjetividade ou de subjetivação hoje, nos mesmos termos de autores imersos em uma cultura em que o homem era tratado como uma espécie, ou um gênero.
E Foucault é claríssimo em posicionar Adam Smith, Locke, Hume, Bentham, Rousseau, como autores clássicos tendo como critério o tratamento dado ao homem nos respectivos trabalhos todos antes da descontinuidade epistemológica de 1775-1825. Nenhum deles utilizava esta forma de reflexão da citação (C).
Sobre as citações (C) e (D).
Eu associo – usando o pensamento de Foucault– o pensamento de Lacan em sua psicanálise fora da representação ao que dizem as citações (B) e (C):
“A partir de Lacan, a psicanálise, desnivelada em relação à representação, e instalando-se em uma região onde ela não tem mais domínio, organiza-se segundo uma causalidade que lhe é própria”
Aí Michel Foucault ajuda muito: ele posiciona Adam Smith, 1776 e David Ricardo, 1817 de lados opostos de uma descontinuidade epistemológica descrita por ele como tendo ocorrido entre 1775 e 1825. Daí que a pretensão e o objetivo do vídeo 254, citando Michel Foucault como referência, não deveriam permitir o tratamento de Adam Smith e David Ricardo no mesmo bloco.
de um lado, e os autores chamados de pais do liberalismo Locke, Hume, etc. como imersos em uma cultura de antes do século XVIII,
espaço para discussão de conceitos
A percepção da contaminação do pensamento com o qual pensamos, pela impossibilidade de fundar as sínteses na representação
“Eis que nos adiantamos bem para além
do acontecimento histórico que se impunha situar
– bem para além das margens cronológicas
dessa ruptura que divide, em sua profundidade,
a epistémê do mundo ocidental
e isola para nós o começo
de certa maneira moderna de conhecer as empiricidades.
É que o pensamento que nos é contemporâneo
e com o qual, queiramos ou não, pensamos,
se acha ainda muito dominado
pela impossibilidade,
trazida à luz por volta do fim do século XVIII,
de fundar as sínteses no espaço da representação
e pela obrigação
correlativa, simultânea,
mas logo dividida contra si mesma,
de abrir o campo transcendental da subjetividade
e de constituir inversamente,
para além do objeto,
esses “quase-transcendentais” que são para nós
a Vida, o Trabalho, a Linguagem.”
A nova forma de reflexão se instaura no pensamento em nossa cultura, o motor constituinte “dessa maneira moderna de conhecer empiricidades”
“Instaura-se um tipo de reflexão
bastante afastado do cartesianismo
e da análise kantiana,
em que está em questão,
pela primeira vez,
o ser do homem,
nessa dimensão segundo a qual
o pensamento
se dirige ao impensado
e com ele se articula.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. VIII – Trabalho, Vida e Linguagem;
tópico I. As novas empiricidades
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. IX – O homem e seus duplos ;
tópico V – O “cogito” e o impensado.
a percepção dessa contaminação, dominação mesmo,
do pensamento com o qual ‘queiramos ou não‘ pensamos,
– hoje em dia, e aqui e agora –
por configurações de pensamento
com a possibilidade, e também
com a impossibilidade
de fundar as sínteses – da empiricidade objeto – no espaço da representação
muda completamente os domínios e os lugares onde ocorrem as operações,
as paletas de ideias ou elementos de imagem, assim como as estruturas e os relacionamentos entre eles.
Há diferentes modelos
que formulamos para
visões de ocorrências
no espaço-tempo x, y, z e t.
Ao suspeitar
da contaminação do pensamento
– do nosso, daquele com o qual queiramos ou não pensamos –
por essa impossibilidade de fundar as sínteses no espaço da representação, ele manifesta sua percepção de que de fato isso acontece em volta de nós e conosco.
Esses modelos,
diferentes em seus fundamentos,
são usados juntos
e/ou simultaneamente
no mesmo domínio e ambiente
em um pensamento
contaminado
por duas epistemologias,
ou por duas maneiras
de conhecer
aquilo que dizemos
que conhecemos.
Existem modelos,
todos em uso atualmente,
que podem ser agrupados
em duas famílias:
de fundar as sínteses
– da empiricidade objeto da operação-
no espaço da representação.
Essa a distinção entre modelos
com e modelos sem essa possibilidade
de fundar as sínteses
[da empiricidade objeto da operação]
no espaço da representação,
que Michel Foucault faz sugere que analisemos os modelos de operações e de organizações existentes, isto é, nos modelos que usamos hoje, em busca de características de características, ou características de segunda ordem, pelas quais podem ser associados com o pensamento antes, depois da descontinuidade epistemológica de 1775-1825, oferecendo os necessários elementos para identificação.
A figura na coluna do meio acima mostra a configuração do pensamento (o clássico, de antes de 1775), com a impossibilidade de fundar as sínteses (da(s) empiricidade(s) objeto da operação) no espaço da representação.
Clicando nessa figura, a animação mostrará as alterações em toda a configuração do pensamento, para levantar essa impossibilidade.
A alteração se passa no lado direito da figura.
A primeira coisa que muda é o tipo de reflexão que se instaura.
Como decorrência, muda toda a paleta de ideias, ou elementos de imagem;
Muda ainda o perfil do pensamento em cada configuração:
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Influências e inspirações
1 a influência de Vilém Flusser no livro ‘Filosofia da caixa preta’:
uso das funções reversíveis Imaginação e Conceituação para navegar, ida e volta, entre
textos ↔ imagens ↔ e ocorrências espacio-temporais;
e ainda, não menos importante
2 as sugestões de Humberto Maturana nos livros: Cognição, Ciência e Vida cotidiana; Emoções e Linguagem na Educação e na Política; ‘De máquinas e de seres vivos’:
objeções e propostas de mudança feitas por Maturana ao fazer dos pesquisadores em IA do MIT do final dos anos ’50, aceitação de algumas das críticas feitas, e aparentemente, uma alteração de rota;
3 a influência especialmente muito forte de Michel Foucault no livro ‘As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas’:
a descoberta de duas pedras de tropeço durante seu trabalho nesse livro, a saber:
Posição relativa do par sujeito-objeto e o modelo de operações
Usando o pensamento de Vilém Flusser:
Descontinuidades epistemológicas refletem conquistas humanas no pensamento e são aprimoramentos na maneira que usamos para conhecer. Há portanto uma relação entre, de um lado, o modo como colocamos em marcha nosso desejo de transformar o duvidoso em língua a cada nível, e de outro lado, a filosofia que temos, e a Ciência que temos, ou a tecnologia de que dispomos. Filosofia, Ciência e Tecnologia são funções do como como vemos o mundo e as coisas.
Michel Foucault (*) descreve uma descontinuidade epistemológica (uma alteração no modo como nos voltamos para o mundo para conhecer o que dizemos que conhecemos), e aponta com toda clareza diferentes jogos de ferramentas de pensamento ou estruturas conceituais, características de uma e de outra dessas epistemologias, de um e de outro lado desse evento. E aponta um período em nossa cultura ocidental, em que o pensamento esteve dominado por uma característica do período anterior.
A solução de questões trazidas à luz por essa nova maneira de conhecer (a nova epistemologia) não poderão ser resolvidas se correspondentes ciência e tecnologia não forem desenvolvidas também.
Acompanhando o trabalho arqueológico de Michel Foucault em direção a essa classe especial de saberes, a esse conjunto de discursos chamado de ciências humanas, vê-se que em certo período consolidou-se um tipo de pensamento em cuja configuração a etapa de construção de novas representações foi incorporada. Antes disso, essa etapa de construção da representação nova ficava fora do escopo do pensamento, e depois disso essa etapa permaneceu definitivamente incorporada.
Para a configuração de pensamento que deixa fora do seu escopo a etapa de construção de novas representações a alternativa é conviver com tudo o que existe desde sempre e para sempre, tomando as coisas como pré-existentes e pertencentes ao Universo. Esse modo de pensar tem características de conservadorismo, enquanto aquela outra configuração do pensamento que inclui em seu escopo a geração de novas representações, as características de progressismo.
Neste trabalho algumas – bastantes – características de uma e de outra dessas duas características de configurações do pensamento foram apresentadas o que de certa forma pode ser usado para qualificar com algo mais do que a qualidade ‘conservador’ um pensamento de direita; e com a qualidade ‘progressista’ um pensamento de esquerda, delineando com mais precisão uma e outra dessas configurações.
(*) As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VIII- Trabalho, Vida e Linguagem; tópico I. As novas empiricidades
É real hoje, aqui, agora, e entre nós, a percepção – feita por Foucault – do domínio/contaminação do pensamento – ‘com o qual queiramos ou não pensamos‘ – pela impossibilidade de fundar as sínteses (do pensamento sobre a empiricidade objeto da operação) no espaço da representação(*).
Esse tipo de pensamento dominante, aquele com a impossibilidade de fundar as sínteses, é ao mesmo tempo o tipo de pensamento que não inclui a operação de construção de novas representações. E a estrutura das operações sem essa etapa reforça essa impossibilidade. Nesse contexto modelos com e modelos sem essa impossibilidade são tratados como se variações sobre o mesmo tema fossem, e não produções do pensamento completamente diferentes.
Estamos projetando e usando hoje, modelos para operações e organizações, de produção e outras, com o pensamento de exatos dois séculos atrás.
Para que isso possa ser percebido pelo projetista de modelos em diversas áreas é necessário o rompimento das condições em que se dá essa contaminação e esse domínio de uma das configurações de pensamento sobre a outra, obliterando justamente aquela que corresponde a uma conquista humana no pensamento. Para que isso aconteça é necessário que seja atendido um requisito: a construção de um critério para identificação e comparação de modelos, e sua aplicação no caso presente.
Daqui de onde vejo as coisas, é unânime a visão das coisas em termos de processo. Ninguém fala de nada além de processos: mapeia-se processos, otimiza-se processos, etc. etc. o que quer que seja, mas sempre processos. Sem que nos demos conta de como sejam as diferentes estruturas das operações em que tais ‘processos’ ocupam posição operacional.
Michel Foucault pode fornecer os elementos necessários para a construção desse critério. Nossa intenção aqui é destacar em Foucault o que pode ser usado para o estabelecimento de uma relação pensamento – e sua aplicação na modelagem de operações em organizações.
(*) As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VIII- Trabalho, Vida e Linguagem; tópico I. As novas empiricidades
Uma coleção com mais de duas dúzias de modelos, (*) para descobrir com que tipo de pensamento foram feitos:
(*) Proposta de metodologia para o planejamento e implantação de manufatura integrada por computador
de Bremer, C. F. USP SC fev 1995; entre outras fontes
O exame dessas três figuras mostra que ideias, elementos de imagem, homônimos, podem ser usados de modo diferente em modelos feitos sob estruturas conceituais diferentes.
No modelo 5W e 2H no lado esquerdo acima, o destaque dado pelo losango em vermelho é nosso. Não estava na figura original. A figura é organizada por um sistema de categorias composto pelas 7 perguntas 5W2H.
O modelo da produção do Kanban é sim-discriminativo com relação ao elemento componente do objeto da operação de produção, e é formulado como uma proposição instanciativa de um objeto previamente projetado, e portanto cuja representação foi anteriormente construída
O modelo de operações de construção de representação para empiricidade objeto (LD da figura) é feito calcado no Princípio Dual de Trabalho de David Ricardo; está evidenciada a formulação no formato de uma proposição. A origem de valor adotada está nas designações primitivas ( conjunto de operações de busca por origem, condições de possibilidade e de generalidade dentro de limites) e da linguagem de uso (o Repositório)
As duas animações acima – a nosso ver – apenas mostram que tanto John Dewey na sua visão [homem] [experiência] e [natureza] juntos; quanto Ilya Prigogine na sua visão do que seja caos na ciência moderna, estão pensando com uma configuração de pensamento COM a possibilidade de fundar as sínteses no espaço da representação, o que não era comum para a ciência clássica, toda reversível.
O Sistema Formulador:
É um ante-projeto de um sistema para gestão de projetos com estrutura conceitual consistente com o pensamento moderno.
O módulo principal do sistema é uma unidade lógica que relaciona entidades envolvidas na proposição enunciadora de operações, mantidas em banco de dados, e gera sistematicamente o modelo de operações. O Microsoft Project, então, importa o modelo gerado como se fosse próprio, e a gestão continua, agora com um modelo gramaticalmente correto e criteriosamente estruturado.
Este é um ante-projeto de um sistema de gestão COM a possibilidade de fundar as sínteses do pensamento no espaço da representação; esse sistema pode evoluir para um sistema visual de gestão e outros aplicativos.
Comparação do modelo SIPOC ou FEPSC – SixSigma(*) com o modelo Visão da PHD(**) do ponto de vista das estruturas respectivas.
A animação central mostra o que falta – estruturalmente – ao SixSigma para ter a estrutura do modelo da direita.
Temos à esquerda, o modelo do Kanban com a referência (*) abaixo. e á direita, a Figura 7.1 do livro Reengenharia, referência (**) abaixo. São organizados sobre a proposição, e pertencem à configuração do pensamento moderno. Você pode certificar-se da veracidade dessas duas afirmativas neste ponto (17).
(*) Artigo ‘A comparison of Kanban and MRP concepts for the control of Repetitive Manufacturing Systems’ de:
James W. Rice da Western Kentucky University e Takeo Yoshikawa da Yolohama National University
(**) Reengenharia – revolucionando a empresa: em função dos clientes, da concorrência e das grandes mudanças da gerência
de Michael Hammer e James Champy
Exemplos de modelos muito conhecidos para operações e para as organizações
(*) As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo IV – Falar; tópico III. Teoria do verbo
(**) Frases de Millor Fernandes
(*) As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo IV – Falar; tópico III. Teoria do verbo
Classificar é referir
o visível a si mesmo,
encarregando um dos elementos
de representar os outros.(*)
Classificar é referir
o visível ao invisível
– como a sua razão profunda –
e depois, alçar de novo dessa secreta arquitetura, em direção aos seus sinais manifestos, que são dados
à superfície dos corpos.(*)
(*) As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
cap. VII – Os limites da representação;
tópico III. A organização dos seres; sub-item 3
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
(*) Capítulo VII – Os limites da representação;
tópico II. A medida do trabalho;
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
(**) Capítulo VIII- Trabalho, Vida e Linguagem;
tópico II. Ricardo
Em um pensamento mágico sobre a produção – nos moldes ‘varinha mágica de condão’ – é possível desejar algo e, sem mais qualquer providência, vê-lo surgir à nossa frente depois do Plin!!!
Num ambiente de produção real, porém, nada é produzido sem um instrumento (laboratório piloto, fábrica) com o qual instanciar esse objeto na realidade. A estrutura SSS é isso: a modelagem das operações de produção do objeto desejado juntamente com as operações de produção do objeto – distinto deste – laboratório piloto, ou fábrica, subindo um nível estrutural e impondo como elemento central o Nexo da produção
(*) As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo IV – Falar; tópico II. Gramática geral
Capítulo VIII – Trabalho, Vida e Linguagem; I. As novas empiricidades
As mudanças nas configurações do pensamento promoveram reposicionamentos das positividades umas em relação às outras, resultando em três espaços gerais do saber.(*)
(*) As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo III – Representar; tópico VI. Mathésis e Taxinomia;
Capítulo X – As ciências humanas; tópico I – O triedro dos saberes;
de Michel Foucault
Tempo, em cada um dos segmentos do espectro, muda:
“Antes do fim do século XVIII,
o homem não existia. (…)
Sem dúvida,
as ciências naturais trataram do homem
como de uma espécie ou de um gênero.”
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. IX – O homem e seus duplos; tópico II. O lugar do rei
‘Na medida, porém, em que as coisas giram sobre si mesmas, reclamando para seu devir não mais que o princípio de sua inteligibilidade e abandonando o espaço da representação, o homem, por seu turno, entra e pela primeira vez,
no campo do saber ocidental’ (*)
“O modo de ser do homem, tal como se constituiu no pensamento moderno, permite-lhe desempenhar dois papéis: está, ao mesmo tempo,
(*) As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Prefácio
(**) As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo X – As ciências humanas;
I. O triedro dos saberes
Veja mais detalhes nas animações que podem ser encontradas nas páginas de detalhe deste tópico.
Paletas com o conjunto completo de ideias ou elementos de imagem necessários para a formulação das respectivas imagens das ocorrências no espaço-tempo x, y, z e t ; incluindo relacionamentos entre esses elementos de imagem.(*)
(*) As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VIII – Trabalho, Vida e Linguagem;
tópico I. As novas empiricidades, de Michel Foucault
Posição em relação ao par sujeito-objeto
Referencial:
Princípios organizadores:
Métodos:
Referencial:
Princípios organizadores:
Métodos:
‘Assim, estes três pares,
função-norma,
conflito-regra,
significação-sistema,
cobrem, por completo,
o domínio inteiro
do conhecimento do homem.'(*)
São essas as ferramentas de que se arma o pensamento – em cada segmento do espectro de modelos, para produzir as imagens que servem de mapas, para orientação na construção das representações.
(*) As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo X – As ciências humanas; tópico III. Os três modelos
(*) Filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia;
Capítulos I – A imagem; e II – A imagem técnica,
de Vilém Flusser
não há modelos constituintes nesse segmento do espectro, já que, pelos pressupostos adotados (Universo, realidade única) nada é constituído na existência em decorrência das operações feitas
modelo constituinte composto pelo par constituinte correspondente ao campo em que o modelo é formulado, tomados isoladamente em cada área:
campo das Ciências Humanas com modelos constituintes formados por uma combinação dos três pares constituintes das ciências da Vida, do Trabalho e da Linguagem, tomados todos em conjunto em cada modelo, dada ênfase a uma das áreas das ciências da região epistemológica fundamental
(*) As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo X – As ciências humanas; tópico III. Os três modelos
O modo como Foucault descreve o problema que encontrou em seu trabalho pode ser mapeado em um espectro de modelos agrupados segundo os dois fatores por ele percebidos: fator 1, com duas regiões quanto à fundação das sínteses na representação e com três regiões quanto à posição relativa ao objeto e ao sujeito:
Aquém, Diante e para Além do objeto.
Fator 1 – o domínio/contaminação do pensamento com o uso simultâneo de configurações de pensamento
e também com a possibilidade,
de fundar as sínteses da representação da empiricidade objeto, no espaço da representação’; com duas regiões em um espectro de modelos:
Fator 2 – dar conta da obrigação correlativa (…) de abrir o campo transcendental da subjetividade constituindo, para além do objeto, os “quase-transcendentais”
com as seguintes regiões no espectro de modelos:
1. região do espectro: ‘Aquém do objeto’ (na impossibilidade);
2. região do espectro: ‘Diante do objeto’ (na possibilidade)
3. região do espectro: ‘para Além do objeto’, (na possibilidade) e no campo das ciências humanas, no espaço interior do triedro dos saberes.
outra região no espectro de modelos, com modelo constituinte único composto dos três pares constituintes das três regiões epistemológicas fundamentais
“É que o pensamento que nos é contemporâneo e com o qual, queiramos ou não, pensamos, se acha ainda muito dominado
“Substituir
foi um passo importante na boa direção por evitar a armadilha da linguagem clássica de fazer do organismo um sistema de processamento de informação.
(…) Contudo é uma formulação fraca por não propor uma alternativa construtiva e deixar a interação na bruma de uma simples perturbação. (…) Frequentemente se tem feito a crítica de que a autopoiese leva a uma posição solipsista. (**)
(*) As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; capítulo VIII – Trabalho, Vida e Linguagem; tópico: I. As novas empiricidades
(**) De máquinas e de seres vivos: autopoiese – a organização do vivo; Prefácio à segunda edição; tópico Além da autopoiese; sub-tópico: Enacção e cognição, de Francisco José Garcia Varela
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