Reflexões imaginativas no espaço-tempo das Permanências e dos Fluxos
Intenção deste trabalho
permitir a distinção de teorias, modelos e sistemas, pelas respectivas
condições de possibilidade no pensamento, aquelas que orientaram sua formulação
Oportunidade
tornar operacional a identificação de teorias, modelos e sistemas a partir de suas
condições de possibilidade no pensamento:
referencial, princípios organizadores e métodos utilizados pelo pensamento na formulação de cada produção do pensamento.
Parte I - Reflexões imaginativas
as condições de possibilidade no pensamento, segundo Michel Foucault, que dão sustentação a teorias, modelos e sistemas ao longo da história recente; com referências ainda a Humberto Maturana, Vilém Flusser e outros; e com exemplos de modelos existentes, apresentados em imagens, sempre que isso seja possível.
Parte II - Pensamento corrente na mídia
comentários sobre alinhamento - com respeito às condições de possibilidade no pensamento-, do pensamento utilizado em análises de teorias, modelos e sistemas em vídeos selecionados na mídia (Youtube), e o pensamento de Michel Foucault.
Projeto Formulador

alinhamento de modelos - entre eles os da produção - ao pensamento de filósofos
veja ‘Desenvolvimento deste trabalho (*)’ antes de clicar aqui para ver a
Visão global do Projeto Formulador.
Desenvolvimento deste trabalho
Intenção deste desenvolvimento

uma arqueologia das ciências humanas,
de Michel Foucault, 1966

de pensamento de antes e de depois
da descontinuidade epistemológica
ocorrida entre 1775 e 1825



em função dos perfis característicos
das configurações do pensamento
A intenção neste trabalho
é permitir a distinção
entre produções do pensamento
– teorias, modelos e sistemas –
atualmente em uso simultâneo e indistinto
em nosso ambiente,
identificadas pelas respectivas
condições de possibilidade
no pensamento
(referencial, princípios organizadores e métodos)
isto é, pelas características
da configuração do pensamento (o perfil)
em que foram originalmente formuladas.
Sem o critério para uma análise comparativa
dado pelos perfis de configuração do pensamento
utilizado quando da formulação de cada produção do pensamento,
a alternativa é a análise
de teorias, modelos e sistemas
quando já formulados e configurados,
e frequentemente, o que é pior, tendo como objeto de análise
instâncias em pleno funcionamento, implantadas em seus ambientes
e sofrendo interações de todos os tipos
– o que torna o entendimento muito mais difícil
e no mais das vezes, inconclusivo.
(a análise das teorias, modelos e sistemas
ligados ao liberalismo e neoliberalismo
é testemunha dessa dificuldade)
Com a possibilidade de identificação
de teorias, modelos e sistemas
pelas suas próprias
condições de possibilidade no pensamento,
a análise e finalmente, a distinção
entre produções do pensamento muito diferentes
do ponto de vista daquilo que os sustenta no pensamento:
referencial, princípios organizadores e métodos.
será muito mais factível e efetiva.
Este trabalho pretende
progredir na direção desse objetivo
pela apresentação organizada,
– e pelo destaque, com exemplos visuais, dessas
condições de possibilidade no pensamento
que estiveram presentes
na formulação e na configuração
dessas teorias, modelos e sistemas,
em qualquer campo, e tempo,
apresentando como exemplos,
modelos de operações e de organizações
possíveis somente em cada uma dessas
condições de possibilidade do pensamento.
Auspiciosamente,
usando o estudo em estilo de arqueologia
feito por Michel Foucault,
temos de identificar
tais condições de possibilidade no pensamento
para produções do pensamento agrupadas
em somente três segmentos do espectro de modelos
– AQUÉM, DIANTE e para ALÉM do objeto,
abrangendo com isso modelos nos últimos 200 anos,
fazendo a identificação de cada modelo
com um número de características muito menor
do que as que teríamos de tratar
caso o objeto de análise fosse
um modelo já formulado, configurado e instanciado no ambiente.
Fazemos isso neste trabalho,
utilizando o estudo em estilo de arqueologia
feito por Michel Foucault em
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas
Oportunidade deste desenvolvimento
1
do ponto de vista das condições de possibilidade do pensamento
descritas no estudo em estilo de arqueologia feito por Michel Foucault no livro ‘As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas’.
2
do ponto de vista do pensamento corrente na mídia, em alguns exemplos
a lista abaixo não está completa e mesmo quando mais extensa não será exaustiva e com o tempo, poderá ser completada.
A primeira pedra de tropeço no caminho de Michel Foucault em seu trabalho no livro ‘As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas: a possibilidade ou não de fundar as sínteses [da empiricidade objeto da operação] no espaço da representação.
As duas pedras de tropeço no caminho de Foucault
“Eis que nos adiantamos bem para além
do acontecimento histórico que se impunha situar
– bem para além das margens cronológicas
dessa ruptura que divide, em sua profundidade,
a epistémê do mundo ocidental
e isola para nós o começo
de certa maneira moderna de conhecer as empiricidades.”
“É que o pensamento que nos é contemporâneo,
e com o qual queiramos ou não pensamos,
se acha ainda muito dominado
- pela impossibilidade,
trazida à luz por volta do fim do século XVIII,
- de fundar as sínteses no espaço da representação
- de fundar as sínteses no espaço da representação
- e pela obrigação
correlativa, simultânea mas logo
dividida contra si mesma,
- de abrir o campo transcendental da subjetividade
- e de constituir inversamente,
para além do objeto, esses “quase-transcendentais”
que são para nós
a Vida, o Trabalho e a Linguagem.”
Em resumo, Foucault via
- uma impossibilidade,
que ele reconhecia já estar levantada porque já seria uma possibilidade ao tempo em que ele escrevia, e até bem antes do seu tempo – caso contrário o pensamento não poderia estar ainda dominado pela situação anterior, e em estado de confusão/domínio;
- e uma dupla obrigação,
a ser cumprida no futuro em relação ao tempo em que executou seu trabalho no ‘As palavras e as coisas’, qual seja a obrigação de abrir o espaço próprio das ciências humanas e seu habitat, a cujo cumprimento seu trabalho tinha a intenção de ajudar, e como espero que vejamos, acaba efetivamente ajudando.
Observação sobre esse texto de Foucault: duas coisas,
- a referência a esse espaço ‘para ALÉM do objeto’ – o habitat das ciências humanas – no qual serão constituídos os quase-transcendentais Vida, Trabalho e Linguagem, de um lado,
- e de outro a percepção da coexistência – e em uso simultâneo – de duas formas de pensamento uma com e outra sem a possibilidade de fundar as sínteses (do objeto das operações) no espaço da representação,
essas duas observações nos autorizam a imaginar um espectro de produções do pensamento – teorias, modelos e sistemas distribuídos da seguinte forma:
Espectro de modelos segundo a posição relativa do par sujeito-objeto e a estrutura do modelo
O espectro de modelos
com três segmentos
Posição relativa do par sujeito-objeto
Características
dos modelos
AQUÉM
DIANTE
para ALÉM
sem a possibilidade de fundar as sínteses no espaço da representação
com a possibilidade de fundar as sínteses no espaço da representação
já constituídos
os quase-transcendentais
Vida, Trabalho e Linguagem
o espaço próprio
das ciências humanas
A descontinuidade epistemológica ocorrida entre 1775 e 1825:
“E foi realmente necessário
um acontecimento fundamental
– um dos mais radicais, sem dúvida,
que ocorreram na cultura ocidental,
para que se desfizesse
a positividade do saber clássico
e se constituísse uma positividade
de que, por certo,
não saímos inteiramente.”
“Esse acontecimento, sem dúvida porque estamos ainda presos na sua abertura, nos escapa em grande parte.
Sua amplitude, as camadas profundas que atingiu, todas as positividades que ele pode subverter e recompor, a potência soberana que lhe permitiu atravessar, em alguns anos apenas, o espaço inteiro de nossa cultura, tudo isso só poderia ser estimado e medido ao termo de uma inquirição quase infinita que só concerniria, nem mais nem menos, ao ser mesmo de nossa modernidade.
A constituição de tantas ciências positivas,
- o aparecimento da literatura,
- a volta da filosofia sobre seu próprio devir,
- a emergência da história ao mesmo tempo
- como saber
- e como modo de ser da empiricidade,
não são mais que sinais de uma ruptura profunda.
Sinais dispersos no espaço do saber, pois que se deixam perceber na formação,
- aqui de uma filologia,
- ali de uma economia política,
- ali ainda de uma biologia.”
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. 7 – Os limites da representação;
tópico I. A idade da história
de Michel Foucault
Personalidades autorais na descontinuidade epistemológica
pensadores clássicos
antes de 1825
pensadores modernos
depois de 1825
1723-1790
Adam Smith, que publicou em 1776 o Riqueza das Nações – “An inquiry into the nature and causes of the wealth of nations”
1772-1823
David Ricardo, que publicou em 1817 o “Principles of Political Economy and Taxation”
1724-1804
Immanuel Kant
1883-1936
John Maynard Keynes
1632-1704
John Locke
1856-1939
Sigmund Freud
1711-1776
David Hume
1712-1778
Jean Jacques Rousseau
1718-1832
Jeremy Benthan
Os perfis que caracterizam os modos de ser do pensamento antes e depois desse evento fundamental
Ordem, no pensamento clássico, e história, no pensamento moderno, fazem parte das configurações do pensamento – “antes de todo conhecimento efetivo”.
“A História
dá lugar às organizações analógicas,
assim como a Ordem
abria o caminho das identidades e das diferenças sucessivas.”(…)”Assim como a Ordem
no pensamento clássico
não era a harmonia visível das coisas,
seu ajustamento, sua regularidade ou sua simetria constatados,
mas o espaço próprio de seu ser e aquilo que,
antes de todo conhecimento efetivo,
as estabelecia no saber,
assim também a História,
a partir do século XIX,
define o lugar de nascimento do que é empírico,
lugar onde,
aquém de toda cronologia estabelecida,
ele assume o ser que lhe é próprio.”
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. 7 – Os limites da representação;
tópico I. A idade da história
Perfis do pensamento antes e depois
da descontinuidade epistemológica de 1775 a 1825
Pensamento clássico
o de antes de 1775
Pensamento moderno
o de depois de 1825
Referencial
Ordem, pela ordem
Referencial
Utopia do pensamento não articulado
Princípios organizadores
Caráter e Similitude
Princípios organizadores
Analogia e Sucessão
Métodos
Identidade e Semelhança
Métodos
Análise e Síntese
A Forma de reflexão que se instaura em nossa cultura com a Descontinuidade epistemológica ocorrida entre 1775 e 1825.
A Forma de reflexão – ou no jeito de pensar que usamos para conhecer, em nossa cultura, que se instaura depois da descontinuidade epistemológica de 1775 a 1825.
“Instaura-se
uma forma de reflexão,
bastante afastada
do cartesianismo
e da análise kantiana,
em que está em questão,
pela primeira vez,
o ser do homem,
nessa dimensão segundo a qual
o pensamento
se dirige
ao impensado,
e com ele se articula.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. 9 – O homem e seus duplos;
tópico V. O “cogito” e o impensado
Riqueza: o domínio solo e objeto da “economia” na idade clássica
“Nem vida, nem ciência da vida
na época clássica;
tampouco filologia.
Mas sim uma história natural, uma gramática geral.
Do mesmo modo,
não há economia política
porque, na ordem do saber,
a produção não existe.
Em contrapartida, existe, nos séculos XVII e XVIII,
uma noção que nos permaneceu familiar,
embora tenha perdido para nós sua precisão essencial.
Nem é de “noção” que se deveria falar a seu respeito,
pois não tem lugar no interior de um jogo de conceitos econômicos
que ela deslocaria levemente, confiscando um pouco de seu sentido
ou corroendo sua extensão.
Trata-se antes de um domínio geral:
de uma camada bastante coerente e muito bem estratificada,
que compreende e aloja, como tantos objetos parciais, as noções
de valor, de preço, de comércio, de circulação, de renda, de interesse.Esse domínio, solo e objeto da “economia” na idade clássica, é o da riqueza.
Inútil colocar-lhe questões vindas de uma economia de tipo diferente,
organizada, por exemplo, em torno da produção ou do trabalho;
inútil igualmente analisar seus diversos conceitos
(mesmo e sobretudo se seus nomes em seguida se perpetuaram,
com alguma analogia de sentido),
sem levar em conta o sistema em que assumem sua positividade.
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. 6 – Trocar;
tópico I. A análise das riquezas
Falta em nossa cultura consciência epistemológica do homem como tal,
antes do final do século XVIII
Antes do fim do século XVIII,
o homem não existia.
Não mais que
a potência da vida,
a fecundidade do trabalho
ou a espessura histórica da linguagem.
Certamente poder-se-ia dizer que
a gramática geral,
a história natural,
a análise das riquezas
eram, num certo sentido, maneiras de reconhecer o homem,
mas é preciso discernir.
Sem dúvida,
as ciências naturais trataram do homem como
de uma espécie
ou de um gênero:
a discussão sobre o problema das raças, no século XVIII, o testemunha.
A gramática e a economia, por outro lado,
utilizavam noções como as
de necessidade,
de desejo,
ou de memória e de imaginação.
Mas não havia consciência epistemológica do homem como tal.
A epistémê clássica se articula segundo linhas
que de modo algum
isolam o domínio próprio e específico do homem.
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. 9 – O homem e seus duplos;
tópico II. O lugar do rei
nosso patrimônio cultural sobre
a vida, o trabalho e a linguagem estava:
na idade clássica, antes de 1775,
- na História natural;
- na Gramática Geral,
- e na Análise de Riquezas.
na modernidade, depois de 1825,
- na Biologia;
- na Filologia
- e na Análise da produção.
O tratamento dado ao homem
na idade clássica
- uma espécie,
- ou um gênero,
ocupando uma das categorias do Sistema de categorias ou Quadro de simultaneidades. Um tratamento genérico entre os demais seres vivos focalizando
- a potência da vida;
- a fecundidade do trabalho no homem; a espessura história da linguagem.
O tratamento dado ao homem
na idade moderna:
“O modo de ser do homem,
tal como se constituiu no pensamento moderno,
permite-lhe desempenhar dois papéis:
está ao mesmo tempo,
- no fundamento de todas as positividades,
- presente, de uma forma que não se pode sequer dizer privilegiada,
- no elemento das coisas empíricas.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo 10 – As ciências humanas;
tópico I – O triedro dos saberes de Michel Foucault
em tantas interrogações permanecidas em suspenso,
seria preciso, sem dúvida, deter-se:
aí está fixado o fim do discurso, e o recomeço talvez do trabalho.
Há ainda, no entanto, algumas palavras a dizer.
Palavras cujo estatuto é, sem dúvida, difícil de justificar,
pois se trata de introduzir no último instante
e como que por um lance de teatro artificial,
uma personagem que não figurara ainda
no grande jogo clássico das representações.” (…)
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo 9 – O homem e seus duplos;
tópico II – O lugar do rei
de Michel Foucault
aquele para quem a representação existe,
e que nela se representa a si mesmo,
aí se reconhecendo por imagem ou reflexo,
aquele que trama todos os fios entrecruzados
da “representação em quadro” -,
esse [o homem] jamais se encontra lá presente.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo 9 – O homem e seus duplos;
tópico II – O lugar do rei
de Michel Foucault
o homem não existia.
Não mais que
a potência da vida,
a fecundidade do trabalho
ou a espessura histórica da linguagem.
Sem dúvida, as ciências naturais trataram do homem como
de uma espécie
ou de um gênero:
a discussão sobre o problema das raças,
no século XVIII, o testemunha.
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo 9 – O homem e seus duplos;
tópico II – O lugar do rei
de Michel Foucault
consciência epistemológica
do homem como tal.
A epistémê clássica
se articula segundo linhas
que de modo algum isolam
o domínio próprio e específico do homem.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo 9 – O homem e seus duplos;
tópico II – O lugar do rei
de Michel Foucault
as coisas giram sobre si mesmas,
reclamando para seu devir
não mais que o princípio de sua inteligibilidade
e abandonando o espaço da representação,
o homem, por seu turno,
entra, e pela primeira vez,
no campo do saber ocidental.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Prefácio
de Michel Foucault
tal como se constituiu no pensamento moderno,
permite-lhe desempenhar dois papéis:
está ao mesmo tempo,
no fundamento de todas as positividades,
presente, de uma forma
que não se pode sequer dizer privilegiada,
no elemento das coisas empíricas.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo 10 – As ciências humanas;
tópico I – O triedro dos saberes
de Michel Foucault
A ‘proeza’ de David Ricardo foi incluir na visão de operações de todos os tipos
- “aquela atividade que está na origem do valor das coisas”
- ao lado “dessa força, esse esforço, esse tempo do operário que se compram e se vendem”,
com muitas consequências, entre elas:
- incluir no modelo de operações a etapa da Construção de representação nova;
- altera a inserção do ponto de início de leitura do fenômeno ‘operações’ para um ponto antes da disponibilidade de um dos objetos levados ao Circuito das trocas colocando em destaque o Lugar de nascimento do que é empírico, em vez do Circuito das trocas, ou Mercado.
- cria as condições de possibilidade para a economia política colocando o homem em posição operacional na estrutura do modelo de operações.
Os dois conceitos filosóficos para o que seja ‘Trabalho’:
o de Adam Smith, de 1776, e o de David Ricardo, de 1817
Aquém do objeto
Adam Smith, 1776
Principio monolítico de trabalho de Adam Smith,
publicado no Riqueza das Nações, de 1776
Diante e Além do objeto
David Ricardo, 1817
Principio dual de trabalho de David Ricardo, publicado no Principles of Political Economy and Taxation, de 1817
Comparações entre os dois princípios de trabalho,
e a importância do princípio de trabalho de David Ricardo
segundo Michel Foucault
Comparação, feita por Michel Foucault,
entre os princípios de trabalho
o de Adam Smith, de 1776 e o de David Ricardo, 1817
Comparações entre Adam Smith
e David Ricardo,
por Michel Foucault
A importância de David Ricardo,
no pensamento de Michel Foucault
Modelos de operações sem espaço para o homem e para o objeto da operação
Modelo FEPSC(SIPOC)/Six Sigma
o modelo FEPSC/SIPOC Six Sigma apresenta-se com essa impossibilidade de fundar as sínteses do objeto das operações no espaço da representação.
Esse modelo é configurado com o perfil de características do pensamento clássico:
- princípios organizadores:
- Caráter e Similitude;
- elemento central:
- Processo;
- elemento organizador:
- a ordem, pela ordem;
- sem espaço para os dois papéis fundamentais do homem;
- o homem – naquilo que ele tem de empírico – está fora desse modelo.
Modelos de operações e de organizações
do ponto de vista contábil/financeiro
A figura ao lado faz referência a dois modelos muito utilizados no sistema contábil-financeiro:
- o modelo de operações: Débito/Crédito;
- o modelo de organização: Ativo/Passivo/Resultado.
Esses dois modelos funcionam com propriedades não-originais e não-constitutivas das coisas e apresentam a impossibilidade de fundar as sínteses [do que quer que seja o objeto das operações] no espaço da representação, e são configurados sob o mesmo perfil de características atribuídas acima para o modelo FEPSC/SIPOC.
Modelos de operações com espaço para o homem e para o objeto da operação
Modelo descritivo de operações de produção do Kanban, mostrando o formato das operações como uma proposição com sujeito e predicado do sujeito
o modelo descritivo da produção do Kanban apresenta-se sem essa impossibilidade de fundar as sínteses do objeto das operações no espaço da representação., isto é, é capaz de fundar as sínteses do objeto das operações no espaço da representação.
Esse modelo é configurado com o perfil de características do pensamento moderno:
- princípios organizadores:
- Analogia e Sucessão;
- elemento central:
- Forma de produção;
- elemento organizador:
- a Utopia do Impensado, ou do pensamento ainda não articulado;
- com espaço para os dois papéis fundamentais do homem – naquilo que ele tem de empírico -;
- o homem como fundamento de todas as positividades;
- o homem como elemento do que é empírico.
A heterogeneidade de objeto existente na
Figura 7.1 Mapa da atividade semicondutores da Texas Instruments, do livro Reengenharia
Ao lado, a Figura 7.1 Mapa da atividade semicondutores da Texas Instruments, do livro Reengenharia, de Michael Hammer.
Esse mapa – embora não pareça à primeira vista, é construído em torno de dois objetos diferentes:
- o objeto semicondutores;
- e o objeto instrumento capaz de obter semicondutores.
que não podem ser confundidos, e que merecem tratamento isonômico.
Isso abre espaço para que esse mapa seja reconstruído, respeitando o par sujeito-objeto.
Visões Top-Down e Botton-up: comparação das duas paletas de ideias – ou elementos de imagem – exigidas para a modelagem de operações em cada caso.
Nota: Todo este trabalho sustenta-se basicamente na constatação prática de que existem, em nosso ambiente, e em uso simultâneo
- teorias, modelos e sistemas com essa impossibilidade de que trata Foucault,
- e também existem teorias, modelos e sistemas sem essa impossibilidade, isto é, existem teorias, modelos e sistemas que sim, estão formulados com a possibilidade de fundar as sínteses do objeto das operações (de produção, de pensamento e outras) no espaço da representação.
e projetistas de modelos no campo das ciências humanas dispõem – usando o trabalho de Michel Foucault – de três super “categorias”, os pares constituintes das ciências:
- da Vida (Biologia) [função-norma];
- do Trabalho(Economia) [conflito-regra];
- e da Linguagem(Filologia) [significação-sistema
Bem aí ao lado, na coluna do lado esquerdo, estão ícones que reproduzimos abaixo, de dois modelos de operações famosos, um deles com essa impossibilidade e outro ao contrário, com essa possibilidade:
O modelo FEPSC(SIPOC)/Six Sigma
o modelo FEPSC/SIPOC Six Sigma;
com essa impossibilidade;
- princípios organizadores:
- Caráter e Similitude;
- elemento central:
- Processo;
- elemento organizador:
- a ordem, pela ordem;
- sem espaço para os dois papéis fundamentais do homem;
Esse modelo prescinde em sua formulação das propriedades sim-originais e sim-constitutivas das coisas, limitando-se ao seu “caráter”, ou as “aparências”.
O modelo de operações do Kanban
e o modelo descritivo da produção do Kanban, com essa possibilidade.
- princípios organizadores:
- Analogia e Sucessão;
- elemento central :
- Forma de produção;
- elemento organizador:
- a gramática da língua pelo par sujeito-objeto;
- o homem está presente como:
- fundamento de todo conhecimento
- e elemento do que é empírico
Basta examinar a figura – os componentes X, Y e W do produto que está sendo produzido nessa área da fábrica – para perceber que esses componentes são o resultado da aplicação dos princípios organizadores analogia e Sucessão, sob os métodos Análise e Síntese.
Os tipos de ordem envolvidos:
- nos modelos clássicos:
- a ordem é dada por um Sistema de categorias ou Quadro de simultaneidades;
- é possível escolher sistemas de categorias diferentes no mesmo modelo de operações.
- a ordem é dada por um Sistema de categorias ou Quadro de simultaneidades;
- nos modelos modernos
- a ordem estabelecida é única e baseada nas regras da gramatica da língua.
Há outros modelos. Mas esses dois modelos, mais do que tratados, como realmente são, como se tivessem sido formulados sob configurações de pensamento idênticas, mas mesmo a hipótese de procura pelas condições de possibilidade de um e de outro simplesmente não é feita. E modelos construídos sob dois modos de conhecer o que seja a produção tão distintos – epistemologicamente diferentes, – são tratados como se do mesmo tipo de produções do pensamento fossem.
- pacote de ‘coisas’ agrupado por propriedades não-originais e não-constitutivas, ou as ‘aparências’; representação (a)
- ordem arbitraria representada por um Sistema de categorias, ou um Quadro de simultaneidades; representação (b)
- escolha de uma das categorias desse Sistema de categorias que guarde similitude com o caráter das ‘aparências’;
- Processo: elemento central do modelo;
- formulado com processos, atividades, tasks encontrados na categoria selecionada;
- composição de (r), uma combinação entre (a) e (b) dado Processo recém formulado;
- (i) – evento de início da operação de instanciamento de (r);
- (f) – evento de fim da operação de instanciamento de (r).
Tomando como referência a Forma de produção que se instaura em nossa cultura
- “o ‘ser do homem’, nessa dimensão segundo a qual”
- homem na posição operacional de sujeito da operação de Construção da representação nova;
- “o pensamento”
- a nova representação como uma arquitetura vazia na posição de início da operação;
- se dirige ao impensado
- a visão do impensado, o limite da estratégia, a direção na qual o pensamento se expande, e muitos outros nomes para ‘impensado’, sempre um objeto;
- “e com ele se articula.”
- Forma de produção;
- elementos de suporte na experiência da Forma de produção;
- operação de Analogia e operação de Sucessão;
- exercício dos métodos de Análise e Síntese, aproximando o objeto análogo em cada ponto, da sua possibilidade de representação.
O mapa de opções para leitura do fenômeno ‘operações’ (em qualquer área):
duas visões com duas abrangências muito diferentes dependendo da leitura que fazemos.
- As duas possibilidades de inserção do ponto de início da leitura do fenômeno ‘operações’ – de qualquer tipo – e a análise das diferentes origens do valor carregado pelas proposições para as representações em função da inserção do ponto de início de leitura de ‘operações’;
- As alterações na linguagem em decorrência da incorporação das origens externas de valor atribuído à proposição em cada etapa das operações.
As duas possibilidades de inserção do ponto de início de leitura do fenômeno ‘operações’ em função da disponibilidade dos objetos intervenientes em uma operação de troca.
Os pontos amarelos 1 e 2 marcam o posicionamento do ponto de início de leitura do fenômeno ‘operações’ justamente no cruzamento entre o que é dado e o que é recebido em uma operação de troca.
- o elemento central destas operações é ‘Processo’
- o ponto amarelo 1, no lado esquerdo da figura, representa o início de uma operação sob o pensamento clássico, que ocorre no interior do domínio do Discurso e da Representação, e no Circuito das trocas;
- com o pensamento formulado com o perfil de características do pensamento clássico tudo existe desde sempre e para sempre compondo o Universo;
- a operação funciona com propriedades não-originais e não-constitutivas (a construção de representações novas está fora do escopo dessas operações) e por isso não são consideradas propriedades originais e constitutivas, o que coloca a noção de objeto fora desse espaço de empiricidades, junto com a noção de homem como sujeito dessas últimas operações de construção de representações novas.
- o ponto amarelo 2, no lado direito da figura, marca a inserção do ponto de início de leitura no cruzamento entre o que é dado e o que é recebido, porém, em um pensamento configurado com o perfil de características do pensamento moderno
- o elemento central desta operação é ‘Forma de produção’;
- o ponto amarelo 2, no lado direito da figura, representa o início de uma operação sob o pensamento moderno, que também ocorre no interior do domínio do Discurso e da Representação, e no Circuito das trocas;
- com o pensamento formulado com o perfil de características do pensamento moderno a articulação do pensamento com o impensado característica da forma de reflexão que orienta o pensamento, incorpora no próprio escopo do pensamento, a criação de novas representações;
- a operação transcorre na etapa de instanciamento de representação anteriormente construída, e pode funcionar tanto com propriedades não-originais e não-constitutivas (a construção de representações novas está fora do escopo dessas operações) como com propriedades sim-originais e sim-constitutivas), o que coloca a noção de objeto opcionalmente dentro ou fora desse espaço de empiricidades, junto com a noção de homem como sujeito dessas últimas operações de construção de representações novas.
O ponto vermelho marcado com 1 no lado direito da figura marca o posicionamento do ponto de início de leitura do fenômeno ‘operações’ antes da disponibilidade do objeto da operação – a de construção de representações novas – tratando portanto da permutabilidade futura desse objeto em uma eventual operação de troca.
- o ponto vermelho 1, no lado direito da figura, representa o início de uma operação sob o pensamento moderno, que ocorre agora no interior de dois domínios: no domínio do Pensamento e da Língua e no domínio do Discurso e da Representação, porém fora do Circuito das trocas;
- com o pensamento formulado com o perfil de características do pensamento moderno a articulação do pensamento com o impensado característica da forma de reflexão que orienta o pensamento, incorpora no próprio escopo do pensamento, a criação de novas representações;
- a operação transcorre na etapa de construção de representação nova, e tem como escopo a descoberta das propriedades sim-originais e sim-constitutivas do objeto da operação, o que coloca a noção de objeto obrigatoriamente dentro desse espaço de empiricidades, junto com a noção de homem como sujeito dessas últimas operações de construção de representações novas.
As duas possibilidades carregamento de valor pela proposição formulada na(s) linguagem(ns) em função desses pontos de inserção do início de leitura de operações.
Quando nos pontos amarelos 1 e 2 no cruzamento entre o que é dado e o que é recebido em uma operação de troca.
O pressuposto no LE da figura ‘a existência precede a distinção’ feita na operação vale também para a linguagem.
- ‘Processo’, o elemento central das operações no LE da figura sob o pensamento clássico é formulado com atividades, tasks encontrados no interior da categoria selecionada no Sistema de categorias, ou Quadro de simultaneidades escolhido, e o valor carregado à proposição formulada na linguagem é proveniente dessa origem interna à linguagem previamente existente nesse ambiente.
Quando no ponto vermelho 1 antes da disponibilidade de um dos objeto que possivelmente será levado a uma futura operação de troca.
- Esse ponto vermelho 1 marca o início da operação de construção de representação nova. Feita a consulta ao repositório de proposições explicativas formuladas de acordo com as regras da linguagem, a resposta foi negativa quanto à capacidade do repositório no estado em que se encontra de dar suporte ao ‘impensado’;
- Disso decorre que a linguagem de ação ou de uso não pode fornecer representação que sirva ao objeto vislumbrado.
- Nesse caso, a origem de valor para as proposições formuladas pela linguagem deve necessariamente provir de fonte externa à linguagem: as designações primitivas.
O que não muda entre essas duas possibilidades de inserção do ponto de início de leitura
A proposição como bloco construtivo padrão fundamental e genérico para construção de representações e suas duas possibilidades de carregamento de valor, quanto às respectivas origens
a proposição
como veículo portador de valor
A proposição é para a linguagem
o que a representação é
para o pensamento:
sua forma, ao mesmo tempo
mais geral e mais elementar,
porquanto, desde que a decomponhamos, não reencontraremos mais o discurso,
mas seus elementos
como tantos materiais dispersos.
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo IV – Falar;
tópico III – Teoria do verbo
Michel Foucault
a representação:
como o destino final do valor atribuído
(…) Em outras palavras,
para que, numa troca,
uma coisa possa representar outra,
é preciso que elas existam
já carregadas de valor;
e, contudo,
o valor só existe
no interior da representação
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VI – Trocar;
V. A formação do valor
Michel Foucault
O que sim muda entre essas duas possibilidades de inserção do ponto de início de leitura
A origem do valor atribuído ao veículo de carregamento de valor para a representação: a proposição, sempre, porém em linguagens essencialmente diferentes até representações com origens de valor distintas.
o que muda é a origem – interna ou externa à linguagem –
do valor atribuído à proposição e por ela carregado para a representação
o destino final do valor atribuído à proposição, a representação, pode ser
- representação já existente, a operação de construção da representação já foi realizada, o objeto já está disponível para uma troca,
(e a operação de troca imediata é possível)
- ou representação possível, pode ser construída, e o que a operação investiga é a permutabilidade futura do objeto
(a operação de troca imediata não é possível)
Sobre isso, a explicação de Michel Foucault no livro ‘As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Cap. 6 – Trocar; tópico V. A formação do valor, é a seguinte
“Valer, para o pensamento clássico,
é primeiramente valer alguma coisa,
poder substituir essa coisa num processo de troca.
A moeda só foi inventada,
os preços só foram fixados e só se modificam
na medida em que essa troca existe.
Ora, a troca é um fenômeno simples
apenas na aparência.
Com efeito, só se troca numa permuta,
quando cada um dos dois parceiros
reconhece um valor
para aquilo que o outro possui.
Num sentido, é preciso, pois,
que as coisas permutáveis,
com seu valor próprio,
existam antecipadamente nas mãos de cada um,
para que a dupla cessão e a dupla aquisição
finalmente se produzam.
Mas, por outro lado,
- o que cada um come e bebe,
aquilo de que precisa para viver
não tem valor
enquanto não o cede; - e aquilo de que não tem necessidade
é igualmente desprovido de valor
enquanto não for usado
para adquirir alguma coisa de que necessite.
Em outras palavras,
para que, numa troca,
uma coisa possa representar outra,
é preciso que elas existam
já carregadas de valor;
e, contudo,
o valor só existe
no interior da representação
- (atual [troca imediata]
- ou possível [permutabilidade]),
isto é,
- no interior da troca
[representação existente] - ou da permutabilidade
[representação possível].
… e prossegue Michel Foucault, indo diretamente ao ponto:
“Daí duas possibilidades simultâneas de leitura:
- leitura já dadas as condições de troca;
- leitura investiga a permutabilidade, isto é a criação de condições de possibilidade da troca
1 uma analisa o valor
no ato mesmo da troca,
no ponto de cruzamento
entre o dado e o recebido;
- A primeira dessas duas leituras corresponde a uma análise que coloca e encerra
toda a essência da linguagem
no interior da proposição;
no primeiro caso, com efeito, a linguagem encontra seu lugar de possibilidade numa atribuição assegurada pelo verbo – isto é, por esse elemento da linguagem em recuo relativamente a todas as palavras mas que as reporta umas às outras; o verbo, tornando possíveis todas as palavras da linguagem a partir de seu liame proposicional, corresponde à troca que funda, como um ato mais primitivo que os outros, o valor das coisas trocadas e o preço pelo qual são cedidas;
2 outra analisa-o
como anterior à troca
e como condição primeira
para que esta possa ocorrer.
- a outra, a uma análise que descobre essa mesma essência da linguagem do lado das
- designações primitivas
- linguagem de ação ou raiz;
[no segundo caso] a outra forma de análise,
a linguagem está enraizada
fora de si mesma e como que
- na natureza, ou nas
- analogias das coisas;
a raiz, o primeiro grito que dera nascimento às palavras antes mesmo que a linguagem tivesse nascido, corresponde à formação imediata do valor,
- antes da troca
- e das medidas recíprocas da necessidade.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VI – Trocar;
V. A formação do valor
Michel Foucault
André Lara Resende – em sua presença na mídia com destaque para os vídeos do Canal My News – parece estar propugnando o ‘enfoque’ da busca das “epistémês” básicas depreendido por Arida, de um trabalho de Foucault, em vez do enfoque privilegiado por Arida em seu ensaio:
A história do pensamento econômico como teoria e retórica, segunda versão (1984)
Há nesse ensaio de Arida duas referências a Foucault:
- uma no item II.5 – A crítica ao modelo soft science;
- e outra no item IV. – Conclusões.
Na primeira referência Arida atribui a Foucault a descoberta da existência de duas epistémês em nossa cultura, delimitando essa descoberta ao campo da economia clássica. Diz o ensaio:
“Graças a Foucault, sabemos hoje bem
como a epistémê que governa o pensamento da economia clássica,
centrada no conceito de riqueza,
se diferencia da epistémê moderna
e, no entanto, continua-se a ler os textos de economia política clássica
como se estes se movessem dentro do nosso universo intelectual.”
(A história do pensamento econômico como teoria e prática;
tópico II.5 A crítica ao modelo soft science)
E no final do ensaio,
“Pode-se seguir Foucault e buscar as “epistémês” básicas;
pode-se pensá-la de um modo estruturalista; etc.
O enfoque aqui propugnado, todavia,
tem privilégio sobre os demais enfoques.”
(A história do pensamento econômico como teoria e prática;
tópico IV. Conclusões
A primazia dada por Arida ao enfoque por ele propugnado no ensaio, em detrimento da análise das epistémês do pensamento clássico e do moderno, fere a hierarquia natural das coisas porque os perfis de características com as quais o pensamento pode ser configurado, – ou as condições de possibilidade do pensamento que identificam cada epistémê – dados pelas características das duas epistémês a clássica e a moderna -, vem antes de todo e qualquer conhecimento possível já que o conhecimento é construído com o pensamento previamente configurado com um pensamento com características consistentes com um dos perfis.
E o ensaio de Arida opta assim, por deixar de explorar a descontinuidade epistemológica evidenciada pela ‘descoberta’ dessas duas epistémês descritas por Foucault – esta, provavelmente uma referência de Arida ao ‘As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas’, obra em que é desenvolvido o estudo em estilo de arqueologia, com muitos detalhes sobre as diferentes condições de possibilidade do pensamento em cada período histórico, coisa que muito provavelmente alteraria a inserção da história do pensamento econômico na teoria e retórica em nossa cultura, o tema do ensaio.
Essa decisão de não explorar as diferenças entre essas duas epistémês arrasta inevitavelmente o discurso de Arida para a epistémê que ele próprio, por default, traz impressa em sua mente – a do pensamento clássico.
Isso fica visível no texto do ensaio pela escolha de dois ‘modelos’, o hard science e o soft science.
Vistos mais de perto esses rótulos nada têm a ver com qualquer característica do pensamento como teoria e retórica especificamente em qualquer teoria, modelo ou sistema, porque traçam somente linhas divisórias temporais e arbitrárias que certamente englobam espécimes de específicas teorias e retóricas produzidas pelo pensamento configurado sob as duas epistémês (na falta de distinção entre epistémês).
Em vez de modelos de algum objeto do pensamento, os rótulos hard science e soft science correspondem a duas ordens arbitrárias distintas, no feitio de Quadros de simultaneidades ou Sistemas de categorias, no pensamento clássico. E a operação de pensamento que se propõe funciona com propriedades não-originais e não-constitutivas ou ‘aparências’, decorre da adoção dessas ordens diferentes e segue a estrutura clássica de pensamento.
Por outro lado, é bem evidente nos áudios de Lara Resende a sua proposição de que uma nova epistémê seja adotada para a economia de hoje: ele fala da economia como uma ciência humana (!) o que já coloca o pensamento no campo da modernidade; ele fala em inversão de modelos, em mudança de paradigmas; mas principalmente ele fala sobre operações que exigem a inclusão de entidades ou elementos de imagem que não cabem nos modelos clássicos.
Exemplo:
- a Agência de investimentos públicos.
- Sob cada investimento está um objeto que justifica o investimento, – uma coisa a ser obtida (uma linha férrea, um porto, um sistema público de saúde);
- e o empresário, sujeito das operações de obtenção desse objeto e responsável pela sua concretização.
Quando os detalhes das operações prognosticadas por André forem explicitados, o modelo será organizado pelo par sujeito-objeto. E sua estrutura de conceitos abandonará a configuração de pensamento clássico e entrará no pensamento moderno. Exigindo a diferenciação que não foi realizada no ensaio de Arida.

“- Mas é preciso discernir.”
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. 9- O homem e seus duplos;
tópico II. O lugar do rei
Partindo das pedras de tropeço de Michel Foucault em seu trabalho no ‘As palavras e as coisas:
- o espectro de modelos com três segmentos, em função da possibilidade ou não de fundar as sínteses na representação e de abrir ou não o campo transcendental da subjetividade e constituir – para além do objeto – os quase transcendentais Vida, Trabalho e Linguagem
- o homem em sua duplicidade de papéis, em posições operacionais na estrutura dos modelos de operações no pensamento moderno, o de depois de 1825
modelos de operações – de pensamento, de ensino, de produção, etc. – em função do perfil do pensamento.
Perfil de características do pensamento na época clássica, antes de 1775:
- referencial:
- Ordem pela ordem;
- Princípios organizadores:
- Caráter e similitude;
- Métodos:
- Identidade e semelhança
- modelos de operações sem espaço em suas estruturas para as noções de sujeito e de objeto das operações;
Perfil de características do pensamento na modernidade, depois de 1825:
- referencial:
- Utopia do impensado;
- Princípios organizadores:
- Analogia e Sucessão;
- Métodos:
- Análise e Síntese
- modelos de operações com espaço em suas estruturas para as noções de sujeito e de objeto das operações, apresentando essas ideias em elementos de imagem em posições operacionais na estrutura dos modelos de operações.
- fundamento de toda a empiricidade;
- elemento do que é empírico.
modelos sob o pensamento clássico, o de antes de 1775, pertencentes ao espectro de modelos AQUÉM do objeto
modelos sob o pensamento moderno, o de depois de 1825, pertencentes ao espectro de modelos DIANTE do objeto
Modelos no campo das ciências humanas, projetados com o modelo constituinte padrão e genérico composto por uma combinação dos pares constituintes das ciências:
- da Vida(Biologia)
- [função-norma];
- Trabalho (Economia)
- [conflito-regra];
- Linguagem (Filologia)
- [significação-sistema]
- unanimidade pelo uso:
- Processo,
- Mercado,
- Riquezas;
- unanimidade pelo não uso:
- Forma de produção,
- Lugar de nascimento do que é empírico,
- Análise da produção
1
Entre que coisas discernir, e com quais critério?
As duas pedras de tropeço no caminho de Michel Foucault no seu ensaio em estilo de arqueologia sobre as condições de possibilidade do pensamento em cada período histórico em nossa cultura.
Foucault refere-se a dois percalços:
- uma impossibilidade;
- de fundar as sínteses da empiricidade objeto das operações, no espaço da representação;
- e uma obrigação de uma abertura e de uma constituição;
- abertura do campo transcendental da subjetividade;
- e a constituição – para ALÉM do objeto –
dos “quase-transcendentais Vida, Trabalho e Linguagem
- uma impossibilidade;
“Eis que nos adiantamos
bem para além do acontecimento histórico que se impunha situar
– bem para além das margens cronológicas
dessa ruptura
que divide, em sua profundidade,
a epistémê do mundo ocidental
e isola para nós o começo de certa maneira moderna
de conhecer as empiricidades.”
É que o pensamento que nos é contemporâneo
e com o qual, queiramos ou não, pensamos,
se acha ainda muito dominado”
a primeira dificuldade
discernir sobre
- a impossibilidade
- ou a possibilidade
de fundar as sínteses da empiricidade objeto das operações, no espaço da representação, com modelos de operações e respectivas estruturas – disponiveis
- “pela impossibilidade,
trazida à luz por volta do fim
do século XVIII,
- de fundar as sínteses [da empiricidade objeto do pensamento] no espaço da representação”
(obs.1 – operação do pensamento tendo diante de si o objeto)
discernir entre cumprimento, ou não,
da obrigação de abrir o campo transcendental da subjetividade e de constituir – para além do objeto –
os “quase-transcendentais” Vida, Trabalho e Linguagem
- “e pela obrigação
correlativa, simultânea, mas logo
dividida contra si mesma,
- de abrir o campo transcendental da subjetividade
e de constituir inversamente, para além do objeto,
esses “quase-transcendentais” que são para nós
a Vida, o Trabalho, a Linguagem.”
- de abrir o campo transcendental da subjetividade
(obs. 2 – operação do pensamento que transcorre no interior do espaço próprio das Ciências humanas, para além do objeto)
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. 8 – Trabalho, Vida e Linguagem;
tópico I – As novas empiricidades
o espectro de modelos com três segmentos, em função da possibilidade ou não de fundar as sínteses na representação e abri ou não o campo transcendental da subjetividade e constituir – para além do objeto – os quase transcendentais Vida, Trabalho e Linguagem

A descontinuidade epistemológica ocorrida entre os anos de 1775 1825 o evento fundador da nossa modernidade no pensamento
“E foi realmente necessário um acontecimento fundamental – um dos mais radicais, sem dúvida, que ocorreram na cultura ocidental, para que se desfizesse a positividade do saber clássico, e se constituísse uma positividade de que, por certo, não saímos inteiramente.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. 7 – Os limites da representação;
tópico I. A idade da história
Principios organizadores do pensamento depois da descontinuidade epistemológica
“De sorte que se veem surgir,
como princípios organizadores
desse espaço de empiricidades,a Analogia e a Sucessão:
de uma organização a outra,
o liame, com efeito, não pode mais ser
a identidade de um
ou de vários elementos,
mas a identidade
da relação entre os elementos
(onde a visibilidade não tem mais papel)
e a função que asseguram; .”
ademais, se porventura essas organizações se avizinham por efeito de uma densidade singularmente grande de analogias, não é porque ocupem localizações próximas num espaço de classificação, mas sim porque foram formadas uma ao mesmo tempo que a outra e uma logo após a outra no devir das sucessões.
Enquanto, no pensamento clássico, a sequência das cronologias não fazia mais que percorrer o espaço prévio e mais fundamental de um quadro que de antemão apresentava todas as suas possibilidades, doravante as semelhanças contemporâneas e observáveis simultaneamente no espaço não serão mais que as formas depositadas e fixadas de uma sucessão que procede de analogia em analogia.
A ordem clássica distribuía num espaço permanente as identidades e as diferenças não-quantitativas que separavam e uniam as coisas:
era essa a ordem que reinava soberanamente, mas a cada vez segundo formas e leis ligeiramente diferentes, sobre o discurso dos homens, o quadro dos seres naturais e a troca das riquezas.
A partir do século XIX, a História vai desenrolar numa série temporal as analogias que aproximam umas das outras as organizações distintas.
É essa História que, progressivamente, imporá suas leis
- à análise da produção,
- à dos seres organizados, enfim,
- à dos grupos linguísticos.
A História dá lugar às organizações analógicas, assim como a Ordem abria o caminho das identidades e das diferenças sucessivas.
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. 7 – Os limites da representação;
tópico I. A idade da história
A forma de reflexão que se instaura em nossa cultura depois desse evento, e em razão desses princípios organizadores do pensamento
“Instaura-se uma forma de reflexão, bastante afastada do cartesianismo
e da análise kantiana,
em que está em questão,
pela primeira vez,
o ser do homem,
nessa dimensão segundo a qual o pensamento se dirige ao impensado,
e com ele se articula.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Cap 9 – O homem e seus duplos;
tópico V – O “cogito” e o impensado
o espaço interior do Triedro dos saberes: o habitat das ciências humanas, uma vez cumprida a obrigação de abrir o campo transcendental da subjetividade e de constituir,
– para além do objeto – os “quase-transcendentais” Vida, Trabalho e Linguagem
Na análise em estilo de arqueologia – condições de possibilidade do pensamento em cada período histórico – feita por Michel Foucault no ‘As palavras e as coisas’ todas as ciências humanas têm um modelo constituinte comum:
- Vida (Biologia)
- par constituinte [função-norma];
- Trabalho (Economia)
- par constituinte [conflito-regra];
- Linguagem (Filologia)
- par constituinte [Significação-sistema]
“Assim, estes três pares,
- função e norma,
- conflito e regra,
- significação e sistema,
cobrem, por completo, o domínio inteiro do conhecimento do homem.”
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. 10 – As ciências humanas;
tópico III – Os três modelos
Tratamento dado ao homem nas estruturas dos modelos de operações encontrados em teorias, modelos e sistemas existentes
discernir entre diferentes modos de tratamento dado ao homem, e do objeto das operações cuja síntese foi fundada no espaço da representação, em teorias, modelos e sistemas existentes
O modo de ser do homem, tal como
se constituiu no pensamento moderno, permite-lhe desempenhar dois papéis:
está, ao mesmo tempo,
- no fundamento de todas as positividades,
- presente, de uma forma que não se pode sequer dizer privilegiada,
no elemento das coisas empíricas.Esse fato
– e não se trata aí da essência em geral do homem, mas pura e simplesmente desse a priori histórico que, desde o século XIX, serve de solo quase evidente ao nosso pensamento
– esse fato é, sem dúvida,
decisivo para o estatuto a ser dado às “ciências humanas”, a esse corpo de conhecimentos (mas mesmo esta palavra é talvez demasiado forte: digamos, para sermos mais neutros ainda, a esse conjunto de discursos) que toma por objeto o homem no que ele tem de empírico.
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. 10 – As ciências humanas;
tópico I. O triedro dos saberes
A figura acima dá acesso a uma animação que mostra a ideia homem tal como descrita por Foucault no excerto ao lado, representada com elementos de imagem distintos, um para cada papel, e em posições operacionais no modelo de operações.
A falta de consciência epistemológica do homem na epistémê do pensamento clássico, o de antes de 1775 e da descontinuidade epistemológica.
“Certamente poder-se-ia dizer que
a gramática geral,
a história natural,
a análise das riquezas
eram, num certo sentido,
maneiras de
reconhecer o homem,
mas é preciso discernir.
Sem dúvida,
as ciências naturais
trataram do homem como
• de uma espécie
• ou de um gênero:
a discussão sobre o problema das raças,
no século XVIII, o testemunha.
A gramática e a economia, por outro lado,
utilizavam noções como as de necessidade, de desejo,
ou de memória e de imaginação.
Mas não havia consciência epistemológica
do homem como tal.
A epistémê clássica se articula segundo linhas que
de modo algum isolam o domínio próprio e específico do homem.”
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. 9- O homem e seus duplos;
tópico II. O lugar do rei
As duas configurações da linguagem (e das operações) em função da origem interna ou externa do valor atribuído à proposição e por ela levado à representação
discernir entre diferentes configurações da linguagem em função da inserção do ponto de início da leitura do fenômeno ‘operações’ e consequentemente origem interna ou externa do valor atribuído à proposição, e através desta, à representação.
mapa com as alternativas de inserção dos pontos de início de leitura de uma operação, e correspondentes origens do valor atribuído à proposição e por ela à representação.

As duas alternativas de inserção do ponto de início de leitura do fenômeno ‘operação’ e consequentemente as duas alternativas de origem – interna ou externa – do valor atribuído à proposição e por meio dela, à representação:
- pontos amarelos marcados ‘1’ e ‘2’: inserção do ponto de início de leitura no cruzamento entre o que é dado e o que é recebido na operação de troca, e portanto, com a disponibilidade de ambos os objetos.
- ponto vermelho ‘1’: inserção do ponto de in~icio de leitura do fenômeno ‘operação’ antes da disponibilidade do objeto que será futuramente oferecido a uma operação de troca
o que não muda entre as duas possibilidades de inserção do ponto de início de leitura de uma operação.
a proposição
como veículo portador de valor
A proposição é para a linguagem
o que a representação é
para o pensamento:
sua forma, ao mesmo tempo
mais geral e mais elementar,
porquanto, desde que a decomponhamos, não reencontraremos mais o discurso,
mas seus elementos
como tantos materiais dispersos.
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo IV – Falar;
tópico III – Teoria do verbo
Michel Foucault
a representação:
como o destino final do valor atribuído
(…) Em outras palavras,
para que, numa troca,
uma coisa possa representar outra,
é preciso que elas existam
já carregadas de valor;
e, contudo,
o valor só existe
no interior da representação
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VI – Trocar;
V. A formação do valor
Michel Foucault
o que sim muda entre as duas possibilidades de inserção do ponto de início de leitura de uma operação.
o que sim, muda é a origem – interna ou externa à linguagem –
do valor atribuído à proposição e por ela carregado para a representação
o destino final do valor atribuído à proposição, a representação, pode ser
- representação já existente, a operação de construção da representação já foi realizada, o objeto já está disponível para uma troca,
(e a operação de troca imediata é possível)
- ou representação possível, pode ser construída, e o que a operação investiga é a permutabilidade futura do objeto
(a operação de troca imediata não é possível)
Sobre isso, a explicação de Michel Foucault no livro ‘As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Cap. 6 – Trocar; tópico V. A formação do valor, é a seguinte
“Valer, para o pensamento clássico,
é primeiramente valer alguma coisa,
poder substituir essa coisa num processo de troca.
A moeda só foi inventada,
os preços só foram fixados e só se modificam
na medida em que essa troca existe.
Ora, a troca é um fenômeno simples
apenas na aparência.
Com efeito, só se troca numa permuta,
quando cada um dos dois parceiros
reconhece um valor
para aquilo que o outro possui.
Num sentido, é preciso, pois,
que as coisas permutáveis,
com seu valor próprio,
existam antecipadamente nas mãos de cada um,
para que a dupla cessão e a dupla aquisição
finalmente se produzam.
Mas, por outro lado,
- o que cada um come e bebe,
aquilo de que precisa para viver
não tem valor
enquanto não o cede; - e aquilo de que não tem necessidade
é igualmente desprovido de valor
enquanto não for usado
para adquirir alguma coisa de que necessite.
Em outras palavras,
para que, numa troca,
uma coisa possa representar outra,
é preciso que elas existam
já carregadas de valor;
e, contudo,
o valor só existe
no interior da representação
- (atual [troca imediata]
- ou possível [permutabilidade]),
isto é,
- no interior da troca
[representação existente] - ou da permutabilidade
[representação possível].
as duas opções de inserção do ponto de início de leitura das operações e respectivas origens de valor aribuído à proposição e à representação.
… e prossegue Michel Foucault, indo diretamente ao ponto:
“Daí duas possibilidades simultâneas de leitura:
- leitura já dadas as condições de troca;
- leitura investiga a permutabilidade, isto é a criação de condições de possibilidade da troca
1 uma analisa o valor
no ato mesmo da troca,
no ponto de cruzamento
entre o dado e o recebido;
- A primeira dessas duas leituras corresponde a uma análise que coloca e encerra
toda a essência da linguagem
no interior da proposição;
no primeiro caso, com efeito, a linguagem encontra seu lugar de possibilidade numa atribuição assegurada pelo verbo – isto é, por esse elemento da linguagem em recuo relativamente a todas as palavras mas que as reporta umas às outras; o verbo, tornando possíveis todas as palavras da linguagem a partir de seu liame proposicional, corresponde à troca que funda, como um ato mais primitivo que os outros, o valor das coisas trocadas e o preço pelo qual são cedidas;
2 outra analisa-o
como anterior à troca
e como condição primeira
para que esta possa ocorrer.
- a outra, a uma análise que descobre essa mesma essência da linguagem do lado das
- designações primitivas
- linguagem de ação ou raiz;
[no segundo caso] a outra forma de análise,
a linguagem está enraizada
fora de si mesma e como que
- na natureza, ou nas
- analogias das coisas;
a raiz, o primeiro grito que dera nascimento às palavras antes mesmo que a linguagem tivesse nascido, corresponde à formação imediata do valor,
- antes da troca
- e das medidas recíprocas da necessidade.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VI – Trocar;
V. A formação do valor
Michel Foucault
2
Efeitos do alinhamento filosófico na arquitetura dos modelos
Modelos de operações – de pensamento, de ensino, de produção, etc. –
em função do perfil do pensamento.
pensamento clássico
perfil de características de modelos sob o pensamento clássico, o de antes de 1775,
modelos com estruturas de conceitos clássica, ou com perfil de características do pensamento clássico, de antes de 1775.
- todos têm como elemento central Processo;
- todos não têm espaço na estrutura de operações para a ideia ‘homem’,
- e também não têm espaço estrutural para a ideia ‘objeto’
- operações transcorrem no interior do domínio do Discurso e da Representação.
- formulação das operações é reversível;
- o tempo nas operações de instanciamento é do tipo calendário e é reversível no sentido de que com a inserção calendário de um evento é possível calcular a inserção calendário do outro.
modelo de operações sob o pensamento clássico, o de antes de 1775, pertencente ao espectro de modelos AQUÉM do objeto
“No pensamento clássico,
aquele para quem a representação existe,
e que nela se representa a si mesmo,
aí se reconhecendo por imagem ou reflexo,
aquele que trama todos os fios entrecruzados
da ‘representação em quadro’
-, esse [o homem]
jamais se encontra lá presente.”
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. 9- O homem e seus duplos;
tópico II. O lugar do rei
pensamento moderno
perfil de características de modelos sob o pensamento moderno, o de depois de 1825
modelos com estruturas de conceitos moderna, ou com perfil de características do pensamento moderno, “essa nossa maneira moderna de conhecer empiricidades”, de depois de 1825.
- todos têm como elemento central Forma de produção em vez de Processo;
- todos sim, têm espaço na estrutura de operações para a ideia ‘homem’ como sujeito das operações,
- e também sim, têm espaço estrutural para a ideia ‘objeto‘ na posição de atributo do predicado do sujeito;
- operações transcorrem no interior de dois domínios:
- o domínio do Pensamento e da Língua;
- o domínio do Discurso e da Representação.
- a operação de Construção de representação nova ocorre no interior do Lugar de Nascimento do que é Empírico;
- formulação das operações é irreversível;
- o tempo nas operações de instanciamento é do tipo absoluto ou tempo não relativo no sentido de que com a inserção calendário de um evento não é possível calcular a inserção calendário do outro.
modelo de operações sob o pensamento moderno, pertencente ao espectro de modelos DIANTE do objeto
Antes do fim do século XVIII,
o homem não existia.
Não mais que
a potência da vida, [História natural]a fecundidade do trabalho [Análise das riquezas]
ou a espessura histórica da linguagem [Gramática geral].
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. 9- O homem e seus duplos;
tópico II. O lugar do rei
o homem em sua duplicidade de papéis, em posições operacionais no modelo de operações no pensamento moderno
O modo de ser do homem,
tal como se constituiu no pensamento moderno,
permite-lhe desempenhar dois papéis:
está, ao mesmo tempo,
⇒ no fundamento de todas as positividades,
presente, de uma forma que não se pode sequer dizer privilegiada,
⇒ no elemento das coisas empíricas.
Esse fato
– e não se trata aí da essência em geral do homem,
mas pura e simplesmente desse a priori histórico que,
desde o século XIX,
serve de solo quase evidente
ao nosso pensamento –
esse fato é, sem dúvida, decisivo
para o estatuto a ser dado às “ciências humanas”,
a esse corpo de conhecimentos
(mas mesmo esta palavra é talvez demasiado forte:
digamos, para sermos mais neutros ainda,
a esse conjunto de discursos)
que toma por objeto o homem no que ele tem de empírico.
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. 10- As ciências humanas;
tópico I. O triedro dos saberes
exemplos de modelos de operações sob o pensamento clássico, o de antes de 1775, pertencentes ao espectro de modelos AQUÉM do objeto
exemplos de modelos sob o pensamento moderno, o de depois de 1825, pertencentes ao espectro DIANTE do objeto
Modelo descritivo da produção do Kanban, encontrado no artigo
‘A comparison of Kanban and MRP concepts for the control of repetitive manufacturing systems’ de James W. Rice da Western Kentucky University e Takeo Yoshikawa da Yokohama National University.’
O modelo é organizado pelo par sujeito-objeto.
- Cada área de produção tem como responsável o homem em posição operacional e como sujeito da operação que ali ocorre;
- e os elementos componentes X, Y e W são o propósito da produção de cada área, e são o resultado da ação
- dos princípios organizadores Analogia e Sucessão
- com os métodos Análise e Síntese
A figura ao lado carrega uma animação que faz a relação desse Modelo descritivo da produção do Kanban com o modelo de operações no caminho da Construção da representação sob o pensamento moderno.
Esse modelo do Kanban e o proposto neste trabalho são consistentes com o Princípio Dual de Trabalho de David Ricardo.
Essa Figura 7.1 – Mapa de processos da atividade semicondutores da Texas Instruments guarda uma surpresa.
Enquanto a figura como um todo exceto o retângulo inferior assinalado está relacionada aos aludidos semicondutores – o objeto das operações modeladas, o retângulo assinalado refere-se a objeto distinto, a fábrica capaz de produzir semicondutores.
Textualmente o livro Reengenharia diz o seguinte à página 98 da minha edição 1994, Editora Campus Ltda.:
“O processo de desenvolvimento de capacidade de fabricação toma uma estratégia como entrada e produz uma fábrica como saída.”
Vê-se desse excerto algumas coisas:
- Hammer não consegue se desvencilhar da estrutura do sistema Input-Output;
- o elemento central de operações para ele continua sendo ‘Processo”;
- o hábito de pensar de modo não discriminativo com relação ao objeto e seus elementos componentes faz com que ele continue tratando de ‘processos’ relacionados a objetos completamente distintos.
- primeiro objeto: semicondutores;
- segundo objeto: o instrumento (fábrica) capaz de instanciar esse objeto semicondutores desde que projetados (com representação anteriormente construída).
Dado que o objeto fábrica para que possa ser obtido, passa pelas mesmas etapas do objeto semicondutores, segue-se que a Figura 7.1 Mapa da atividade semicondutores da Texas Instruments pode ser simetrizada em termos de ‘processos’, ou melhor, operações cada qual com a sua Forma de produção como elemento central.
E essa simetrização permite individualizar o Nexo da produção.
A animação ao lado relaciona
- o modelo da Reengenharia, encontrado no livro
‘Reengenharia: revolucionando a empresa em função dos clientes, da concorrência e das grandes mudanças da gerência’ de Michael Hammer, tal como está na figura 7.1 Mapa de processos da atividade de semicondutoes da Texas Instruments; - com o modelo de operações proposto neste trabalho a partir de pensamento de Michel Foucault.
Vê-se que Hammer – quando escreveu o Reengenharia – não havia se livrado dos conceitos clássicos de ‘processo’ e de atividade, elementos centrais no pensamento clássico, mesmo que tivesse diante de si um modelo com outra estrutura de conceitos.
3
Efeito na arquitetura dos modelos da organização e de operações, quando organizados pelo par sujeito-objeto
A Visão SSS – Simétrica, Simbiótica e Sinérgica: modelagem de organização e operações tendo como elemento organizador o par sujeito-objeto
A visão SSS – Simétrica, Simbiótica e Sinérgica modela a organização levando em conta:
- o objeto esperado pelo cliente (produto);
- projetado e desenvolvido;
- o Nexo da produção
- e o objeto esperado pelo acionista.
Modelagem a um só tempo, da organização e operações necessárias para:
- a obtenção do objeto;
- o instrumento necessário para instanciamento do objeto
O modelo constituinte composto das ciências humanas
O modelo constituinte das ciências humanas é uma composição dos pares de modelos constituintes das ciências da Vida, do Trabalho e da Linguagem.
Na análise em estilo de arqueologia – condições de possibilidade do pensamento em cada período histórico – feita por Michel Foucault no ‘As palavras e as coisas’ todas as ciências humanas têm um modelo constituinte comum:
- Vida (Biologia)
- par constituinte [função-norma];
- Trabalho (Economia)
- par constituinte [conflito-regra];
- Linguagem (Filologia)
- par constituinte [Significação-sistema]
“Assim, estes três pares,
- função e norma,
- conflito e regra,
- significação e sistema,
cobrem, por completo, o domínio inteiro do conhecimento do homem.”
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. 10 – As ciências humanas;
tópico III – Os três modelos

padrão e genérico das ciências humanas
Unanimidades seja pelo uso ou pelo não uso,
de determinados conceitos
Unanimidades pelo sim uso:
- Processo,
- Mercado,
- Riquezas;
O tipo do verbo ‘Processo”,
no pensamento de Michel Foucault
“A única coisa que o verbo afirma é a coexistência de duas representações: por exemplo a do verde e da árvore; a do homem e da existência ou da morte; é por isso que o tempo dos verbos não indica aquele em que as coisas aconteceram no absoluto, mas um sistema relativo de anterioridade ou de simultaneidade das coisas entre si.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas.
Cap. 4 – Falar;
tópico III. A teoria do verbo
Unanimidades pelo não uso:
- Forma de produção,
- Lugar de nascimento do que é empírico,
- Análise da produção
O tipo do verbo “Forma de produção”
no pensamento de Michel Foucault
“É preciso, portanto, tratar esse verbo como um ser misto, ao mesmo tempo palavra entre palavras, preso às mesmas regras, obedecendo como elas às leis de regência e de concordância; e depois, em recuo em relação a elas todas, numa região que não é aquela do falado mas aquela donde se fala. Ele está na orla do discurso, na juntura entre aquilo que é dito e aquilo que se diz, exatamente lá onde os signos estão em via de se tornar linguagem.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas.
Cap. 4 – Falar;
tópico III. A teoria do verbo
Reflexão sobre os fundamentos autorais de teorias, modelos e sistemas
A descontinuidade epistemológica ocorrida em nossa cultura entre os anos de 1775 e 1825, os cinquenta anos centrados na virada dos séculos XVIII para o XIX.
- todos os pais do liberalismo clássico viveram e produziram no período clássico
- pais do liberalismo clássico em relação à descontinuidade epistemológica de 1775-1825
Personalidades autorais na descontinuidade epistemológica
pensadores clássicos
antes de 1825
pensadores modernos
depois de 1825
1723-1790
Adam Smith, que publicou em 1776 o Riqueza das Nações – “An inquiry into the nature and causes of the wealth of nations”
1772-1823
David Ricardo, que publicou em 1817 o “Principles of Political Economy and Taxation”
1724-1804
Immanuel Kant
1883-1936
John Maynard Keynes
1632-1704
John Locke
1856-1939
Sigmund Freud
1711-1776
David Hume
1712-1778
Jean Jacques Rousseau
1718-1832
Jeremy Benthan
Sumário Parte I – Reflexões imaginativas: alguns pontos no caminho para identificar condições de possibilidade no pensamento de teorias, modelos e sistemas, usando o pensamento principalmente de Michel Foucault.
“O poeta
faz chegar a similitude até os signos
que a dizem,
o louco
carrega todos os signos com uma semelhança
que acaba por apagá-los
Dom Quixote é a primeira das obras modernas,
- pois que aí se vê a razão cruel das identidades e das diferenças desdenhar infinitamente dos signos e das similitudes:
- pois que aí a linguagem rompe seu velho parentesco com as coisas, para entrar nessa soberania solitária donde só reaparecerá, em seu ser absoluto, tornada literatura;
- pois que aí a semelhança entra numa idade que é, para ela, a da desrazão e da imaginação.
Uma vez desligados a similitude e os signos,
- duas experiências podem se constituir
- e duas personagens aparecer face a face.
O louco,
- entendido não como doente,
- mas como desvio constituído e mantido, como função cultural indispensável,
tornou-se, na experiência ocidental, o homem das semelhanças selvagens.
Essa personagem, tal como é bosquejada nos romances ou no teatro da época barroca e tal como se institucionalizou pouco a pouco até a psiquiatria do século XIX, é aquela que se alienou na analogia.
É o jogador desregrado do Mesmo e do Outro.
Toma as coisas pelo que não são e as pessoas umas pelas outras; ignora seus amigos, reconhece os estranhos; crê desmascarar e impõe uma máscara. Inverte todos os valores e todas as proporções, porque acredita, a cada instante, decifrar signos: para ela, os ouropéis fazem um rei.
Segundo a percepção cultural que se teve do louco até o fim do século XVIII, ele só é o Diferente na medida em que não conhece a Diferença; por toda a parte vê semelhanças e sinais da semelhança; todos os signos para ele se assemelham e todas as semelhanças valem como signos.
Na outra extremidade do espaço cultural, mas totalmente próximo por sua simetria,
o poeta
- é aquele que, por sob as diferenças nomeadas e cotidianamente previstas, reencontra os parentescos subterrâneos das coisas, suas similitudes dispersadas.
- Sob os signos estabelecidos e apesar deles, ouve um outro discurso, mais profundo, que lembra o tempo em que as palavras cintilavam na semelhança universal das coisas: a Soberania do Mesmo, tão difícil de enunciar, apaga na sua linhagem a distinção dos signos.
Daí sem dúvida, na cultura ocidental moderna, o face-a-face da poesia e da loucura.
Mas já não se trata do velho tema platônico do delírio inspirado.
Trata-se da marca de uma nova experiência da linguagem e das coisas.
Às margens de um saber que separa os seres, os signos e as similitudes, e como que para limitar seu poder, o louco garante a função do homossemantismo: reúne todos os signos e os preenche com uma semelhança que não cessa de proliferar.
O poeta garante a função inversa; sustenta o papel alegórico; sob a linguagem dos signos e sob o jogo de suas distinções bem determinadas, põe-se à escuta de “outra linguagem”, aquela, sem palavras nem discursos, da semelhança.
O poeta faz chegar a similitude até os signos que a dizem,
o louco carrega todos os signos com uma semelhança que acaba por apagá-los.
Assim, na orla exterior da nossa cultura e na proximidade maior de suas divisões essenciais, estão ambos nessa situação de “limite” – postura marginal e silhueta profundamente arcaica – onde suas palavras encontram incessantemente seu poder de estranheza e o recurso de sua contestação.
Entre eles abriu-se o espaço de um saber onde, por uma ruptura essencial no mundo ocidental,
- a questão não será mais a das similitudes,
- mas a das identidades e das diferenças.
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. 3 – Representar;
tópico I. Dom Quixote
de Michel Foucault
Influências e inspirações
1 a influência de Vilém Flusser no livro ‘Filosofia da caixa preta’:
uso das funções reversíveis Imaginação e Conceituação para navegar, ida e volta, entre
textos ↔ imagens ↔ e ocorrências espacio-temporais;
e ainda, não menos importante
- as imagens tradicionais, as imagens técnicas, as classes de abstrações que usamos cotidianamente;

1920-1991
2 as sugestões de Humberto Maturana nos livros: Cognição, Ciência e Vida cotidiana; Emoções e Linguagem na Educação e na Política; ‘De máquinas e de seres vivos’:
objeções e propostas de mudança feitas por Maturana ao fazer dos pesquisadores em IA do MIT do final dos anos ’50, aceitação de algumas das críticas feitas, e aparentemente, uma alteração de rota;

1928-
3 a influência especialmente muito forte de Michel Foucault no livro ‘As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas’:
a descoberta de duas pedras de tropeço durante seu trabalho nesse livro, a saber:
-
- uma impossibilidade (ainda em nossos dias) de fundar as sínteses no espaço da representação, presente no nosso pensamento cotidiano;
- e uma obrigação de abrir o campo transcendental da subjetividade constituindo, para além do objeto, os quase-transcendentais Vida(Biologia), Trabalho(Economia) e Linguagem(Filologia).

1926-1984
Veja aqui os seguintes pontos:
- O livro ‘As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas’ tal como visto por seu autor, Michel Foucault;
- A história do nascimento do ‘As palavras e as coisas’ contada por Michel Foucault no Prefácio desse livro, associada a imagens;
- O espaço a ser ocupado pelo estudo em estilo de arqueologia realizado no ‘As palavras e as coisas’;
- A descontinuidade epistemológica ocorrida em nossa cultura, posicionada por Michel Foucault entre os anos de 1775 e 1825;
- O que exatamente Foucault via quanto ao que acontecia com as formas de
- A forma de reflexão que se instaura em nossa cultura e os dois perfis de conceitos característicos das duas configurações do pensamento;
- pensamento em nossa cultura e a modos distintos de absorver o mundo;
- O espectro de modelos com três segmentos – AQUÉM, DIANTE e para ALÉM do objeto, traçado a partir dessa visão e da forma de reflexão que se instaura em nossa cultura, por Michel Foucault
- As duas opções alternativas para a visão do fenômeno ‘operações’, com diferentes abrangências, e as respectivas duas origens do valor carregado pelas proposições para as representações; as correspondentes duas configurações de funcionamento da própria linguagem e do pensamento, e os modelos resultantes em cada caso.
- Conceitos homônimos mas com significados diferentes entre o pensamento clássico, o de antes de 1775, e o moderno, o de depois de 1825, segundo Michel Foucault;
- A análise das riquezas: (riquezas: um domínio, solo e objeto da “economia” na idade clássica, segundo Michel Foucault);
Veja esses pontos a seguir:

O livro ‘As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas’, na visão de Michel Foucault
“Ora, esta investigação arqueológica mostrou duas grandes descontinuidades na epistémê da cultura ocidental:
- aquela que inaugura a idade clássica (por volta dos meados do século XVII)
- e aquela que, no início do século XIX, marca o limiar de nossa modernidade.
A ordem,
sobre cujo fundamento pensamos,
não tem o mesmo modo de ser
que a dos clássicos.
Por muito forte que seja a impressão que temos de um movimento quase ininterrupto da ratio européia desde o Renascimento até nossos dias,
- por mais que pensemos que a classificação de Lineu, mais ou menos adaptada, pode de modo geral continuar a ter uma espécie de validade,
- que a teoria do valor de Condillac se encontra em parte no marginalismo do século XIX,
- que Keynes realmente sentiu a afinidade de suas próprias análises com as de Cantillon,
- que o propósito da Gramática geral (tal como o encontramos nos autores de Port-Royal ou em Bauzée) não está tão afastado de nossa atual linguística
– toda esta quase-continuidade ao nível das idéias e dos temas não passa, certamente, de um efeito de superfície; no nível arqueológico, vê-se que o sistema das positividades mudou de maneira maciça na curva dos séculos XVIII e XIX.
Não que a razão tenha feito progressos;
- mas o modo de ser das coisas e da ordem que, distribuindo-as, oferece-as ao saber; é que foi profundamente alterado.
Se a história natural de Tournefort, de Lineu e de Buffon tem relação com alguma coisa que não ela mesma,
- não é com a biologia, a anatomia comparada de Cuvier ou o evolucionismo de Darwin,
- mas com a gramática geral de Bauzée, com a análise da moeda e da riqueza tal como a encontramos em Law, em Véron de Fortbonnais ou em Turgot.
Os conhecimentos chegam talvez a se engendrar; as ideias a se transformar e a agir umas sobre as outras (mas como? até o presente os historiadores não no-lo disseram);
- uma coisa, em todo o caso, é certa:
- a arqueologia,
- dirigindo-se ao espaço geral do sabe!;
- a suas configurações
- e ao modo de ser das coisas que aí aparecem,
- define sistemas de simultaneidade, assim como a série de mutações necessárias e suficientes para circunscrever o limiar de uma positividade nova.
- a arqueologia,
Assim, a análise pôde mostrar a coerência que existiu, durante toda a idade clássica, entre
- a teoria da representação e as
- da linguagem,
- das ordens naturais,
- da riqueza e do valor:
É esta configuração que, a partir do século XIX, muda inteiramente;
- a teoria da representação desaparece como fundamento geral de todas as ordens possíveis;
- a linguagem, por sua vez, como quadro espontâneo e quadriculado primeiro das coisas, como suplemento indispensável entre a representação e os seres, desvanece-se;
- uma historicidade profunda penetra no coração das coisas, isola-as e as define na sua coerência própria.
Impõe-lhes formas de ordem que são implicadas pela continuidade do tempo;
- a análise das trocas e da moeda cede lugar ao estudo da produção,
- a do organismo toma dianteira sobre a pesquisa dos caracteres taxinômicos;
- e, sobretudo, a linguagem perde seu lugar privilegiado e torna-se, por sua vez, uma figura da história coerente com a espessura de seu passado.
Na medida, porém, em que as coisas giram sobre si mesmas,
- reclamando para seu devir não mais que o princípio de sua inteligibilidade
- e abandonando o espaço da representação,
o homem,
por seu turno, entra,
e pela primeira vez,
no campo do saber ocidental.
Estranhamente, o homem – cujo conhecimento passa, a olhos ingênuos, como a mais velha busca desde Sócrates – não é, sem dúvida, nada mais que uma certa brecha na ordem das coisas, uma configuração, em todo o caso, desenhada pela disposição nova que ele assumiu recentemente no saber:
Daí nasceram todas as quimeras dos novos humanismos, todas as facilidades de uma “antropologia “, entendida como reflexão geral, meio positiva, meio filosófica, sobre o homem.
Contudo, é um reconforto e um profundo apaziguamento pensar que
- o homem não passa de uma invenção recente, uma figura que não tem dois séculos, uma simples dobra de nosso saber;
- e que desaparecerá desde que este houver encontrado uma forma nova.”
“Vê-se que esta investigação responde um pouco, como em eco, ao projeto de escrever uma história da loucura na idade clássica; ela tem, em relação ao tempo, as mesmas articulações, tomando como seu ponto de partida o fim do Renascimento e encontrando, também ela, na virada do século XIX; o limiar de uma modernidade de que ainda não saímos.
Enquanto, na história da loucura,
- se interrogava a maneira como uma cultura pode colocar sob uma forma maciça e geral a diferença que a limita,
trata-se aqui
- de observar a maneira como ela experimenta a proximidade das coisas, como ela estabelece o quadro de seus parentescos e a ordem segundo a qual é preciso percorrê-los.
Trata-se, em suma, de uma história da semelhança:
- sob que condições o pensamento clássico pôde refletir, entre as coisas, relações de similaridade ou de equivalência que fundam e justificam as palavras, as classificações, as trocas?
- A partir de qual a priori histórico foi possível definir o grande tabuleiro das identidades distintas que se estabelece sobre o fundo confuso, indefinido, sem fisionomia e como que indiferente, das diferenças?
A história da loucura
seria a história do Outro
– daquilo que, para uma cultura
é ao mesmo tempo
interior e estranho,
a ser portanto excluído
(para conjurar-lhe o perigo interior),
encerrando-o porém
(para reduzir-lhe a alteridade);
a história da ordem das coisas
seria a história do Mesmo
– daquilo que, para uma cultura,
é ao mesmo tempo
disperso e aparentado,
a ser portanto distinguido por marcas
e recolhido em identidades.
E se se pensar que a doença é, ao mesmo tempo,
- a desordem, a perigosa alteridade no corpo humano e até o cerne da vida,
mas também
- um fenômeno da natureza que tem suas regularidades, suas semelhanças e seus tipos –
vê-se que lugar poderia ter uma arqueologia do olhar médico.
Da experiência-limite do Outro às formas constitutivas do saber médico e, destas, à ordem das coisas e ao pensamento do Mesmo, o que se oferece à análise arqueológica
- é todo o saber clássico,
- ou melhor; esse limiar que nos separa do pensamento clássico e constitui nossa modernidade.
Nesse limiar apareceu pela primeira vez esta estranha figura do saber que se chama homem e que abriu um espaço próprio às ciências humanas.
Tentando trazer à luz esse profundo desnível da cultura ocidental, é a nosso solo silencioso e ingenuamente imóvel que restituímos suas rupturas, sua instabilidade, suas falhas; e é ele que se inquieta novamente sob nossos passos.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas
Prefácio
Veja essa história em uma animação abaixo. Esta animação relaciona o texto de Foucault com as estruturas de operações sob as duas configurações do pensamento, a do clássico, de antes de 1775, e a do moderno, depois de 1825.
Provavelmente você vai se sentir mais confortável se antes de ver esta figura, visualizar o funcionamento das operações nesses dois casos.
A história do nascimento do livro
‘As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas’,
de Michel Foucault, contada por ele mesmo no Prefácio
que pode ser vista junto com outras animações mais, nesta página:
Uma história do nascimento do livro ‘As palavras e as coisas,
contada pelo próprio autor no Prefácio
Se quiser ver o funcionamento das operações no pensamento clássico e no moderno (usando os critérios de Foucault para essa identificação, veja a página seguinte:
Essa história está contada por Foucault no Prefácio do ‘As palavras e as coisas’, e está aqui no início desta apresentação pela ideia de sobrepor o texto dessa historinha a uma imagem em que estão representadas as duas estruturas exigidas pelos modelos de operações em dois perfis que podem ser associados às configurações do pensamento nos períodos de antes e de depois de um evento ao qual Foucault dá o status de ‘evento fundador da nossa modernidade’ – uma descontinuidade epistemológica ocorrida entre 1775 e 1825 -, tendo o pensamento clássico, antes de 1775, e o moderno, depois de 1825:
- o texto de Borges, que deu origem ao livro, associado a uma heterotopia e ao pensamento clássico;
- efeitos desse texto sobre as familiaridades do pensamento que tem a nossa idade e a nossa geografia abalando todos os planos e todas as superfícies ordenadas que tornam para nós sensata a profusão dos seres; e fazendo vacilar e inquietando por muito tempo, nossa prática milenar do Mesmo e do Outro;
- associação da Utopia ao pensamento moderno (o impensado organizando as operações)
- o texto da Enciclopédia chinesa uma taxinomia sob o pensamento clássico;
- o limite do nosso pensamento: a impossibilidade de pensar isso.
- Que coisa é impossível pensar? e de que impossibilidade se trata?
- a desordem pior que aquela do incongruente, ou da aproximação daquilo que não convém:
- seria a utilização de um grande número de ordens possíveis na dimensão sem lei nem geometria do heteróclito;
- o consolo das Utopias;
- a inquietação causada pelas heterotopias;
- porque solapam secretamente a linguagem;
- porque impedem de nomear as coisas, porque fracionam os nomes comuns ou os emaranham,
- porque arruínam de antemão a sintaxe
- e não somente a sintaxe que constrói as frases
- também aquela sintaxe, menos manifesta, que autoriza manter juntas, ao lado e em frente umas das outras, as palavras e as coisas.
Este estudo em estilo de arqueologia feito por Michel Foucault no
‘As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas’,
tem como tema:
- não propriamente produções de pensamento formuladas e configuradas,
- e ainda menos, produções do pensamento já em funcionamento – com seus sucessos e insucessos, e submetidas a possíveis desvirtuamentos;
- mas o tema inerente a esse estilo em arqueologia é quais são
- as condições de possibilidade no pensamento nas quais esta ou aquela produção do pensamento – teoria, modelo ou sistema – pode ser formulada.
Enquanto com inventividade e laivos de criatividade conseguimos criar infinidades de formulações sobre um mesmo perfil de condições de possibilidade do pensamento, que acabam muitas vezes sendo combinações lineares de formulações anteriores, mesmo com muita criatividade e toda a inventividade possível os conjuntos determinantes de condições de possibilidade não proliferam do mesmo modo.
A análise, compreensão e utilização
de produções do pensamento
– teorias, modelos e sistemas –
tomadas quando já formuladas e configuradas,
é extremamente (mais) difícil;
e ainda tanto mais o será,
se o conhecimento consciente
das respectivas condições de possibilidade
no pensamento não se verificar.
Essas dificuldades se agravarão
se a produção do pensamento objeto de análise
estiver em pleno uso em um ambiente,
influindo sobre ele – e dele recebendo influências
– que certamente incidirão sobre a análise.
O excerto da Cartilha, o ‘As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas’, – abaixo selecionado descreve o que é esse estudo em estilo de arqueologia realizado por Foucault, e como são as operações no antes e no depois desse evento fundador da nossa modernidade no pensamento, a descontinuidade epistemológica ocorrida entre os anos de 1775 e 1825, descrita por ele.
Você pode ver agora a nossa interpretação do que conseguimos apreender desse texto, ou primeiro ler o texto original e depois ver esta animação:
A idade da história em três tempos:
uma descrição de Foucault, do que seja sua arqueologia das ciências humanas
o que também pode ser visto na página seguinte:
Poderá ser útil ver também o funcionamento das operações
AVISO: tudo o que se segue neste trabalho depende da distinção estabelecida entre os dois modos de ver ‘operações’ correspondentes às duas configurações do pensamento, expressas nas animações acima
a partir do texto de Foucault abaixo.
Diz Foucault:
“A arqueologia, essa,
deve percorrer o acontecimento
segundo sua disposição manifesta;
ela dirá como as configurações próprias a cada positividade se modificaram
(ela analisa por exemplo,
para a gramática, o desaparecimento do papel maior atribuído ao nome
e a importância nova dos sistemas de flexão;ou ainda, a subordinação, no ser vivo, do caráter à função);
ela analisará a alteração dos seres empíricos que povoam as positividades
(a substituição do discurso pelas línguas,
das riquezas pela produção);
estudará o deslocamento das positividades umas em relação às outras
(por exemplo, a relação nova entre a biologia, as ciências da linguagem e a economia);
enfim e sobretudo, mostrará que o espaço geral do saber
não é mais o das identidades e das diferenças, o das ordens não-quantitativas, o de uma caracterização universal, de uma taxinomia geral, de uma máthêsis do não-mensurável,
mas um espaço feito de organizações, isto é,
de relações internas entre elementos, cujo conjunto assegura uma função;
mostrará que essas organizações são descontínuas,
que não formam, pois, um quadro de simultaneidades sem rupturas,
mas que algumas são do mesmo nível
enquanto outras traçam séries ou sequências lineares.
De sorte que se vêem surgir,
como princípios organizadores desse espaço de empiricidades,
a Analogia e a Sucessão:
de uma organização a outra,
o liame, com efeito,
• não pode mais ser
a identidade de um ou vários elementos,
• mas a identidade da relação entre os elementos
(onde a visibilidade não tem mais papel)
e da função que asseguram;
ademais, se porventura essas organizações se avizinham
por efeito de uma densidade
singularmente grande
de analogias,
↓ não é porque ocupem localizações próximas
num espaço de classificação,
↑ mas sim porque foram formadas
uma ao mesmo tempo que a outra
e uma logo após a outra
no devir das sucessões.
Enquanto, no pensamento clássico,
a sequência das cronologias não fazia mais que percorrer o espaço prévio e mais fundamental de um quadro que de antemão apresentava todas as suas possibilidades,
doravante
as semelhanças contemporâneas
e observáveis simultaneamente no espaço
não serão mais que as formas depositadas e fixadas
de uma sucessão que procede
de analogia em analogia.
A ordem clássica distribuía num espaço permanente as identidades e as diferenças não-quantitativas que separavam e uniam as coisas: era essa a ordem que reinava soberanamente, mas a cada vez segundo formas e leis ligeiramente diferentes, sobre o discurso dos homens, o quadro dos seres naturais e a troca das riquezas.
A partir do século XIX,
a História vai desenrolar numa série temporal
as analogias que aproximam umas das outras as organizações distintas.
É essa História que, progressivamente, imporá suas leis
à análise da produção,
à dos seres organizados, enfim,
à dos grupos linguísticos.
A História
dá lugar às organizações analógicas,
assim como a Ordem
abria o caminho
das identidades
e das diferenças sucessivas.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. 7 – Os limites da representação;
tópico I. A idade da história
de Michel Foucault
Veja isto em
ou ainda na seguinte página
Cronologia da descontinuidade epistemológica ocorrida em nossa cultura entre 1775 e 1825
segundo Michel Foucault
De um lado e de outro dessa descontinuidade epistemológica temos:
- antes de 1775 – pensamento clássico ou idade clássica do pensamento, com modelos com a (im)possibilidade de fundar as sínteses da empiricidade objeto da operação, no espaço da representação;
- depois de 1825 – pensamento moderno ou a nossa modernidade no pensamento, com modelos com a possibilidade de fundar as sínteses da empiricidade objeto da operação, no espaço da representação.
Note que Adam Smith e David Ricardo estão posicionados em lados opostos com relação à fase de ruptura desse evento ao qual Foucault dá o status de evento fundador da nossa modernidade no pensamento.
Note ainda que todos os autores que formam a base do liberalismo clássico também estão posicionados por Foucault antes desse evento, em plena idade clássica.
Michel Foucault vê o pensamento que nos é contemporâneo – e com o qual queiramos ou não pensamos – muito dominado por: e aparentemente ele imputa a esse domínio do nosso pensamento por essas questões, o tempo e dificuldades em acréscimo que precisou enfrentar em seu trabalho no ‘As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas’. Veja o que ele diz, o mesmo texto colocado em duas animações e no excerto abaixo em seu original, que têm a finalidade de reunir as ideias em elementos de imagem que compõem duas estruturas diferentes, nos dois lados de uma mesma imagem: As palavras e as coisas:
Impossibilidade X Possibilidade
de fundar as sínteses (da empiricidade objeto)
no espaço da representaçãoA obrigação cumprida:
os quase-transcendentais
Vida, Trabalho e Linguagem constituídos“Eis que nos adiantamos
bem para além do acontecimento histórico que se impunha situar
– bem para além das margens cronológicas
dessa ruptura
que divide, em sua profundidade,
a epistémê do mundo ocidental
e isola para nós o começo
de certa maneira moderna de conhecer as empiricidades. É que o pensamento que nos é contemporâneo
e com o qual, queiramos ou não, pensamos,
se acha ainda muito dominado pela impossibilidade,
trazida à luz por volta do fim do século XVIII,
de fundar as sínteses
no espaço da representação.e pela obrigação
correlativa, simultânea,
mas logo dividida contra si mesma,
de abrir o campo transcendental
da subjetividade e de constituir, inversamente, para além do objeto,
esses quase-transcendentais que são para nós a Vida, o Trabalho, a Linguagem.
uma arqueologia das ciências humanas (Cartilha);
Capítulo 7 – Trabalho, Vida e Linguagem;
tópico I. As novas empiricidades
de Michel Foucault
as animações acima também podem ser vistas nesta página
Os dois obstáculos, as duas pedras de tropeço, encontrados por Michel Foucault em seu caminho,
com especial destaque para o segundo obstáculo, a saber, o cumprimento da obrigação de abertura do campo transcendental da subjetividade constituindo, para além do objeto, o espaço em que habitam os modelos das ciências humanas.
E o funcionamento das operações tanto no pensamento clássico, o de antes de 1775, como no moderno, depois de 1825, usando o critério de Foucault, pode ser visto na seguinte página:
Em nenhum momento Foucault solicita ao seu leitor que faça um ato de fé no que ele diz.
Foucault argumenta sempre, a partir de dados levantados quanto ao modo de ser do pensamento em uma vasta plêiade de autores contemporâneos às mudanças.
Foucault via no conjunto de teorias, modelos e sistemas em nossa cultura, um espectro de modelos com três segmentos, que decorre dessa visão, e que aponta para o futuro; e que lhe sugeria a necessidade de distinções entre esses diferentes modos de ser do pensamento, e todo o trabalho com a arqueologia feita no ‘As palavras e as coisas’:
Como se vê pelo ponto em que se insere na ‘Cartilha’ essa citação, o capítulo 7 de um trabalho em dez capítulos, quando escreveu esse trecho Foucault já tinha bem adiantado seu trabalho no ‘As palavras e as coisas’; nesse momento ele aponta dois obstáculos, duas pedras de tropeço que precisou enfrentar e que tiveram o poder de dilatar em muito o tempo necessário para fazer esse livro; ele via:
- uma impossibilidade, a de fundar as sínteses [da representação para a empiricidade objeto de cada operação] no espaço da representação;
- e uma obrigação a ser cumprida:
a de abrir o campo transcendental da subjetividade
e de constituir, inversamente, para além do objeto,
os quase-transcendentais Vida, Trabalho e Linguagem
O espectro de modelos com três segmentos: AQUÉM, DIANTE e ALÉM do objeto
O espectro de modelos com três segmentos, que abriga teorias, modelos e sistemas desde o século XVII até o século XXI, usando essa análise de Michel Foucault decorre desse momento intenso de Foucault.

e da constituição, para além do objeto, dos quase-transcendentais Vida, Trabalho e Linguagem
Os segmentos do espectro de modelos compostos com os critérios acima são os seguintes
- AQUÉM do objeto – teorias, modelos e sistemas:
- sem espaço em suas estruturas para o par sujeito-objeto;
- com a impossibilidade
de fundar as sínteses dos objetos das operações no espaço da representação; - sem a abertura do campo transcendental da subjetividade e portanto sem a constituição, para além do objeto, dos quase-transcendentais Vida, Trabalho e Linguagem.
- DIANTE do objeto – teorias, modelos e sistemas
- com espaço em suas estruturas para o par sujeito-objeto;
- sem essa impossibilidade, ou melhor, com a possibilidade,
de fundar as sínteses dos objetos das operações, no espaço da representação; - sem a abertura do campo transcendental da subjetividade e constituídos, para além do objeto, os quase-transcendentais Vida, Trabalho e Linguagem.
- para ALÉM do objeto – teorias, modelos e sistemas:
- com espaço em suas estruturas para o par sujeito-objeto;
- com a possibilidade de fundar as sínteses dos objetos das operações no espaço da representação.
- nos quais foi aberto o campo transcendental da subjetividade e foram constituídos para além do objeto, os “quase-transcendentais Vida, Trabalho e Linguagem:
estes, os modelos no domínio das ciências humanas.
- AQUÉM do objeto – teorias, modelos e sistemas:
A forma de reflexão que se instaura em nossa cultura, após o evento fundador da nossa modernidade, a descontinuidade epistemológica ocorrida entre os anos de 1775 e 1825, segundo Michel Foucault
“Instaura-se uma forma de reflexão,
bastante afastada do cartesianismo
e da análise kantiana,
em que está em questão,
pela primeira vez,
o ser do homem,
nessa dimensão segundo a qual
o pensamento
se dirige ao impensado
e com ele se articula.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas; Cap. 9. O homem e seus duplos; V – O “cogito” e o impensado
Veja também essa Forma de reflexão espelhada no funcionamento das operações, especificamente no segmento DIANTE do objeto e na etapa da Construção da representação.
Nesse excerto da Cartilha, Foucault modela dinamicamente uma proposição que se ajusta a cada etapa da operação, coloca em cada proposição:
- o ser do homem (o sujeito)
- dirigindo-se ao objeto, o impensado, (atributo do predicado do sujeito).
Nota: Nessa forma de reflexão que se instaura, ‘o ser do homem’ não se dirige ao intangível, mas ao impensado! (que pode ser também intangível, sem problemas) Muitas vezes o intangível continua exatamente assim, intangível, mesmo depois que o pensamento tenha dado um jeito no seu aspecto impensado.
Intangível é uma qualidade de algo e não faz parte das propriedades originais e constitutivas desse algo.
Essa forma de reflexão sim, dirige-se ao impensado, o objeto por inteiro, em relação ao qual o Pensamento pode muito. Pode descobrir suas propriedades originais e constitutivas, propriedades substantivas, e não adjetivas, aparências, como é o intangível.
(Ref. Entrevista de Jorge Forbes)
Ao contrário do impensado, que mediante articulação no pensamento patrocinada pelo sujeito, pode ganhar o espaço da representação, o intangível na maioria dos casos, permanece exatamente isso: intangível.
Veja as bases de sustentação e essa forma de reflexão em
Essa forma de reflexão é consistente e está na base do Princípio Dual de Trabalho de David Ricardo.
Veja em imagens
que ilustram essa forma de reflexão no depois da descontinuidade epistemológica, e a reflexão no período anterior.
O espectro de modelos com três segmentos: AQUÉM, DIANTE e ALÉM do objeto
O espectro de modelos com três segmentos, que abriga teorias, modelos e sistemas desde o século XVII até o século XXI, usando essa análise de Michel Foucault decorre desse momento intenso de Foucault.
Os segmentos do espectro de modelos compostos com os critérios acima são os seguintes
- AQUÉM do objeto – teorias, modelos e sistemas:
- sem espaço em suas estruturas para o par sujeito-objeto;
- com a impossibilidade
de fundar as sínteses dos objetos das operações no espaço da representação; - sem a abertura do campo transcendental da subjetividade e portanto sem a constituição, para além do objeto, dos quase-transcendentais Vida, Trabalho e Linguagem.
- DIANTE do objeto – teorias, modelos e sistemas
- com espaço em suas estruturas para o par sujeito-objeto;
- sem essa impossibilidade, ou melhor, com a possibilidade,
de fundar as sínteses dos objetos das operações, no espaço da representação; - sem a abertura do campo transcendental da subjetividade e constituídos, para além do objeto, os quase-transcendentais Vida, Trabalho e Linguagem.
- para ALÉM do objeto – teorias, modelos e sistemas:
- com espaço em suas estruturas para o par sujeito-objeto;
- com a possibilidade de fundar as sínteses dos objetos das operações no espaço da representação.
- nos quais foi aberto o campo transcendental da subjetividade e foram constituídos para além do objeto, os “quase-transcendentais Vida, Trabalho e Linguagem:
estes, os modelos no domínio das ciências humanas.
- AQUÉM do objeto – teorias, modelos e sistemas:

e da constituição, para além do objeto, dos quase-transcendentais Vida, Trabalho e Linguagem
- ponto de início da leitura do fenômeno ‘operações’ colocado no cruzamento da disponibilidade entre dois objetos intervenientes na operação de troca: o que é dado e o que é recebido, testando as condições de troca;
- ponto de início da leitura do fenômeno ‘operações’ antes do cruzamento da disponibilidade entre os dois objetos – o que é dado e o que é recebido – e portanto antes da disponibilidade de um dos objetos, testando desta vez a permutabilidade futura desse objeto e não imediatamente as condições de troca.
O carregamento de valor na proposição em cada caso:
- valor é carregado diretamente na proposição desde dentro do espaço da representação;
- valor é carregado na proposição desde fora do espaço da representação, com origens de valor externas ao espaço da representação, provenientes de:
- designações primitivas;
- linguagem de ação ou raiz.
O mapa de opções para leitura do fenômeno ‘operações’ (em qualquer área):
duas visões com duas abrangências muito diferentes dependendo da leitura que fazemos.
- As duas possibilidades de inserção do ponto de início da leitura do fenômeno ‘operações’ – de qualquer tipo – e a análise das diferentes origens do valor carregado pelas proposições para as representações em função da inserção do ponto de início de leitura de ‘operações’;
- As alterações na linguagem em decorrência da incorporação das origens externas de valor atribuído à proposição em cada etapa das operações.
As duas possibilidades de inserção do ponto de início de leitura do fenômeno ‘operações’ em função da disponibilidade dos objetos intervenientes em uma operação de troca.
Os pontos amarelos 1 e 2 marcam o posicionamento do ponto de início de leitura do fenômeno ‘operações’ justamente no cruzamento entre o que é dado e o que é recebido em uma operação de troca.
- o elemento central destas operações é ‘Processo’
- o ponto amarelo 1, no lado esquerdo da figura, representa o início de uma operação sob o pensamento clássico, que ocorre no interior do domínio do Discurso e da Representação, e no Circuito das trocas;
- com o pensamento formulado com o perfil de características do pensamento clássico tudo existe desde sempre e para sempre compondo o Universo;
- a operação funciona com propriedades não-originais e não-constitutivas (a construção de representações novas está fora do escopo dessas operações) e por isso não são consideradas propriedades originais e constitutivas, o que coloca a noção de objeto fora desse espaço de empiricidades, junto com a noção de homem como sujeito dessas últimas operações de construção de representações novas.
- o ponto amarelo 2, no lado direito da figura, marca a inserção do ponto de início de leitura no cruzamento entre o que é dado e o que é recebido, porém, em um pensamento configurado com o perfil de características do pensamento moderno
- o elemento central desta operação é ‘Forma de produção’;
- o ponto amarelo 2, no lado direito da figura, representa o início de uma operação sob o pensamento moderno, que também ocorre no interior do domínio do Discurso e da Representação, e no Circuito das trocas;
- com o pensamento formulado com o perfil de características do pensamento moderno a articulação do pensamento com o impensado característica da forma de reflexão que orienta o pensamento, incorpora no próprio escopo do pensamento, a criação de novas representações;
- a operação transcorre na etapa de instanciamento de representação anteriormente construída, e pode funcionar tanto com propriedades não-originais e não-constitutivas (a construção de representações novas está fora do escopo dessas operações) como com propriedades sim-originais e sim-constitutivas), o que coloca a noção de objeto opcionalmente dentro ou fora desse espaço de empiricidades, junto com a noção de homem como sujeito dessas últimas operações de construção de representações novas.
O ponto vermelho marcado com 1 no lado direito da figura marca o posicionamento do ponto de início de leitura do fenômeno ‘operações’ antes da disponibilidade do objeto da operação – a de construção de representações novas – tratando portanto da permutabilidade futura desse objeto em uma eventual operação de troca.
- o ponto vermelho 1, no lado direito da figura, representa o início de uma operação sob o pensamento moderno, que ocorre agora no interior de dois domínios: no domínio do Pensamento e da Língua e no domínio do Discurso e da Representação, porém fora do Circuito das trocas;
- com o pensamento formulado com o perfil de características do pensamento moderno a articulação do pensamento com o impensado característica da forma de reflexão que orienta o pensamento, incorpora no próprio escopo do pensamento, a criação de novas representações;
- a operação transcorre na etapa de construção de representação nova, e tem como escopo a descoberta das propriedades sim-originais e sim-constitutivas do objeto da operação, o que coloca a noção de objeto obrigatoriamente dentro desse espaço de empiricidades, junto com a noção de homem como sujeito dessas últimas operações de construção de representações novas.
As duas possibilidades carregamento de valor pela proposição formulada na(s) linguagem(ns) em função desses pontos de inserção do início de leitura de operações.
Quando nos pontos amarelos 1 e 2 no cruzamento entre o que é dado e o que é recebido em uma operação de troca.
O pressuposto no LE da figura ‘a existência precede a distinção’ feita na operação vale também para a linguagem.
- ‘Processo’, o elemento central das operações no LE da figura sob o pensamento clássico é formulado com atividades, tasks encontrados no interior da categoria selecionada no Sistema de categorias, ou Quadro de simultaneidades escolhido, e o valor carregado à proposição formulada na linguagem é proveniente dessa origem interna à linguagem previamente existente nesse ambiente.
Quando no ponto vermelho 1 antes da disponibilidade de um dos objeto que possivelmente será levado a uma futura operação de troca.
- Esse ponto vermelho 1 marca o início da operação de construção de representação nova. Feita a consulta ao repositório de proposições explicativas formuladas de acordo com as regras da linguagem, a resposta foi negativa quanto à capacidade do repositório no estado em que se encontra de dar suporte ao ‘impensado’;
- Disso decorre que a linguagem de ação ou de uso não pode fornecer representação que sirva ao objeto vislumbrado.
- Nesse caso, a origem de valor para as proposições formuladas pela linguagem deve necessariamente provir de fonte externa à linguagem: as designações primitivas.
O que não muda entre essas duas possibilidades de inserção do ponto de início de leitura
A proposição como bloco construtivo padrão fundamental e genérico para construção de representações e suas duas possibilidades de carregamento de valor, quanto às respectivas origens
a proposição
como veículo portador de valor
A proposição é para a linguagem
o que a representação é
para o pensamento:
sua forma, ao mesmo tempo
mais geral e mais elementar,
porquanto, desde que a decomponhamos, não reencontraremos mais o discurso,
mas seus elementos
como tantos materiais dispersos.
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo IV – Falar;
tópico III – Teoria do verbo
Michel Foucault
a representação:
como o destino final do valor atribuído
(…) Em outras palavras,
para que, numa troca,
uma coisa possa representar outra,
é preciso que elas existam
já carregadas de valor;
e, contudo,
o valor só existe
no interior da representação
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VI – Trocar;
V. A formação do valor
Michel Foucault
O que sim muda entre essas duas possibilidades de inserção do ponto de início de leitura
A origem do valor atribuído ao veículo de carregamento de valor para a representação: a proposição, sempre, porém em linguagens essencialmente diferentes até representações com origens de valor distintas.
o que muda é a origem – interna ou externa à linguagem –
do valor atribuído à proposição e por ela carregado para a representação
o destino final do valor atribuído à proposição, a representação, pode ser
- representação já existente, a operação de construção da representação já foi realizada, o objeto já está disponível para uma troca,
(e a operação de troca imediata é possível)
- ou representação possível, pode ser construída, e o que a operação investiga é a permutabilidade futura do objeto
(a operação de troca imediata não é possível)
Sobre isso, a explicação de Michel Foucault no livro ‘As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Cap. 6 – Trocar; tópico V. A formação do valor, é a seguinte
“Valer, para o pensamento clássico,
é primeiramente valer alguma coisa,
poder substituir essa coisa num processo de troca.
A moeda só foi inventada,
os preços só foram fixados e só se modificam
na medida em que essa troca existe.
Ora, a troca é um fenômeno simples
apenas na aparência.
Com efeito, só se troca numa permuta,
quando cada um dos dois parceiros
reconhece um valor
para aquilo que o outro possui.
Num sentido, é preciso, pois,
que as coisas permutáveis,
com seu valor próprio,
existam antecipadamente nas mãos de cada um,
para que a dupla cessão e a dupla aquisição
finalmente se produzam.
Mas, por outro lado,
- o que cada um come e bebe,
aquilo de que precisa para viver
não tem valor
enquanto não o cede; - e aquilo de que não tem necessidade
é igualmente desprovido de valor
enquanto não for usado
para adquirir alguma coisa de que necessite.
Em outras palavras,
para que, numa troca,
uma coisa possa representar outra,
é preciso que elas existam
já carregadas de valor;
e, contudo,
o valor só existe
no interior da representação
- (atual [troca imediata]
- ou possível [permutabilidade]),
isto é,
- no interior da troca
[representação existente] - ou da permutabilidade
[representação possível].
… e prossegue Michel Foucault, indo diretamente ao ponto:
“Daí duas possibilidades simultâneas de leitura:
- leitura já dadas as condições de troca;
- leitura investiga a permutabilidade, isto é a criação de condições de possibilidade da troca
1 uma analisa o valor
no ato mesmo da troca,
no ponto de cruzamento
entre o dado e o recebido;
- A primeira dessas duas leituras corresponde a uma análise que coloca e encerra
toda a essência da linguagem
no interior da proposição;
no primeiro caso, com efeito, a linguagem encontra seu lugar de possibilidade numa atribuição assegurada pelo verbo – isto é, por esse elemento da linguagem em recuo relativamente a todas as palavras mas que as reporta umas às outras; o verbo, tornando possíveis todas as palavras da linguagem a partir de seu liame proposicional, corresponde à troca que funda, como um ato mais primitivo que os outros, o valor das coisas trocadas e o preço pelo qual são cedidas;
2 outra analisa-o
como anterior à troca
e como condição primeira
para que esta possa ocorrer.
- a outra, a uma análise que descobre essa mesma essência da linguagem do lado das
- designações primitivas
- linguagem de ação ou raiz;
[no segundo caso] a outra forma de análise,
a linguagem está enraizada
fora de si mesma e como que
- na natureza, ou nas
- analogias das coisas;
a raiz, o primeiro grito que dera nascimento às palavras antes mesmo que a linguagem tivesse nascido, corresponde à formação imediata do valor,
- antes da troca
- e das medidas recíprocas da necessidade.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VI – Trocar;
V. A formação do valor
Michel Foucault
Opções de origem de valor atribuído à proposição e carregada por ela para a representação
Origem do valor atribuído à proposição
interna à linguagem

sob o pensamento filosófico clássico, o de antes de 1775 segundo Michel Foucault; mostrando a origem de valor nas proposições interna à linguagem.
Note que designações primitivas e linguagem de ação
não são intervenientes nessa formulação de operações.
Origem do valor atribuído à proposição
externa à linguagem

sob o pensamento filosófico moderno, o de depois de 1825 segundo Michel Foucault;
mostrando a origem de valor nas proposições
externa à linguagem:
a) designações primitivas e b) linguagem de ação e a função que desempenham na operação.
O mapa de opções para leitura do fenômeno ‘operações’ (em qualquer área):
duas visões com duas abrangências muito diferentes dependendo da leitura que fazemos.
- As duas possibilidades de inserção do ponto de início da leitura do fenômeno ‘operações’ – de qualquer tipo – e a análise das diferentes origens do valor carregado pelas proposições para as representações em função da inserção do ponto de início de leitura de ‘operações’;
- As alterações na linguagem em decorrência da incorporação das origens externas de valor atribuído à proposição em cada etapa das operações.
As duas possibilidades de inserção do ponto de início de leitura do fenômeno ‘operações’ em função da disponibilidade dos objetos intervenientes em uma operação de troca.
Os pontos amarelos 1 e 2 marcam o posicionamento do ponto de início de leitura do fenômeno ‘operações’ justamente no cruzamento entre o que é dado e o que é recebido em uma operação de troca.
- o elemento central destas operações é ‘Processo’
- o ponto amarelo 1, no lado esquerdo da figura, representa o início de uma operação sob o pensamento clássico, que ocorre no interior do domínio do Discurso e da Representação, e no Circuito das trocas;
- com o pensamento formulado com o perfil de características do pensamento clássico tudo existe desde sempre e para sempre compondo o Universo;
- a operação funciona com propriedades não-originais e não-constitutivas (a construção de representações novas está fora do escopo dessas operações) e por isso não são consideradas propriedades originais e constitutivas, o que coloca a noção de objeto fora desse espaço de empiricidades, junto com a noção de homem como sujeito dessas últimas operações de construção de representações novas.
- o ponto amarelo 2, no lado direito da figura, marca a inserção do ponto de início de leitura no cruzamento entre o que é dado e o que é recebido, porém, em um pensamento configurado com o perfil de características do pensamento moderno
- o elemento central desta operação é ‘Forma de produção’;
- o ponto amarelo 2, no lado direito da figura, representa o início de uma operação sob o pensamento moderno, que também ocorre no interior do domínio do Discurso e da Representação, e no Circuito das trocas;
- com o pensamento formulado com o perfil de características do pensamento moderno a articulação do pensamento com o impensado característica da forma de reflexão que orienta o pensamento, incorpora no próprio escopo do pensamento, a criação de novas representações;
- a operação transcorre na etapa de instanciamento de representação anteriormente construída, e pode funcionar tanto com propriedades não-originais e não-constitutivas (a construção de representações novas está fora do escopo dessas operações) como com propriedades sim-originais e sim-constitutivas), o que coloca a noção de objeto opcionalmente dentro ou fora desse espaço de empiricidades, junto com a noção de homem como sujeito dessas últimas operações de construção de representações novas.
O ponto vermelho marcado com 1 no lado direito da figura marca o posicionamento do ponto de início de leitura do fenômeno ‘operações’ antes da disponibilidade do objeto da operação – a de construção de representações novas – tratando portanto da permutabilidade futura desse objeto em uma eventual operação de troca.
- o ponto vermelho 1, no lado direito da figura, representa o início de uma operação sob o pensamento moderno, que ocorre agora no interior de dois domínios: no domínio do Pensamento e da Língua e no domínio do Discurso e da Representação, porém fora do Circuito das trocas;
- com o pensamento formulado com o perfil de características do pensamento moderno a articulação do pensamento com o impensado característica da forma de reflexão que orienta o pensamento, incorpora no próprio escopo do pensamento, a criação de novas representações;
- a operação transcorre na etapa de construção de representação nova, e tem como escopo a descoberta das propriedades sim-originais e sim-constitutivas do objeto da operação, o que coloca a noção de objeto obrigatoriamente dentro desse espaço de empiricidades, junto com a noção de homem como sujeito dessas últimas operações de construção de representações novas.
As duas possibilidades carregamento de valor pela proposição formulada na(s) linguagem(ns) em função desses pontos de inserção do início de leitura de operações.
Quando nos pontos amarelos 1 e 2 no cruzamento entre o que é dado e o que é recebido em uma operação de troca.
O pressuposto no LE da figura ‘a existência precede a distinção’ feita na operação vale também para a linguagem.
- ‘Processo’, o elemento central das operações no LE da figura sob o pensamento clássico é formulado com atividades, tasks encontrados no interior da categoria selecionada no Sistema de categorias, ou Quadro de simultaneidades escolhido, e o valor carregado à proposição formulada na linguagem é proveniente dessa origem interna à linguagem previamente existente nesse ambiente.
Quando no ponto vermelho 1 antes da disponibilidade de um dos objeto que possivelmente será levado a uma futura operação de troca.
- Esse ponto vermelho 1 marca o início da operação de construção de representação nova. Feita a consulta ao repositório de proposições explicativas formuladas de acordo com as regras da linguagem, a resposta foi negativa quanto à capacidade do repositório no estado em que se encontra de dar suporte ao ‘impensado’;
- Disso decorre que a linguagem de ação ou de uso não pode fornecer representação que sirva ao objeto vislumbrado.
- Nesse caso, a origem de valor para as proposições formuladas pela linguagem deve necessariamente provir de fonte externa à linguagem: as designações primitivas.
Para referência:
Os dois princípios para o que seja trabalho
O Princípio Monolítico de Trabalho de Adam Smith, de 1776, têm valor carregado na proposição diretamente de dentro do espaço da representação;
Exemplos de modelos para operações e organizações organizados sob a configuração de pensamento clássica
O Princípio Dual de trabalho de David Ricardo têm valor carregado na proposição e por elas para as representações como no segundo caso acima.
- a animação correspondente ao pensamento clássico posiciona o início da leitura de ‘operações’ no cruzamento entre o que é dado e o que é recebido, pressupondo portanto, a disponibilidade desses dois objetos;
- a animação correspondente ao pensamento moderno posiciona o início de leitura de ‘operações’ antes desse ponto, quando ainda um dos objetos envolvidos em uma futura troca está indisponível.
- ‘designações primitivas’
- e ‘linguagem de ação ou raiz’,
A primeira opção de atribuição de valor dá-se diretamente na proposição – como ocorre no modelo de operações do pensamento clássico; veja a figura seguinte na qual está ilustrada a segunda opção de atribuição de valor à proposição com o carregamento do valor para a representação.

sob o pensamento filosófico moderno, o de depois de 1825 segundo Michel Foucault;
mostrando a origem de valor nas proposições
externa à linguagem:
a) designações primitivas e b) linguagem de ação e a função que desempenham na operação.
- ela mostra uma fotografia de um instante na operação de construção da representação nova;
- a representação para o objeto dessa operação foi concluída;
- os elementos de suporte na experiência à Forma de produção foram nada mais do que selecionados – encontrados e/ou desenvolvidos;
- foi construído um objeto análogo ao vislumbrado para essa empiricidade objeto, representado na figura pela Sucessão de analogias.
- acaba de ser formulada uma proposição explicativa porque foi obtida sustentação na experiência para todos os quesitos atribuídos ao objeto cuja representação aca acaba de ser construída.
- as designações primitivas, ao lado da linguagem de ação ou de uso são as origens do valor atribuído a essa proposição.
Se a figura ainda lhe parecer confusa, e achar que vale a pena esclarece-la, veja novamente o Funcionamento das operações.
Veja uma coleção de conceitos chamados pelos mesmos nomes, mas consignificados muito distintos, sob o pensamento clássico e sob o moderno.
Uma lista de alguns conceitos distintos no significado mas chamados pelos mesmos nomes:
- 0. os dois princípios de trabalho, o de Adam Smith e o de David Ricardo;
- diferenças na paleta de ideias ou elementos de imagem e suas estruturas;
- comparações entre os dois princípios feitas por Michel Foucault;
- as duas diferentes origens de valor atribuído à proposição pela distinta opção de leitura do fenômeno ‘operações’.
- 1. dois conceitos para o que seja um verbo;
- 2. dois conceitos para o que seja ‘Classificar’;
- 3. dois papéis atribuídos ao homem;
- 4. dois tipos de reflexão assumidos pelo pensamento;
- 5. duas sintaxes envolvidas na construção de representação nova;
- 6. dois conceitos para História;
- 7. dois espaços gerais do saber;
- 8. dois conceitos para tempo: calendário e absoluto;
- 9. a proposição como bloco construtivo padrão fundamental e genérico para construção de representações.
- 10. Tabela de propriedades das duas configurações do pensamento.
Veja abaixo as diferenças entre os dois princípios de trabalho, o de Adam Smith e o de David Ricardo, usando as palavras de Michel Foucault
Comparações entre os dois princípios de trabalho,
e a importância do princípio de trabalho de David Ricardo
segundo Michel Foucault
As duas diferentes origens de valor para a proposição, em função da configuração de pensamento adotada
‘Processo‘
como verbo
“A única coisa que o verbo afirma
é a coexistência de duas representações:
por exemplo,
a do verde
e da árvore,a do homem
e da existência
ou da morte;
é por isso que o tempo dos verbos
não indica aquele [tempo]
em que as coisas existiram no absoluto,
mas um sistema relativo
de anterioridade ou de simultaneidade
das coisas entre si.”
‘Forma de produção’
como verbo
“É preciso, portanto,
tratar esse verbo como um ser misto,
ao mesmo tempo palavra entre as palavras,
preso às mesmas regras,
obedecendo como elas
às leis de regência e de concordância;
e depois,
em recuo em relação a elas todas,
numa região que
-
-
-
-
-
não é aquela do falado
-
mas aquela donde se fala.
-
-
-
-
Ele está na orla do discurso,
na juntura entre
-
-
-
-
-
aquilo que é dito
-
e aquilo que se diz,
-
-
-
-
exatamente lá onde os signos
estão em via de se tornar linguagem.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo IV – Falar;
tópico III. A teoria do verbo
por Michel Foucault
Classificar, portanto,
não será mais
referir o visível
a si mesmo,
encarregando um de seus elementos
de representar todos os outros;
Será
num movimento que faz revolver a análise,
reportar o visível,
ao invisível,
como a sua razão profunda;
depois,
alçar de novo dessa secreta arquitetura,
em direção aos seus sinais manifestos
[as “aparências”]que são dados à superfície dos corpos.
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas’;
Capítulo VII – Os limites da representação;
tópico III. A organização dos seres
por Michel Foucault
pensamento clássico, antes de 1775
segmento AQUÉM do objeto

no pensamento clássico, o de antes de 1775
era tratado como um gênero, ou uma espécie
do Sistema de Categorias
O modo de ser do homem,
tal como se constituiu no pensamento moderno,
permite-lhe desempenhar dois papéis:
está, ao mesmo tempo,
no fundamento de todas as positividades,
presente, de uma forma que não se pode sequer dizer privilegiada, no elemento das coisas empíricas.
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Cao. 10. As ciências humanas;
tópico I. O triedro dos saberes


“Assim o círculo se fecha.
Vê-se, porém, através de qual sistema de desdobramentos.
As semelhanças exigem uma assinalação, pois nenhuma dentre elas poderia ser notada se não fosse legivelmente marcada.
Mas que são esses sinais?
Como reconhecer, entre todos os aspectos do mundo e tantas figuras que se entrecruzam,
que há aqui um caráter
no qual convém se deter,
porque ele indica uma secreta
e essencial semelhança?
Que forma constitui o signo
no seu singular valor de signo?
– É a semelhança.
Ele significa na medida
em que tem semelhança com o que indica
(isto é, com uma similitude).
Contudo,
- não é a homologia que ele assinala,
pois seu ser distinto de assinalação se desvaneceria no semelhante de que é signo;
- trata-se de outra semelhança,
uma similitude vizinha e de outro tipo que serve para reconhecer a primeira, mas que, por sua vez, é patenteada por uma terceira.
Toda semelhança recebe uma assinalação; essa assinalação, porém, é apenas uma forma intermediária da mesma semelhança.
De tal sorte que o conjunto das marcas faz deslizar, sobre o círculo das similitudes, um segundo círculo que duplicaria exatamente e, ponto por ponto, o primeiro, se não fosse esse pequeno desnível que faz com que
- o signo da simpatia resida na analogia,
- o da analogia na emulação,
- o da emulação na conveniência,
que, por sua vez, para ser reconhecida, requer
- a marca da simpatia…
A assinalação e o que ela designa são exatamente da mesma natureza; apenas a lei da distribuição a que obedecem é diferente; a repartição é a mesma.”
“A arqueologia, essa, deve percorrer o acontecimento segundo sua disposição manifesta; ela dirá como as configurações próprias a cada positividade se modificaram
- (ela analisa por exemplo, para a gramática, o desaparecimento do papel maior atribuído ao nome e a importância nova dos sistemas de flexão; ou ainda, a subordinação, no ser vivo, do caráter à função);
ela analisará a alteração dos seres empíricos que povoam as positividades
- (a substituição do discurso pelas línguas, das riquezas pela produção);
estudará o deslocamento das positividades umas em relação às outras
- (por exemplo, a relação nova entre a biologia, as ciências da linguagem e a economia);
enfim e sobretudo, mostrará que o espaço geral do saber não é mais o das identidades e das diferenças, o das ordens não-quantitativas, o de uma caracterização universal, de uma taxinomia geral, de uma máthêsis do não-mensurável,
- mas um espaço feito de organizações, isto é, de relações internas entre elementos, cujo conjunto assegura uma função;
- mostrará que essas organizações são descontínuas, que não formam, pois, um quadro de simultaneidades sem rupturas, mas que algumas são do mesmo nível enquanto outras traçam séries ou sequências lineares.
De sorte que se vêem surgir,
como princípios organizadores
desse espaço de empiricidades,a Analogia
e a Sucessão:
de uma organização a outra, o liame, com efeito,
- não pode mais ser a identidade de um ou vários elementos,
- mas a identidade da relação entre os elementos (onde a visibilidade não tem mais papel)
- e da função que asseguram;
ademais, se porventura essas organizações se avizinham por efeito de uma densidade singularmente grande de analogias,
- não é porque ocupem localizações próximas num espaço de classificação,
- mas sim porque foram formadas uma ao mesmo tempo que a outra e uma logo após a outra no devir das sucessões.
Enquanto, no pensamento clássico,
a seqüência das cronologias não fazia mais que percorrer o espaço prévio e mais fundamental de um quadro que de antemão apresentava todas as suas possibilidades,
doravante
as semelhanças contemporâneas e observáveis simultaneamente no espaço não serão mais que as formas depositadas e fixadas de uma sucessão que procede de analogia em analogia. (*)
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas
Cap. – II. A prosa do mundo;
tópico II. As assinalações
de Michel Foucault
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas
Cap. – VII. Os limites da representação;
tópico I. A idade da história
de Michel Foucault
pensamento clássico,
de antes de 1775
pensamento moderno,
de depois de 1825
História entendida como
a coleta das sucessões de fatos
tais como se constituíram.
História entendida como
o modo de ser fundamental das empiricidades,
aquilo a partir de que elas são
afirmadas,
postas,
dispostas
e repartidas no espaço do saber para eventuais conhecimentos e para ciências possíveis
Mas vê-se bem que a História
não deve ser aqui entendida
como a coleta das sucessões de fatos, tais como se constituíram;
ela é o modo de ser fundamental das empiricidades,
aquilo a partir de que elas são
afirmadas, postas, dispostas e repartidas no espaço do saber
para eventuais conhecimentos e para ciências possíveis.
Assim como a Ordem no pensamento clássico
não era a harmonia visível das coisas,
seu ajustamento, sua regularidade ou sua simetria constatados,
mas o espaço próprio de seu ser
e aquilo que, antes de todo conhecimento efetivo,
as estabelecia no saber,
assim também a História, a partir do século XIX,
define o lugar de nascimento do que é empírico,
lugar onde,
aquém de toda cronologia estabelecida,
ele assume o ser que lhe é próprio.
As palavras as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. 7. Os limites da representação;
tópico I. A idade da história
Espaços gerais dos saberes por segmento do espectro de modelos
pensamento clássico,
antes de 1775
pensamento moderno,
depois de 1825
Os dois conceitos para o tempo, em função do segmento do espectro de modelos e do tipo de operação em curso
A análise das riquezas, junto com a gramática geral e a história natural, no pensamento clássico – o de antes de 1775, são contrapostas à análise da produção, filologia e biologia no pensamento de depois de 1825. “Nem vida, Trata-se antes de um domínio geral: As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Sem fazer um alinhamento filosófico das ideias, das noções, para respectivamente cada período histórico em nossa cultura, o padrão é ficar com a análise de riquezas do pensamento filosófico clássico. (o que nem é difícil de perceber que é feito, em nosso meio) O mínimo que somos chamados a fazer é esclarecer as razões pelas quais o conceito ‘riquezas’ é tão largamente utilizado; e as razões pelas quais Michel Foucault escreve “economia” assim, entre aspas, quando se refere ao período clássico.
nem ciência da vida
na época clássica;
tampouco filologia.
Mas sim
uma história natural,
uma gramática geral.
Do mesmo modo,
não há economia política
porque, na ordem do saber,
a produção não existe.
Em contrapartida,
existe, nos séculos XVII e XVIII,
uma noção que nos permaneceu familiar,
embora tenha perdido para nós sua precisão essencial.
Nem é de “noção” que se deveria falar a seu respeito,
pois não tem lugar no interior
de um jogo de conceitos econômicos
que ela deslocaria levemente,
confiscando um pouco de seu sentido
ou corroendo sua extensão.
de uma camada bastante coerente
e muito bem estratificada,
que compreende e aloja, como tantos objetos parciais,
as noções de valor, de preço, de comércio, de circulação,
de renda, de interesse.
Esse domínio,
solo e objeto da “economia” na idade clássica,
é o da riqueza.
Inútil colocar-lhe questões
vindas de uma economia de tipo diferente,
organizada, por exemplo,
em torno da produção ou do trabalho;
inútil igualmente analisar seus diversos conceitos
(mesmo e sobretudo se seus nomes
em seguida se perpetuaram,
com alguma analogia de sentido),
sem levar em conta
o sistema em que assumem sua positividade.”
Cap. 6 – Trocar; tópico I. A análise das riquezas
Veja a seguir os pontos:
- Modos de ser e Métodos do pensamento: Cartesianismo, fora dele, Ciência, Tecnologia, Reflexão
- A Descontinuidade epistemológica situada por Michel Foucault entre os anos de 1775 e 1825 em nossa cultura.
- O funcionamento de operações – do pensamento, as de produção, as de troca, antes e depois desse evento fundamental em nossa cultura, antes e depois dele;
- As paletas de ideias, e respectivos elementos de imagem, necessárias para cada operacionalidade;
- Os domínios nos quais as operações acontecem, em função da configuração do pensamento;
- O tempo nas operações em função da configuração do pensamento e da etapa da operação;
- O lugar dado ao homem em cada configuração do pensamento;
- Uma Anatomia ou uma Cartografia de modelos de operações em função da configuração do pensamento;
- Um verdadeiro manual para construção de modelos para qualquer ciência humana, modelos nos quais o campo transcendental da subjetividade foi aberto e foram constituídos os quase-transcendentais Vida, Trabalho e Linguagem, escrito pelo próprio Michel Foucault
- Metáforas adequadas para modelos de operações respectivamente para cada configuração do pensamento;
- Propriedades emergentes dos modelos de operações e organizações em função da configuração do pensamento utilizada.

E foi realmente necessário
um acontecimento fundamental
– um dos mais radicais,
sem dúvida,
que ocorreram na cultura ocidental,
para que se desfizesse a positividade do saber clássico
e se constituísse uma positividade de que,
por certo,
não saímos inteiramente.
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. 7. Os limites da representação;
tópico I. A idade da história
O mapa de opções para leitura do fenômeno ‘operações’ (em qualquer área):
duas visões com duas abrangências muito diferentes dependendo da leitura que fazemos.
- As duas possibilidades de inserção do ponto de início da leitura do fenômeno ‘operações’ – de qualquer tipo – e a análise das diferentes origens do valor carregado pelas proposições para as representações em função da inserção do ponto de início de leitura de ‘operações’;
- As alterações na linguagem em decorrência da incorporação das origens externas de valor atribuído à proposição em cada etapa das operações.
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