Anatomia ou cartografia dos modelos: os diferentes lugares onde o pensamento acontece,
em função do perfil de pensamento e do caminho no qual seguem as operações.
Os lugares onde o pensamento acontece - e as operações também

Circuito das trocas, ou Mercado: pensamento clássico, ou pensamento moderno no caminho do Instanciamento da representação objeto
Mercado, ou Circuito das trocas: lugar onde ocorrem operações nas quais o ‘modo de ser fundamental’ das empiricidades não muda.
Encontra-se sob o pensamento clássico, o de ante de 1775, e também pode ocorrer no caminho do Instanciamento da representação, sob o pensamento moderno.
Lugar do nascimento do que é empírico: lugar onde ocorrem operações nas quais o ‘modo de ser fundamental das empiricidade sim, muda.
Encontra-se somente sob o pensamento moderno, o de depois de 1825, no caminho da Construção da representação
No pensamento moderno
o conceito 'modo de se fundamental das empiricidades' é o elemento ordenador da História.
As setas amarelas dirigidas para baixo indicam mudança nesse conceito,
e que história foi feita em decorrência do sucesso desta operação.
A ênfase que em geral é dada ao Mercado
pode ser um indicador da falta de percepção conceitual
do pensamento filosófico moderno
o Lugar de nascimento do que é empírico e o Circuito das trocas
No pensamento clássico, o de antes de 1775
toda a operação transcorre no interior do Circuito das trocas

lugar onde transcorre uma operação sob o pensamento clássico
Na palheta de ideias do pensamento clássico não há o conceito de objeto definido por propriedades originais e constitutivas; as coisas são vistas a partir de “aparências” ou propriedades não-originais e não-constitutivas.
A partir do pressuposto que caracteriza o lado esquerdo da figura,
“A existência precede a distinção”
tudo é considerado pré-existente e integrante do Universo.
Assim, na operação clássica sobre o sistema Input-Output, não há como definir o conceito ‘modo de ser fundamental’ de empiricidade objeto já que as coisas não são pensadas desse modo, usando propriedades sim-originais e sim-constitutivas.
O que há são
Entradas (caracterizadas por uma propriedade não-original e não-constitutiva)
e Saídas (idem idem)
E toda a operação transcorre no interior do Circuito das trocas, ou o Mercado.
No pensamento moderno, o de depois de 1825
no caminho da Construção da representação nova,
a operação transcorre no interior do Lugar de nascimento do que é empírico
Lugar do nascimento do que é empírico
é o lugar onde o pensamento altera
o ‘modo de ser fundamental’
da empiricidade objeto da operação.
O que acontece no ‘Lugar de nascimento do que é empírico’ está antes de toda a possibilidade de cronologia, e aquém de qualquer operação no âmbito do Mercado

lugar onde transcorre a operação de construção de representação nova
e onde se dá a articulação do pensamento do homem, com o impensado
A palheta de ideias – ou elementos de imagem – do pensamento moderno, é construída a partir do tipo de reflexão que se instaura em nossa cultura:
“Instaura-se uma forma de reflexão,
bastante afastada do cartesianismo
e da análise kantiana,
em que está em questão,
pela primeira vez,
o ser do homem,
nessa dimensão segundo a qual
o pensamento
se dirige ao impensado
e com ele se articula.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. IX – O homem e seus duplos;
tópico V – O “cogito” e o impensado
“Assim como a Ordem
no pensamento clássico
não era a harmonia visível das coisas,
seu ajustamento,
sua regularidade ou sua simetria constatados,
mas o espaço próprio de seu ser
e aquilo que,
antes de todo conhecimento efetivo,
as estabelecia no saber,
assim também a História,
a partir do século XIX, define
o lugar de nascimento do que é empírico,
lugar onde,
aquém de toda cronologia estabelecida,
ele assume o ser que lhe é próprio.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. VII – Os limites da representação;
tópico I – A idade da história
O Lugar de nascimento do que é empírico, na figura e animação ao lado – é o espaço demarcado pelas chaves verticais composto de duas áreas em domínios diferentes:
o retângulo vermelho, parte do domínio do Pensamento e da Língua, abriga a parte da operação de construção de representação nova que define a dinâmica consistente cm o ‘operar’ vislumbrado para a empiricidade objeto;
o retângulo amarelo, parte do domínio do Discurso e da Representação, abriga a parte da operação de construção da nova representação com o suporte na experiência ao operar vislumbrado para a empiricidade objeto.
Alteração no 'modo de ser fundamental' da empiricidade objeto implica em fazer História
O ‘modo de ser fundamental’ das empiricidades é o elemento ordenador dessa História que define o lugar de nascimento do que é empírico, entendendo esse conceito como sendo “aquilo a partir do que elas podem ser afirmadas, postas, dispostas e repartidas no espaço do saber para eventuais conhecimentos e para ciências possíveis.”
Assim, o evento de objeto (f) – a seta amarela vertical para baixo que marca o fim da operação de construção da representação – marca também que história foi feita.
Esse é um tempo absoluto, um tempo aquém de toda cronologia estabelecida. Essa percepção contrapõe-se ao tempo relativo, tempo calendário, que caracteriza as operações sob o pensamento clássico, e de maneira semelhante, as operações de instanciamento de operações recuperadas do Repositório.
Isso determina distinção fundamental entre eventos (i) e (f) de objeto no caminho da construção da representação, e eventos (i) e (f) de inicio e fim de processos suporte da Forma de produção, estes, não relacionados a objeto.
O escopo da operação de construção de representação nova é poder descrever uma representação para a empiricidade objeto por meio de propriedades originais e constitutivas.
Antes da operação de construção da representação nova, as propriedades da representação em construção não existem. No ponto de início da operação existe somente a arquitetura comum a todas as representações, na qual tais propriedades descrevem representações. Ao final da operação essas propriedades sim-originais e sim-constitutivas passam a existir.
no caminho do Instanciamento de representação pré-existente no Repositório
a operação de Instanciamento transcorre novamente no Circuito das trocas

as chaves horizontais amarelas
onde ocorrem operações durante as quais o 'modo de ser fundamental' não se altera
Vislumbrado um ‘operar’ atribuído a uma empiricidade objeto, sempre, a primeira providência é uma consulta ao repositório de proposições explicativas formuladas de acordo com as regras da linguagem sobre a existência de representação capaz de resolver esse ‘operar’.
- no caso negativo (inexistência de representação que sirva a esse ‘operar’, é desencadeada a operação de Construção da representação;
- no caso positivo, sim, já existe representação para o ‘operar’ atribuído à empiricidade objeto, então, mantida a decisão de continuidade da operação, essa representação existente no Repositório é recuperada, e a operação de Instanciamento pode ser desencadeada.
A representação recuperada para instanciamento tem todas as suas propriedades, sejam as originais e constitutivas, sejam as não-originais e não-constitutivas, ou as “aparências” existentes.
Desse modo, durante a operação de Instanciamento o ‘modo de ser fundamental’ dessa empiricidade objeto em instanciamento não são alteradas e permanece o mesmo que ela tinha ao ser recuperada do Repositório.
Assim, toda a operação de Instanciamento passa a ocorrer no interior do Circuito das trocas, ou Mercado, tal como acontecia sob o pensamento clássico.
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