Samuel Rocha de Mello
Rua Dona Inácia Uchôa, 365
04110-021 São Paulo SP
fone
srm@projeto-formulador.xyz
11 97512-6317
“É que o pensamento que nos é contemporâneo e com o qual, queiramos ou não, pensamos, se acha ainda muito dominado
“Substituir
foi um passo importante na boa direção por evitar a armadilha da linguagem clássica de fazer do organismo um sistema de processamento de informação.
(…) Contudo é uma formulação fraca por não propor uma alternativa construtiva e deixar a interação na bruma de uma simples perturbação. (…) Frequentemente se tem feito a crítica de que a autopoiese leva a uma posição solipsista. (**)
(*) As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; capítulo VIII – Trabalho, Vida e Linguagem; tópico: I. As novas empiricidades
(**) De máquinas e de seres vivos: autopoiese – a organização do vivo; Prefácio à segunda edição; tópico Além da autopoiese; sub-tópico: Enacção e cognição, de Francisco José Garcia Varela
O modo como Foucault descreve o problema que encontrou em seu trabalho pode ser mapeado em um espectro de modelos agrupados segundo os dois fatores por ele percebidos: fator 1, com duas regiões quanto à fundação das sínteses na representação e com três regiões quanto à posição relativa ao objeto e ao sujeito:
Aquém, Diante e para Além do objeto.
Fator 1 – o domínio/contaminação do pensamento com o uso simultâneo de configurações de pensamento
e também com a possibilidade,
de fundar as sínteses da representação da empiricidade objeto, no espaço da representação’; com duas regiões em um espectro de modelos:
Fator 2 – dar conta da obrigação correlativa (…) de abrir o campo transcendental da subjetividade constituindo, para além do objeto, os “quase-transcendentais”
com as seguintes regiões no espectro de modelos:
1. região do espectro: ‘Aquém do objeto’ (na impossibilidade);
2. região do espectro: ‘Diante do objeto’ (na possibilidade)
3. região do espectro: ‘para Além do objeto’, (na possibilidade) e no campo das ciências humanas, no espaço interior do triedro dos saberes.
outra região no espectro de modelos, com modelo constituinte único composto dos três pares constituintes das três regiões epistemológicas fundamentais
não há modelos constituintes nesse segmento do espectro, já que, pelos pressupostos adotados (Universo, realidade única) nada é constituído na existência em decorrência das operações feitas
modelo constituinte composto pelo par constituinte correspondente ao campo em que o modelo é formulado, tomados isoladamente em cada área:
campo das Ciências Humanas com modelos constituintes formados por uma combinação dos três pares constituintes das ciências da Vida, do Trabalho e da Linguagem, tomados todos em conjunto em cada modelo, dada ênfase a uma das áreas das ciências da região epistemológica fundamental
(*) As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo X – As ciências humanas; tópico III. Os três modelos
(*) Filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia;
Capítulos I – A imagem; e II – A imagem técnica,
de Vilém Flusser
Posição em relação ao par sujeito-objeto
Referencial:
Princípios organizadores:
Métodos:
Referencial:
Princípios organizadores:
Métodos:
‘Assim, estes três pares,
função-norma,
conflito-regra,
significação-sistema,
cobrem, por completo,
o domínio inteiro
do conhecimento do homem.'(*)
São essas as ferramentas de que se arma o pensamento – em cada segmento do espectro de modelos, para produzir as imagens que servem de mapas, para orientação na construção das representações.
(*) As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo X – As ciências humanas; tópico III. Os três modelos
Paletas com o conjunto completo de ideias ou elementos de imagem necessários para a formulação das respectivas imagens das ocorrências no espaço-tempo x, y, z e t ; incluindo relacionamentos entre esses elementos de imagem.(*)
(*) As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VIII – Trabalho, Vida e Linguagem;
tópico I. As novas empiricidades, de Michel Foucault
Veja mais detalhes nas animações que podem ser encontradas nas páginas de detalhe deste tópico.
“Antes do fim do século XVIII,
o homem não existia. (…)
Sem dúvida,
as ciências naturais trataram do homem
como de uma espécie ou de um gênero.”
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. IX – O homem e seus duplos; tópico II. O lugar do rei
‘Na medida, porém, em que as coisas giram sobre si mesmas, reclamando para seu devir não mais que o princípio de sua inteligibilidade e abandonando o espaço da representação, o homem, por seu turno, entra e pela primeira vez,
no campo do saber ocidental’ (*)
“O modo de ser do homem, tal como se constituiu no pensamento moderno, permite-lhe desempenhar dois papéis: está, ao mesmo tempo,
(*) As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Prefácio
(**) As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo X – As ciências humanas;
I. O triedro dos saberes
Tempo, em cada um dos segmentos do espectro, muda:
As mudanças nas configurações do pensamento promoveram reposicionamentos das positividades umas em relação às outras, resultando em três espaços gerais do saber.(*)
(*) As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo III – Representar; tópico VI. Mathésis e Taxinomia;
Capítulo X – As ciências humanas; tópico I – O triedro dos saberes;
de Michel Foucault
Em um pensamento mágico sobre a produção – nos moldes ‘varinha mágica de condão’ – é possível desejar algo e, sem mais qualquer providência, vê-lo surgir à nossa frente depois do Plin!!!
Num ambiente de produção real, porém, nada é produzido sem um instrumento (laboratório piloto, fábrica) com o qual instanciar esse objeto na realidade. A estrutura SSS é isso: a modelagem das operações de produção do objeto desejado juntamente com as operações de produção do objeto – distinto deste – laboratório piloto, ou fábrica, subindo um nível estrutural e impondo como elemento central o Nexo da produção
(*) As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo IV – Falar; tópico II. Gramática geral
Capítulo VIII – Trabalho, Vida e Linguagem; I. As novas empiricidades
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
(*) Capítulo VII – Os limites da representação;
tópico II. A medida do trabalho;
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
(**) Capítulo VIII- Trabalho, Vida e Linguagem;
tópico II. Ricardo
Classificar é referir
o visível a si mesmo,
encarregando um dos elementos
de representar os outros.(*)
Classificar é referir
o visível ao invisível
– como a sua razão profunda –
e depois, alçar de novo dessa secreta arquitetura, em direção aos seus sinais manifestos, que são dados
à superfície dos corpos.(*)
(*) As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
cap. VII – Os limites da representação;
tópico III. A organização dos seres; sub-item 3
(*) As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo IV – Falar; tópico III. Teoria do verbo
(*) As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo IV – Falar; tópico III. Teoria do verbo
(**) Frases de Millor Fernandes
Exemplos de modelos muito conhecidos para operações e para as organizações
Temos à esquerda, o modelo do Kanban com a referência (*) abaixo. e á direita, a Figura 7.1 do livro Reengenharia, referência (**) abaixo. São organizados sobre a proposição, e pertencem à configuração do pensamento moderno. Você pode certificar-se da veracidade dessas duas afirmativas neste ponto (17).
(*) Artigo ‘A comparison of Kanban and MRP concepts for the control of Repetitive Manufacturing Systems’ de:
James W. Rice da Western Kentucky University e Takeo Yoshikawa da Yolohama National University
(**) Reengenharia – revolucionando a empresa: em função dos clientes, da concorrência e das grandes mudanças da gerência
de Michael Hammer e James Champy
Comparação do modelo SIPOC ou FEPSC – SixSigma(*) com o modelo Visão da PHD(**) do ponto de vista das estruturas respectivas.
A animação central mostra o que falta – estruturalmente – ao SixSigma para ter a estrutura do modelo da direita.
O Sistema Formulador:
É um ante-projeto de um sistema para gestão de projetos com estrutura conceitual consistente com o pensamento moderno.
O módulo principal do sistema é uma unidade lógica que relaciona entidades envolvidas na proposição enunciadora de operações, mantidas em banco de dados, e gera sistematicamente o modelo de operações. O Microsoft Project, então, importa o modelo gerado como se fosse próprio, e a gestão continua, agora com um modelo gramaticalmente correto e criteriosamente estruturado.
Este é um ante-projeto de um sistema de gestão COM a possibilidade de fundar as sínteses do pensamento no espaço da representação; esse sistema pode evoluir para um sistema visual de gestão e outros aplicativos.
As duas animações acima – a nosso ver – apenas mostram que tanto John Dewey na sua visão [homem] [experiência] e [natureza] juntos; quanto Ilya Prigogine na sua visão do que seja caos na ciência moderna, estão pensando com uma configuração de pensamento COM a possibilidade de fundar as sínteses no espaço da representação, o que não era comum para a ciência clássica, toda reversível.
O exame dessas três figuras mostra que ideias, elementos de imagem, homônimos, podem ser usados de modo diferente em modelos feitos sob estruturas conceituais diferentes.
No modelo 5W e 2H no lado esquerdo acima, o destaque dado pelo losango em vermelho é nosso. Não estava na figura original. A figura é organizada por um sistema de categorias composto pelas 7 perguntas 5W2H.
O modelo da produção do Kanban é sim-discriminativo com relação ao elemento componente do objeto da operação de produção, e é formulado como uma proposição instanciativa de um objeto previamente projetado, e portanto cuja representação foi anteriormente construída
O modelo de operações de construção de representação para empiricidade objeto (LD da figura) é feito calcado no Princípio Dual de Trabalho de David Ricardo; está evidenciada a formulação no formato de uma proposição. A origem de valor adotada está nas designações primitivas ( conjunto de operações de busca por origem, condições de possibilidade e de generalidade dentro de limites) e da linguagem de uso (o Repositório)
Uma coleção com mais de duas dúzias de modelos, (*) para descobrir com que tipo de pensamento foram feitos:
(*) Proposta de metodologia para o planejamento e implantação de manufatura integrada por computador
de Bremer, C. F. USP SC fev 1995; entre outras fontes
É real hoje, aqui, agora, e entre nós, a percepção – feita por Foucault – do domínio/contaminação do pensamento – ‘com o qual queiramos ou não pensamos‘ – pela impossibilidade de fundar as sínteses (do pensamento sobre a empiricidade objeto da operação) no espaço da representação(*).
Esse tipo de pensamento dominante, aquele com a impossibilidade de fundar as sínteses, é ao mesmo tempo o tipo de pensamento que não inclui a operação de construção de novas representações. E a estrutura das operações sem essa etapa reforça essa impossibilidade. Nesse contexto modelos com e modelos sem essa impossibilidade são tratados como se variações sobre o mesmo tema fossem, e não produções do pensamento completamente diferentes.
Estamos projetando e usando hoje, modelos para operações e organizações, de produção e outras, com o pensamento de exatos dois séculos atrás.
Para que isso possa ser percebido pelo projetista de modelos em diversas áreas é necessário o rompimento das condições em que se dá essa contaminação e esse domínio de uma das configurações de pensamento sobre a outra, obliterando justamente aquela que corresponde a uma conquista humana no pensamento. Para que isso aconteça é necessário que seja atendido um requisito: a construção de um critério para identificação e comparação de modelos, e sua aplicação no caso presente.
Daqui de onde vejo as coisas, é unânime a visão das coisas em termos de processo. Ninguém fala de nada além de processos: mapeia-se processos, otimiza-se processos, etc. etc. o que quer que seja, mas sempre processos. Sem que nos demos conta de como sejam as diferentes estruturas das operações em que tais ‘processos’ ocupam posição operacional.
Michel Foucault pode fornecer os elementos necessários para a construção desse critério. Nossa intenção aqui é destacar em Foucault o que pode ser usado para o estabelecimento de uma relação pensamento – e sua aplicação na modelagem de operações em organizações.
(*) As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VIII- Trabalho, Vida e Linguagem; tópico I. As novas empiricidades
Acompanhando o trabalho arqueológico de Michel Foucault em direção a essa classe especial de saberes, a esse conjunto de discursos chamado de ciências humanas, vê-se que em certo período consolidou-se um tipo de pensamento em cuja configuração a etapa de construção de novas representações foi incorporada. Antes disso, essa etapa de construção da representação nova ficava fora do escopo do pensamento, e depois disso essa etapa permaneceu definitivamente incorporada.
Para a configuração de pensamento que deixa fora do seu escopo a etapa de construção de novas representações a alternativa é conviver com tudo o que existe desde sempre e para sempre, tomando as coisas como pré-existentes e pertencentes ao Universo. Esse modo de pensar tem características de conservadorismo, enquanto aquela outra configuração do pensamento que inclui em seu escopo a geração de novas representações, as características de progressismo.
Neste trabalho algumas – bastantes – características de uma e de outra dessas duas características de configurações do pensamento foram apresentadas o que de certa forma pode ser usado para qualificar com algo mais do que a qualidade ‘conservador’ um pensamento de direita; e com a qualidade ‘progressista’ um pensamento de esquerda, delineando com mais precisão uma e outra dessas configurações.
(*) As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VIII- Trabalho, Vida e Linguagem; tópico I. As novas empiricidades
Usando o pensamento de Vilém Flusser:
Descontinuidades epistemológicas refletem conquistas humanas no pensamento e são aprimoramentos na maneira que usamos para conhecer. Há portanto uma relação entre, de um lado, o modo como colocamos em marcha nosso desejo de transformar o duvidoso em língua a cada nível, e de outro lado, a filosofia que temos, e a Ciência que temos, ou a tecnologia de que dispomos. Filosofia, Ciência e Tecnologia são funções do como como vemos o mundo e as coisas.
Michel Foucault (*) descreve uma descontinuidade epistemológica (uma alteração no modo como nos voltamos para o mundo para conhecer o que dizemos que conhecemos), e aponta com toda clareza diferentes jogos de ferramentas de pensamento ou estruturas conceituais, características de uma e de outra dessas epistemologias, de um e de outro lado desse evento. E aponta um período em nossa cultura ocidental, em que o pensamento esteve dominado por uma característica do período anterior.
A solução de questões trazidas à luz por essa nova maneira de conhecer (a nova epistemologia) não poderão ser resolvidas se correspondentes ciência e tecnologia não forem desenvolvidas também.
Posição relativa do par sujeito-objeto e o modelo de operações
Funcionamento das operações, as de produção e outras, em função do entendimento (episteme) adotado em cada segmento do espectro de modelos identificados pela posição do par sujeito-objeto nos modelos em cada segmento. Cada segmento é então uma coleção de modelos com as seguintes características principais:
Vamos aqui aplicar a recomendação de Vilém Flusser quanto ao uso de nossas funções humanas, reversíveis, Imaginação e Conceituação (veja detalhes em Imagens tradicionais) implementando a relação
[Ocorrências no espaço-tempo] ⇔ [Imagens] ⇔ [Textos]
onde Ocorrências no espaço-tempo são as operações de produção e outras, Imagens são os modelos que fazemos para elas, e Textos carregam os conceitos com as ideias que temos durante a modelagem, e vamos então queremos mostrar esse funcionamento das operações utilizando imagens que permitam reconstituir o sentido e a intenção dos conceitos usados na modelagem da maneira como vemos as operações em cada caso.
Veja as duas tabelas ao lado: o modo de ver o que sejam as operações, de produção, – as de produção, de ensino, ou de pensamento, entre outras, difere substancialmente dependendo do entendimento (episteme) adotado o que faz muita diferença, como poderemos ver.
Veja no item 1.1 Posicionamento as figuras
construídas sobre dois capítulos do livro Filosofia da caixa preta, de Vilém Flusser, que servem de base para essa explicação do funcionamento de operações usando Imaginação e Conceitualização.
Dez (10) pontos selecionados no texto do livro para contextualização entre o Prefácio e o restante do texto do “As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas”.
Vamos aplicar a esses pontos selecionados a recomendação de Vilém Flusser e estabelecer a relação
Ocorrências no espaço-tempo ⇔ Imagens ⇔ Textos
identificando as imagens que relacionam os conceitos com nossos modelos e com isso, pelo uso da nossa Imaginação e da nossa Conceituação, a dificuldade de melhor compreensão desses conceitos diminui.
Continuamos a usar aqui o pensamento de Vilém Flusser em Imagens tradicionais, um capítulo do livro Filosofia da caixa preta.
Veja a animação a que a figura ao lado dá acesso. É feita sobre um capitulo do livro de Flusser. Veja se ela faz sentido para você.
Em todos os 10 (dez) pontos escolhidos para contextualizar o Prefácio com o texto do livro ‘As palavras e as coisas’, usamos essa percepção de Flusser para como que erguer os conceitos do grau de abstração em que estão, e construí-los usando uma figura com as ideias, ou elementos de imagem que estão neles.
Para entender como e por que essa percepção de flusser ajuda na compreensão, veja ‘Classes de abstrações usadas pelo Pensamento‘
Uma história do nascimento do livro “As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas”, tal como contada pelo próprio Michel Foucault no Prefácio do livro; procuramos relacionar essa história do Prefácio – o mais que nos foi possível – com o próprio escopo do livro, seu objeto, e a razão de ser dessa obra: com a explicitação do caminho percorrido e dos achados do autor sobre os modos como configuramos nosso pensamento em nossa cultura, ao efetuar sua arqueologia das ciências humanas.
Partindo de modelos que expressam o funcionamento de operações:
associamos ideias expressas por Foucault nessa história do nascimento do ‘As palavras e as coisas’ a elementos de imagem que fazem parte desses modelos de operações em distintos entendimentos (epistemes), tendo como suporte os dez pontos selecionados no texto do livro para os quais fechamos o circuito
usando nossas funções reversíveis Imaginação e Conceituação. Isso torna mais possível entender por exemplo o que sejam:
entre outras coisas.
Entre os modelos que apresentamos para operações, que podem ser as do próprio pensamento, da produção, de ensino, entre muitas outras, muito possivelmente estará aquela configuração de pensamento com a qual você pensa.
Usualmente pensamos com a configuração de pensamento que adquirimos meio que sem perceber o que está acontecendo, a partir do ambiente em que surgimos e iniciamos a viver.
Mas configurações do pensamento não são coisas que aparecem realmente novas, distintas, todos os anos. Michel Foucault, no ‘As palavras e as coisas’ nos dá conta de apenas duas de raiz, e mais uma que aparece a partir de uma delas. E isso no espaço de séculos.
O que se segue pode ser entendido como
Descubra do que se trata e a força que essas distinções têm.
O mago Merlin, aquele que na lenda satisfazia a todos os desejos de Arthur em um átimo, sem consumir absolutamente nada, – nenhum recurso, nem mesmo energia – e de maneira reversível, possuía o instrumento dos instrumentos: a varinha de condão.
Esse instrumento dos instrumentos – pena que mágico – quebra várias leis da física e isso justifica a impossibilidade de utilizá-lo em operações reais. A varinha mágica sugere uma organização do mundo – e um rebaixamento de entropia – sem qualquer custo e dispêndio de energia, por exemplo.
A visão SSS das organizações modela o objeto esperado (produto) que interessa ao grupo Clientes, e o instrumento (fábrica) capaz de obtê-lo no ambiente de realidade.
Fica destacado nesse arranjo de como ver uma organização, o Nexo da produção de onde surgirá o objeto que interessa aos acionistas: o lucro, ou benefícios de qualquer outra natureza.
Essa estrutura SSS – Simétrica, Simbiótica e Sinérgica nada mais é do que a aplicação com critério da modelagem organizada pelo par sujeito-objeto. Como não é muito comum a organização de modelos de operações organizados pelo objeto, essa estrutura pode parecer algo estranha.
Mas veja no livro Reengenharia o que Hammer diz sobre esse retângulo:
“O processo de ‘Desenvolvimento da capacidade de fabricação’ toma uma estratégia como entrada e produz uma Fábrica como saída.”
Reengenharia: revolucionando a empresa em função dos clientes, da concorrência e das grandes mudanças da gerência; cap. 7 – A caça às oportunidades de reengenharia, pg. 98.
Ora como o retante do mapa todo, a partir do título refere-se a produção de semicondutores, e esse último retângulo produz uma fábrica a partir de certas estratégias, então temos dois objetos nesse mesmo mapa. E muito diferentes. Podemos ter mais de um objeto em um mesmo mapa de operações, mas cada qual terá o seu modelo de operações, organizado pelos respectivos pares sujeito-objeto.
Como Hammer ainda fala em processos, e pensa em entradas que produzem saídas, ele não deve ter achado conveniente simetrizar esse mapa. A estrutura SSS é exatamente essa simetrização.
Esse instrumento mágico era indiferente quanto ao objeto de desejo do rei. Concretizava instantaneamente qualquer coisa. Pena que era um instrumento mágico.
Para a varinha mágica o objeto de desejo de Arthur era indiferente.
Ninguém hoje imagina que um objeto esperado como resultado de uma operação de produção, por exemplo, possa concretizar-se no sentido de tornar-se disponível em ambiente de realidade, sem um instrumento capaz de fazer isso. E esse instrumento é específico com relação ao objeto esperado das operações, e pode receber o nome de Unidade de produção, Fábrica, e quando ainda em desenvolvimento, Laboratório ou Área de projeto piloto.
Visão SSS – Simétrica, Simbiótica e Sinérgica: a organização na realidade do ambiente em que suas operações ocorrem, composta simultaneamente por:
Por detrás dessa visão SSS da organização está:
evitando o pensamento mágico – sem instrumento -, das operações, de produção e outras, e também a confusão de objetos diferentes, rebaixando a qualidade da informação no modelo de operações.
Se modelamos operações sem especificar explicitamente o instrumento, e esse objeto, o instrumento, é imprescindível, acaba acontecendo que o modelo de operações para o objeto esperado fica contaminado pela realidade de que o instrumento precisa ser providenciado.
Vilém Flusser e Michel Foucault apontam formas de reflexão que se instauram (em adição, ou em substituição a outras existentes anteriormente.
e observe quais são as ideias, ou elementos de imagem requeridos para formular modelos sob essa forma de reflexão.
Literalmente há uma unanimidade, atualmente, quanto ao uso (e abuso) do conceito de ‘Processo’; igualmente, o mesmo ocorre com o modo de ver operações: estas são vistas praticamente sempre, como uma transformação de Entradas em Saídas, ou como um processamento de informações.
Mostramos aqui que adotando as formas de reflexão apontadas por Flusser e Foucault, operações adquirem uma aparência totalmente diferente dessa. Veja e compare:
Nota: as animações a que os links acima dão acesso foram feitas sem áudio de narração.
No Prefácio do livro ‘As palavras e as coisas’, Michel Foucault refere-se a dois tipos de sintaxe envolvidos no funcionamento de operações. Podem ser operações de produção, de pensamento, de ensino, do que quer que seja. Veja quais são esses tipos de sintaxe:
A figura que serve de fundo para essas animações que os links acima acessam é a Figura 2 – Diagrama ontológico que está no capítulo ‘Reflexões epistemológicas’ do livro ‘Cognição e Vida cotidiana’; ou ainda é também a Figura 2 agora com o título ‘O explicar e a experiência’, no capítulo ‘Linguagem emoções e ética nos afazeres políticos’ do livro ‘Emoções e linguagem na educação e na politica’, ambos os livros de Humberto Maturana.
Menciono essa figura e sua origem neste ponto, porque a visão comparativa entre os lados esquerdo e direito, respectivamente o pensamento clássico e o moderno, permitem identificar o que o LD tem a mais em relação ao LE, para a instauração da linguagem via a formulação das operações.
Há dois conceitos, ou pode ser que um conceito e dois tratamentos para o que seja um verbo.
“A única coisa que o verbo afirma é a coexistência de duas representações; por exemplo, a do verde e da árvore, a do homem e da existência ou da morte; é por isso que o tempo dos verbos não indica aquele em que as coisas existiram no absoluto, mas um sistema relativo de anterioridade ou de simultaneidade das coisas entre si.”
“É preciso, portanto, tratar esse verbo como um ser misto, ao mesmo tempo palavra entre as palavras, preso às mesmas regras, obedecendo como elas às leis de regência e de concordância; e depois, em recuo em relação a elas todas, numa região que não é aquela do falado mas aquela donde se fala. Ele está na orla do discurso, na juntura entre aquilo que é dito e aquilo que se diz, exatamente lá onde os signos estão em via de se tomar linguagem.”
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Cap. IV – Falar; tópico III – A teoria do verbo
Podemos ver claramente, com a ajuda de imagens, figuras, que tornem possível entender conceitos geométricos como esse ‘em recuo em relação a elas todas’ especificando regiões espaciais que podem e devem ser identificadas, o que sugere um desnivelamento de algumas coisas em relação a outras, como e por que um conceito está para o pensamento clássico e seu sistema input-output e o outro para o pensamento moderno, com operações formuladas em coerência com o Princípio dual de trabalho de David Ricardo.
Conceito chave para entender o tempo em função do lugar onde a operação ocorre é o que Foucault chama de ‘modo de ser fundamental das empiricidades’.
Quanto ao lugar onde ocorrem, uma operação pode ocorrer no ‘Lugar de nascimento do que é empírico‘ e no ‘Circuito das trocas‘.
Dentro do acima, é necessário estudar o tempo nas seguintes situações:
um tempo relativo, tempo calendário, dado por uma operação reversível durante sua formulação, e irreversível na etapa de instanciamento que ocorre no interior do Circuito das trocas. Propriedade emergente Fluxo.
um tempo absoluto, e portanto não-calendário, dado por uma operação irreversível já na sua formulação em virtude da alteração (irreversível) do ‘modo de ser fundamental’ da empiricidade objeto da operação. Ocorre no ‘Lugar de nascimento do que é empírico’, lugar onde, com o sucesso das operações, o ‘modo de ser fundamental’ da empiricidade objeto da operação é alterado nesse domínio e nesse ambiente em que a operação ocorre. Propriedade emergente Permanência.
o tempo volta a ser relativo, tempo novamente calendário, dado por uma operação reversível durante sua formulação, e irreversível na etapa de instanciamento propriamente dita que ocorre no interior do Circuito das trocas. Propriedade emergente volta a ser Fluxo.
Bem, no que se refere ao que seja ‘Classificar’ Foucault é muito claro.
E pensando em modelar operações, construir modelos para elas seguindo o modo como as vemos, ‘Classificar’ é um conceito muito importante.
Veja o que diz Michel Foucault:
“Classificar, portanto,
não será mais referir o visível a si mesmo, encarregando um de seus elementos de representar os outros;
será, num movimento que faz revolver a análise, reportar o visível ao invisível, como à sua razão profunda, depois alçar de novo dessa secreta arquitetura em direção aos seus sinais manifestos, que são dados à superfície dos corpos.”
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Cap. VII – Os limites da representação; tópico III. A organização dos seres
Comentários abaixo fazem referência:
estabelecidas por Michel Foucault:
“O modo de ser do homem, tal como se constituiu no pensamento moderno, permite-lhe desempenhar dois papéis:
comentário: esse papel do homem corresponde ao seu engajamento em uma atividade de produção e ‘trabalho como atividade de produção é a fonte de todo valor ‘;
nessa posição o trabalho que o homem oferece e o empresário compra é representável em unidades de trabalho por ser do tipo analisável em jornadas de subsistência, e que por isso pode ser expresso em unidades comuns de valor entre todas as mercadorias.
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Cap. X – As ciências humanas; tópico I. O triedro dos saberes
Esta animação mostra as ideias, ou elementos de imagem, necessários para a formulação de operações em modelos que levem em conta essa duplicidade de papéis. Sem essa paleta de elementos de imagem, a formulação de modelos de operações em que o homem está presente é pouco mais que retórica.
Modelos de operações – em cada caso concreto de cada dado modelo – ocupam um segmento de um espectro de modelos organizado pela posição do par sujeito-objeto no projeto do dado modelo:
A análise/projeto de modelos em qualquer um desses segmentos exige do analista/projetista que consiga descobrir em que segmento está trabalhando. E para isso, é necessário ter em mente os entendimentos possíveis, ou as características das epistemes.
Modelos em economia política, em sociologia, em psicologia, em política, de maneira geral, modelos no domínio das ciências humanas, têm modelo constituinte bastante complexo porque é uma combinação, ponderada, dos pares de modelos constituintes das ciências que compõem a região epistemológica fundamental.
Então, claramente, modelos no domínio das ciências humanas são função dos modelos das ciências da Vida, do Trabalho e da Linguagem, cada um destes com modelo constituinte formado por um par constituinte apenas, diferente para cada uma dessas ciências.
Parece sensato, em vista disso, compreender a fundo como funcionam os pares constituintes das ciências da Vida (Biologia), do Trabalho (Economia) e da Linguagem (Filologia) levando esse conhecimento prévio para a análise de ciências com modelos muito mais exigentes do pensamento.
A Previdência social trata da subsistência após período útil para o trabalho, daquelas pessoas, daqueles homens quem se envolveram em operações de produção oferecendo sua força, seu esforço, seu tempo, que venderam a quem se dispôs a comprar.
E quem comprou essa força, o esforço, o tempo de quem tinha para vender foram os controladores das operações de produção.
Os empresários, os controladores das operações de produção, estão fora da reforma da Previdência.
Referências sobre fundamentos filosóficos do Liberalismo
Acompanhando a análise feita por Foucault do que ele chama de ‘vento fundador da nossa modernidade no pensamento’, a descontinuidade epistemológica de 1775-1825, vê-se sem dificuldade que ‘o pensamento que nos é contemporâneo, e com o qual queiramos ou não, pensamos’ tem, sim a capacidade de fundar as sínteses [da representação] no domínio da Representação.
Assim sendo (e entendido) há algo de errado na fundamentação filosófica do Liberalismo tal como é apresentado na maioria das vezes.
Causa um certo desconforto a indicação de referências que listam conjuntamente Adam Smith e David Ricardo. Tal aproximação não convém, já que os entendimentos de um e de outro são substancialmente distintos.
Os modelos de operações e de organizações comumente usados em demonstrativos econômico-financeiros são:
Esses modelos são consistentes com a maneira de entendimento do pensamento filosófico de antes da descontinuidade epistemológica de 1775-1825, o pensamento clássico, portanto.
Não há sinal neles do homem em sua duplicidade de papéis, e do objeto especialmente durante a operação de construção de representação nova.
Análises econômico-financeiras tratam de trocas. Não descrevem alterações no modo de ser fundamental do objeto das operações e escopo das organizações, especificamente no modo como esses objetos podem ser afirmados, postos, dispostos e repartidos no espaço do saber para eventuais conhecimentos e para ciências possíveis.
Não há sinal nessa configuração de pensamento para o Lugar de nascimento do que é empírico.
Seu lugar de transcorrência é o Circuito das trocas.
Estes são os pensadores inspiradores deste trabalho e estes são dois dos seus textos maravilhosos:
As três figuras abaixo servem para demonstrar que o Filosofia da caixa preta de Flusser tem muitíssimo a ver com as caixas pretas distribuídas generosamente em meio às abstrações que usamos atualmente no dia a dia, nossos modelos de operações, nossos modelos de sistemas, o modo como interpretamos tais modelos, e os decodificamos para compreender as imagens que geram, se é que chegamos a isso.
E o ‘As palavras e as coisas’ de Foucault descreve em riqueza de detalhes os entendimentos a partir da filosofia, para esses mesmos modelos referidos a pontos de mudança no nosso entendimento (episteme) na história recente do pensamento em nossa cultura.
Se você quiser testar se o que virá vale ou não a pena de ser visto, veja a seguir uma História do nascimento do livro ‘As palavras e as coisas’, com imagens essencialmente, aplicando a sugestão de Vilém Flusser que está expressa no esquema à direita, e nas três figuras abaixo.
Este trabalho encontra razão de ser na percepção de que esses ciclos entre abstrações de diferentes dimensões e graus de abstração, criados por funções humanas – que todos temos ou deveríamos ter – são (devem ser) reversíveis tais como descritos por Flusser nas animações abaixo, muito mais frequentemente do que supomos, não se fecham, quando examinamos mais de perto modelos largamente utilizados em nosso ambiente.
Imagens que não mais nos servem de orientação para o mundo, e mesmo assim continuarem em uso configuram idolatria. E Textos que decodificados não mais nos levam a imagens que nos servem de orientaçção para o mundo, se ainda assim continuarem em uso, configuram textolatria.
Especificamente no caso das imagens tradicionais, nossas funções como humanos Imaginação e Conceituação muito frequentemente não funcionam do modo reversível como seria de se esperar.
No caso das imagens técnicas a questão é mais exigente do pensamento analítico. Veja a animação na figura da direita acima.
Um dos tópicos em nossa página de entrada tem o título
do livro “As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas”, de Michel Foucault.
Passando seu mouse sobre as figuras você vera a capa de cada uma das animações que compõem esse tópico, com o respectivo assunto.
Dá para ver imediatamente conceitos geométricos porque fortemente dependentes de uma visão da disposição espacial das ideias, ou dos elementos de imagem requeridos. A bem dizer, isso acontece em todos os 10 pontos, mas alguns exemplos:
Vamos explorar o que Foucault está pensando em operações do pensamento sob diferentes configurações nesse seu Prefácio; tendo em mente todo o conteúdo do livro. No tópico:
contamos essa história com a intenção de recompor onde necessário, e mostrar a falta onde está ausente, dessas estruturas que reúnem as paletas de ideias ou elementos de imagem.
Veja primeiro, nesse tópico da história do nascimento do livro,
Essa linha de tempo mostra alguns descompassos, intervalos de tempo às vezes muito grandes, entre conquistas do campo pensamento e aplicações desse conhecimento no domínio das técnicas.
Mostra também trabalhos apresentados como inovadores, mudanças radicais no entendimento, quando em vez, a partir de um alinhamento filosófico prévio, seriam considerados aplicações de entendimentos obtidos em conquistas anteriores. Temos dois exemplos que poderiam demonstrar isso, a nosso ver:
que podem ser comparadas com a visão de operações consistentes com o Princípio Dual de Trabalho de David Ricardo mostrando maneiras idênticas de entender o mundo e as coisas.
No início do século XX entre outras conquistas surgiu o management. Há quem diga que o management foi uma das maiores invenções do século passado. E surgiu apresentando como fundamentação filosófica Adam Smith, e adotando modelos de operações e de organizações consistentes com Adam Smith. Mas desde 1817 com a publicação do Principles of political economy and taxation de David Ricardo já havia na filosofia como visualizar operações e organizações de um modo muito mais conectado com o fenômeno operações em organizações. A defasagem nesse ponto é de aproximadamente um século.
Mas foi necessário um intervalo de mais 25 a 30 anos para que surgisse um sistema de produção cujo entendimento de operações e organizações osse consistente com o Princípio Dual de Trabalho de David Ricardo.
No final do século XX o mundo do management foi abalado por uma revolução denominada ‘Reengenharia’.
Isso ocorreu na década de 90 e não durou muito, reduzindo-se a um modismo hoje esquecido, a julgar pelos modelos hooje em dia recomendados.
Pois visto de perto, o modelo da reengenharia é consistente com o modelo de operações do Kanban, e os dois são consistentes com o entendimento filosófico da configuração de pensamento de depois da descontinuidade epistemológica de 1775-1825.
Se assim for, a Reengenharia não deveria ter sido esquecida. Veja por você mesmo, no que se segue, se as coisas são assim mesmo ou são de outro modo.
Veja o exemplo ao lado encontrado no livro The Unified Software Development Process, de Ivar Jacobson e outros, na Fig. 1.1 – o processo de construção de um software em poucas palavras.
A intenção do autor parece ser a de representar de um e de outro lado das operações de construção do software o próprio Sistema de software em dois estados sucessivos. Essa intenção exige um sistema absoluto no qual haja mudança no modo de ser fundamental especificamente da empiricidade objeto ‘Sistema de Software’.
Mas a figura escolhida para representar essa ideia é a de
construída sobre um sistema Input-Output, um sistema relativo de anterioridade ou simultaneidade das coisas entre si.
O exemplo é ilustrativo da falta que faz um alinhamento filosófico para o projeto de modelos em qualquer área. Esse modo de ver operações acaba condicionando a forma como os usuários usam todo o conhecimento contido no livro.
Para compreender a verdade existente na afirmação que acabo de fazer é necessário ter um critério de comparação de modelos para poder descobrir com que entendimento foram feitos.
Logo na página de entrada você encontra as paletas de ideias, ou elementos de imagem para a configuração do pensamento clássico, o de antes de 1775, e o moderno, segundo Foucault, a configuração de pensamento que se consolidou depois da descontinuidade epistemológica de 1775-1825.
Verá que os modelos de operações como a proposta no The Unified Software Development Process tratam com propriedades sim-originais e sim-constitutivas do sistema de software, e que para que esse tratamento possa ter lugar é necessária a noção de objeto.
Veja a Fig. 7.1 – Mapa da atividade semicondutores da Texas Instruments, original do livro Reengenharia de Michael Hammer (a figura abaixo).
É visível que todo o mapa, desde o título, é organizado em torno do objeto. A modelagem organizada pelo objeto (e pelo sujeito, em realidade pelo par sujeito-objeto) é bastante distinta da modelagem até então utilizada, na qual o objeto no sentido no qual ele é usado nesse mapa de Hammer, era simplesmente inexistente.
Examinando mais de perto esse mapa vê-se que todos os módulos referem-se ao objeto que é esperado das operações modeladas – refiro-me ao objeto semicondutores – exceto um.
Esse bloco relacionado a objeto distinto de semicondutores é o ‘Desenvolvimento de capacidade de fabricação.
Sobre esse bloco,Hammer diz que nele um conjunto de estratégias são transformado em uma Fábrica.
Do mesmo modo como as operações das quais resulta o objeto semicondutores exige o conjunto de blocos mostrado no mapa, o objeto Fábrica igualmente exige um conjunto semelhante.
E esse conjunto de blocos que modelam operações que resultam em objetos esperados tem muito pouco de específicos em relação a semicondutores, mas ante, é apropriado para objetos esperados, quaisquer que sejam.
o detalhamento do bloco ‘Desenvolvimento de capacidade de fabricação simetriza o mapa da reengenharia e evidencia o Nexo da produção.
Além disso, acrescentamos nesse mapa todas as ideias ou elementos de imagem que tornam possível a formulação das proposições implícitas em cada um dos blocos.
Clique na figura ao lado e verá a organização SSS – Simétrica, Simbiótica e Sinérgica na qual:
abrindo espaço e lugar para o objeto de interesse do grupo Acionistas, Lucro ou benefícios de qualquer natureza.
Para tratar esse tipo de questões é necessário que baixemos os nossos pressupostos.
Este é um alerta e um convite para que nos coloquemos em uma posição receptiva a possíveis ideias novas que poderão se apresentar a seguir neste trabalho
Essa figura ao lado dá acesso a uma versão nossa da história de nascimento do ‘As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas’ tal como contada por Foucault no Prefácio do livro.
Nessa animação propomos uma relação entre um excerto do texto do Prefácio, com as visões aplicáveis em cada ponto da narrativa, e assim destacamos as estruturas que reúnem as ideias (ou os elementos de imagem) necessários em cada composição da imagem respectiva.
No texto destacado do Prefácio, Foucault discorre sobre Utopias e Heterotopias, entendendo estas últimas, as heterotopias, do modo mais próximo de sua etimologia como o lugar onde
Neste trabalho associamos o conceito de heterotopia – especialmente levando em conta esse significado acima transcrito, dessa palavra, ao Sistema de categorias ou o Quadro, do pensamento clássico e ao uso simultâneo de diferentes ordens desse tipo, que ocorre em modelos de operações e de organizações que usamos atualmente.
O modo como contamos aqui a história do nascimento do ‘As palavras e as coisas’, cujo texto está no Prefácio do livro, depende da contextualização entre o Prefácio e o restante do livro, usando para essa contextualização fragmentos de textos do próprio livro.
Por favor veja antes o tópico 10 pontos de contextualização, o primeiro no slider maior na nossa página de entrada.
Nossa intenção é mostrar que essa conceituação de heterotopia coincide bastante bem com o sistema de categorias, ou o Quadro no pensamento clássico e com o conjunto desses sistemas usados simultaneamente em modelos que usamos hoje. Enfatizamos os problemas criados por esse entendimento do pensamento, como a possibilidade de uso simultâneo de múltiplas ordens com as consequências referidas pelo pequeno trecho Prefácio que destacamos.
E procuramos esclarecer o papel das Utopias na articulação do pensamento com o impensado em um modelo de operações para o pensamento moderno, no caminho da Construção de representações.
E mostramos como abrigar as entidades mencionadas por Foucault no Prefácio como as Utopias, os dois tipos de sintaxe envolvidos, os dois conceitos para ‘Classificar’ e para o que seja um ‘Verbo’, etc. sempre em uma estrutura consistente com o princípio dual de trabalho de David Ricardo, e também, olhando para o lado da prática, com o modelo descritivo de operações do Kanban e da Reengenharia.
Temos a clara impressão de que ao escrever o Prefácio do “As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas” Michel Foucault tinha em mente todo o estudo em estilo de arqueologiadas ciências humanas que desenvolveu. Por isso provavelmente o texto do Prefácio foi escrito depois de o livro estar pronto.
Esse texto permite uma imagem composta com as ideias, ou elementos de imagem que o compõem.
Esta animação faz a proposta dessa imagem, ou de uma imagem que seja ema recodificação desse texto.
A figura abaixo dá acesso a uma paleta de ideias ou elementos de imagem para o modelo de operação no caminho da Construção da representação sob o pensamento filosófico moderno, o de depois da descontinuidade epistemológica de 1775-1825.
Na nossa página de entrada encontram-se também as paletas do pensamento clássico, e para o moderno, no caminho do Instanciamento da representação.
Clicando na figura abre-se um popup.
Passando o mouse por sobre os elementos de imagem são apresentados os significados de cada um, o papel de cada um na imagem de conjunto.
Uma lista de 10 pontos, de autoria de Michel Foucault, encontrados no livro
para ajudar na contextualização do que ele diz no Prefácio com o restante do livro, e entender melhor o próprio escopo do trabalho do autor, nesse livro.
Para cada um desses pontos incluímos uma animação que estabelece a ligação do conceito embutido no texto com a imagem respectiva em função do entendimento utilizado, apresentando a paleta de ideias – ou elementos de imagem, e seus relacionamentos.
Exemplos antológicos, muito usados atualmente, construídos com modos de entendimento de operações diferentes:
⇒ Modelo descritivo de operações de produção devido a Elwood S. Buffa, organizado por uma (ou mais de uma como alerta Foucault) ordem arbitráriamente escolhida(s)
⇒ Modelo de operações no sistema contábil-financeiro. (Débito/Crédito)
ambos organizados a partir de ordem(ns) arbitrariamente selecionadas tendo portanto como referencial a ordem pela ordem, princípios organizadores Caráter e Similitude
⇒ Modelo para uma organização típica, adaptado de Mário Zilbovicius conforme referência,
⇒ Modelo para uma organização no sistema contábil Financeiro: (Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido ou Resultado)
nos quais podemos ver claramente múltiplas ordens “ligeiramente diferentes” como sobre isso diz Foucault.
⇒ Modelo descritivo de operações de produção do Kanban (formulação das operações neste modelo como uma proposição com sujeito das operações e predicado do sujeito, este composto por uma Forma de produção claramente indicada na figura, e com o atributo do sujeito, a empiricidade objeto da operação.
⇒ Modelo de operações da Reengenharia, com o Mapa da atividade semicondutores da Texas Instruments, encontrado no livro Reengenharia.
⇒ Modelo descritivo de operações de produção do Kanban: também organizado no formato de uma proposição, coisa que não é tão evidente à primeira vista, mas que pode ser vista em animação específica neste trabalho.
⇒ Modelo de operações da Reengenharia, com o Mapa da atividade semicondutores da Texas Instruments, encontrado no livro Reengenharia.
Nesse fragmento de texto do início do Cap. VII – Os limites da representação; tópico I – As novas empiricidades, Foucault descreve quais tinham sido as duas maiores dificuldades em seu trabalho nesse livro. Diz ele que acaba de identificar, já entrando no final do seu trabalho, dois óbices:
uma dominação do pensamento com o qual queiramos ou não pensamos, do nosso pensamento portanto, pela incapacidade de fundar as sínteses no espaço da representação, esta uma característica do pensamento que nos é contemporâneo em nossa cultura, por uma característica típica do pensamento clássico;
a obrigação correlata de abrir o campo transcendental da subjetividade e de construir, para além do objeto, os quase-transcendentais da Vida, do Trabalho e da Linguagem.
Quanto à dificuldade apontada, fundar as sínteses (entenda-se as sínteses da empiricidade objeto obtida pelo princípio organizador Análise) coloca o objeto em posição central; e se atentarmos para a forma de reflexão que se instaura em nossa cultura, junto com o objeto vem o sujeito,
Durante todo o trabalho até aqui Foucault já havia lidado com modelos situados quanto a sua estrutura, AQUÉM do objeto, – incapazes de lidar com esse conceito a partir de propriedades sim-originais e sim-constitutivas; e também com modelos situados quanto a sua estrutura DIANTE do objeto, porque capazes de lidar com o objeto pelas suas propriedades sim-originais e sim-constitutivas.
E está agora indo adiante e percebendo um novo segmento nesse espectro de modelos: o dos modelos para ALÉM do objeto, cujo modelo constituinte é uma composição ponderada dos três modelos constituintes das ciências que habitam o eixo epistemológico fundamental mostrado no Triedro dos saberes, a saber, as ciências
Note que os modelos nessas três áreas pertencem ao segmento de modelos DIANTE do objeto; como o modelo constituinte das ciências humanas é uma combinação ponderada desses pares constituintes, vê-se que é necessário compreender como são as operações organizadas pelos pares sujeito-objeto.
Veja isso nas animações neste trabalho
Funcionamento da operação sob o entendimento do pensamento clássico, o de antes da descontinuidade epistemológica de 1775-1825.
Este tipo de operações consegue tratar somente propriedades não-originais e não-constitutivas das coisas, e isso é o mesmo que dizer que as coisas são tratadas por “aparências”, qualidades, adjetivos, ou por propriedades não-originais e não-constitutivas, ou por .
O homem – como único ser capaz de desempenhar dois papéis:
não havia surgido ainda no pensamento.
A forma de reflexão em que está em questão o ser do homem nessa dimensão o pensamento segundo a qual o pensamento se dirige ao impensado e com ele se articula ainda não havia surgido. Veja o ponto 11 deste tópico ‘Funcionamento’.
A animação que mostra a Forma de reflexão que se instaura, segundo Michel Foucault depois da descontinuidade epistemológica de 1775-1825, com as seguintes palavras:
“Instaura-se uma forma de reflexão, bastante afastada do cartesianismo e da análise kantiana, em que está em questão, pela primeira vez, o ser do homem, nessa dimensão segundo a qual o pensamento se dirige ao impensado, e com ele se articula.”
refletida em um modelo de operação de Construção de representação para empiricidade objeto (uma coisa); veja As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Cap IX – o homem e seus duplos; tópico V – O “cogito” e o impensado, de Michel Foucault
Aplicando a ideia da Forma de reflexão que se instaura em nosso pensamento a essa figura, vê-se que o circuito reversível ensinado por Vilém Flusser
se fecha. O que, diga-se de passagem, não acontece quando a imagem corresponde à maioria dos modelos de operações que utilizamos.
A paleta de ideias ou elementos de imagem que compõem essa figura:
Nesta operação o modo de ser fundamental da empiricidade objeto muda – propriedades sim-originais e sim-constitutivas inexistentes antes da operação tornam-se disponíveis depois dela. Com isso o modo com essa empiricidade objeto pode ser afirmada, posta, disposta e repartida no espaço do saber para eventuais conhecimentos e ciências possíveis é alterado.
Tomando esse conceito ‘modo de ser fundamental das empiricidades’ como elemento ordenador da história, ao final com sucesso dessa operação, – no interior do Lugar de nascimento do que é empírico e percorrendo o Caminho da Construção da representação – faz-se história.
No LD da figura, pensamento moderno de depois de 1825, caminho do Instanciamento da representação.
Esse caminho só é percorrido quando para o operar atribuído à empiricidade objeto de uma operação, já exista, no Repositório de proposições explicativas formuladas de acordo com as regras da língua, uma representação que ‘sirva’ a esse operar, ou em outras palavras uma representação cuja Forma de produção seja capaz de obter quando desencadeada no ambiente, operar semelhante a esse atribuído a essa empiricidade objeto.
Ao contrário do caminho da Construção da representação, no qual o modo de ser fundamental da empiricidade objeto da operação muda, no caminho do Instanciamento da representação não há mudança no modo de ser fundamental da empiricidade objeto em instanciamento, que termina a operação no mesmo modo de ser fundamental no qual foi recuperada do repositório de proposições explicativas formuladas de acordo com as regras da língua.
Entenda como modo de ser fundamental da empiricidade com as palavras que Foucault usa para isso:
O elemento central das operações no LE da figura, sob o pensamento clássico, é Processo.
Processo, como conjunto de ações, atividades, tasks, é da categoria dos verbos.
“A única coisa que o verbo afirma é a coexistência entre duas representações: por exemplo, a do verde e da árvore, a do homem e da existência ou a morte. É por isso que o tempo dos verbos não indica aquele em que as coisas existiram no absoluto, mas um sistema relativo de anterioridade ou simultaneidade das coisas entre si.”
(…) “Assim é que o verbo ser teria essencialmente por função reportar toda linguagem à representação que ele designa. O ser em direção ao qual ele transborda os signos não é nem mais nem menos que o ser do pensamento. Comparando a linguagem a um quadro, um gramático do fim do século XVIII define os nomes como formas, os adjetivos como cores e o verbo como a própria tela onde elas aparecem.“
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas.
Cap. IV – Falar; tópico III. A teoria do verbo. de Michel Foucault.
A operação no LE da figura funciona sobre um sistema relativo de anterioridade ou simultaneidade das coisas entre si – o sistema Input-Output, ou Entradas-Saídas.
Toda a operação funciona com propriedades não-originais e não-constitutivas (esse sistema não indica ‘aquele em que as coisas existiram no absoluto’ por absoluta falta de possibilidade de tratar as condições para que as coisas existam no absoluto.
Com propriedades não-originais e não-constitutivas, e deixando fora do escopo da operação a consideração dessas ‘coisas’ que passam a existir no absoluto, tudo é pre-existente, todas as representações são pré-existentes à operação.
Como pré-existentes, suas propriedades não originais e não-constitutivas estão disponíveis antes da operação, tanto para o início desta, quanto para o seu final.
Logo, ao tempo da deflagração do evento de processo (i), com a disponibilidade das propriedades antes e depois da operação, é possível calcular a inserção no calendário do outro evento, o (f).
E inversamente, para uma inserção calendário arbitrária do evento (f), com a disponibilidade de todas as propriedades não-originais e não-constitutivas, é possível calcular a inserção calendário do evento (i).
Então, existe um fator K que permite calcular a correspondente inserção calendário de um evento (i), ou (f), a partir da inserção calendário arbitrária do outro evento.
A figura ao lado dá acesso a uma animação cuja principal característica, em termos de tempo na operação representada, é que ao contrário da operação no LE da figura sob o pensamento clássico, aqui não existe um fator K que permita, a partir de propriedades da representação objeto da operação, e com a inserção calendário de um dos eventos (i) ou (f), calcular a inserção do outro evento.
Isso acontece porque a operação de construção da representação transcorre em um tempo em que a representação objeto passa a existir no absoluto, já que seu modo de ser fundamental nesse ambiente e com o repositório de proposições explicativas formuladas de acordo com as regras da língua, muda. Em outras palavras, e usando o modo como Foucault se refere a isso, modo de ser fundamental é o que permite que a representação possa ser afirmada, posta, disposta e repartida no espaço do saber para eventuais conhecimentos e para ciências possíveis.
“O limiar da linguagem está onde surge o verbo.
É preciso, portanto, tratar esse verbo como um ser misto, ao mesmo tempo palavra entre as palavras, preso às mesmas regras, obedecendo como elas às leis de regência e de concordância;
e depois, em recuo em relação a elas todas, numa região que não é aquela do falado mas aquela donde se fala. Ele está na orla do discurso, na juntura entre aquilo que é dito e aquilo que se diz, exatamente lá onde os signos estão em via de se tomar linguagem.
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas.
Cap. IV – Falar; tópico III. A teoria do verbo. de Michel Foucault.
Em termos dos tempos na operação de construção da representação:
A figura dá acesso a uma animação para a operação de Instanciamento de uma representação já existente no Repositório de proposições explicativas formuladas de acordo com as regras da língua.
Esse fato de que a operação de instanciamento instancia uma representação pré-existente no repositório é essencial porque durante o instanciamento não ocorre mudança no modo de ser fundamental da empiricidade objeto da operação. Ocorre uma mudança de estado, e não mudança no modo de ser fundamental dessa empiricidade objeto, isto é, ela continua a poder ser afirmada, posta, disposta e repartida no espaço do saber para eventuais conhecimentos e para ciências possíveis exatamente do mesmo modo que estava no repositório.
Desse modo, tanto em (i) quanto em (f) pontos iniciais e finais da operação de instanciamento do objeto, existem todas as propriedades originais e constitutivas e também as não-originais e não-constitutivas, o que leva à possibilidade de que dada a inserção arbitrária de um evento, (i) ou (f), a inserção calendário do outro evento pode ser calculada por um fator K.
No caminho do Instanciamento da representação da empiricidade objeto não há alteração no modo de ser fundamental nesse ambiente e com esse Repositório.
Entenda modo de ser fundamental como aquilo a partir do que ela pode ser afirmada, posta, disposta e repartida no espaço do saber para eventuais conhecimentos e para ciências possíveis.
Como diz Foucault abaixo, Processo é a própria janela onde as palavras aparecem. Diz ele:
“A única coisa que o verbo afirma é a coexistência de duas representações: por exemplo, a do verde e da árvore, a do homem e da existência ou da morte; é por isso que o tempo dos verbos não indica aquele em que as coisas existiram no absoluto, mas um sistema relativo de anterioridade ou de simultaneidade das coisas entre si. A coexistência, com efeito, não é um atributo da própria coisa, mas também não é nada mais que uma forma de representação: dizer que o verde e a árvore coexistem é dizer que estão ligados em todas ou na maioria das impressões que recebo.”
(…) “Assim é que o verbo ser teria essencialmente por função reportar toda linguagem à representação que ele designa. O ser em direção ao qual ele transborda os signos não é nem mais nem menos que o ser do pensamento. Comparando a linguagem a um quadro, um gramático do fim do século XVIII define os nomes como formas, os adjetivos como cores e o verbo como a própria tela onde elas aparecem. Tela invisível, inteiramente recoberta pelo brilho e o desenho das palavras, mas que fornece à linguagem o lugar onde fazer valer sua pintura; o que o verbo designa é finalmente o caráter representativo da linguagem, o fato de que ela tem seu lugar no pensamento e de que a única palavra capaz de transpor o limite dos signos e fundá-Ios na verdade não atinge jamais senão a própria representação.
De sorte que a função do verbo se acha identificada com o modo de existência da linguagem, que ela percorre em toda a sua extensão: falar é, ao mesmo tempo, representar por signos e conferir a signos uma forma sintética comandada pelo verbo”
Nos modelos de operações sob o entendimento do pensamento de depois da descontinuidade epistemológica de 1775-1825 as frases, segundo os tipos de proposição possíveis, são:
Nesses tipos de proposições as ideias ou elementos de imagem envolvidos são:
Vale a pena notar que essa formulação estabelece uma sorte de ordem única, que atravessa todo o modelo de operações.
O resultado de uma operação no caminho da Construção da representação é invariavelmente um objeto análogo composto por elementos componentes, outros objetos análogos. Praticamente não existe operação de construção de representação para empiricidade objeto ainda sem suporte na experiência em determinado ambiente e com um repositório existente, que se resolva com um único objeto análogo, e como é sabido, o impensado, o não articulado, a visão nunca é representada ela própria.
A sintaxe que segundo Foucault autoriza a manter juntas ao lado e em frente umas das outras palavras e coisas é aquela que toma os resultados do princípio organizador Analogia, (os objetos análogos tomados como componentes da representação em construção) e estabelece entre eles, usando o princípio organizador Sucessão, um sequenciamento estrutural lógico.
O resultado da ação desses dois princípios organizadores Analogia e Sucessão, com os métodos Análise e Síntese, resultam sempre em uma estrutura hierárquica.
O modo de ser do homem, tal como se constituiu no pensamento moderno, permite-lhe desempenhar dois papéis:
está, ao mesmo tempo,
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas Cap. X – As ciências humanas; tópico I. O triedro dos saberes
Dada a extrema diferença existente entre esses dois papéis, necessariamente ocupam lugares distintos na estrutura do modelo de operações, e a consideração desses dois papéis para o homem implica nessa mudança de estrutura na configuração do pensamento das operações.
Como dito, estamos utilizando como base a Figura 2 – Diagrama ontológico ou ainda Figura 2 – O Explicar e a Experiência, de autoria de Maturana em dois de seus livros (vide animações no Ponto 1 adicional neste trabalho.
O pressuposto no LE da figura, (a existência precede a distinção). Todas as representações são pré-existentes, portanto todas as propriedades não-originais e não-constitutivas estão disponíveis e não está no escopo desse tipo de operações o tratamento de coisas ainda não existentes e portanto a preocupação com propriedades sim-originais e sim-constitutivas.
A operação ocorre em uma região do espaço orientada, chamada Volume de controle.
Operações formuladas no LE da figura ocorrem totalmente no interior do Circuito das trocas como sendo esse o lugar onde não ocorrem mudanças no modo de ser fundamental da coisas. A bem dizer, não há mesmo a possibilidade de tratar ‘empiricidades objeto’ por não caber isso no escopo desse tipo de operações.
São vistas como um processamento de informação, em uma única transformação.
A propriedade emergente é Fluxo
Uma visão global das operações, inicialmente no caminho da Construção da representação, no interior do Lugar de nascimento do que é empírico é a seguinte:
Há duas transformações de mesmo sinal:
Vendo de um ponto de vista mais alto, essas duas transformações podem ser reduzidas a uma Conversão, de pensamento não articulado em representação, estabelecendo uma relação entre os domínios do Pensamento e da Língua e o do discurso e da Representação.
A propriedade emergente da operação no caminho da Construção da representação é Permanência,
É permanência da representação construída no Repositório de proposições explicativas formuladas de acordo com as regras da língua. Trata-se de uma permanência provisória, temporária, até que novas razões determinem a reforma ou reformulação dessa representação.
Como vimos, Permanência como propriedade emergente estabelece o contrário da propriedade emergente no LE da figura, que encontramos ser Fluxo.
Uma visão global das operações, desta feita no caminho do Instanciamento da representação, no interior do Circuito das trocas é a seguinte:
Há também aqui, duas transformações, mas desta feita, de sinais contrários:
Vendo de um ponto de vista mais alto, essas duas transformações podem ser reduzidas a uma Conversão, de Disponibilidade de recursos em Disponibilidade de objeto, estabelecendo tudo transcorrendo no interior do domínio do Discurso e da Representação.
A propriedade emergente da operação no caminho do Instanciamento da representação é novamente Fluxo.
Há dois fluxos:
Como vimos, Fluxo como propriedade emergente na operação de instanciamento no LD da figura é a mesma propriedade emergente no LE da figura, que encontramos ser Fluxo.
Há no ‘As palavras e as coisas’ dois conceitos para o que seja ‘Classificar’ que se ajustam perfeitamente bem um deles para o pensamento clássico, e o outro para o pensamento moderno, a um tempo para o caminho da Construção da representação, e a segunda parte, para o caminho do Instanciamento da representação.
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas, Cap. VII – Os limites da representação; tópico III. A organização dos seres, de Michel Foucault
Características do entendimento de operações no pensamento clássico, o de antes da descontinuidade epistemológica de 1775 a 1825:
Características do entendimento de operações no pensamento moderno, o de depois da descontinuidade epistemológica de 1775 a 1825:
“De sorte que se vêem surgir, como princípios organizadores desse espaço de empiricidades, a Analogia e a Sucessão: de uma organização a outra, o liame, com efeito, não pode mais ser a identidade de um ou vários elementos, mas a identidade da relação entre os elementos (onde a visibilidade não tem mais papel) e da função que asseguram; ademais, se porventura essas organizações se avizinham por efeito de uma densidade singularmente grande de analogias, não é porque ocupem localizações próximas num espaço de classificação, mas sim porque foram formadas uma ao mesmo tempo que a outra e uma logo após a outra no devir das sucessões.”
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas; Cap. VII – Os limites da representação; tópico: I – A idade da história
Segmento do espectro de modelos situados AQUÉM do objeto pela colocação fora do escopo dessa formulação clássica a ideia de objeto descrito por suas propriedades originais e constitutivas.
Restam propriedades que estão à superfície dos corpos, as não-originais e não-constitutivas somente, as “aparências” nome que a elas dá Maturana.
As duas figuras abaixo mostram objeções e propostas que Maturana fazia para melhorar corrigindo, o que considerava um erro na modelagem de fenômenos biológicos.
A animação que descreve as operações no LD da figura, no caminho da Construção da representação, destaca a intenção dessa formulação: a construção da nova representação para a empiricidade objeto.
Esse tipo de modelos que abrange a etapa da construção de representações são construídos, por óbvio, diante do objeto.
Modelos nesse segmento do espectro têm modelos constituintes conforme a área da região epistemológica fundamental:
Modelos nesse segmento para além do objeto habitam o interior do Triedro do saber delineado por Miche Foucault, onde estão as ciências humanas.
Modelos nesse segmento do espectro têm modelos constituintes que são uma combinação ponderada dos modelos das ciências da região epistemológica fundamental:
Note que no interior do Triedro dos saberes o modelo constituinte é uma composição dos três pares constituintes; a predominância de um deles sobre os outros acompanha o projetista de modelos em cada caso.
A percepção feita por Michel Foucault de uma forma de reflexão que se instaura em nossa cultura depois da descontinuidade epistemológica por ele situada entre 1775 e 1825.
Trata-se de uma forma de reflexão ‘bastante afastada do cartesianismo e da análise kantiana’ e que exatamente por isso configura uma descontinuidade epistemológica, ou seja, uma alteração profunda no entendimento neste caso, das operações, mas muito mais amplo que isso.
É uma forma de reflexão organizada pelo par sujeito-objeto.
Veja a animação para certificar-se disso
Proposição, é o bloco padrão fundamental genérico oferecido pela linguagem, para a construção de representações.
Diz Foucault sobre a proposição:
‘As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas’;
Cap. IV – Falar; tópico III. A teoria do verbo
Michel Foucault
Referencial, princípios organizadores e métodos no entendimento vigente no pelsamento de antes da descontinuidade epistemológica de 1775-1825:
Referencial, princípios organizadores e métodos no entendimento vigente no pensamento de depois da descontinuidade epistemológica de 1775-1825:
Veja esta conceituação de verbo feita por Foucault, indicando suas limitações, e apontando claramente para um sistema relativo de anterioridade ou simultaneidade das coisas entre si, quer dizer, apontando para o sistema Input-Output.
Esse trecho indica com muita clareza que esse tipo de verbo funciona no sistema Entradas ⇒ Saídas.
E indica que o tempo assinalado por esse tipo de verbo é um tempo calendário, um tempo relativo no qual dado um evento (i) ou (f), é possível calcular correspondentemente o evento (f) ou (i) fazendo isso com propriedades existentes da representação.
E além disso, aponta para um outro tipo de tempo, um tempo absoluto, um tempo que assinala coisas que passaram a existir. Veja sobre isso o próximo tópico.
As operações que tenham esse tipo de verbo como elemento central são sempre reversíveis na etapa de formulação; todas as irreversibilidades aparecem durante o instanciamento que transcorre no interior do Circuito das trocas.
O tempo com esse tipo de verbo é relativo, um tempo calendário. Existe um fator K tal que para uma dada inserção do evento (i), é possível calcular com propriedades da representação a inserção do evento (f) e vice-versa.
A propriedade emergente na operação que em esse tipo de verbo como elemento central é Fluxo; e toda a operação transcorre no interior do Circuito das trocas.
Veja nesta citação de Foucault o conceito de verbo completamente distinto do anterior, agora não mais concebido em um sistema relativo com tempo relativo (calendário) como no anterior, mas com um tempo absoluto ligado à mudanças no modo de ser fundamental das empiricidades, isto é, aquilo que permite que elas sejam afirmadas, postas, dispostas e repartidas no espaço do saber para conhecimentos, e eventuais ciências possíveis.
As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. IV – Falar; tópico III. A teoria do verbo
Michel Foucault
Veja a animação a que a figura ao lado dá acesso.
Ela propõe um sentido para várias coisas nesse trecho de Foucault:
A sintaxe que autoriza a construção das frases no formato de proposições formuladas de acordo com as regras da linguagem em uso.
Na modelagem das operações temos três tipos de proposições
é aquela proposição que inicia a operação de busca pela possibilidade de representar um certo operar atribuído à empiricidade objeto da operação. É formulada quanto após uma consulta ao Repositório de proposições explicativas da experiência formuladas de acordo com as regras da língua, a resposta a essa consulta é negativa – o Repositório não tem condições de dar sustentação na experiência a esse operar.
é toda proposição cuja Forma de produção já tem elementos de suporte na experiência ao operar atribuído à empiricidade objeto. Neste caso, a representação a esse nível, se nova for, é acrescentada ao Repositório.
é toda proposição que já existe no Repositório de proposições explicativas formuladas de acordo com as regras da língua. Se o operar característico da Forma de produção dessa proposição for exigido em uma operação de obtenção de uma empiricidade objeto, será parte da etapa de Instanciamento da empiricidade objeto. Durante essa etapa, o modo de ser fundamental da empiricidade objeto não muda.
Esta é a sintaxe que orienta a organização do objeto análogo composto, uma composição organizada e logicamente ordenada de objetos análogos que funcionam como elementos componentes na representação em construção.
A decisão de desencadear operação como essa implica em enfrentar as impossibilidades de representação de um ‘operar’ qualquer dentre os atribuídos à empiricidade objeto. Essas impossibilidades são encaradas de frente.
A impossibilidade de representação de um qualquer desses atributos é submetida à análise e com auxílio das operações de busca por origem, condições de possibilidade e de generalidade dentro de limites para cada um dos objetos análogos criados pela análise, são procurados e identificados,ou desenvolvidos os elementos de suporte na experiência respectivos.
O método Síntese relaciona logicamente os objetos análogos compondo com eles a Sucessão de analogias que constituio objeto análogo composto que resulta, via de regra, de toda operação de construção de representação.
O Princípio (monolítico) de trabalho de Adam Smith foi cunhado em 1776 sob a preocupação de medir a equivalência das mercadorias que passam pelo Circuito das trocas.
Toda a operação no pensamento clássico transcorre no interior do que Foucault chama de Circuito das trocas uma vez que a construção de representações novas para empiricidades objeto, ainda não representadas ou objeto de reformulação, está fora do escopo do pensamento clássico.
Para Adam Smith o trabalho é analisável em jornadas de subsistência e pode servir de unidade comum a todas as outras mercadorias necessárias à subsistência.
Mas Adam Smith deixa de considerar aquela atividade que está na origem do valor das coisas, a construção de novas empiricidades objeto com específicos ‘operar’. Isso só acontece em 1817, com David Ricardo e seu princípio dual de trabalho. (veja o ponto seguinte)
Usando Foucault para entender melhor isso, ele atribui ao homem a possibilidade de desempenhar dois papéis:
o princípio monolítico de Adam Smith, ainda que não considere o homem nessa noção com que dele fala Foucault, que a seu tempo não havia sido inventado, mas cobre apenas o primeiro desses dois papéis.
O Princípio dual de trabalho de David Ricardo, de 1817, cunhado sob a dupla preocupação de:
As operações no pensamento moderno transcorrem:
Para Adam Smith o trabalho é analisável em jornadas de subsistência e pode servir de unidade comum a todas as outras mercadorias necessárias à subsistência.
Mas Adam Smith deixa de considerar aquela atividade que está na origem do valor das coisas, a construção de novas empiricidades objeto com específicos ‘operar’.
Isso só acontece com David Ricardo. Veja a figura ao lado.
Usando Foucault para entender melhor isso, ele atribui ao homem a possibilidade de desempenhar dois papéis:
o princípio monolítico de Adam Smith, ainda que não considere o homem nessa noção com que dele fala Foucault, mas cobre apenas aspecto associável ao primeiro desses dois papéis.