Questões/Perguntas
A intenção com este estudo é buscar no pensamento de Michel Foucault, – com foco no livro ‘As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas’ – subsídios para responder ao seguinte tipo de questões:
Nossa inspiração e roteiro
Uma história do nascimento do livro ‘As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas’
Alguns pontos para apresentação de ideias no Projeto Formulador
Os dois obstáculos, as duas pedras de tropeço no caminho,
encontradas por Foucault durante seu trabalho no livro
‘As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas’
exemplos de modelos de operações e de organizações muito usados ainda hoje, mostrando esses dois obstáculos presentes entre nós atualmente.
1926-1984
“Eis que nos adiantamos
bem para além do acontecimento histórico
que se impunha situar
– bem para além das margens cronológicas dessa ruptura
que divide, em sua profundidade,
a epistémê do mundo ocidental
e isola para nós o começo de certa
maneira moderna de conhecer as empiricidades.
É que o pensamento que nos é contemporâneo
e com o qual, queiramos ou não, pensamos,
se acha ainda muito dominado
1 pela impossibilidade,
trazida à luz por volta
do fim do século XVIII,
de fundar as sínteses
no espaço da representação:
2 e pela obrigação
correlativa, simultânea,
mas logo dividida contra si mesma,
de abrir o campo transcendental da subjetividade e de constituir inversamente,
para além do objeto,
esses “quase-transcendentais”
que são para nós
a Vida, o Trabalho, a Linguagem.
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VIII – Trabalho, vida e linguagem;
tópico I – As novas empiricidades
no pensamento clássico
aquém do objeto
antes de 1775
no pensamento moderno
diante do objeto
depois de 1825
espaço interior
Triedro dos saberes
para além do objeto
reservado às
Ciências humanas
Os obstáculos no caminho de Foucault
aquém do objeto
diante do objeto
para além do objeto
0 Foucault havia anteriormente identificado o perfil do pensamento no período clássico, com uma configuração tal que a capacidade (ou a possibilidade – e mesmo a intenção) de fundar as sínteses – dos objetos de operações cujas representações resultassem dessas operações – no espaço da representação não era sequer cogitada:
- em razão dos pressupostos adotados,
e principalmente, em razão
- do tipo de leitura feita do fenômeno ‘operações’ das trocas,
- na leitura então feita, o ponto de início do fenômeno ‘operações’, estava inserido no exato momento em que a troca tem todas as condições para acontecer; (os dois objetos da troca – o dado e o obtido – tinham representações disponíveis e já carregadas de valor).
1 Michel Foucault relata a seguinte situação:
- ele havia delineado um tipo de pensamento ‘com o qual queiramos ou não pensamos’, um pensamento que segundo ele ‘tem a nossa idade e a nossa geografia’,
- com a possibilidade de fundar as sínteses (da empiricidade objeto da operação) no espaço da representação;
para conseguir fundar as sínteses no espaço da representação,
- foi necessário alterar profundamente todos os pressupostos
e a leitura feita do que seja uma operação e a análise de valor, exigiram:
- o deslocamento do ponto de inserção da análise desde o ponto de cruzamento entre o dado e o recebido;
- para um ponto antes da possibilidade da troca, quando os elementos que dão as condições de efetivação dessa troca, ainda não existissem,
incorporando à análise, a operação de construção da representação nova.
E ele havia percebido que esse pensamento com o qual queiramos ou não pensamos
- estava muito contaminado – dominado, mesmo –
- justamente pela impossibilidade de fazer isso (essa fundação das sínteses do objeto da operação no espaço da representação), sendo esta impossibilidade uma característica do pensamento clássico.
2 Ele percebia ainda uma obrigação a cumprir:
- a de abrir o campo transcendental da subjetividade
- e constituir, para além do objeto, os quase-transcendentais Vida, Trabalho e Linguagem.
Ele descobre que operações nos domínios das ciências da Vida, do Trabalho e da Linguagem podem ser expressos completamente em cada domínio, por pares de modelos constituintes:
- Vida(Biologia)
- função-norma;
- Trabalho(Economia)
- conflito-regra;
- Linguagem(Filologia)
- significação sistema;
e que os modelos constituintes das Ciências humanas são sempre compostos por uma combinação desses três pares de modelos constituintes.
O Modelo constituinte de cada uma das Ciências Humanas – é sempre uma combinação dos modelos constituintes das:
- Ciências da vida (Biologia):
[função-norma];+
Ciências do trabalho (Economia):
[conflito-regra];
+
Ciências da Linguagem (Filologia):
[significação-sistema].
Podemos ver a atualidade dessa percepção de Foucault
com Exemplos de modelos para operações e organizações
construídos sobre estruturas de conceitos
uns que não permitem, e outros que ao contrário sim permitem
a fundação das sínteses (do objeto das operações) no espaço da representação.
Veja isso aqui.
Os tratamentos dados ao homem em nossa cultura, no pensamento clássico e no moderno, segundo Michel Foucault;
e as ideias – ou elementos de imagem – requeridos para compor estruturalmente modelos de operações e modelos de organizações
com os respectivos tratamentos dados ao homem
“Instaura-se
uma forma de reflexão
bastante afastada
do cartesianismo
e da análise kantiana,
em que está em questão,
pela primeira vez,
o ser do homem,
nessa dimensão
segundo a qual
o pensamento
se dirige ao impensado,
e com ele se articula.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo IX – O homem e seus duplos;
V. O cogito e o impensado
Michel Foucault
no pensamento clássico
antes de 1775
no pensamento moderno
depois de 1825
questão/pergunta
“No pensamento clássico,
aquele para quem
a representação existe,
e que nela se representa a si mesmo,
aí se reconhecendo
por imagem ou reflexo,
aquele que trama
todos os fios entrecruzados
da “representação em quadro” -,
esse [o ser do homem]jamais se encontra lá presente.
Antes do fim do século XVIII,
o homem não existia.
Sem dúvida,
as ciências naturais
trataram do homem como
- de uma espécie
- ou de um gênero:
a discussão
sobre o problema das raças,
no século XVIII, o testemunha.
A gramática e a economia,
por outro lado, utilizavam noções como as de necessidade,
de desejo,
ou de memória
e de imaginação.”
Mas não havia
consciência epistemológica
do homem como tal.
“Antes do fim do século XVIII,
o homem não existia.”
“O modo de ser do homem,
tal como se constituiu
no pensamento moderno,
permite-lhe desempenhar dois papéis:
está, ao mesmo tempo,
- no fundamento
de todas as positividades, - presente, de uma forma que não se pode sequer dizer privilegiada,
no elemento
das coisas empíricas.
Esse fato
– e não se trata aí
da essência em geral do homem,
mas pura e simplesmente
desse a priori histórico que,
desde o século XIX,
serve de solo quase evidente
ao nosso pensamento –
esse fato é, sem dúvida, decisivo
para o estatuto a ser dado
às “ciências humanas”,
a esse corpo de conhecimentos
(mas mesmo esta palavra
é talvez demasiado forte:
digamos,
para sermos mais neutros ainda,
a esse conjunto de discursos)
que toma por objeto o homem
no que ele tem de empírico.”
É possível pensar as condições em que se dá a subjetividade de um ‘homem’ tratado como espécie, ou gênero?
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo IX – O homem e seus duplos;
II. O lugar do rei
Michel Foucault
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo X – As ciências humanas;
I. O triedro dos saberes
Michel Foucault
Veja o ponto “2. as possibilidades de leitura do fenômeno ‘operações de troca’ e respectivas possibilidades de análise de valor que elas nos permitem fazer”
Parece ser a opção de leitura da ‘operação de troca’ deslocada para um ponto antes das existência dos objetos da troca o que arrasta o ser do homem e cada objeto da troca para a Forma de reflexão que se instaura em nossa cultura.
O fenômeno ‘operações’ (em qualquer área): visões com duas abrangências muito diferentes dependendo da leitura que fazemos.
As duas possibilidades de inserção do ponto de início da leitura do fenômeno ‘operações’ – de qualquer tipo – e a análise das diferentes origens do valor carregado pelas proposições para as representações em função da inserção do ponto de início de leitura de ‘operações’;
Note-se que as condições para a ocorrência da troca – a existência simultânea dos dois objetos de troca, o que é dado e o que é recebido – são satisfeitas em duas situações:
- 1. no pensamento clássico pelo posicionamento do ponto de início de leitura sob essa condição, quer dizer, a existência prévia do que é dado e do que é recebido;
- 2. no pensamento moderno, pela satisfação dessa pré-condição no início do Instanciamento da representação, porém com a condição da execução anterior da Construção da representação, também incluída no escopo da operação.
Nos pontos marcados por setas amarelas para baixo (1) e (2) as pré-condições para a ocorrência da troca são dadas, qualquer que seja a estrutura de pensamento – clássico ou moderno – segundo o pensamento de Michel Foucault.
O que não muda entre essas duas possibilidades
A proposição como bloco construtivo padrão fundamental e genérico para construção de representações e suas duas possibilidades de carregamento de valor, quanto às respectivas origens
A proposição é para a linguagem
o que a representação é
para o pensamento:
sua forma, ao mesmo tempo
mais geral e mais elementar,
porquanto, desde que a decomponhamos, não reencontraremos mais o discurso,
mas seus elementos
como tantos materiais dispersos.
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo IV – Falar;
tópico III – Teoria do verbo
Michel Foucault
(…) Em outras palavras,
para que, numa troca,
uma coisa possa representar outra,
é preciso que elas existam
já carregadas de valor;
e, contudo,
o valor só existe
no interior da representação
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VI – Trocar;
V. A formação do valor
Michel Foucault
O que sim muda entre essas duas possibilidades
A origem do valor carregado pelo veículo de carregamento de valor na representação: a proposição, sempre, porém em linguagens essencialmente diferentes e representações com origens de valor distintas.
“Valer, para o pensamento clássico,
é primeiramente valer alguma coisa,
poder substituir essa coisa num processo de troca.
A moeda só foi inventada,
os preços só foram fixados e só se modificam
na medida em que essa troca existe.
Ora, a troca é um fenômeno simples
apenas na aparência.
Com efeito, só se troca numa permuta,
quando cada um dos dois parceiros
reconhece um valor
para aquilo que o outro possui.
Num sentido, é preciso, pois,
que as coisas permutáveis,
com seu valor próprio,
existam antecipadamente nas mãos de cada um,
para que a dupla cessão e a dupla aquisição
finalmente se produzam.
Mas, por outro lado,
- o que cada um come e bebe,
aquilo de que precisa para viver
não tem valor
enquanto não o cede; - e aquilo de que não tem necessidade
é igualmente desprovido de valor
enquanto não for usado
para adquirir alguma coisa de que necessite.
Em outras palavras,
para que, numa troca,
uma coisa possa representar outra,
é preciso que elas existam
já carregadas de valor;
e, contudo,
o valor só existe
no interior da representação
- (atual [troca imediata]
- ou possível [permutabilidade]),
isto é, no interior
- da troca
[representação existente] - ou da permutabilidade
[representação possível].
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VI – Trocar;
V. A formação do valor
Michel Foucault
O funcionamento da troca em cada uma das duas possibilidades de leitura do fenômeno ‘operação’: no ato mesmo da troca; ou anterior à troca, na criação das condições de troca
“Daí duas possibilidades simultâneas de leitura:
- leitura já dadas as condições de troca;
- leitura na permutabilidade, isto é na criação de condições de troca
1 uma analisa o valor
no ato mesmo da troca,
no ponto de cruzamento
entre o dado e o recebido;
- A primeira dessas duas leituras corresponde a uma análise que coloca e encerra
- toda a essência da linguagem no interior da proposição;
3 no primeiro caso, com efeito, a linguagem encontra seu lugar de possibilidade numa atribuição assegurada pelo verbo – isto é, por esse elemento da linguagem em recuo relativamente a todas as palavras mas que as reporta umas às outras; o verbo, tornando possíveis todas as palavras da linguagem a partir de seu liame proposicional, corresponde à troca que funda, como um ato mais primitivo que os outros, o valor das coisas trocadas e o preço pelo qual são cedidas;
2 outra analisa-o
como anterior à troca
e como condição primeira
para que esta possa ocorrer.
- a outra, a uma análise que descobre essa mesma essência da linguagem do lado das
- designações primitivas
- linguagem de ação ou raiz;
4 a outra forma de análise, a linguagem está enraizada
fora de si mesma e como que
- na natureza, ou nas
- analogias das coisas;
a raiz, o primeiro grito que dera nascimento às palavras antes mesmo que a linguagem tivesse nascido, corresponde à formação imediata do valor, antes da troca e das medidas recíprocas da necessidade.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VI – Trocar;
V. A formação do valor
Michel Foucault
Esta segunda leitura para ‘operações’
– que orienta a análise de valor
desde antes do momento da troca -,
não é possível sem a presença do homem
na estrutura dos modelos.
Isso fica bastante claro com a descrição da forma de reflexão que se instaura em nossa cultura depois da descontinuidade epistemológica de 1775-1825
Esses dois pontos de inserção da leitura da operação de troca
mostrados nos modelos de operações
Colocando o ponto de inserção de leitura do fenômeno ‘operações’ antes da existência dos objetos envolvidos na troca, ocorre uma portentosa ampliação no escopo da operação – de qualquer natureza -, incorporando toda a etapa de construção de representação nova. Veja isso aqui.
As características das duas configurações do pensamento:
- a do pensamento clássico, de antes de 1775;
- e a do pensamento moderno, de depois de 1825
características de características, ou características de segunda ordem,
das configurações do pensamento em cada caso.
no pensamento clássico
antes de 1775
no pensamento moderno
depois de 1825
questão/pergunta
“Instaura-se
uma forma de reflexão
bastante afastada
do cartesianismo
e da análise kantiana,
em que está em questão,
pela primeira vez,
o ser do homem,
nessa dimensão
segundo a qual
o pensamento
se dirige ao impensado,
e com ele se articula.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo IX – O homem e seus duplos;
V. O cogito e o impensado
Michel Foucault
Essas características de características de cada configuração do pensamento,
nas palavras de Michel Foucault no livro ‘As palavras e as coisas’
“Assim o círculo se fecha.
Vê-se, porém, através de qual sistema de desdobramentos.
As semelhanças exigem uma assinalação, pois nenhuma dentre elas poderia ser notada se não fosse legivelmente marcada.
Mas que são esses sinais?
Como reconhecer, entre todos os aspectos do mundo e tantas figuras que se entrecruzam,
- que há aqui um caráter
no qual convém se deter, porque ele indica uma secreta e essencial semelhança?
Que forma constitui o signo no seu singular valor de signo?
- – É a semelhança.
Ele significa na medida em que tem semelhança com o que indica (isto é, com uma similitude).
Contudo, não é a homologia que ele assinala, pois seu ser distinto de assinalação se desvaneceria no semelhante de que é signo; trata-se de outra semelhança, uma similitude vizinha e de outro tipo que serve para reconhecer a primeira, mas que, por sua vez, é patenteada por uma terceira.
Toda semelhança recebe uma assinalação; essa assinalação, porém, é apenas uma forma intermediária da mesma semelhança. De tal sorte que o conjunto das marcas faz deslizar, sobre o círculo das similitudes, um segundo círculo que duplicaria exatamente e, ponto por ponto, o primeiro, se não fosse esse pequeno desnível que faz com que
- o signo da simpatia resida na analogia,
- o da analogia na emulação,
- o da emulação na conveniência,
que, por sua vez, para ser reconhecida, requer
- a marca da simpatia…
A assinalação e o que ela designa são exatamente da mesma natureza; apenas a lei da distribuição a que obedecem é diferente; a repartição é a mesma.”
“De sorte que se vêem surgir,
como princípios organizadores
desse espaço de empiricidades,
- a Analogia
- e a Sucessão:
de uma organização a outra,
o liame, com efeito,
não pode mais ser
a identidade de um
ou vários elementos,
mas a identidade
da relação entre os elementos
(onde a visibilidade
não tem mais papel)
e da função que asseguram;
ademais, se porventura essas organizações se avizinham
por efeito de uma densidade singularmente grande de analogias, não é porque ocupem
localizações próximas
num espaço de classificação,
mas sim porque
foram formadas uma ao mesmo tempo que a outra e uma logo após a outra
no devir das sucessões.
Enquanto, no pensamento clássico,
a seqüência das cronologias
não fazia mais que percorrer
o espaço prévio e mais fundamental
de um quadro
que de antemão apresentava
todas as suas possibilidades,
doravante
as semelhanças contemporâneas
e observáveis simultaneamente
no espaço não serão mais que
as formas depositadas e fixadas de uma sucessão que procede
de analogia em analogia.
A ordem clássica
distribuía num espaço permanente
as identidades
e as diferenças não-quantitativas
que separavam e uniam as coisas:
era essa a ordem
que reinava soberanamente,
mas a cada vez
segundo formas e leis
ligeiramente diferentes,
sobre o discurso dos homens,
o quadro dos seres naturais
e a troca das riquezas.
A partir do século XIX,
a História
vai desenrolar
numa série temporal
as analogias
que aproximam umas das outras
as organizações distintas.
É essa História que,
progressivamente,
imporá suas leis
- à análise da produção,
- à dos seres organizados, enfim,
- à dos grupos linguísticos.
A História dá lugar
às organizações analógicas,
assim como a Ordem
abria o caminho
das identidades
e das diferenças sucessivas.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo II – A prosa do mundo;
II. As assinalações
Michel Foucault
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VII – Os limites da representação;
I. A idade da história
Michel Foucault
O veículo de carregamento do valor gerado:
a proposição sempre, mas a essência da linguagem em um caso e em outro tem origens diferentes
os lugares onde ocorrem as operações:
- ‘Lugar de nascimento do que é empírico‘
– operações de Construção de representações;- lugar onde o ‘modo de ser fundamental’ das empiricidades sim muda
- ‘Circuito onde ocorrem as trocas‘ ou Mercado
– operações de Instanciamento de representações já existentes;- lugar onde o ‘modo de ser fundamental’ das empiricidades não muda.
pensamento moderno – caminho da Construção da representação
– Circuito das trocas, ou Mercado: pensamento clássico, ou pensamento moderno, sempre no caminho do Instanciamento da representação objeto
Mercado, ou Circuito das trocas: lugar onde ocorrem operações nas quais o ‘modo de ser fundamental’ das empiricidades não muda.
Encontra-se
- sob o pensamento clássico, o de antes de 1775,
- e também ocorre no pensamento moderno, o de depois de 1825, apenas no caminho do Instanciamento da representação.
Lugar do nascimento do que é empírico: lugar onde ocorrem operações nas quais o ‘modo de ser fundamental das empiricidade sim, muda.
Encontra-se somente sob o pensamento moderno, o de depois de 1825, e apenas no caminho da Construção da representação
‘modo de ser fundamental das empiricidades’ é o conceito chave aqui.
No pensamento clássico, o de antes de 1775, pelos pressupostos adotados, é impossível definir o que seja ‘modo de ser fundamental’ de empiricidades cuja definição escapa ao escopo destas operações.
Estas operações transcorrem no interior do Circuito das trocas, a chave amarela horizontal, lugar onde não há alteração no modo como as coisas se apresentam à operação.
No pensamento moderno, o de depois de 1825, pelos pressupostos adotados é sim possível definir o que seja ‘modo de ser fundamental’ de empiricidades objeto da operação de Construção da representação que, se nova nesse domínio e ambiente, é o próprio escopo destas operações.
Operações no caminho da Construção da representação transcorrem no interior do ‘Lugar de nascimento do que é empírico’, as chaves coloridas verticais, em um espaço que engloba os lugares desde onde se fala e do falado. O sucesso dessas operações altera ‘o modo de ser fundamental’ da empiricidade objeto, e com isso, faz-se História.
No pensamento moderno, o de depois de 1825, em uma operação de Instanciamento de representação objeto cuja construção da representação foi anteriormente feita e incorporada ao Repositório, a representação objeto de Instanciamento é recuperada do Repositório.
Assim, a operação de Instanciamento não altera o ‘modo de ser fundamental’ da empiricidade objeto de instanciamento.
no pensamento clássico
antes de 1775
no pensamento moderno
depois de 1825
questão/pergunta
2Assim como a Ordem
no pensamento clássico
não era
a harmonia visível
das coisas,
seu ajustamento,
sua regularidade
ou sua simetria constatados,
mas o espaço próprio de seu ser
e aquilo que,
antes de todo
conhecimento efetivo,
as estabelecia no saber,
1″Mas vê-se bem
que a História
não deve ser aqui entendida
como a coleta das sucessões de fatos, tais como se constituíram;
ela é
o modo de ser fundamental
das empiricidades,
aquilo a partir de que elas são
- afirmadas,
- postas,
- dispostas
- e repartidas no espaço do saber
para eventuais conhecimentos
e para ciências possíveis.
3 assim também
a História,
a partir do século XIX,
define o
lugar de nascimento
do que é empírico,
lugar onde,
aquém
de toda cronologia estabelecida,
ele assume o ser
que lhe é próprio.
A referência ao ‘Circuito das trocas’ – ou Mercado é uma quase unanimidade na literatura especializada filosófica ou técnica.
Qual será a explicação para isso?
Por que praticamente ninguém fala no ‘Lugar de nascimento do que é empírico’?
Seria o caso de haver um desalinhamento filosófico no trabalho desses autores?
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VII – Os limites da representação;
I. A idade da história
Michel Foucault
os princípios organizadores dos modelos de operações que fazemos
no pensamento clássico
antes de 1775
no pensamento moderno
depois de 1825
questão/pergunta
sob o pensamento clássico:
o de antes de 1775
‘Caráter’ e ‘Similitude’
“Assim o círculo se fecha.
Vê-se, porém, através de qual sistema de desdobramentos.
As semelhanças exigem uma assinalação, pois nenhuma dentre elas poderia ser notada se não fosse legivelmente marcada.
Mas que são esses sinais?
Como reconhecer, entre todos os aspectos do mundo e tantas figuras que se entrecruzam,
- que há aqui um caráter
no qual convém se deter, porque ele indica uma secreta e essencial semelhança?
Que forma constitui o signo no seu singular valor de signo?
- – É a semelhança.
Ele significa na medida em que tem semelhança com o que indica (isto é, com uma similitude).
Contudo, não é a homologia que ele assinala, pois seu ser distinto de assinalação se desvaneceria no semelhante de que é signo; trata-se de outra semelhança, uma similitude vizinha e de outro tipo que serve para reconhecer a primeira, mas que, por sua vez, é patenteada por uma terceira.
Toda semelhança recebe uma assinalação; essa assinalação, porém, é apenas uma forma intermediária da mesma semelhança. De tal sorte que o conjunto das marcas faz deslizar, sobre o círculo das similitudes, um segundo círculo que duplicaria exatamente e, ponto por ponto, o primeiro, se não fosse esse pequeno desnível que faz com que
- o signo da simpatia resida na analogia,
- o da analogia na emulação,
- o da emulação na conveniência,
que, por sua vez, para ser reconhecida, requer
- a marca da simpatia…
A assinalação e o que ela designa são exatamente da mesma natureza; apenas a lei da distribuição a que obedecem é diferente; a repartição é a mesma.”
De sorte que se vêem surgir,
como princípios organizadores
desse espaço de empiricidades,
- a Analogia
- e a Sucessão:
de uma organização a outra,
o liame, com efeito,
não pode mais ser
a identidade de um
ou vários elementos,
mas a identidade
da relação entre os elementos
(onde a visibilidade
não tem mais papel)
e da função que asseguram;
ademais, se porventura essas organizações se avizinham
por efeito de uma densidade singularmente grande de analogias, não é porque ocupem
localizações próximas
num espaço de classificação,
mas sim porque
foram formadas uma ao mesmo tempo que a outra e uma logo após a outra
no devir das sucessões.
Enquanto, no pensamento clássico,
a seqüência das cronologias
não fazia mais que percorrer
o espaço prévio e mais fundamental
de um quadro
que de antemão apresentava
todas as suas possibilidades,
doravante
as semelhanças contemporâneas
e observáveis simultaneamente
no espaço não serão mais que
as formas depositadas e fixadas de uma sucessão que procede
de analogia em analogia.
A ordem clássica
distribuía num espaço permanente
as identidades
e as diferenças não-quantitativas
que separavam e uniam as coisas:
era essa a ordem
que reinava soberanamente,
mas a cada vez
segundo formas e leis
ligeiramente diferentes,
sobre o discurso dos homens,
o quadro dos seres naturais
e a troca das riquezas.
A partir do século XIX,
a História
vai desenrolar
numa série temporal
as analogias
que aproximam umas das outras
as organizações distintas.
É essa História que,
progressivamente,
imporá suas leis
- à análise da produção,
- à dos seres organizados, enfim,
- à dos grupos linguísticos.
A História dá lugar
às organizações analógicas,
assim como a Ordem
abria o caminho
das identidades
e das diferenças sucessivas.
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo II – A prosa do mundo;
II. As assinalações
Michel Foucault
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VII – Os limites da representação;
I. A idade da história
Michel Foucault
os lugares contidos dentro do ‘Lugar de nascimento do que é empírico’:
- o lugar ‘desde onde se fala‘
- e o lugar ‘do falado‘;
consistentes com os blocos do ‘operar‘ e do ‘suporte ao operar‘ de Humberto Maturana
juntos delimitam o espaço onde se dá a articulação
do pensamento do homem com o impensado feita
no domínio do Pensamento e da Língua
e sua ligação com o domínio do Discurso e da Representação
no pensamento clássico
antes de 1775
no pensamento moderno
depois de 1825
questão/pergunta
Lugar desde onde se fala
Lugar do falado
são sub-espaços do Lugar de nascimento do que é empírico o que implica que o pensamento está funcionando com o entendimento do pensamento moderno, o de depois de 1825, a coluna ao lado, portanto.
- Lugar desde onde se fala não pode ser delineado sob o pensamento clássico pela falta da ideia e do elemento de imagem ‘homem’, aquele que fala, raiz e fundamento de toda positividade, e também da ideia do objeto resultado da articulação do pensamento com o impensado, feita pelo homem,;
- e o Lugar do falado, analogamente, não pode ser delineado no LE da figura.
todo o espaço corresponde, no LE da figura, ao domínio todo em que ocorrem as operações sob o pensamento clássico, a saber, o domínio do Discurso e da Representação.
A leitura do que sejam Operações sob o entendimento no pensamento clássico pressupõe o ponto de inserção para análise no exato cruzamento entre o dado e o recebido na operação de troca, cuja condição de possibilidade está, desse modo, dada.
Lugar do nascimento do que é empírico: espaço ocupado por:
- Lugar desde onde se fala;
- Lugar do falado
O Lugar de nascimento do que é empírico, como o nome sugere, está situado antes do circuito das trocas, e em seu interior ocorre a construção de representação nova.
Essa visão do que sejam operações corresponde à leitura de operações, ou visão desse fenômeno como desde um ponto de inserção anterior à troca
Lugar desde onde se fala
As ideias ou elementos de imagem que estão envolvidas na formulação da proposição estão contidas no espaço chamado de Lugar desde onde se fala:
- sujeito: o homem na posição de raiz de toda positividade
- predicado do sujeito
- verbo: Forma de produção, o elemento central da operação de construção da representação;
- atributo: a representação em construção, nas posições extremas da operação de construção.
Esse espaço coincide com o espaço chamado por Humberto Maturana de ‘operar’, o retângulo vermelho na figura ao lado, parte do Lugar de nascimento do que é empírico, mas no interior do domínio do Pensamento e da Língua.
Lugar do falado
As ideias ou elementos de imagem que estão envolvidos na sustentação da Forma de produção na experiência estão no lugar do falado:
- elementos de suporte na experiência à Forma de produção, onde se encontram
- processos, atividades, tasks
A operação de construção da representação escolhe os elementos de suporte na experiência à Forma de produção, que deve ser capaz de produzir quando implementada, uma instância da representação com o operar vislumbrado – ou o mais próximo disso possível. Humberto Maturana chama esse espaço de ‘suporte ao operar’, o retângulo amarelo na figura ao lado.
O Lugar do falado é parte do Lugar de nascimento do que é empírico, mas suas ideias – ou elementos de imagem – fazem parte do domínio do Discurso e da Representação.
“É preciso, portanto,
tratar esse verbo
como um ser misto,
ao mesmo tempo
palavra entre as palavras,
preso às mesmas regras,
obedecendo como elas
às leis de regência
e de concordância;
e depois,
em recuo em relação a elas todas,
numa região que
não é
aquela do faladomas aquela
donde se fala.
Ele está na orla do discurso,
na juntura entre
aquilo que é dito
e aquilo que se diz,
exatamente lá onde os signos
estão em via de se tornar linguagem.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo IV – Falar;
tópico III. A teoria do verbo
por Michel Foucault
Há correspondências que precisam ser anotadas, entre elas:
- no princípio dual de trabalho de David Ricardo
- aquela atividade que está na origem do valor das coisas
- tem suas ideias – ou seus elementos de imagem no lugar desde onde se fala
- no LD – lado direito da figura 2 de Humberto Maturana
- os dois blocos do ‘Explicar com Reformular’ em que Maturana divide suas explicações
- sobre o que acontecia com o ser vivo,
- e o modo como ele o via no seu espaço de distinções
- correspondem apropriadamente com o que Foucault chama respectivamente de
- Lugar desde onde se fala e
- Lugar do falado.
- os dois blocos do ‘Explicar com Reformular’ em que Maturana divide suas explicações
Processo e Mercado são os conceitos largamente utilizados;
e ao mesmo tempo não se ouve falar
- em Forma de produção
- ou em Lugar de nascimento do que é empírico,
- e menos ainda em Nexo da produção
como ideias – ou elementos de imagem – em modelos de operações e organizações
no pensamento clássico
aquém do objeto
antes de 1775
no pensamento moderno
diante do objeto
depois de 1825
espaço interior Triedro dos saberes
para além do objeto
reservado às Ciências humanas
Aquém do objeto:
Processo
Diante do objeto:
Forma de produção
Além do objeto
Nexo da operação
- Elemento central:
- Processo
entendido sob o primeiro conceito de verbo explicado por Michel Foucault, como elemento gerador de um sistema relativo de anterioridade ou simultaneidade das coisas entre si, que o mais que faz é indicar a coexistência de duas representações.
- característica emergente:
- fluxo
- metáfora
- transformação única
- Elemento central:
- Forma de produção
entendida sob o segundo conceito de verbo explicado por Michel Foucault, tratado como um ser misto, inicialmente palavra entre palavras, preso às mesmas regras às mesmas regras, obedecendo como elas às mesmas leis de regência e concordância, e depois, em recuo em relação a elas todas, numa região que não é aquela do falado, mas aquela donde se fala.
- característica emergente:
- permanência
- metáfora
- conversão ou duas transformações
- Elemento central:
- Nexo da produção
a formulação para além do objeto associa o sistema cujo resultado é o produto, aquilo que se quer obter, com o instrumento imprescindível para obtê-lo.
- propriedades emergentes:
- simetria, simbiose e sinergia
Em um pensamento mágico sobre a produção – nos moldes ‘varinha mágica de condão’ – é possível desejar algo e, sem mais nada, vê-lo surgir à nossa frente depois do Plin!!!
Num ambiente de produção real, porém, nada é produzido sem um instrumento com o qual instanciar esse objeto na realidade. A estrutura SSS é isso: a modelagem das operações de produção do objeto desejado juntamente com as operações de produção do objeto – distinto deste – laboratório piloto, ou fábrica, subindo um nível estrutural e impondo como elemento central o Nexo da produção
o significado/tratamento atribuído ao que seja um ‘Verbo’;
para o antes e para o depois da descontinuidade epistemológica
Processo o elemento central no pensamento clássico
Forma de produção o elemento central no pensamento moderno, com as
designações primitivas e a linguagem de ação ou raiz
no pensamento clássico
antes de 1775
no pensamento moderno
depois de 1825
questão/pergunta
Aquém do objeto
Verbo como
Processo
“A única coisa que o verbo afirma
é a coexistência de duas representações:
por exemplo,
a do verde
e da árvore,a do homem
e da existência
ou da morte;
é por isso que
o tempo dos verbos
não indica
aquele [tempo]
em que as coisas existiram
no absoluto,
mas um sistema relativo
de anterioridade ou de simultaneidade
das coisas entre si.”
Diante e Além do objeto
Verbo como
Forma de produção
“É preciso, portanto,
tratar esse verbo
como um ser misto,
ao mesmo tempo
palavra entre as palavras,
preso às mesmas regras,
obedecendo como elas
às leis de regência
e de concordância;
e depois,
em recuo em relação a elas todas,
numa região que não é
aquela do faladomas aquela
donde se fala.
Ele está na orla do discurso,
na juntura entre
aquilo que é dito
e aquilo que se diz,
exatamente lá onde os signos
estão em via de se tornar linguagem.”
Dadas as grandes diferenças entre esses dois conceitos e tratamentos consequentes, para o que seja um ‘Verbo’, e a total consistência entre o segundo conceito/tratamento e ‘Forma de produção’
- por que será que ‘Processo’ seja uma unanimidade nos textos sobre o assunto?
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo IV – Falar;
tópico III. A teoria do verbo
por Michel Foucault
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo IV – Falar;
tópico III. A teoria do verbo
por Michel Foucault
o significado/tratamento atribuído ao que seja um ‘Classificar’;
para o antes e para o depois da descontinuidade epistemológica
no pensamento clássico
antes de 1775
no pensamento moderno
depois de 1825
questão/pergunta
Aquém
do objeto
‘Classificar’
no pensamento clássico
Aquém do objeto,
isto é,
no pensamento filosófico Classico
o de antes de 1775
nessa faixa do espectro de modelos
que o pensamento de Michel Foucault permite desenhar
“Classificar
é referir
- o visível
- a si mesmo,
encarregando um dos elementos
de representar os outros.”
Diante e Além
do objeto
‘Classificar’
no pensamento moderno
Diante, e Além do objeto,
isto é,
no pesamento filosófico moderno,
o de depois de 1825
nessa faixa do espectro de modelos
que o pensamento de Michel Foucault permite desenhar
“Em um movimento
que faz revolver a análise –
Classificar
é referir
- o visível
- ao invisível
– como a sua razão profunda -,
e depois,
alçar de novo
dessa secreta arquitetura,
em direção aos seus
sinais manifestos,
que são dados
à superfície dos corpos.”
Dadas as grandes diferenças entre esses dois conceitos e tratamentos consequentes, por que será que ‘Processo’ seja uma unanimidade nos textos sobre o assunto?
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. VII – Os limites da representação; tópico III. A organização dos seres
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. VII – Os limites da representação; tópico III. A organização dos seres
pares de modelos constituintes das ciências do eixo epistemológico fundamental
- da Vida(Biologia) [função-norma],
- do Trabalho(Economia) [conflito-regra]
- e da Linguagem(Filologia) [significação-sistema]
e o modelo constituinte padrão, comum a todas das ciências humanas; um modelo composto por uma combinação entre esses três pares de modelos constituintes das ciências da Vida, do Trabalho e da Linguagem
no pensamento clássico
antes de 1775
aquém do objeto
no pensamento moderno
depois de 1825
diante do objeto
no pensamento moderno
também depois de 1825
para além do objeto
Aquém do objeto
Não há modelos constituintes nesta faixa do espectro, já que nada é constituído na existência durante as operações;
Na configuração do pensamento pressupõe-se que todas as coisas
existem desde sempre e para sempre,
e integram o Universo em uma visão única.
Existem múltiplas ordens que podem ser arbitrariamente escolhidas para cada operação; e em uma mesma organização podem conviver ordens – como diz Foucault – ligeiramente diferentes. Tem-se inúmeras categorias para cada ordem escolhida, e muitas ordens possíveis de serem selecionadas.
Nada é constituído na existência como resultado das distinções feitas durante as operações nesta faixa do espectro.
Diante do objeto
A modelagem em cada área do saber é feita com um modelo constituinte específico e próprio de cada uma delas:
No que Foucault chama de ‘Região epistemológica Fundamental’ os Modelos constituintes são compostos por pares constituintes, próprios a cada região do saber ou área do conhecimento em que o modelo é feito:
- Ciências da vida (Biologia):
[função-norma]; - Ciências do trabalho (Economia):
[conflito-regra]; Ciências da Linguagem (Filologia):
[significação-sistema].
Além do objeto
No campo das ciências humanas, o modelo constituinte de qualquer uma delas se unifica. Os Modelos constituintes são compostos por uma combinação dos três pares de modelos constituintes das ciências
da Vida-(Biologia), do Trabalho-(Economia) e da Linguagem-(Filologia).
O Modelo constituinte de cada uma das Ciências Humanas – é sempre uma combinação dos modelos constituintes das:
- Ciências da vida (Biologia):
[função-norma];+
Ciências do trabalho (Economia):
[conflito-regra];+
Ciências da Linguagem (Filologia):
[significação-sistema].
Proposição: o bloco construtivo
- padrão,
- genérico
- e fundamental
oferecido pela gramática da língua para construção de representações.
Esse bloco construtivo ‘proposição’ carrega valor para as representações, mas faz isso de ao menos dois modos diferentes e com duas visões distintas para o que sejam ‘operações’.
“Valer, para o pensamento clássico, é primeiramente valer alguma coisa, poder substituir essa coisa num processo de troca. A moeda só foi inventada, os preços só foram fixados e só se modificam na medida em que essa troca existe.
Ora, a troca é um fenômeno simples apenas na aparência.
Com efeito, só se troca numa permuta, quando cada um dos dois parceiros reconhece um valor para aquilo que o outro possui.
Num sentido, é preciso, pois, que as coisas permutáveis, com seu valor próprio, existam antecipadamente nas mãos de cada um, para que
- a dupla cessão
- e a dupla aquisição
finalmente se produzam.
Mas, por outro lado, o que cada um come e bebe, aquilo de que precisa para viver não tem valor enquanto não o cede; e aquilo de que não tem necessidade é igualmente desprovido de valor enquanto não for usado para adquirir alguma coisa de que necessite.
Em outras palavras, para que, numa troca, uma coisa possa representar outra,
- é preciso que elas existam já carregadas de valor;
- e, contudo, o valor só existe no interior da representação
(atual ou possível), isto é, - no interior da troca ou da permutabilidade.
- e, contudo, o valor só existe no interior da representação
“A proposição é
para a linguagem
o que a representação é
para o pensamento
sua forma,
ao mesmo tempo
mais geral
e mais elementar
porquanto,
desde que a decomponhamos,
não encontremos mais o discurso
mas seus elementos
como tantos materiais dispersos
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VI – Trocar;
V. A formação do valor
Michel Foucault
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Cap. IV – Falar;
tópico: III – A teoria do verbo
Michel Foucault
no pensamento clássico
antes de 1775
no pensamento moderno
depois de 1825
questão/pergunta
a toda a essência da linguagem encerrada – diretamente – na própria proposição;
junto com esse ‘encerramento’ vão as ideias – ou elementos de imagem – necessários para a formulação da proposição, que assim, não participam do modelo de operações.
a descoberta da essência da linguagem fora dela mesma, linguagem; a proposição formulada no modelo por suas ideias ou elementos de imagem presentes; inicialmente vazia, apenas um enunciado, é preenchida de valor a partir de duas fontes:
- as designações primitivas;
- a linguagem de ação ou raiz
ambas assinaladas na figura.
“Daí duas possibilidades simultâneas de leitura:
1 uma analisa o valor
- no ato mesmo da troca,
no ponto de cruzamento
entre o dado e o recebido;
- A primeira dessas duas leituras corresponde a uma análise que coloca e encerra toda a essência da linguagem no interior da
- proposição;
3 no primeiro caso, com efeito, a linguagem encontra seu lugar de possibilidade numa atribuição assegurada pelo verbo – isto é, por esse elemento da linguagem em recuo relativamente a todas as palavras mas que as reporta umas às outras; o verbo, tornando possíveis todas as palavras da linguagem a partir de seu liame proposicional, corresponde à troca que funda, como um ato mais primitivo que os outros, o valor das coisas trocadas e o preço pelo qual são cedidas;
2 outra analisa-o
- como anterior à troca
e como condição primeira
para que esta possa ocorrer.
- a outra, a uma análise que descobre essa mesma essência da linguagem
do lado das- designações primitivas –
- linguagem de ação ou raiz;
4 a outra forma de análise, a linguagem está enraizada
- fora de si mesma e como que
- na natureza, ou nas
- analogias das coisas;
a raiz, o primeiro grito que dera nascimento às palavras antes mesmo que a linguagem tivesse nascido, corresponde à formação imediata do valor,
- antes da troca
- e das medidas recíprocas da necessidade.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VI – Trocar;
V. A formação do valor
Michel Foucault
Ideias – ou elementos de imagem – requeridos para a
Formulação da proposição, e valor carregado
Ideias – ou elementos de imagem requeridos para formulação da proposição ausentes da estrutura do modelo de operação.
Valor carregado diretamente na proposição.
impossibilidade de formulação da proposição com ideias – ou elementos de imagem – requeridos, pela ausência do homem em sua duplicidade de papéis, e pela noção de objeto descrito por suas propriedades originais e constitutivas.
Proposição formulada com ideias ou elementos de imagem pertencentes à estrutura interna do modelo de operações;
Valor carregado pela proposição com origem fora da linguagem
- designações primitivas
a busca por origem, condições de possibilidade e de generalidade dentro de limites, para a representação da empiricidade objeto no domínio e ambiente em que a operação acontece.
- linguagem de ação ou raiz
todo o conteúdo do Repositório de proposições explicativas da experiência formuladas de acordo com as regras da língua, à disposição da construção de novas representações.
Os tipos de sistemas que dão suporte a operações,
em função da configuração do pensamento:
- no pensamento clássico: o sistema Input-Output, ou um sistema relativo de anterioridade ou simultaneidade das coisas entre si;
- no pensamento moderno: um sistema construído no interior do Lugar de nascimento do que é empírico, lugar onde as empiricidades objeto das operações adquirem ‘o ser que lhes é próprio’.
no pensamento clássico
antes de 1775
verbo ‘Processo‘
no pensamento moderno
depois de 1825
verbo ‘Forma de produção‘
questão/pergunta
“A única coisa
que o verbo afirma
é a coexistência de duas representações:
por exemplo,
a do verde
e da árvore,a do homem
e da existência
ou da morte;
é por isso
que o tempo dos verbos
não indica
aquele [tempo]
em que as coisas existiram
no absoluto,
mas um sistema relativo
de anterioridade ou de simultaneidade
das coisas entre si.”
“É preciso, portanto,
tratar esse verbo
como um ser misto,
ao mesmo tempo
palavra entre as palavras,
preso às mesmas regras,
obedecendo como elas
às leis de regência
e de concordância;
e depois,
em recuo em relação a elas todas,
numa região que não é
aquela do faladomas aquela
donde se fala.
Ele está na orla do discurso,
na juntura entre
aquilo que é dito
e aquilo que se diz,
exatamente lá onde os signos
estão em via de se tornar linguagem.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo IV – Falar;
tópico III. A teoria do verbo
por Michel Foucault
O tipo de sistema
O conceito acima é explícito em fornecer uma descrição do tipo de sistema para operações sob o pensamento clássico.
Trata-se de
- um sistema relativo
de anterioridade ou de simultaneidade
das coisas entre si;
uma definição magistral para o que seja o sistema Input-Output.
asdf
Trata-se de um sistema relativo de anterioridade ou de simultaneidade das coisas entre si; uma definição magistral para o que seja o sistema Input-Output.
O tipo de leitura
asdf
Trata-se de um sistema relativo de anterioridade ou de simultaneidade das coisas entre si; uma definição magistral para o que seja o sistema Input-Output.
asdf
Trata-se de um sistema relativo de anterioridade ou de simultaneidade das coisas entre si; uma definição magistral para o que seja o sistema Input-Output.
o tempo nas operações, em função dos sistemas
em cada segmento do espectro de modelos
no pensamento clássico
antes de 1775
aquém do objeto
no pensamento moderno
depois de 1825
diante e para além do objeto
no pensamento moderno
também depois de 1825
diante e para além do objeto
formulação reversível
e somente instanciamento
da representação;
deus Chronos
formulação irreversível
e operação de construção
da representação
deus Kairós
formulação reversível
e operação instanciamento
da representação
deus Chronos
Aquém do objeto
Diante ou para além do objeto
Nota: a existência precede as distinções feitas na operação.
Tempo na formulação e no instanciamento da representação:
- formulação reversível durante a formulação;
- tempo calendário, ou tempo relativo no sentido de que
- dada a inserção calendário de um evento (i) ou (f),
- a posição calendário do outro evento (f) ou (i) pode ser calculada com as propriedades aparentes disponíveis antes e depois da operação;
- irreversibilidades somente na etapa de instanciamento da representação
Não há nada que possa ser afirmado, posto, disposto e repartido no espaço do saber para eventuais conhecimentos e ciências possíveis e assim não se pode falar em ‘modo de ser fundamental’ do que quer que seja.
Assim, no pensamento clássico, não é possível adotar esse conceito ‘modo de ser fundamental das empiricidades’ como elemento ordenador da história, que é compreendida como sucessão de fatos assim como se sucedem.
caminho da
Construção da representação
Durante essa operação, a empiricidade objeto da operação, sim, muda seu ‘modo de ser fundamental’ nesse domínio e ambiente em decorrência da operação.
Tempo no caminho da Construção da representação, durante a formulação da representação:
- formulação irreversível durante a formulação;
- tempo absoluto no sentido de que a empiricidade objeto ‘assume o ser que lhe é próprio’ em decorrência da operação, e então:
- dada a inserção calendário de um evento (i) ou (f)
- não é possível o cálculo da inserção calendário do outro evento (f) ou (i) a partir dessa inserção calendário do evento anterior em virtude da não disponibilidade das propriedades antes/depois da operação;
- irreversibilidades ocorrem na formulação da operação de construção da representação.
A empiricidade objeto da operação tem um novo ‘modo de ser fundamental’, isto é, pode ser ‘afirmada, posta, disposta e repartida no espaço do saber para eventuais conhecimentos e ciências possíveis’.
Tomando o ‘modo de ser fundamental’ das empiricidades como elemento ordenador da história, durante esse tipo de operações, sim, faz-se história.
caminho do
Instanciamento da representação
Durante essa operação a empiricidade objeto não muda seu ‘modo de ser fundamental’ nesse domínio e ambiente em decorrência da operação.
Tempo no caminho do Instanciamento da representação previamente existente no Repositório e dele recuperada para a posição de empiricidade objeto na presente operação de instanciamento:
- formulação volta a ser reversível; (é possível descartar uma formulação de instanciamento e formular outra com novas escolhas, sem perdas;
- tempo volta a ser tempo calendário, ou tempo relativo;
- irreversibilidades no caminho do Instanciamento da representação ocorrem em decorrência do desencadeamento dos elementos de suporte na experiência à Forma de produção.
A empiricidade objeto da operação tem exatamente o mesmo ‘modo de ser fundamental’ com que foi recuperada do repositório, isto é, pode ser ‘afirmada, posta, disposta e repartida no espaço do saber para eventuais conhecimentos e ciências possíveis’ exatamente da mesma forma como havia sido acrescentada ao repositório.
Tomando o ‘modo de ser fundamental’ das empiricidades como elemento ordenador da História, durante esse tipo de operações não se faz história.
Modelagem de operações e organizações organizadas pelo par sujeito-objeto, com operações específicas e separadas para cada um desses pares, porém relacionadas:
- um modelo para a operação e organização para o objeto esperado pelo Cliente (Produto);
- e um modelo para a operação e organização para o instrumento capaz de obter o Produto, bem como obter o objeto esperado pelo Acionista (Benefícios de toda espécie, Lucros)
Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Ut elit tellus, luctus nec ullamcorper mattis, pulvinar dapibus leo.
Cronologia básica da descontinuidade epistemológica ocorrida em nossa cultura ocidental entre os anos 1775-1825 segundo Michel Foucault.
- fases e ponto de ruptura desse evento;
- linha de tempo com as defasagens entre conquistas no pensamento e respectivo uso nas áreas técnicas;
- alguns autores importantes de um e de outro lado desse evento;
- ponto de entrada do homem em nossa cultura;
- alguns autores citados como referências em modelos sociais, econômicos e políticos
1926-1984
“E foi realmente necessário
um acontecimento fundamental
– um dos mais radicais, sem dúvida,
1
que ocorreram na cultura ocidental,
para que se desfizesse a positividade do saber clássico
e se constituísse uma positividade
de que, por certo,
não saímos inteiramente.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VII – Os limites da representação;
tópico I. A idade da história
Cronologia da descontinuidade epistemológica de 1775-1825;
defasagens entre conquistas no pensamento filosófico e respectiva utilização prática
O ponto de surgimento do homem em nossa cultura
“É somente na segunda fase que as palavras, as classes e as riquezas adquirirão um modo de ser que não é mais compatível com o da representação.
Em contra partida, o que se modifica muito cedo, desde as análises de Adam Smith, de A.-L. de Jussieu ou de Viq d’Azyr, na época de Jones ou de Anquetil-Duperron,
- é a configuração das positividades: a maneira como, no interior de cada uma,
- os elementos representativos funcionam uns em relação aos outros,
- a maneira como asseguram seu duplo papel de designação e de articulação,
- como chegam, pelo jogo das comparações, a estabelecer uma ordem. “
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas
Cap.VII – Os limites da representação
tópico I. A idade da história
Alguns autores fundamentos filosóficos do liberalismo, e autores chave do pensamento moderno posicionados em relação à descontinuidade epistemológica de 1775-1825
Michel Foucault ao delinear sua arqueologia das ciências humanas, propósito do ‘As palavras e as coisas’, com certeza tomou conhecimento do trabalho desses autores.
- autores clássicos:
- Adam Smith,
- John Locke,
- David Hume,
- J. J. Rousseau,
- Jeremy Bentham,
- e J. M. Keynes (este, expressamente classificado por Foucault como não moderno)
- autores modernos:
- David Ricardo
- Sigmund Schlomo Freud
- entre muitos outros.
Michel Foucault menciona ainda em destaque, como artífices do pensamento moderno e fontes para o seu próprio pensamento:
- Georges Cuvier, naturalista, 1769-1832
- Franz Bopp, linguista, 1792-1867
- David Ricardo, economista, 1772-1823
as duas sintaxes envolvidas na operação de construção de representação:
- a primeira sintaxe – que autoriza a construção das frases;
- a segunda sintaxe – que autoriza manter juntas, ao lado e em frente umas das outras, as palavras e as coisas.
A primeira sintaxe: a que autoriza a construção das frases
pensamento moderno, o de depois de 1825, com alternativa de leitura de operações para análise de valor quando da criação das possibilidades de permuta, ou estudo da permutabilidade
proposição enunciativa
proposição explicativa
proposição instanciativa
designações primitivas inativas; elementos de suporte da Forma de produção existentes e ativados; linguagem de ação ou raiz sim contém a representação para essa empiricidade objeto
recuperada desde o Repositório para objeto desta operação
A segunda sintaxe: a que autoriza a manter juntas as palavras e as coisas
A segunda sintaxe: aquela que autoriza a manter juntas, as palavras e as coisas
A segunda sintaxe: aquela que autoriza a manter juntas palavras e coisas
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Praticamente não existe representação para empiricidade objeto que seja representável por um único objeto análogo.
Representações são o resultado dos princípios organizadores Analogia e Sucessão utilizando os métodos Análise e Síntese.
O objeto composto ‘Sucessão de analogias’ referido por Foucault, ilustra os efeitos dos princípios organizadores Analogia e Sucessão por meio dos métodos Análise e Síntese.
“De sorte que se vêem surgir, como princípios organizadores desse espaço de empiricidades,
- a Analogia
- e a Sucessão:
de uma organização a outra, o liame, com efeito, não pode mais ser a identidade de um ou vários elementos, mas a identidade da relação entre os elementos (onde a visibilidade não tem mais papel) e da função que asseguram; ademais, se porventura essas organizações se avizinham por efeito de uma densidade singularmente grande de analogias, não é porque ocupem localizações próximas num espaço de classificação, mas sim porque foram formadas uma ao mesmo tempo que a outra e uma logo após a outra no devir das sucessões. Enquanto, no pensamento clássico, a seqüência das cronologias não fazia mais que percorrer o espaço prévio e mais fundamental de um quadro que de antemão apresentava todas as suas possibilidades, doravante as semelhanças contemporâneas e observáveis simultaneamente no espaço não serão mais que as formas depositadas e fixadas de uma sucessão que procede de analogia em analogia. A ordem clássica distribuía num espaço permanente as identidades e as diferenças não-quantitativas que separavam e uniam as coisas: era essa a ordem que reinava soberanamente, mas a cada vez segundo formas e leis ligeiramente diferentes, sobre o discurso dos homens, o quadro dos seres naturais e a troca das riquezas. A partir do século XIX, a História vai desenrolar numa série temporal as analogias que aproximam umas das outras as organizações distintas. É essa História que, progressivamente, imporá suas leis à análise da produção, à dos seres organizados, enfim, à dos grupos linguísticos. A História dá lugar às organizações analógicas, assim como a Ordem abria o caminho das identidades e das diferenças sucessivas.
Mas vê-se bem que a História não deve ser aqui entendida como
- a coleta das sucessões de fatos, tais como se constituíram;
ela é
- o modo de ser fundamental das empiricidades,
aquilo a partir de que elas são afirmadas, postas, dispostas e repartidas no espaço do saber para eventuais conhecimentos e para ciências possíveis.”
As palavras e as coisas:
uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VII – Os limites da representação;
tópico I. A idade da história





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