
Ciência e tecnologia dependem da Filosofia e são funções das ferramentas de pensamento de que dispõe a configuração epistemológica do pensamento utilizada em sua geração.
Usando o pensamento de Vilém Flusser:
- Pensamento é um transformador do duvidoso em língua;
- Filosofia, ou Reflexão, é texto produzido pelo pensamento ao voltar-se contra si mesmo para corrigir-se e renovar-se.
- ciência, como o resultado de um movimento do pensamento em direção ao mundo, para compreendê-lo, é texto filosófico aplicado.
- e tecnologia, como resultado de um movimento do pensamento em direção ao mundo para modificá-lo, é texto científico aplicado;
Descontinuidades epistemológicas refletem conquistas humanas no pensamento e são aprimoramentos na maneira que usamos para conhecer. Há portanto uma relação entre, de um lado, o modo como colocamos em marcha nosso desejo de transformar o duvidoso em língua a cada nível, e de outro lado, a filosofia que temos, e a Ciência que temos, ou a tecnologia de que dispomos. Filosofia, Ciência e Tecnologia são funções do como como vemos o mundo e as coisas.
Michel Foucault (*) descreve uma descontinuidade epistemológica (uma alteração no modo como nos voltamos para o mundo para conhecer o que dizemos que conhecemos), e aponta com toda clareza diferentes jogos de ferramentas de pensamento ou estruturas conceituais, características de uma e de outra dessas epistemologias, de um e de outro lado desse evento. E aponta um período em nossa cultura ocidental, em que o pensamento esteve dominado por uma característica do período anterior.
A solução de questões trazidas à luz por essa nova maneira de conhecer (a nova epistemologia) não poderão ser resolvidas se correspondentes ciência e tecnologia não forem desenvolvidas também.
Desde a percepção de Michel Foucault (*) de que esse pensamento ‘com o qual queiramos ou não pensamos‘ está, ainda hoje, dominado pela impossibilidade de fundar as sínteses [da empiricidade objeto] no espaço da representação, e a argumentação de Vilém Flusser exatamente na mesma direção, vale a pena aprender a como entender a filosofia envolvida nisso, e empreender a construção de ciência e tecnologias compatíveis com esse entendimento.
(*) As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas;
Capítulo VIII- Trabalho, Vida e Linguagem; tópico I. As novas empiricidades
(**) Da Religiosidade: Pensamento e Reflexão, de Vilém Flusser
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