Lugares onde ocorrem as operações em função do segmento do espectro de modelos

Lugares onde ocorrem as operações em função do segmento ocupado pelo modelo de operações no espectro de modelos

No ‘As palavras e as coisas’ Michel Foucault fala sobre:

  • Lugar de nascimento do que é empírico;
  • Circuito das trocas.

O conceito que permite fazer a diferença entre esses dois lugares nos quais podem ocorrer operações é dada pelo conceito

  • ‘modo de ser fundamental das empiricidades’

entendido como aquilo que permite que elas (as empiricidades) possam ser afirmadas, postas, dispostas e repartidas no espaço do saber para eventuais conhecimentos e ciências possíveis.

A diferença está no ‘modo de ser fundamental’ das empiricidades:

  • no Lugar de nascimento do que é empírico o ‘modo de ser fundamental’ das empiricidades objeto da operação sim muda;
  • no Circuito das trocas o ‘modo de ser fundamental’ da empiricidade objeto da operação ou do pacote de coisas selecionado não muda.

E o Lugar de nascimento do que é empírico só surge na modelagem das operações quando o fenômeno operação é visto a partir de um ponto antes do momento da troca, isto é, em um ponto em que a construção da representação para um dos objetos da troca – por exemplo aquele que é dado em troca – em cujo interior estará o valor se inicia.

Duas visões, duas leituras do fenômeno 'operações':
operação sob o pensamento clássico, o de antes de 1775; (seta amarela)
operação sob o pensamento moderno, o de depois de 1825
(seta vermelha)

A visão das operações no interior do retângulo vermelho corresponde a uma análise do valor desde um ponto anterior à troca; o ponto de inserção “1” vermelho está posto  no instante mesmo em que a representação possível no interior da qual estará o valor ainda não existe e nela será posto valor efetuadas as designações primitivas, usando a linguagem de ação ou raiz.

Tais designações primitivas darão origem, condições de possibilidade e de generalidade dentro de limites à empiricidade objeto da operação cuja representação será construída nessa operação.

E isso exige uma formulação do modelo de operações no qual estará em questão o ser do homem nessa dimensão segundo a qual o pensamento se dirige ao impensado e com ele se articula tendo como resultado essa representação possível. Para isso esse homem terá de desempenhar uma duplicidade de papéis: 

  • raiz e fundamento de toda a positividade; 
  • e elemento do que é empírico.

Isso coloca os modelos feitos com essa possibilidade de leitura e análise respectiva de valor  no segmento do espectro de modelos diante do objeto, e organizados pelo par sujeito-objeto, no perfil de pensamento característico de depois da descontinuidade epistemológica de 1775-1825.

Pensamento clássico
antes de 1775
Circuito das trocas
(Mercado)

Pensamento moderno
depois de 1825
Lugar de nascimento
do que é empírico

Pensamento moderno
depois de 1825
Circuito das trocas
(Mercado)

Circuito das trocas (Mercado)
no interior do qual ocorrem as operações sob o pensamento clássico, o de antes de 1775
Lugar do nascimento do que é empírico no caminho da Construção da representação:
o domínio do Pensamento e da Língua e o domínio do Discurso e da Representação
Circuito das trocas quando no caminho do Instanciamento da representação no domínio do Discurso e da representação

Espectro de modelos

aquém do objeto

diante do objeto

diante do objeto

A operação transcorre inteiramente no interior do espaço denominado Circuito das trocas.

segmento no espectro de modelos

AQUÉM do objeto

Circuito das trocas é o nome dado por Foucault no livro ‘As palavras e as coisas’, para o popular Mercado.

O pressuposto no LE da figura é:

“A existência precede a distinção”

com esse pressuposto tudo é considerado pré-existente e não há a preocupação de construção de representações novas.

A análise de valor neste caso é feita sob a primeira possibilidade de leitura acima mencionada por Foucault.

Durante este tipo de operações o ‘modo de ser fundamental’ das empiricidades objetos da operação – que neste caso não são descritas por suas propriedades originais e constitutivas mas apenas por suas “aparências”,  – não se altera.

Neste caso é preciso que as coisas permutáveis, com seu valor próprio (respectivas representações) existam antecipadamente nas mãos dos parceiros na troca, para que a dupla cessão e a dupla aquisição se produzam.

O princípio de trabalho aqui é o Princípio Monolítico de Trabalho de Adam Smith, de 1776, com um pensamento todo configurado antes da descontinuidade epistemológica de 1775-1825.

Na figura acima ‘Duas visões, duas leituras do fenômeno ‘operações’ o início destas operações pode ocorrer nos dois pontos “1” amarelos.

segmento no espectro de modelos

DIANTE do objeto

Lugar de nascimento do que é empírico é o nome dado por Foucault no livro ‘As palavras e as coisas’ para o espaço em que o ‘modo de ser fundamental’ da empiricidade objeto da operação em curso, se altera.

O pressuposto na figura é:

“A existência se constitui na distinção”

com esse pressuposto a preocupação com a construção de representações para novas empiricidades objeto da operação é implícita.

A análise de valor neste caso é feita sob a segunda possibilidade de leitura acima mencionada por Foucault.

Durante as operações no caminho da construção da representação o ‘modo de ser fundamental’ da empiricidade objeto da operação – que neste caso é descrita por suas propriedades sim-originais e sim-constitutivas resultantes das designações primitivas – linguagem de ação ou raiz.

Neste caso uma das coisas permutáveis (pelo menos) passará a existir no caso do sucesso na operação em curso.

Caso a operação tenha sucesso na construção da representação para a empiricidade objeto então ela poderá ser levada ao Circuito das trocas, ou ao Mercado, no caso de que isso seja conveniente ou desejado, situação na qual passará pelo caminho do Instanciamento da representação, desta feita, fora do Lugar de nascimento do que é empírico.

Na figura acima “Duas visões, duas leituras do fenômeno ‘operações'” a operação de construção da representação tem seu ponto de inicio assinalado pelo “1” vermelho.

A operação acontece em um espaço situado fora do Circuito das trocas pela inexistência de pelo menos uma das coisas permutáveis (vide acima)

A operação passa novamente a ocupar o espaço do Circuito das trocas – Mercado. Toda a alteração de ‘modo de ser fundamental’ que precisava ser feita já foi anteriormente feita, mesmo sob o pensamento moderno.

segmento no espectro de modelos

DIANTE do objeto
mas pode ser tratado como
AQUÉM do objeto

Caso o instanciamento da representação anteriormente construída e incluída no Repositório existente no domínio e ambiente em que as operações ocorrem seja decidido, então:

  • a representação é recuperada do Repositório;
  • a operação de Instanciamento é desencadeada percorrendo o caminho do Instanciamento da representação.

A operação de instanciamento de representação objeto é feita no interior do Circuito das trocas – ou Mercado, em virtude de que nesse tipo de operação não há alteração no ‘modo de ser fundamental’ da empiricidade objeto.

Toda a operação de instanciamento tem lugar no interior do domínio do Discurso e da Representação.

Na figura acima ‘Duas visões, duas leituras do fenômeno ‘operações'” o início destas operações pode ocorrer nos dois pontos “1” amarelos.

Comentários

    Domínios onde ocorrem operações em função do segmento do espectro de modelos

    Domínios onde ocorrem as operações em função do segmento do espectro de modelos ao qual pertence um modelo de operações

    Pensamento clássico: domínio do Discurso e da Representação

    Domínio do Discurso e da Representação
    no interior do qual ocorrem as operações
    sob o pensamento clássico

    O pressuposto no LE da figura é:

    “A existência precede a distinção”

    com esse pressuposto tudo é considerado pré-existente e não há a preocupação de construção de representações novas.

    A operação acontece inteiramente dentro do domínio do Discurso e da Representação uma vez que o ‘modo de ser fundamental’ do que quer que seja, não se altera durante estas operações.

    Veja o funcionamento deste tipo de operações sob o pensamento filosófico clássico, o de antes de 1775.

    segmento no espectro de modelos

    AQUÉM do objeto

    Circuito das trocas é o nome dado por Foucault no livro ‘As palavras e as coisas’, para o popular Mercado, o lugar onde o ‘modo de ser fundamental’ das coisas não se altera.

    A essência da linguagem é encontrada no interior dela mesma, a linguagem. Todo o valor é carregado diretamente pela proposição. Veja essa discussão feita por Foucault.

    A visão de operações neste caso é condicionada à existência prévia do objeto da troca e a análise de valor é posta no ponto de cruzamento entre o que é dado e o que é recebido de volta na troca.

    Pensamento moderno, caminho da Construção da representação

    esta operação ocorre em dois domínios:

    • domínio do Pensamento e da língua;
    • domínio do Discurso e da Representação.

    e em um lugar composto de duas partes, uma de cada um desses domínios, denominado

    • ‘Lugar de nascimento do que é empírico’
    Os dois domínios onde ocorrem as operações
    sob o pensamento moderno
    quando no caminho da Construção da representação:
    - o domínio do Pensamento e da Língua
    e o domínio do Discurso e da Representação

    A operação de construção de representação nova transcorre em dois domínios:

    • o domínio do Pensamento e da Língua
    • e o domínio do Discurso e da Representação

    Com o sucesso da operação no caminho da Construção da representação a nova representação construída para a empiricidade objeto desta operação – se aceita pelos envolvidos – será adicionada ao Repositório de proposições explicativas da experiência formuladas de acordo com as regras da língua.

    Com essa operação que ocorre no caminho da Construção da representação para a empiricidade objeto, o pensamento como que dá um salto para fora da representação, atingindo um espaço em que ela não tem mais domínio.

    segmento no espectro de modelos

    DIANTE do objeto

    O ‘Lugar de nascimento do que é empírico’ compõe-se de dos blocos cada um em um dos dois domínios o do Pensamento e da Língua e o do Discurso e da Representação. Esse lugar está fora e antes do Circuito das trocas, este último, inteiramente no interior do domínio do Discurso e da Representação.

    A essência da linguagem no caminho da Construção da Representação é encontrada fora da própria linguagem, através de:

    • designações primitivas;
    • linguagem de ação ou de uso.

    Todo o valor é carregado para a proposição que vai sendo formulada ‘sistemicamente’ obedecendo as regras gramaticais da linguagem que permeia todo o ambiente.

    A utilização desses elementos externos à linguagem impõe a visão das operações que englobe toda a operação de construção da nova representação.

    A visão das operações no interior do retângulo vermelho corresponde a uma análise do valor desde um ponto anterior à troca; o ponto de inserção “1” vermelho está posto  no instante mesmo em que a representação possível no interior da qual estará o valor ainda não existe e nela será posto valor efetuadas as designações primitivas, usando a linguagem de ação ou raiz.

    E isso exige uma formulação do modelo de operações no qual estará em questão o ser do homem nessa dimensão segundo a qual o pensamento se dirige ao impensado e com ele se articula tendo como resultado essa representação possível. Para isso esse homem terá de desempenhar uma duplicidade de papéis: raiz e fundamento de toda a positividade; e elemento do que é empírico.

    Pensamento moderno, caminho do Instanciamento da representação

    volta a transcorrer no interior do domínio do Discurso e da Representação
    depois da operação de construção da representação.

    Domínio do Discurso e da Representação
    onde ocorrem as operações quando no caminho do Instanciamento da representação
    sob o pensamento moderno

    A operação de Instanciamento de representação previamente existente no Repositório onde está a linguagem de ação ou de uso (repositório de proposições explicativas da experiência formuladas de acordo com as regras da língua) transcorre em um único domínio:

    • o domínio do Discurso e da Representação.

    A operação de instanciamento tem como objeto representação anteriormente desenvolvida e incluída no Repositório. Essa representação anteriormente existente é recuperada do repositório e é o objeto da operação de instanciamento.

    Durante essa operação, o modo de ser fundamental dessa empiricidade objeto não muda e permanece aquele que tinha quando a representação foi incluída no Repositório.

    Mesmo sob o pensamento moderno, o de depois de 1825, e portanto após a descontinuidade epistemológica atribuída por Foucault ao período entre os anos de 1775 e 1825, a operação de instanciamento da representação objeto volta a acontecer no Circuito das trocas  já que na operação de instanciamento não ocorrem alterações no ‘modo de ser fundamental’ da empiricidade objeto.

    A operação de instanciamento de representação existente no Repositório acontece fora do ‘Lugar de nascimento do que é empírico’ e depois de qualquer operação ou parte, que ocorra nesse espaço.

    Segmento no espectro de modelos

    DIANTE do objeto
    mas pode ser tratado como
    AQUÉM do objeto

    As ‘designações primitivas’ já foram feitas – todas as que foram necessárias – e durante o instanciamento essa fonte externa da essência da linguagem não precisa ser acionada.

    Comentários

      O salto do pensamento para fora do espaço da representação

      O salto do pensamento para fora do espaço da representação

      A partir de Ricardo,
      o trabalho,
      desnivelado em relação à representação,
      e instalando-se em uma região
      onde ela não tem mais domínio,
      organiza-se segundo uma causalidade
      que lhe é própria.

      As palavras e as coisas:
      uma arqueologia das ciências humanas;
      Cap. VIII – Trabalho, Vida e Linguagem;
      tópico II. Ricardo

      Uma evidência ilustrativa do salto dado pelo pensmaento para fora do domínio da representação ao modelar a operação de construção de uma representação nova.

      A partir do período após a descontinuidade epistemológica de 1775-1825 cessa o primado da representação. 

      Isso não quer dizer que o pensamento doravante prescinda da representação.

      Ela continua lá, necessária, imprescindível, apenas que a operação de construção de representações transcorre em espaços que estão fora do seu domínio, como a figura mostra.

      Comentários

        O ‘Lugar desde onde se fala’ e o ‘Lugar do falado’

        O 'Lugar desde onde se fala' e o 'Lugar do falado'

        Esses dois lugares - o 'lugar desde onde se fala' e o 'lugar do falado' -
        juntos delimitam o 'Lugar do nascimento do que é empírico', espaço onde se dá a articulação do pensamento do homem com o impensado feita no domínio do Pensamento e da Língua e sua ligação com o domínio do Discurso e da Representação

        O 'Lugar desde onde se fala' e o 'Lugar do falado' e seu continente, o 'Lugar do nascimento do que é empírico'

        Lugar deste onde se fala: ideias que formulam a proposição (sujeito e predicado;
        Lugar desde onde se fala: ideias que dão suporte na experiência ao instanciamento da representação no ambiente

        Lugar desde onde se fala

        Lugar do falado

        são sub-espaços do ‘Lugar de nascimento do que é empírico’ o que implica que o pensamento está funcionando com o entendimento do pensamento moderno, o de depois de 1825 e portanto, de modo consistente com o Princípio dual de trabalho de David Ricardo, de 1817.

        Dada a paleta de ideias - ou elementos de imagem - requeridos na composição do Lugar desde onde se fala e do Lugar do falado, não há como defini-los sob o pensamento clássico.

        Lugar de nascimento do que é empírico:
        espaço ocupado pelo
        . 'Lugar desde onde se fala'
        . e pelo 'Lugar do falado'.

        Lugar desde onde se fala

        As ideias ou elementos de imagem que estão envolvidas na formulação da proposição estão contidas no espaço chamado de Lugar desde onde se fala:

        • sujeito: o homem na posição de raiz de toda positividade
        • predicado do sujeito
          • verbo: Forma de produção, o elemento central da operação de construção da representação;
          • atributo: a representação em construção, nas posições extremas da operação de construção.

        Esse espaço coincide com o espaço chamado por Humberto Maturana de ‘operar’, o retângulo vermelho na figura ao lado, parte do Lugar de nascimento do que é empírico, mas no interior do domínio do Pensamento e da Língua.

        Lugar do falado

        As ideias ou elementos de imagem que estão envolvidos na sustentação da Forma de produção na experiência estão no lugar do falado:

        • processos, atividades, tasks

        A operação de construção da representação escolhe os elementos de suporte na experiência à Forma de produção, que deve ser capaz de produzir quando implementada, uma instância da representação com o operar vislumbrado – ou o mais próximo disso possível. Humberto Maturana chama esse espaço de ‘suporte ao operar’, o retângulo amarelo na figura ao lado. 

        O Lugar do falado é parte do Lugar de nascimento do que é empírico, mas suas ideias – ou elementos de imagem – fazem parte do domínio do Discurso e da Representação.

        Comentários

          O tempo em operações no pensamento filosófico de antes e de depois da DE-1775-1825

          O tempo em modelos de operações feitos nas configurações do pensamento:
          clássico (antes de 1775) e moderno (depois de 1825)

          Tempo sob o pensamento clássico, o de antes de 1775;
          e sob o pensamento moderno, o de depois de 1825, nos caminhos da Construção e do Instanciamento da representação

          Pensamento clássico, o de antes da descontinuidade epistemológica de 1775-1825:

          O tempo em modelos de operações na configuração do pensamento:
          clássico (o de antes de 1775)

          tempo calendário, relativo
          em operações feitas sob o pensamento clássico

          Modo de ser fundamental de uma empiricidade objeto de operação em um dado ambiente e domínio é aquilo que permite que essa empiricidade objeto possa ser afirmada, posta, disposta e repartida no espaço do saber para eventuais conhecimentos e para ciências possíveis.

          As palavras e as coisas:
          uma arqueologia das ciências humanas;
          Capítulo VII – Os limites da representação;
          tópico I. A idade da história.

          formulação da representação é reversível até o desencadeamento do seu instanciamento;

          tempo relativo, calendário, nas operações de instanciamento da representação sob o pensamento clássico, com o deus Chronos

          Pressuposto:

          A existência precede a distinção

          feita na operação

          todas as coisas existem desde sempre e para sempre integrando o Universo.

          a operação transcorre no interior do ‘Circuito das trocas‘, também conhecido como ‘Mercado‘, e no interior do domínio do Discurso e da Representação;

          e trabalha exclusivamente com propriedades
          não-originais e não-constitutivas das coisas.

          o conceito ‘modo de ser fundamental‘ das empiricidades (veja ao lado esse conceito segundo Foucault) não muda durante a operação.

          • pensando desse modo, todas as propriedades das coisas existem antes, – e mesmo depois de todas as operações do mesmo modo que eram antes;
          • nesse modo de pensar operações não há interesse especial nas propriedades sim-originais e sim-constitutivas do que quer que seja, já que tudo é dado como pré-existente à operação;
          • a operação de construção de representação do que quer que seja não faz parte desta maneira de pensar;
          • a formulação de representação em uma dada operação limita-se à combinação de duas outras representações pré-existentes;
          • durante a formulação, o elemento central ‘Processo‘ é configurado usando elementos, -processos, tasks – encontrados no interior da categoria da ordem arbitrária que guarda similitude com o caráter das propriedades não-originais e não-constitutivas “aparências” definidoras do pacote de coisas chamado ‘Entradas’.

          Então, sobre o tempo nessa operação:

          • a formulação desse tipo de operações é reversível;
          • dada a inserção calendário do evento (i) de início da operação de instanciamento da representação (r), previamente formulada, existem todas as propriedades dessa representação antes e depois da operação;
          • com base nessas informações disponíveis a qualquer tempo, é possível calcular a inserção calendário do evento (f) sabendo-se a inserção calendário do evento (i);
          • inversamente, com a inserção do evento (f) em uma posição calendário arbitrária é possível calcular a inserção calendário de (i).

          O tempo assinalado pelos eventos de processo (i) e (f) recebe o nome de tempo relativo,ou tempo calendário por essa razão. Sempre existe um fator K que permite calcular a inserção calendário de um evento (i) ou (f) dada a inserção calendário do outro evento (f) ou (i).

          Pensamento moderno, o de depois da descontinuidade epistemológica de 1775-1825:

          O tempo em modelos de operações na configuração do pensamento:
          moderno (o de depois de 1825), no caminho da Construção da representação

          Tempo absoluto na operação de construção
          de representação para empiricidade objeto nova

          Modo de ser fundamental de uma empiricidade objeto de operação em um dado ambiente e domínio, é aquilo que permite que essa empiricidade objeto possa ser afirmada, posta, disposta e repartida no espaço do saber para eventuais conhecimentos e para ciências possíveis.

          As palavras e as coisas:
          uma arqueologia das ciências humanas;
          Capítulo VII – Os limites da representação;
          tópico I. A idade da história.

          a formulação da operação de construção de representação é irreversível intrinsecamente, desde o primeiro momento após a decisão de construir representação nova para a empiricidade objeto, marcada pelo evento de objeto (i) – seta amarela para baixo na figura;

          tempo absoluto – que marca aquele tempo em que as coisas aconteceram no absoluto, no dizer de Foucault;  na operação de construção de representação nova sob o pensamento moderno,com o deus Kairos.

          Pressuposto:

          A existência sucede a distinção

          distinção feita na operação;

          as coisas passam a existir tão logo o inarticulado, o indizível, o impensado, a visão o limite da estratégia, o horizonte do pensamento, ou qualquer outro nome para significar isso, ganhe suporte na experiência.

          a operação transcorre no interior do
          Lugar de nascimento do que é empírico‘, que nada tem a ver com o Mercado, ou Circuito onde ocorrem as trocas,

          e no interior dos dois domínios:

          • do Pensamento e da Língua; e
          • do Discurso e da Representação;

          e trabalha exclusivamente com propriedades sim-originais e sim-constitutivas das coisas, obtidas pelas buscas por origem, condições de possibilidade e de generalidade dentro de limites.

          o conceito ‘modo de ser fundamental‘ das empiricidades (veja o conceito ao lado) sim, muda durante a operação, e é a própria evidência aparente do resultado com sucesso da operação que conseguiu definir a empiricidade objeto com propriedades originais e constitutivas, e ainda, com suporte na experiência..

          • pensando desse modo, todas as propriedades das coisas – empiricidades objeto – novas não existem,  antes de todas as operações (e por óbvio, também não existem no depois delas ao tempo de seu inicio, no evento (i) seta amarela para baixo;
          • o escopo precípuo da operação é justamente obter as propriedades sim-originais e sim-constitutivas da empiricidade objeto da operação, já que sob essa visão de mundo há múltiplas realidades;
          • operação de construção de representação para a empiricidade objeto desta operação é o principal objetivo desta maneira de pensar;
          • a formulação de representação em uma dada operação implica a busca por origem, condições de possibilidade e de generalidade dentro de limites, nesse domínio e nesse ambiente, para a empiricidade objeto da operação;
          • durante a formulação da operação, o elemento central ‘Forma de produção‘ é configurado com elementos de suporte na experiência (processos, tasks), desenvolvidos especialmente como resultado das operações de busca por origem, condições de possibilidade e de generalidade dentro de limites, ou ainda, recuperados quando encontrados no Repositório existente nesse ambiente;

          Então, sobre o tempo nessa operação:

          • a formulação desse tipo de operações é irreversível;
          • dada a inserção calendário do evento (i) de início da operação de construção de representação nova, todas as propriedades dessa representação antes e depois da operação, sejam elas originais e constitutivas ou não, são inexistentes porque a própria representação não existe;
          • feita a decisão de construir representação nova para determinada empiricidade objeto, existe apenas uma arquitetura básica comum a todas as representações, composta por dois espaços, um para o ‘operar’ atribuído ao objeto em representação, e outro para o suporte na experiência para esse operar;
          • com base nessas informações disponíveis (nenhuma, a menos da arquitetura) é impossível calcular – tendo como base propriedades da representação inexistente – a inserção calendário do evento (f) sabendo-se a inserção calendário do evento (i);
          • inversamente, com a inserção de (f) – e mesmo supondo que a operação de construção da representação tenha sido realizada com sucesso – também é impossível calcular a inserção calendário de (i) porque o intervalo de tempo i-f depende das operações de busca por origem, condições de possibilidade e de generalidade dentro de limites, o que é completamente independente da representação construída.

          • Nota: (i) e (f) aqui representados pelas setas amarelas voltadas para baixo na figura, são eventos de início e fim da operação de construção da representação para a empiricidade objeto; totalmente distintos dos eventos também (i) e (f) mas dos processos de suporte na experiência à Forma de produção.

          O tempo assinalado pelos eventos de processo (i) e (f) recebe o nome de tempo absoluto, ou como diz Foucault, trata-se daquele tempo em que as coisas aconteceram no absoluto. Nunca existe um fator K que permite calcular a inserção calendário de um evento (i ou f) dada a inserção calendário do outro evento (f ou i). Veja por que:

          Quando posicionados em (i) exatamente no início da operação no caminho da Construção da representação, não existem propriedades da representação nova, e portanto não há elementos para cálculo da posição calendário do evento (f);

          Quando posicionados em (f), ao final da operação de construção da representação para a empiricidade objeto sim, já existem todas as propriedades da representação, sejam as originais e constitutivas sejam as não-originais e não-constitutivas. Essas propriedades podem então ser usadas para uma estimativa da inserção calendário do evento (i) a partir da inserção calendário do evento (f), mas o resultado coincidirá com a posição calendário desse evento (i) apenas por uma formidável coincidência, porque o intervalo de tempo entre os eventos de objeto (i) e (f) depende das operações de busca por origem, condições de possibilidade e de generalidade dentro de limites, e nada têm a ver com propriedades da representação.

          O tempo em modelos de operações na configuração do pensamento:

          moderno (o de depois de 1825), no caminho do Instanciamento da representação

          Tempo relativo na operação de Instanciamento de representação recuperada do Repositório.

          Modo de ser fundamental de uma empiricidade objeto de operação em um dado ambiente e domínio, é aquilo que permite que essa empiricidade objeto possa ser afirmada, posta, disposta e repartida no espaço do saber para eventuais conhecimentos e para ciências possíveis.

          As palavras e as coisas:
          uma arqueologia das ciências humanas;
          Capítulo VII – Os limites da representação;
          tópico I. A idade da história.

          a formulação da operação de instanciamento de representação de empiricidade objeto volta a ser reversível intrinsecamente; desde o primeiro momento após a decisão de instanciar representação pré-existente no Repositório, marcada pelo evento (i) – ícone raio na figura;

          o tempo volta a ser relativo, tempo calendário – não marca mais  aquele tempo em que as coisas aconteceram no absoluto porque tudo o que havia para acontecer no tempo absoluto para essa representação em instanciamento já ocorreu antes que ela fosse acrescentada ao Repositório – na operação de instanciamento de representação recuperada do Repositório e a operação transcorre ainda sob o pensamento moderno, mas desta vez com o deus Chronos.

          Pressuposto:

          A existência sucede a distinção

          feita na operação;

          Porém durante a operação de instanciamento de representação, que pressupõe a recuperação dessa representação anteriormente construída, desde o Repositório existente nesse domínio e ambiente, não haverá qualquer alteração no ‘modo de ser fundamental’ para essa empiricidade objeto em instanciamento e a operação transcorre toda no interior do ‘Circuito das trocas‘, ou no âmbito do famoso (Mercado), 

          Isso se dá no interior do domínio único 

          • do Discurso e da Representação;

          e pode lidar exclusivamente com propriedades não-originais e não-constitutivas das coisas; ou ainda, lidar com as propriedades originais e constitutivas, caso a operação de instanciamento seja organizada com a estrutura moderna de pensamento.

          o conceito ‘modo de ser fundamental‘ das empiricidades (veja o conceito ao lado) não muda durante a operação de instanciamento, e ao final da operação, a empiricidade objeto tem exatamente o mesmo ‘modo de ser fundamental’ que tinha ao ser incluída no Repositório, do qual foi recuperada.

          • pensando desse modo, todas as propriedades da empiricidade objeto da operação de Instanciamento sim, existem,  antes e depois da operação, porque não se alteram com esta;
          • e o escopo precípuo da operação é obter a empiricidade objeto da operação, instanciada, e disponível para tratamentos posteriores, inclusive submissão ao Mercado;
          • a formulação de operação de Instanciamento é reversível, porque é feita pela seleção da representação da empiricidade objeto a partir do Repositório;
          • durante a formulação, o elemento central ‘Forma de produção‘ é configurado com elementos de suporte na experiência (processos, tasks), desenvolvidos especialmente como resultado das operações de busca por origem, condições de possibilidade e de generalidade dentro de limites, ou ainda, encontrados no Repositório existente nesse ambiente;

          Então:

          • dada a inserção calendário do evento (i) de início da operação de construção de representação nova, existem todas as propriedades dessa representação antes e depois da operação, sejam elas originais e constitutivas ou não;
          • feita a decisão de instanciar representação para determinada empiricidade objeto, ainda existe uma arquitetura básica comum a todas as representações, composta por dois espaços, um para o ‘operar’ atribuído ao objeto, e outro para o suporte na experiência para esse operar; apenas que esses dois domínios estão preenchidos pelos elementos da representação;
          • com base nessas informações disponíveis (todas as possíveis) é novamente possível calcular – tendo como base propriedades da representação existente – a inserção calendário do evento (f) sabendo-se a inserção calendário do evento (i); (de modo semelhante ao que ocorria no pensamento clássico)
          • inversamente, com a inserção de (f) – e mesmo supondo que a operação de instanciamento da representação tenha sido realizada com sucesso – também é possível calcular a inserção calendário de (i) porque o intervalo de tempo i-f depende, agora, do funcionamento dos elementos de suporte na experiência da Forma de produção,  o que é completamente dependente das propriedades da representação em instanciamento.

          O tempo assinalado pelos eventos de processo (i) e (f) recebe o nome de tempo relativo, ou tempo calendário. Sempre existe um fator K que permite calcular a inserção calendário de um evento (i ou f) dada a inserção calendário do outro evento (f ou i).

          Comentários

            As paletas de ideias – ou elementos de imagem – requeridas
            pelos modelos de operações em cada configuração do pensamento

            As paletas de ideias - ou elementos de imagem - em cada configuração do pensamento, antes e depois da Descontinuidade Epistemológica de 1775 a 1825

            A paleta de ideias - ou elementos de imagem - para a configuração do pensamento clássico, o de antes da Descontinuidade Epistemológica de 1775 a 1825

            Paleta de ideias - ou elementos de imagem - no modelo de operação
            do pensamento clássico, para a configuração do pensamento
            de antes da DE-1775-1825

            A paleta de ideias - ou elementos de imagem - para a configuração do pensamento moderno, o de depois da Descontinuidade Epistemológica de 1775 a 1825 - no caminho da Construção da representação

            Paleta de ideias - ou elementos de imagem - no modelo de operação
            do pensamento moderno caminho da Construção da representação,
            para a configuração do pensamento de depois da DE-1775-1825

            A paleta de ideias - ou elementos de imagem - para a configuração do pensamento moderno, o de depois da Descontinuidade Epistemológica de 1775 a 1825 - no caminho do Instanciamento da representação

            Paleta de ideias - ou elementos de imagem - no modelo de operação
            do pensamento moderno caminho do Instanciamento da representação,
            para a configuração do pensamento de depois da DE-1775-1825
            Comentários

              O espectro de modelos segundo essa capacidade
              de sim-fundar ou não-fundar as sínteses no espaço da representação

              O espectro de modelos segundo essa capacidade
              de sim-fundar ou de não-fundar as sínteses [da empiricidade objeto do pensamento] no espaço da representação

              O modo como Foucault descreve o problema que encontrou em seu trabalho, em dois fatores:

              1. a contaminação, e até o domínio do pensamento atual pela impossibilidade de fundar as sínteses [da empiricidade objeto do pensamento],
              no espaço da representação]; e

              2. a obrigação de abrir o campo transcendental da subjetividade constituindo, para além do objeto,
              a Vida, o Trabalho e a Linguagem;

              permite-nos imaginar um espectro de modelos com três regiões:

              • Aquém, (quando há a impossibilidade de fundar as sínteses)
              • Diante (quando se abre a possibilidade de fundar as sínteses) e
              • Além do objeto, quando os modelos são de ciências humanas, e construídos no espaço que lhes é próprio.
              • Fator 1 – o domínio/contaminação do pensamento com o uso simultâneo de configurações de pensamento com a possibilidade, e também com a impossibilidade de ‘fundar as sínteses da representação da empiricidade objeto no espaço da representação’; com duas regiões de um espectro de modelos:

              1. região do espectro ‘Aquém do objeto’
              (na impossibilidade);

              2. região do espectro ‘Diante do objeto’
              (na possibilidade)

              • Fator 2 – dar conta da obrigação correlativa, simultânea (…)

              de abrir o campo transcendental da subjetividade constituindo, para além do objeto,
              os “quase-transcendentais”

              • da Vida,
              • do Trabalho,
              • e da Linguagem

              com mais uma região do espectro de modelos:

              3. região do espectro ‘para Além do objeto’

              (também na possibilidade mas agora com a constituição dos “quase-transcendentais” Vida, Trabalho e Linguagem e na modelagem dos modelos das ciências humanas.

              Os pares de modelos constituintes das ciências:

              • da Vida(biologia) [função-norma],
              • do Trabalho(economia) [conflito-regra]
              • e da Linguagem(Filologia) [significação-sistema]

              funcionam como ‘categorias’ para as ciências humanas, e segundo Foucault, cobrem por completo todo o domínio do conhecimento do homem.

              O espectro composto pelos modelos
              para ocorrências
              no espaço-tempo x, y, z e t
              considerados pela sua
              possibilidade ou impossibilidade
              de fundar as sínteses da empiricidade objeto da operação,
              no  espaço da representação
              destacando as respectivas paletas de ideias ou elementos de imagem
              e a estrutura de conceitos que elas permitem formar,
              presentes em cada uma dessas configurações do pensamento,
              tais como descritas por Michel Foucault

              Os dois fatores de dificuldades, tais como percebidos por Foucault:

              • a contaminação do pensamento pela  impossibilidade e possibilidade de fundar as sínteses
                (da empiricidade objeto do pensamento, no espaço da representação);

              •  e a obrigação de abrir o campo transcendental da subjetividade constituindo para além do objeto os “quase-transcendentais’ Vida, Trabalho e Linguagem

              permitem o traçado do espectro de modelos que esses dois fatores permitem vislumbrar, com três regiões:
              Aquém do objeto, Diante do objeto e para Além do objeto

              Aquém do Objeto

              Diante do Objeto

               Além do Objeto

              Região do espectro onde poderão habitar, os modelos das ciências humanas
              se constituídos já estiverem, os quase-transcendentais
              Vida, Trabalho e Linguagem,