Reflexões imaginativas
no espaço-tempo das permanências,
e também, – porque não? -, no dos fluxos

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- Mais detalhes dos pontos em destaque

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-O que são estes pontos em destaque

Nosso interesse neste estudo

Visões de ocorrências no espaço-tempo; imagens representando modelos para essas ocorrências, e textos expressando conceitos nos rodeiam e estão entre nós e o mundo que nos cerca. E principalmente, as relações entre esses modelos.

Mas há, nessas três etapas, configurações de pensamento e modelos respectivos, com a possibilidade de fundar as sínteses (do objeto do pensamento) no espaço da representação, e há configurações de pensamento e modelos respectivos sem essa possibilidade. Esse exatamente foi o obstáculo encontrado por Michel Foucault em seu trabalho.

E o fato é que uns e outros- modelos e configurações do pensamento –  são usados simultaneamente e no mesmo ambiente. Imagens/modelos e conceitos(textos) podem ser feitos nos dois casos. Logo esses relacionamentos mostrados no esquema acima dão-se de diferentes modos e pelo uso simultâneo, no mesmo ambiente.

Na avaliação de Michel Foucault sobre a dominação de um pensamento sobre o outro, os modelos e as relaçõe sem cada etapa, são feitas predominantemente com a configuração do pensamento sem essa possibilidade de fundar as sínteses na representação, e dominam o nosso ambiente de pensamento: era assim nos dias de Michel Foucault, e assim continua sendo em nossos dias.

Esse  é o primeiro dos nossos interesses neste estudo.  Os esforços desenvolvidos aqui conduzem ao entendimento sobre como e em que condições esses relacionamentos são feitos, e com quais resultados, em diversas áreas, na produção por exemplo.


Relações entre o modo como vemos aquilo que ocorre no espaço-tempo quadridimensional x, y, z e t,
as imagens que fazemos para representar isso, e os textos com os conceitos que julgamos relevantes.

Visão da Ocorrência
no espaço-tempo

Imagens 

Conceitos(Textos)

Muito raramente os textos que lemos são escritos com a preocupação de fechar esse circuito de relações entre classes de abstrações,
visões ↔ imagens ↔ textos. Visões de ocorrências no espaço-tempo; imagens representando modelos para essas ocorrências, e textos expressando conceitos. Tais relações  que devem ser reversíveis, porque devem valer da esquerda para a direita e vice-versa –  com modelos que sempre e inevitavelmente são utilizados e relacionados sempre que usamos o pensamento.

A grande maioria dos textos, embora discorra inevitavelmente sobre maneiras de modelar visões sobre o que vemos acontecer – operações de produção ou de outro tipo, e as organizações criadas para conduzi-las, (novas, às vezes sim, mas muitas outras vezes, nem tanto) não nos oferecem, a nós os seus leitores, uma só figurinha, por menor que seja, que nos sirva de ilustração, de guia, de mapa com uma pista menos abstrata sobre que ideias estão sendo usadas, sobre que estão fundamentadas, como elas se relacionam quando representadas por elementos de imagem, como é a estrutura que tais 

elementos de imagem ocupam quando se organizam em um sistema, e afinal em que consiste o pensamento desenvolvido, reduzindo um pouco o nível de abstração do discurso apresentado. 

E note que o estabelecimento da relação Ocorrência ↔ Imagens é responsável pela seleção das ideias, ou dos elementos de imagem percebidos na ocorrência, e que são levados a compor as imagens; e que o pensamento não consegue identificar ideias por um passe de mágica, mas usando ferramentas de pensamento especiais, – claramente apontadas por Michel Foucault para as configurações do pensamento de antes e o de depois do que ele chama de ‘evento fundador da nossa modernidade no pensamento’, propriedades que ele descreve como sendo características de características do modo como pensamos em cada caso. São as mesmas características de características, ou características de segunda ordem identificadas por Vilém Flusser como resultado da decodificação das Imagens técnicas, e chamadas por ele de ‘estrutura conceitual’. Você pode ver isso adiante em animação incluída neste estudo.

Sobre os pontos que destacamos como amostra introdutória



Estes nove pontos postos em destaque nesta página, – como também os demais pontos neste estudo -, têm o propósito de ajudar a estabelecer, em cada caso, as relações apontadas no esquema acima.

No sentido Teoria → Prática

  • partindo de conceitos expressos por pensadores filósofos em seus textos, via de regra, sem imagens;
  • passando pelas respectivas imagens, agora reconstituídas,
  • até atingir o modo como esses pensadores viam o mundo e as coisas – sob as próprias epistemologias – ou de acordo com o particular modo de conhecer aquilo que diziam que conheciam utilizado.

E inversamente, agora no sentido da Prática → Teoria,

  • partindo de modelos existentes, às vezes antológicos, feitos em sua maioria por especialistas em áreas práticas – mas bastante difundidos e usados, alguns até mesmo unanimidades em suas áreas, mas todos, no fundo imagens representativas de modos de ver o que ocorre no espaço-tempo, aquilo que acontece no domínio no qual esses modelos são feitos;
  • descobrir, de um lado, que conceitos estão embutidos nesses modelos, e como se relacionam uns com os outros;
  • e de outro lado, quais as visões das ocorrências no espaço-tempo que efetivamente lhes correspondem.

Como roteiro para fazer isso,  exploramos o pensamento de Vilém Flusser (*)  sobre como fazemos e usamos Imagens tradicionais e Imagens técnicas

  • partindo de uma visão de uma ocorrência no espaço-tempo x, y, z e t, escolhida,
  • abstraímos dessa visão duas dessas 4 dimensões, em uma imagem consistente com as ideias que formulam essa visão,
  • e abstraímos mais uma dessas duas dimensões da imagem, na forma dos textos com os conceitos que descrevem a visão formulada. 

chegando desse modo às imagens tradicionais, os modelos que tomamos como exemplos.

Flusser alerta insistentemente  para o fechamento das relações mostradas na figura acima:

  • idolatria: é a utilização de imagens que não mais nos levam de volta à visão que temos da ocorrência no espaço-tempo;
  • textolatria: é a utilização de textos que não servem mais para reconstituir as imagens que temos para ocorrências no espaço-tempo.

Quanto às imagens técnicas, aquelas imagens produzidas por aparelhos que exigem uma imaginação e uma conceituação especiais, aquelas imagens sob as quais Vilém Flusser identifica estruturas conceituais, a intenção é cuidar também delas, adiantando que para nós, estruturas conceituais estão sob todas as imagens/modelos que fazemos, e não apenas sob as imagens produzidas por aparelhos.

Alguns dos conceitos que sugerem acrescentar
ao perfil de Michel Foucault
qualidades próprias de um 'engenheiro de produção'.

Tomamos nesse caminho o viés ‘engenheiro de produção’ que vemos em Michel Foucault (*) e aplicamos esse esquema a uma série de conceitos expressos por ele em uma instigante duplicidade: presença ou não das sínteses do pensamento (objeto e sujeito) no espaço da representação em diferentes épocas,  dois conceitos para ‘Classificar’, dois tratamentos para ‘Verbo’, espaço ou não para os ‘dois papéis fundamentais do homem’, ‘dois princípios para trabalho’, ‘dois (ou três) elementos centrais para operações: Processo e Forma de produção (Nexo da produção), espaço para formulação da proposição, entre outros.

Neste estudo procuramos implementar de modo prático utilizando modelos de operações e de organizações, a relação esquematizada acima para diversos textos portadores de conceitos, encontrados no pensamento de filósofos como Michel Foucault, o próprio Vilém Flusser, e Humberto Maturana, entre outros.

Michel Foucault
1926-1984

Michel Foucault (*) utiliza para descrever o escopo e o cerne do seu trabalho como arqueólogo das ciências humanas muitos pontos de interesse imediato do projetista de modelos – de operações e de organizações – de todos os tipos:

  • ele divide a história da nossa cultura no antes e no depois do que ele chama de ‘o evento fundador da nossa modernidade no pensamento’: uma descontinuidade epistemológica ocorrida entre 1775 e 1825
    • antes desse evento – no período clássico – o pensamento era marcado pela impossibilidade de fundar as sínteses (de seu objeto) no espaço da representação,
    • depois desse evento – no período moderno – está a possibilidade de fundar as sínteses do objeto do pensamento no espaço da representação, ocorre em modelos do período após esse evento.

Alguns dos conceitos encontrados em (*) que tendo suas imagens reconstituídas (**) e então comparadas às imagens de modelos da produção existentes, permitem ver em Foucault qualidades de ‘engenheiro de produção’:

  1. o objeto e o sujeito das operações de pensamento integrados ou não à estrutura operacional dos respectivos modelos de operações;
  2. o homem em seus dois papéis fundamentais, integrados ou não à estrutura operacional dos respectivos modelos de operações;
  3. os dois conceitos para o que seja Classificar: radicalmente diferentes e praticamente em oposição um ao outro;
  4. os dois conceitos para o que seja um Verbo: Processo e Forma de produção, com tratamentos radicalmente diferentes;
  5. os dois conceitos para trabalho: em dois Princípios filosóficos coexistentes na filosofia;
  6. os três elementos centrais em modelos das operações:
    Processo , Forma de produção e Nexo da produção;
  7. a proposição, como o bloco construtivo padrão (Lego) fundamental para a construção de representações, com ou sem espaço para seus elementos formuladores nas estruturas dos modelos existentes;
  8. os dois conceitos para história: como coleta de fatos na sequência em que acontecem ou  como produtora, artífice de organizações analógicas;
  9. os dois espaços ocupados pelas operações: o Lugar de nascimento do que é empírico; e o Circuito onde ocorrem as trocas:
  10. funcionamento do pensamento e das operações nos dois períodos assinalados em nossa cultura, antes e depois da Descontinuidade epistemológica de 1775-1825.

(*) As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas: uma arqueologia das ciências humanas, de Michel Foucault
Este livro pode ser visto como uma cartilha sobre como pensar os elementos constituintes dos modelos sob as epistemologias de antes do evento fundador da nossa modernidade no pensamento.
(**) Filosofia da caixa preta: um ensaio para futura filosofia da fotografia, de Vilém Flusser

Benefícios com este estudo

A lista de ideias garimpadas do livro referência deste estudo, o As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas, de Michel Foucault, bem como em obras de outros autores, em degravações feitas de seminários e palestras, são somente uma amostra indicativa do que pode ser encontrado nos textos completos.

E mesmo o presente estudo aborda outras ideias mais.

Você pode nunca ter lido nada de Michel Foucault. E também pode nunca ter visto qualquer um dos vídeos de filósofos e professores especialistas no pensamento desse filósofo. Porém as qualidades de ‘engenheiro de produção’ de Foucault permitem-lhe colocar as questões de tal maneira claramente, que para obter benefícios com essa análise é preciso apenas ter capacidade de ler e entender os textos colocados aqui em destaque e, pode ser que mais importante, relaciona-los – em todos os casos – a imagens rebaixadoras do seu nível altíssimo de abstração.

Examinando detidamente: a duplicidade de conceitos para o que seja um Verbo, ou ainda a duplicidade de conceitos para o que seja Classificar apresentadas por Foucault em texto, e a associação que fazemos a visões do que sejam as respectivas operações das quais tais conceitos participam, vai ajudá-lo a entender os conceitos de cada lado, e os modos de organizar o pensamento utilizados.

Isso permitirá, por exemplo, perceber que Ilya Prigogine, ao expressar seu conceito do que seja Caos para a Ciência moderna, ou o que seja Arte, está usando uma configuração de pensamento provavelmente consistente com aquela a que Michel foucault chama de ‘uma certa maneira moderna de conhecer empiricidades; e ainda perceber que as duas visões de mundo de John Dewey, com homem, experiência e natureza juntos ou separados, pode ser entendidas respectivamente como a configuração do pensamento clássico e moderno. 

As 'novas' visões, - já hoje mais do que bicentenárias

A ideia Fluxo versus a ideia Permanência,
em operações

Aquém do objeto
Fluxo

Quando o modelo de operações focaliza propriedades não-originais e não-constitutivas das coisas, sem a preocupação em ve-las – as coisas – por suas propriedades sim-originais e sim-constitutivas, o que exige noção diferenciada do que seja objeto, nesse caso, a propriedade coletiva que caracteriza o conjunto de ideias e seus elementos de imagem selecionados para modelar operações é Fluxo.

 Diante do objeto
Permanência

Com distinto modelo de operações, usando agora outra estrutura e outras ideias, com foco nas propriedades sim-originais e sim-constitutivas da empiricidade objeto da operação, então a propriedade coletiva ou emergente passa a ser Permanência – mesmo que precária, provisória, do conteúdo do Repositório de proposições explicativas da experiência formuladas de acordo com as regras da língua – ou do resultado das operações, que se somam ao conteúdo do Repositório.

A operação como uma transformação de Entradas em Saídas versus a operação vista como um par de transformações
ou uma Conversão

Aquém do objeto
Transformação

Uma vez colocado o foco das operações em propriedades não-originais e não-constitutivas, o que resta é a contabilização das coisas que se aproximam da região onde ocorre a operação, e entram no cenário de operações, permanecem nele, ou saem desse cenário, sejam tais coisas pertencentes a objetos quaisquer que sejam eles.

 Diante do objeto
Conversão

Colocado o foco da operação na alteração no modo de ser da empiricidade objeto da operação, e nas propriedades sim-originais e sim-constitutivas desse objeto, há a percepção de uma dupla de transformações: no domínio do Pensamento e da Língua, de um pensamento não articulado na experiência para um sim articulado na experiência, e no domínio do Discurso e da Representação, de um suporte na experiência inexistente para um suporte na experiência sim-existente.

O Lugar de nascimento do que é empírico
e o Circuito onde ocorrem as trocas

Aquém do objeto

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Diante do objeto

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 Além do objeto

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O espaço dado ao homem - 'naquilo que ele tem de empírico - na estrutura dos modelos em cada faixa do espectro

Aquém do objeto

Não há espaço estrutural na estrutura do sistema input-output, para as ideias ou elementos de imagem requeridas para os dois papéis do homem – ‘no que ele tem de empírico’ como diz Foucault.

Podemos ver com alguma clareza a ausência do homem como ideia, e respectivo elemento de imagem, no pensamento clássico de várias maneiras, entre elas:

  • pelo funcionamento do pensamento na formulação da operação, e também no instanciamento da representação formulada;
  • nos exemplos de modelos de operações de produção e de organizações que examinamos a seguir.

Acontece que por vezes, em vista da ausência de espaço estrutural para a ideia ‘homem’, alguns projetistas de modelos optem pela inclusão não da entidade homem propriamente, mas de um rótulo com esse nome, acrescentado como meta-dado, a entidades anteriormente existentes.

Diante e Além do objeto

Na estrutura daquilo que Foucault chama de ‘essa maneira moderna de conhecer empiricidades’, o homem – ‘naquilo que ele tem de empírico’ tem importância determinante, e na sua duplicidade de papéis: 1) raiz e fundamento de toda positividade; 2) elemento do que é empírico. 

Podemos ver claramente a presença do homem como ideia – nessa duplicidade de papéis com a qual ele se apresenta no pensamento moderno, e respectivos elementos de imagem, no pensamento moderno também de várias maneiras, entre elas:

  • também pelo funcionamento do pensamento na formulação da representação e da sua operação construtiva, e também no instanciamento da representação anteriormente formulada, construída e adicionada ao Repositório de proposições explicativas formuladas de acordo com as regras da língua.
  • a proposição – o bloco construtivo fundamental padrão para construção de representações pode ser formulada com todos seus elementos ocupando posições estruturais operacionais;
  • também podemos ver essa presença de várias maneiras, mas por exemplo, no modelo de operações de produção (instanciamento de uma representação) no modelo descritivo da produção do Kanban